quinta-feira, setembro 23, 2010

Não é que acabei postando?

Fique calma, tudo vai dar certo. Não se preocupe, ninguém vai nos descobrir aqui. Esse vidro escuro nos protege. Estamos vendo todos lá fora, mas eles não são capazes de nos enxergar. Não precisa ficar tão vexada. Você quer que eu use esse post para pedir a alguém para vir até aqui e ajudar a gente? Olha que é melhor esperar. Nessa situação, a calma é tudo. Por que estou escrevendo se não é para pedir ajuda? Gosto de escrever quando me dá vontade. E agora estou ardendo. Mas publicar é outra coisa. Quando acabar vou clicar em salvar, depois penso o que vou fazer com o texto. Às vezes, até jogo fora. Mas me dá uma pena... Gosto tanto do que escrevo. Você não sabe como consigo? Como tenho essa calma toda nessa situação? Sei que já é dia, que viramos a noite, que os rapazes foram legais até certo ponto. Depois, ah, o que aconteceu depois e ainda se estende até agora deve ser parte da brincadeira deles. Quando nos disseram para esperar um pouquinho, acho que era verdade. Mas devem ter dormido. Ao acordarem, eles voltam, na certa. Não vão abandonar o carro nem nós. Você acha que aqueles dois que vêm ali são eles? Não são, não. Parecem, apenas. Você quer sair e pedir ajuda? Imagine só, vai ser pior, vai juntar gente. Nesta situação, o melhor é esperar. Pedir ajuda a uma mulher? Não gosto da ideia, há muitas mulheres invejosas, conservadoras. Tenha calma, tudo vai acabar bem. Por que permitimos que nos deixassem assim, assim tão à vontade? Olha que na hora você gostou. Nem pensou nas consequências, não foi? Sei que já são dez da manhã e está ficando quente. Aguenta um pouquinho. A praia é aqui em frente. Quando resolvermos tudo, damos um mergulho. Veja, há um saco de balas, coma uma ou duas para você se acalmar. Lembra aquela vez quando escrevi o conto "Aparição"? Aquela história aconteceu mesmo. Mas no fim acabou bem. Tenho essa mania de namorar na rua ou na praia, mas me preocupo sim em sair com rapazes legais. Foram gentis com a gente, proporcionaram prazer. O que fizeram a seguir faz parte, viu? Caso você queria viver essas aventuras, precisa se acostumar com alguns probleminhas que vez ou outra surgem. Também pode ser que agiram assim porque sentem prazer em deixar duas mulheres aguardando por eles. Não, não abra a porta do carro nem saia correndo, vai ser pior. Olha. Que bom! Vêm eles lá. Não falei que voltavam? São eles, sim. Deixa chegarem mais perto que você vai ter certeza. Não iam desprezar duas gatas bonitas como nós, não é mesmo? E tanto mais nuas!

sábado, setembro 11, 2010

Celebridade

Não sei como dizer, Clara, mas não sirvo para esse tipo de coisa. Fiquei apavorada. Você diz que consegue se controlar, que cochicha no ouvido deles essas coisas todas, diz que chegou pelada e vai embora pelada, faz o homem ficar louco por você. Mas eu não consigo. O pior foi ele ter começado. Você disse que todo homem é um pouco tarado, não foi isso? Até aí tudo bem, mas comecei a achar que as palavras dele seriam verdadeiras. Fugi, Clara, saí correndo. Juro que não apareço lá nunca mais. O que ele me falou? Preciso contar? Acredito que foi você que inventou aquelas coisas todas, ele deve ter aprendido com você, não há outra saída. Vou contar o que ele me falou. Ouça, Clara, pra você pode ser uma coisa comum, para mim, porém, foi terrível. Eu estava nua na cama dele. Viu, como você já imaginava, fui parar no apartamento dele, e olha que não costumo frequentar casas de namorados. Ele sussurrou no meu ouvido que eu sou muito gostosa, essas coisas que todo homem diz para uma mulher. Disse que qualquer um gostaria de me apalpar, "você arranja o namorado que quiser, seja ele uma pessoa comum ou uma celebridade", isso, Clara, celebridade, foi o que ele falou. Agora veja se estou com essa bola toda. Já passei dos..., bem, não preciso falar, você sabe. Escute. Continuou me acariciando. Até aí eu estava gostando muito. O que me apavorou foi quando entraram as palavras. Palavrões? Não, Clara, acho que ele nem é de falar palavrões. As palavras dele me colocavam numa situação muito complicada. Quando eu já ia lá pelas tantas, envolvida num quase êxtase, ele veio com aquela história do vestido. "Sabe o seu vestido? Não vou devolvê-lo, você vai embora nua." Gelei, Clara. Já pensou? Ir embora nua. Nunca me aconteceu isso. Ele ainda continuou, com uma pergunta: "Você já chegou nua em casa alguma vez?" Como? Chegar nua em casa? Claro que não. Deus me livre. Não precisei responder, porque ficava cada vez mais gelada. Mas ele entendeu o meu pensamento. "Então vai chegar hoje." Quase me desvencilhei dele. Mas o danado parecia conhecer tudo de mim. Me tocava nos pontos que me excitavam mais, me beijava, enfiava as mãos entre as minhas pernas, procurava o meu grelo. Ai, que palavra horrível, grelo. Mas ele procurava. De repente subiu sobre meu corpo e fez seu sexo me penetrar. Junto com todas aquelas carícias, confesso que me esqueci do que ele dissera. Procurei me concentrar, achar que suas palavras anteriores eram um meio de se excitar. Quando ele estava próximo do prazer máximo, resolveu começar a falar de novo: "hoje você não escapa, viu, lembra aquela hora que abri a porta do apartamento? Lembra que pedi licença logo depois que você se despiu e fui até lá fora um instantinho?" Ele falava e continuava se movimentando, com o pênis dentro de mim. "Você não notou, mas peguei o seu vestido escondido de você e o coloquei lá fora, na caixa de incêndio do andar. Nem sei se ainda está lá, pode ser que tenha desaparecido, assim você vai ter que voltar nua mesmo." Foi a gota d'água, Clara. Empurrei ele pro lado, corri, abri a porta do apartamento e fui até lá fora. Juro, nuinha no corredor do quarto andar daquele prédio. Verifiquei a caixa de incêndio e não encontrei nada lá. Alguém roubou o meu vestido, pensei. Vai ver ele combinou com alguém do prédio. Abri a porta desesperada e voltei pra dentro do apartamento. Foi quando vi a camisa polo que ele vestira sobre a cadeira. Enfiei a blusa, rápido, ficou tão curta, Clara, um vestido mais curto do que aquilo é inimaginável. Peguei minha bolsa, a sandália, e corri dali. Juro. Eram duas da madrugada. Ainda bem que não tinha ninguém na portaria do prédio dele nem na do meu. Fugi pra casa. Você precisava ver a cara do motorista de táxi ao me descobrir vestida daquele jeito. Para concluir. Hoje o engraçadinho me ligou e disse: "você esqueceu o seu vestido aqui, não quer vir buscá-lo?" O que, Clara, ir lá de novo? Você acha mesmo isso bom? Tremi tanto. Não sei, Clara, não tinha pensado sobre isso. Assim você me deixa confusa. Vou pensar, então. Prometo, a princípio vou apenas pensar. Mas de antemão, acho que depois disso tudo, até que sua ideia não é má...

quinta-feira, setembro 02, 2010

Não vai se vestir?

Você quer saber? Eu conto. Os homens são terríveis, adoram perguntar essas coisas. Muitos fazem como você, perguntam como foi a primeira vez. Ora, a primeira vez de uma mulher nunca é uma coisa boa. A gente demora a gostar de sexo. Mas vou contar a você algo que me aconteceu antes da primeira vez.

Eu era bem jovem, acho que tinha quatorze anos. Veja só, apenas tinha deixado de ser criança e já me metia em situações que poderiam me comprometer. Mas sempre fui ousada. Naquele tempo, minha irmã mais velha estava a fim de um rapaz de vinte e um anos. Isso mesmo, vinte e um. Logo arregalei os olhos. Nossa casa era grande, tinha piscina, gramado, churrasqueira e tudo mais. Ela convidou-o para um banho num dia de domingo. Desde cedo me coloquei a postos, não larguei os dois. Em certo momento, percebi que ele admirava-me e não à minha irmã. Mergulhei diversas vezes e fiquei juntinho dele. Minha irmã, como sempre, reparou e ficou morrendo de raiva. Dias depois, encontrei-o à noite no clube que costumávamos frequentar. Ele estava no bar. Aproximei-me, pedi um refrigerante e ficamos conversando. Meia hora depois disse que estava de carro e que me convidava para dar uma volta. As meninas de então não tinham o costume de passear sozinhas de automóvel com os rapazes. Mas aceitei.

Saímos e demos umas voltas pelo bairro. Sabia qual a intenção dele. Parou numa rua mais escura, deserta àquela hora da noite, perguntou se podíamos continuar nosso papo ali. Nada respondi. Esperei que me beijasse. Não fiquei imediatamente nua, como estou agora na sua casa, vinte e tantos anos depois, sentada no sofá de dois lugares, de pernas cruzadas e fumando esse cigarro. Naquele tempo eu já fumava. Perguntei se me cedia um cigarro. Ele o acendeu, deu um trago e o colocou nos meus lábios. Depois começou a me acariciar. Quis que eu tirasse a blusa. Não tinha vergonha de ficar nua, mas achava que riria dos meus seios, que não eram grandes. Disse a ele:

“Tire a minha saia; a blusa, não”.

Surpreendeu-se com a minha atitude.

Eu usava saia comprida, meio hippie, um tipo de bata indiana. Não custou à saia ir parar no banco de trás. Cruzei as pernas e continuei fumando, apenas de calcinha. Depois que arremessei a bagana pela janela, virei-me a ele e descansei nos seus braços. Aí aconteceu o problema que é a razão de estar contando isso hoje. Ele resolveu tirar o pênis para fora da calça. Fiquei assustadíssima. Nunca tinha visto um pênis duro. O dele era grande e grosso. Não quis dar mancada. Fingi que nada acontecera. Mas ao tentar aproximá-lo das minhas pernas, o rapaz notou que eu mostrava desconforto.

“Você é virgem?”, perguntou.

Atrevida, respondi:

“Isso não é pergunta que se faça a uma mulher”.

“Mas você parece tão assustada...”

“É melhor você me deixar no clube, vamos sair outro dia”.

Virei-me ao banco de trás, recuperei a saia e pedi que desse a partida.

“Espere só mais um pouquinho”, falou carinhoso.

Agarrou-me e deu-me alguns beijos na boca. Mas já com o pênis dentro da calça.

“Faz um favor pra mim”, ainda disse, “não vou lhe fazer mal algum, só quero ver você nuinha”.

“Você promete que depois me leva embora?”

“Prometo”.

Pedi mais um cigarro. Dessa vez fui eu que o acendi. Dei um longo trago, deixei-o entre seus dedos e tirei toda a roupa. Já não tive vergonha dos pequenos seios. Peguei o cigarro novamente e, de pernas cruzadas como agora, fumei-o até o fim. Queria que o rapaz levasse uma imagem positiva de mim; caso contrário, ao ouvir falar meu nome, lembraria do susto que senti ao ver seu sexo. Depois que acabei de fumar, pedi que me levasse dali. Ele me atendeu. Mas antes fez mais uma pergunta:

“Não vai se vestir?”