sexta-feira, julho 27, 2012

O que estará ainda tramando?

Estou amarrada à cama, os dois braços estirados acima da cabeça presos à cabeceira por um grosso cordão de náilon; cordas do mesmo calibre também imobilizam minhas pernas abertas, as pontas das cordas estão atadas à parte inferior do estrado; minha boca amordaçada impede-me a voz. Perdi a noção do tempo, não sei se há horas ou se há quartos de hora permaneço presa. Consigo apenas mover a cabeça, vejo o teto e parte da parede frontal.

Não fui assaltada nem amarrada por homem desconhecido. Tudo é fruto de uma combinação entre mim e meu namorado. Só acho que, dessa vez, ele foi longe demais.

Sua, a sugestão de toda essa amarração. No início, hesitei. Mas depois acabei concordando, pois vivemos tantas fantasias juntos, que tal mais uma, e talvez mais emocionante?

Ele entraria em minha casa como um ladrão, perguntaria por dinheiro e joias. Depois que eu lhe passasse pulseiras, cordões, anéis e algumas notas de cinquenta, olharia surpreso o meu corpo e pediria que eu me despisse.

“Abaixe a arma”, falo, “não há necessidade.”

Vamos para cama. Mas a cama não lhe é suficiente.

“Vou amarrar você”, fala. Óculos escuros e chapéu de caubói disfarçam-lhe o rosto.

“Amarrar? Mas não combinamos isso”, assusto-me.

“Combinamos? Nunca vi você antes, não há combinação entre a gente”, tão convincente o meu homem.

Faz que eu deite. Já inteiramente nua, ele começa a caprichar os nós.

“Ok, estou adorando”, sussurro romântica, “nunca trepei com ninguém amarrada desse jeito, e está tão apertado.”

“Ainda falta uma coisa.” Vai à sala e volta com uma grande fita adesiva à mão.

Ao deduzir o que vai fazer, grito: “não, por favor, isso não, assim você vai me sufocar.” Movo a cabeça de um lado a outro, mostro desespero. Mas ele segura-me firme por trás e gruda uma lasca da tira sobre os meus lábios. Arfo um pouco, mas ao sentir que minhas narinas não estão obstruídas, tranquilizo-me, até mostro ligeiro sorriso.

“Safada”, grita, “gosta de sofrer, não é mesmo? Você vai ver o que vou fazer agora.”

Desembolsa uma faca e começa a percorrer meu corpo com a ponta. Encolho-me quando ele toca determinadas partes do meu ventre, das minhas pernas, chego a prender a respiração. Mas sua ação acaba fazendo-me cócegas. Então, ponho-me a rir.

“Você está rindo?”, grita ainda mais irritado. Vendo que nada me surpreende, pela primeira vez faz algo que me deixa desesperada. Vai à sala e volta com outra tira de fita adesiva. Segura com violência minha cabeça e cola o pedaço de modo a tapar minhas duas narinas.

“Sorria agora, putinha, quero ver, sorria”, fala mostrando-se jubiloso.

Emito grunhidos, já quase sem fôlego.

“Goza aqui na minha mão, goza, quero ver, só tiro a fita se você gozar”, acaba de falar e já está com a mão direita entre as minhas pernas.

Sinto que vou morrer. Ele percebe e destapa-me provisoriamente o nariz.

“Vou te dar mais uma chance”, fala exasperado,  "respire bastante, vou tapar de novo e você vai ter que gozar aqui na minha mão; caso  não consiga, deixo você mortinha.”

Sinto arrepios. A brincadeira inesperada (creio ainda que o seja), descompassou minha respiração, meu coração vai aos saltos.

De novo ele tapa-me o nariz. Continua o discurso: “goza, vamos, quero ver você gozar na minha mão.”

Começo a dar sinais de que vou desfalecer.

“Goza, você ainda tem essa chance, estou esperando, vamos, goza!”

Eu consigo apenas emitir sons esporádicos: “hum, hum, argh, hum, hum.”

Ele solta mais uma vez a fita. Sôfrega, absorvo o máximo de ar. Ele, então, me sufoca novamente.

Aí acontece. Não gozo como ele deseja, mas solto um forte jato de mijo, que lhe molha as mãos e espirra na parede.

“Isso”, sorri em êxtase “serve o xixi, serve, vou considerar como se fosse o gozo.”

Arranca a fita de meu nariz, repara que eu ainda tenho lágrimas nos olhos. Mantém-me amarrada e amordaçada. Tira o pênis para fora da calça, sobe sobre o meu corpo e o enfia dentro de mim. Está tão excitado que não demora a gozar. Depois escorrega para o lado e me masturba até perceber que estou gozando.

No final, depois de se recompor e de pegar as joias e o dinheiro, diz: “desculpa, mas não vou desamarrar você.”

Deixa o quarto. Ouço seus passos afastarem-se através da sala. Bate a porta e sai.

Agora estou à espera. O que estará ainda tramando?

sábado, julho 21, 2012

Rita - 3

Rita, o que é isso na mala do seu carro?

É uma bolsa com uma canga, há também um biquíni, ou mesmo uma calcinha reserva.

Pra que você precisa disso?  É para ir à praia de repente?

Pode ser, mas a intenção não é apenas essa. Vamos, Glória, estamos atrasadas e o trânsito deve estar congestionado até a Barra, conto pelo caminho.

Engraçado você guardar sempre uma canga na mala, acho que vou passar a fazer isso.

Não é nada engraçado, às vezes é a solução.

Como, solução?

Escuta, vou te contar. Outro dia saí com um micro-vestido.

Sei, aquele preto, curtíssimo.

Isso mesmo, curtíssimo. Vestido pra noite. Saí às onze, com o Valdo.

Puxa, vocês saem tarde, não?

Às vezes. Naquela noite voltaria até as três ou quatro da madrugada. Mas não foi o que aconteceu. Dormi na casa dele. Como ia voltar com o micro-vestido às sete ou às oito da manhã? Seria um escândalo, você não acha?

Boa ideia. Você voltou enrolada na canga, saiu da casa dele como se fosse à praia.

Me saí bem, não?

Legal, gostei mesmo.

Mas é preciso ter cuidado. Escuta outra coisa que aconteceu.

Saiu de roupa curta e esqueceu a canga?

Mais ou menos. Você já namorou nua no carro?

Cruzes, faz tanto tempo, acho que tinha dezesseis anos.

É porque você não é de ter muitos namorados. Há os que adoram tirar a roupa de uma mulher no carro. Outro dia voltei praticamente nua pra casa.

Você não tem medo?

Às vezes tenho. Faz poucas semanas usei um vestido também minúsculo, esse você ainda não conhece. Acabei dizendo ao cara: não volto pra casa não, fico contigo. Fomos pra casa dele. Quando acordei, adivinha o que aconteceu?

Ele saiu pra trabalhar e te deixou trancada peladinha em casa...

Antes fosse. Ia chegar alguém pra fazer um serviço no apartamento e a gente tinha que sair antes das oito. E qual não foi minha surpresa. Tínhamos saído na noite anterior no carro dele, e eu achando que estava com a canga na mala do carro. Quando lembrei, disse: não vim com meu carro! Ele: claro que não. Eu: e agora, a canga?

E o que ele disse?

O que ele poderia dizer? Nem sabia da história da canga.

E o que você fez?

Nada, voltei com o vestido curtíssimo.

E as pessoas?

Não reparei, coloquei óculos escuros e fiz cara de sonsa.

Rita, você é ótima para essas coisas.

Antes de sair pensei em telefonar pra alguém, alguma amiga, pedir um vestido ou coisa semelhante emprestado. Mas depois falei a mim mesma, quer saber de uma coisa? Isso vai dar o que falar. E voltei do jeito que saí à noite. A única olhadela mais indiscreta foi a do porteiro do meu prédio, mas ele já está acostumado com minhas extravagâncias...

segunda-feira, julho 16, 2012

Tocando piano nua?

Você demorou um tempo enorme pra abrir a porta, e eu pelada lá fora.

Foi você quem disse que queria ir nua lá fora, não?

Sim, mas eu dei o motivo.

E qual era?

Salvar a relação.

Onde já se viu alguém ir pelada lá fora pra salvar uma relação?

Você falou que sua namorada havia ido, eu quis ir também.

Já notei que você tem esse defeito, ou virtude, não sei bem, sempre acha que pode fazer melhor do que as outras. Se eu conto uma travessura de determinada mulher, você parece que sente tesão com o que ouviu e quer tentar também.

Não sei, o que lembro é que você demorou muito tempo pra abrir a porta, e eu pelada lá fora.

O que você sentiu, afinal?

Acho que fiquei aflita.

Eu poderia não ter aberto, sabia? Poderia ter deixado você nua lá fora pelo resto da noite.

Ela dá um sorrisinho.

Fiquei arrepiada.

E acho que você ia gostar.

Eu, gostar?

Por que não? Você gosta de correr riscos.

E eu era diretora da escola, já pensou se alguém me encontra nua? Que vergonha...

Mas foi você que quis ir, eu nem pedi.

Foi para salvar a relação.

Acho que não. Foi porque você não queria se sentir diminuída perto da outra, da minha namorada anterior.

Ah, deixa pra lá. O importante é que depois de tantos anos, estamos juntos de novo.

E qualquer dia desses, você vai de novo nua lá fora.

Ai, acho que não, já chega.

Aposto que vai. Mas dessa vez não vou contar mais nada. Não é bom falar de outras pessoas quando estamos juntos.

Ela se aproxima e lhe dá um beijo.

Mas, sabe, já vi uma mulher tocando piano nua, quer dizer, uma foto.

Tocando piano nua? Nunca pensei nisso. Mas acho que, se você quiser, posso tocar pra você.

Nua?

Nua, peladinha. Caso queira, também pode me fotografar.

Jura?

Oh, se não juro!

quinta-feira, julho 12, 2012

O beijo

Aquele homem já tinha passado por mim duas vezes, e eu sentada debaixo do guarda-sol, de frente para o mar. Como ele era bonito! Por si só não viria falar comigo, tinha certeza, então bolei um plano. Quando passou a terceira vez pela beira d'água, chamei-o. Ele atendeu.

“Acende o meu cigarro?”, perguntei.

“Infelizmente não fumo.”

“Que pena”, eu estava de pernas cruzadas, a revista sobre o baixo ventre. Tomei-a numa das mãos. Ele pôde então apreciar melhor minhas pernas. Notou o meu biquíni mínimo. “Às vezes é bom fumar, sabe, dizem que desenvolve a inteligência.” Ele sorriu, provavelmente pensou que eu era muito burra e tinha mesmo de desenvolver a inteligência. “Você não arranja fogo pra mim?”

“Vou tentar, volto já.”

“Se conseguir, ganha um prêmio”, falei com jeitinho de mulher meiga.

Voltou rápido, trouxe um desses isqueiros e disse que podia ficar, um presente.

“Você também pode ficar, um presente”, repeti.

Ele sentou-se um pouquinho. “Você é daqui?”, perguntou.

“Ninguém é daqui, é?” Ana Clara, de Niterói.

“Eu sou. Jardel, muito prazer.”

“Verdade?”, arregalei os olhos demonstrando surpresa.

“Verdade, verdade mesmo, nasci e fui criado aqui”, afirmou.

“Então você conhece todas as pessoas da cidade.”

“Quase todas, você eu não conhecia.”

Dei mais um trago e soltei a fumaça na direção contrária a que ele estava, mas o vento levou a fumaça até ele.

“Desculpe, devo a você mais essa.”

“Não deve nada”, falou. Ele tinha quarenta e poucos, ou mesmo cinquenta anos.

“E aí?”, sorri e olhei minha revista.

“Você é muito bonita”, sorriu e fez um gesto de que ia me abraçar.

“Você quer me namorar? A cidade toda vai saber disso.”

“Podemos ir a outro lugar”, apontou o carro próximo.

“A praia está tão boa, não quero ir para lugar nenhum agora”, fiz um jeitinho de manhosa.

“Não vamos para casa, mas a um lugar tranquilo.”

“Mais tranquilo do que aqui, não há”, falei.

Ele se chegou juntinho a mim. Ofereci os lábios.

“Você é oferecida”, debochou.

“Não se diz isso a uma mulher, posso ficar aborrecida.”

“Mas você não liga, não é mesmo?, quer aproveitar a vida.”

“Quero mesmo, e aproveitar bem.”

“Vamos ou não?”, insistiu mais uma vez.

“Para onde?”, foi minha vez de debochar.

“Você quer saber mesmo?”

“Não precisa dizer, já sei.”

“Então?”, ele, que não desistia.

“Vou ficar aqui, volte depois, aí, quem sabe...”, resolvi tornar-me difícil.

“Você me chamou e agora está me despedindo?”

“Vamos fazer uma coisa, troquemos objetos, fico com algo seu e deixo com você uma coisa minha. Já que você não quer ficar aqui ao meu lado, assim está garantido que vamos esperar um pelo outro”, ele se animou com a minha proposta.

“Vejamos, o que posso levar de você?", fez cara de que desejava algo muito especial.

"Você é quem deve dizer..."

"Quero o seu biquíni", falou decidido.

"O meu biquíni? Mas assim você vai me deixar nua", adiantei-me, cobri minhas vergonhas com as pequenas e insuficientes mãos, era a mulher mais pelada do mundo.

"Mas você não falou que era eu quem devia dizer?"

“Ok, dou o biquíni, vamos até ali", apontei para dentro d'água. Ele me seguiu. Tire você mesmo, mostrei os lacinhos. Fico aqui te esperando”, sorri desembaraçada.

Por essa ele não esperava.

“E agora, o que vamos fazer?”, falei enquanto ele permanecia parado, coberto pela água do mar até a cintura, à minha frente e com meu biquini dependurado numa das mãos.

De repente se deu conta da rídicula situação e o escondeu dentro da sunga. Fez um movimento como se fosse embora.

Ei, espere, falei, lembra?, você tem que deixar comigo uma coisa sua.

Puxou-me então pela cintura bem junto a seu corpo e me tacou um longo beijou na boca.

Nessas horas não pisco, e meus olhos sempre brilham.

“Volto já, viu", virou-se abrupto e partiu.

Biquínis, sempre tive muitos, mas, confesso, um beijo como aquele foi o único.

quinta-feira, julho 05, 2012

Perdi a cabeça

Sinto tantas saudades de um namoradinho. Faz alguns anos que não o vejo.  Outro dia, revendo uma foto minha, despertei para as sensações que ele me proporcionou no curto período em que estivemos juntos. Lembro que fui apresentada a ele por uma amiga. Fazíamos um curso juntas. Ela já tinha viajado à cidade onde ele morava, no interior do Rio. Não perguntei se viveram um romance. Ela apenas me falou que se tratava de alguém muito interessante, e me passou o número do seu telefone. Liguei num domingo à noite. Fui atendida com muita cordialidade. Ficamos de conversar nos dias que se seguiram. Não passou muito tempo, viajei ao o Rio.

“O que você gostaria de fazer?”, Carlos me perguntou na primeira noite.

“Não conheço nada por aqui, é melhor você escolher”, respondi.

Embora morasse a duzentos quilômetros da capital, ele dirigiu até o Rio para me levar ao teatro, o Maison de France.

Depois jantamos num restaurante da Zona Sul. Lá pela uma da madrugada, sempre carinhoso, me levou para um hotel na Praia do Flamengo.

“Você é muito bonita, deixa eu fazer algumas fotos suas”, pediu.

“Você é fotógrafo?”

“Mais ou menos.”

“Como alguém pode ser mais ou menos um fotógrafo?”, eu quis saber.

“É que não trabalho profissionalmente com fotografia, mas sempre trago a câmera para clicar o que acho belo.”

“Então quer dizer que sou bela?”

“Belíssima”, sentenciou.

No apartamento do hotel, fiz várias poses para ele. Não pediu para me fotografar nua, mas, como já tinha bebido e estava soltinha, sugeri a foto mais ousada. Sentei-me comportadíssima, de pernas cruzadas, mas inteiramente nua. Meu braço direito cobria parte dos seios, e eu sorria. Ficou linda a foto. Logo depois ele me mandou por e-mail.

Naquela mesma noite namoramos destemperadamente. Como Carlos me deu prazer! Conforme fui ficando excitada, comecei a gritar: "ai, vou perder a cabeça, vou perder a cabeça, não aguento mais; ai, estou perdendo, estou perdendo a cabeça, estou nas tuas mãos; por favor, não perde a tua, te segura, não goza dentro, por favor; ai... ai... ui... ui... estou gozando, estou gozaaaaannnndo". Ele foi cavalheiro, me fez gozar três vezes; só depois vestiu a camisinha, me penetrou mais uma vez e gozou.

No dia seguinte voltamos à sua cidade. Ali há uma praia linda. Mesmo não sendo verão, fomos tomar sol e banho de mar. Ficamos o dia inteiro passeando. Almoçamos num restaurante rústico e depois voltamos para a praia. Então ele me pediu algo que me deixou primeiro temerosa, mas depois arrepiada. Queria que eu tirasse o biquíni dentro d’água e desse a ele para guardar lá no guarda-sol, junto aos nossos pertences. 

O arrepio durou  uns cinco minutos, e os saltos do meu coração mais ou menos dez. Enfim, aceitei. Tirei o biquíni e entreguei a ele.

Como foi bom a partir daí. Nuazinha dentro d'água pelo resto da tarde. Carlos ora ao meu lado, ora à minha frente, ora às minhas costas. Perdi a cabeça mais uma vez. Nem tremi quando uma moça e um rapaz passaram junto a nós. Transar naquela praia foi demais.

À noitinha fomos para casa, e não conseguimos parar de trepar.

Veio o domingo, era meu último dia na cidade. Viajamos quarenta minutos até Búzios. Achei a cidade encantadora.

No final da tarde, pedi outra foto a ele:

“Você me fotografa nua, nessa praia?”

“É pra já”, suspirou de alegria.

Mesmo com pessoas aqui e ali, tirei as duas peças e pedi que ele agisse rápido. Acho que pensaram que eu era atriz. Apenas um garoto se aproximou ao constatar que eu estava nua, mesmo assim ficou a uma boa distância.

À noite, parti de volta à minha cidade. Tinha de voltar, não havia jeito. Muitas promessas da parte dele e cara de choro a minha. Mesmo assim tive ideia para mais uma ousadia. Esqueci (de propósito) o biquíni na torneira do chuveiro. Minutos antes, eu perdera a cabeça mais uma vez. Aliás, perdemos os dois.

A foto que me apanhou nua na praia, lembrança boa dele, lembrança boa daquele final de semana. Por que não fiquei com o homem?

Acho que perdia a cabeça.