quarta-feira, outubro 28, 2015

Meus lábios molhadinhos

Eles estão pra chegar, e o problema não é eu acabar surpreendida. Sempre achei que um dia esses pedidos do Walter me deixariam numa situação comprometedora. Que horas são? Onde o celular? Ah, quatro e quinze, daqui a pouco vai amanhecer, o que me resta a fazer? A gente  acaba morrendo por causa de um homem, uma paixão, namoro, tesão, e ele a fazer pedidos impossíveis. Você vai adorar, diz, não desejará outra vida. E a burra aqui acredita. Um friozinho na barriga pra tornar tudo mais excitante, desafios, qual mulher não gosta de desafios, de ter algo para contar às amigas, mesmo que elas não acreditem?, você vai adorar, ainda ele, com sua voz de sedutor, beba uma dose, é pra relaxar, insiste meloso, você gosta de doce, eu sei, depois da bebida, o doce contrabalança, e o arrepio vai ser maior, com esse seu corpo de modelo você pode abusar um pouquinho, não?, sei que vai sentir um arrependimento pequenino depois, vai exclamar por que comi o doce!, vai fazer exercícios, vai correr, suar e dizer que eliminou o docinho, você é tão gostosinha, ele continuando e eu acreditando, vem vamos namorar... Eu nua nas mãos do homem. Uma amiga veio me dizer que não quer mais namorado, não precisa dele, resolve tudo sozinha. Mas você não tem necessidade de sexo, de transar com alguém?, pergunto. Tenho, mas resolvi a situação, e sem namorado, ela sorri satisfeita, parece ter descoberto todos os segredos do mundo. Mas como?, curiosa, eu. Ela com seu sorrisinho cínico. Já sei, suspeito e falo, você transa sem ter o homem como namorado. Ela continua cínica que só, sorrisinho que não tenho como definir. Você já engoliu um pedaço de cuscuz inteiro?, sua pergunta me deixa os lábios molhadinhos. Não espera minha resposta. Como o cuscuz, espero cinco ou dez minutos, às vezes vinte, depois corro ao banheiro; prestes a colocar o dedo na garganta para devolvê-lo, sento no vaso e espero ainda um pouquinho, penso não posso perder este meu corpinho de modelo, e passo a mão sobre o ventre, já pensou se crio barriga, lá se vai meu emprego, lá se vai a admiração das  pessoas por mim; espero mais alguns minutos antes de enfiar três dedos goela abaixo; ah, acho que meu organismo já está processando o doce, tudo está virando uma massa de açúcar que me vai pelo corpo, não vou ter como evitar algumas gordurinhas, começo a achar que não tem mais jeito, o doce não volta, não haverá a mínima possibilidade, então junto as pernas aperto uma contra a outra, e na incerteza se devolvo ou não o cuscuz gozo que é uma maravilha; mas logo que volto a mim forço o vômito e ponho pra fora o doce, ele sai inteirinho, eu que dei alguns passos à beira do abismo vou ao orgasmo mais uma vez, não preciso de namorado, viu como é fácil?, finaliza a amiga. E o meu, com a história da bebida e do docinho me deixou nua, disse que me faria sentir um orgasmo jamais experimentado; prestem atenção na frase, orgasmo jamais experimentado. Acreditei. Como sou boba! Acreditei. Como se pode comprar um pedaço de cuscuz às três da manhã? Ainda o cuscuz, por que fui dizer a ele? O namorado assegurou que conhece um lugar. Saiu às escuras, e eu aqui. Fique só um pouquinho, volto logo. Foi o homem, eu deitada numa cama larga. Mas vejo que ele não volta. O apartamento é dele mas não mora sozinho. Tenho desfile às três da tarde, alertei, preciso descansar. Ok, vamos fazer a prova do docinho, voltou ele ao assunto, você nunca sentiu nada igual. Eu, agora na sala. Pra quem ligo? Que vergonha... Ai, ele levou a chave, mas ainda bem que não trancou a porta. Tenho de ligar pra uma amiga. Venha me salvar, não posso sair daqui desse jeito. Sem o docinho?, ela quer saber. Que docinho, que nada, é outro o problema, sabe, tão chato falar pelo telefone, venha logo, não demore, se ele não volta e chegam as pessoas que moram aqui como vou fazer? Mas o que há?, diga que espera por ele, as pessoas compreendem, ela contrapõe. Não compreendem, não, jamais vão compreender, a não ser que estejam em comum acordo com ele, vão querer outra coisa. O quê?, minha amiga não deixa de lado pergunta alguma. Lembra da Joyce, intervenho, aconteceu algo semelhante, e o problema não foi ela estar nua, ela nem liga pra isso, a Joyce gosta de dar pra todo mundo, o problema foi ter de comer uma caixa inteira de chocolates, eles a forçaram, e não deixaram ela ir ao banheiro, amarraram suas mãos às costas, soltaram três horas depois, a digestão já feita, e ela sem poder colocar os bombons pra fora, uma tragédia. Norma, vou dormir, por favor, não posso ajudar você, também tenho de desfilar, não há como ir a esse apartamento. A amiga desliga, ouço o portão abrir, vozes subindo ao segundo andar, passos de duas ou três pessoas. Não é problema estar nua, não é problema não encontrar minhas roupas, não é problema ter de trepar com eles; ai, três homens, e o que trazem? Não, por favor, não, tenham piedade, levanto às mãos diante dos seios, mas sem preocupação em escondê-los, faço o que vocês quiserem, continuo a falar, mas não me obriguem comer a bandeja inteira de cuscuz, por favor! Sinto o cheiro de coco, meus lábios molhadinhos...

quarta-feira, outubro 21, 2015

Não lhe dou inteira responsabilidade

“Não lhe dou inteira responsabilidade”, ela me disse.

Como, não?, pensei. Ela resolveu ficar nua dentro d’água e me deu o biquíni. Isso mesmo, a parte de baixo, para eu guardar. Não ficou totalmente nua, é claro, vestia o top.

“Com o top dá pra disfarçar”, falou Lena.

Lena já não é uma garota, acho que passa dos quarenta, quem sabe cinquenta, e o corpo de menina. Gosta de se mostrar, de namorar o perigo.

“Pra que essa brincadeira?”, eu, mais nervosa do que ela.

“Vá embora, depois conto, vem ele aí.”

Terminou de falar e voltou-se para o horizonte. Saí d’água, a praia frequentada por algumas pessoas locais, outros turistas, manhã de maio.

‘Não lhe dou inteira responsabilidade’, a voz dela ressoava na minha cabeça. Como, não?, seu biquíni nas minhas mãos, me encarregara de guardá-lo e depois devolver a ela quando fizesse um sinal. Caso eu mudasse de ideia, poderia ir embora e deixar Lena nua dentro d’água. Como não a responsabilidade? Ela confiava demais.

Percebi o homem chegando, aproximando-se, rodeando Lena, a mulher mais tranquila do mundo. Enfim, os dois começaram a conversar. Tive vontade de correr até ela e devolver o biquíni. Ele não notaria, as águas não estavam tão claras, mas Lena ia tão dona de si. Na certa, ralharia comigo, depois, me chamaria de precipitada.

‘Quando não tenho você pra me ajudar, enrolo o biquíni no punho, como uma pulseira. Eles não reparam que estou nua’, dissera certa vez.

Os dois entabularam uma conversa longa, não acabava mais. Então, aconteceu. Surgiu o Celso.

“Oi, como vai, não fala mais com os pobres?”, perguntou.

“Oi”, respondi olhando para o mar.

“Está esperando alguém?”, parecia cheio de desejo.

“Ninguém.”

“Ótimo, então hoje você não escapa, vem comigo pra uma bebida.”

“Não posso”, tremi. Era minha a responsabilidade.

“Como, não?”, insistiu, “você não está fazendo nada, e tenho uma fofoca pra te contar.”

Suspirei, ele sabia da minha queda pela vida das amigas.

“Sabe quem está com o Antônio?”

Aquilo dizia respeito a mim, e ele insistia.

“Você não vai querer saber?”, fez ar de malícia.

O Antônio fora meu namorado, me trocou por outra, eu ainda sentia uma ponta por ele.

“Quem é ela?”, eu, curiosa.

“Só se você for comigo tomar uma bebida.”

“Não posso, estou encarregada de uma tarefa.”

“Mas tarefa aqui na praia?, do que se trata?”

Não podia dizer que guardava o biquíni de uma amiga enquanto ela se aventurava nua com um desconhecido.

“Ai, que cidade mais entediante”, cheguei a exclamar.

“Que tal a bebida?", ele devolveu, "a revelação vai tirar você do tédio.”

Olha lá a Lena, mostrei ao Celso, ela é que está certa, sempre rindo e sempre se dando bem.

“A Lena é especial”, acrescentou.

Isso, a Lena é especial, pensei. Se é especial, terá a solução quando reparar que desapareci com o biquíni dela. E, além do mais, ainda gosto do Antônio, sussurrei a mim mesma, preciso ter ele de volta.

“Ok, onde a bebida?”

“Em Rio das Ostras.”

“Tão longe”, suspirei, “não pode ser aqui perto?”

“São só quinze quilômetros, e também quero te mostrar uma coisa."

Celso trabalha com incrustações de pedras semipreciosas em tecido.

"Estou preparando uma coleção que vai fazer o maior sucesso, quem sabe dou a você um presente?", ele incentivava.

Lena, espere por mim, daqui a pouco volto de Rio das Ostras, lhe falei em pensamento. Não lhe dou inteira responsabilidade, você mesma disse, Lena, por isso não sou a responsável.

Celso parou na Joana, a praia estava deserta, apenas o quiosque  e o funcionário. Bebemos uma, duas, três cervejas. Contou do Antônio, da namorada do Antônio, de que não me seria difícil ter o Antônio de volta.

Quando fomos até sua casa, não muito longe dali (ela ficava numa elevação de onde se podia ver o mar, uma beleza), ele trouxe uma série de biquínis para a nova estação, alguns com cada pérola que parecia diamante.

"Se você quiser, faço uma aplicação nesse seu biquíni, mas só devolvo amanhã."

"Espere um pouquinho".

Fui ao banheiro e vesti o biquíni de Lena.

"Que legal, você é prevenida mesmo, viu. Mas o que eu queria é que você fique nua", sugeriu.

Fiz uma pose e sorri.

A estada na casa do Celso naquele fim de tarde serviu pelo menos pra afastar o tédio que eu sentia desde cedo.

Quando voltamos, já era noite. Esse Celso é bom de cantada, concluí. Só não gostei quando falou sobre o biquíni da Lena, que eu usava pra voltar.

"Engraçado, esse teu biquíni reserva não me é estranho, acho que já esteve lá em casa", deu uma risadinha.

Arre. Todos os homens são iguais. Ele também já trepou com a Lena!

Só no dia seguinte consegui falar com minha amiga. Aliás, depois do que fiz, não sabia se ainda poderia me considerar sua amiga.

“Por que você afirmou, Lena, 'não lhe dou inteira responsabilidade'?”

“Nada de mais, apenas uma frase de Clarice Lispector. Pensei alto. Não liga não. Até que me caiu bem.”

"O quê?"

"A Clarice Lispector, ora; a Clarice Lispector e você!"

quarta-feira, outubro 14, 2015

Comecei a gostar da situação

Eu voltava da sessão de fotos. Como era minha primeira vez, queria logo entrar no vestiário, me aprontar e ir embora. Mas quando dei dois passos, Henrique me chamou. Espera, não vá já não. Parei e olhei pra ele, não sabia onde pôr as mãos. Entra aqui, apontou uma pequena sala cuja porta estava entreaberta, senta naquele sofá e me espera um pouquinho. Eu quis dizer que precisava das minhas roupas. Ele, parecendo ouvir meus pensamentos, acrescentou vou mandar alguém trazê-las.

Tudo começou havia um mês. Vai haver um desfile, falara ele, que tal? Sorri. Ótimo, eu disse. Um desfile e uma sessão de fotos. Virão  muitas modelos, você pode ser mais uma. Que bom, falei feliz. Ele fez minha inscrição, disse que se responsabilizava. Eu não era de agência, mas ele garantia. Foi assim que começou. Fiz alguns ensaios com uma amiga dele. Ela disse você é bonita, para casos assim tudo se resolve.

O homem está fazendo um livro de fotos de modelos nuas, o corpo como protagonista, tudo muito artístico, ele deseja lançar uma nova grife, ainda que pequena, mas de grande futuro, Henrique garantira.

Ah, que bom, você compreendeu, disse meu protetor, sentadinha e esperando por mim, como pedi. Não tem problema eu desse jeito?, perguntei e insinuei minha nudez. Ele, porém, fingiu não entender, apenas perguntou está com frio?, há um roupão ali no armário, apontou ao fundo. Não ousei levantar. Já pensou se abro e nada encontro? Uma amiga contara algo semelhante. Esses homens gostam de ver mulher nua a correr de um lado a outro. Aliás, adoram descobrir o que fazemos com as mãos vazias. Você compreende essas coisas, não?, disse ele despertando-me, é um pouco complicado, mas damos um jeito, no final não sai de graça, falou como se tratasse de negócios, depois afastou a cadeira e ficou em pé. Levanta, por favor, pediu com certa humildade. Obedeci, deixei o pequeno sofá e me aproximei. Você é bonita, e muito, disse e deslizou ambas as mãos pelos flancos do meu corpo, desde os seios até abaixo do bumbum. Você é quentinha, mesmo no ar condicionado do estúdio, continuou, mas tenho de dizer mais uma coisa, pra que tudo dê certo você precisa ver outra pessoa, sabe, não sai de graça, ele também é de TV. Outra pessoa?, assustei-me. Depois de alguns segundos, Henrique saiu sem fechar a porta.

Um homem gordo, muito gordo mesmo, entrou após um ou dois minutos. Representava alguém com traços de afeto, mas era mal no papel, queria fazer de conta que tudo seria fácil, bastava ele dar a aprovação. Chegou bem junto a mim e abraçou-me. Seu corpo volumoso, porém, não permitiu o abraço completo. A porta está aberta, sussurrei vexada. O que tem a porta?, não há mais ninguém aqui, apenas nós dois. Um frio me gelou o estômago, como não há mais ninguém?, suspirei por Henrique, por minhas roupas que já não sabia onde estavam. Não se preocupe, o homem falou, abaixou as calças e pediu que eu engolisse seu pênis. Foi essa a palavra dele, engolir, disse que era algo mais saboroso do mundo. Hesitei, mas acabei assentindo. Seu sexo, pouco a pouco, foi crescendo dentro da minha boca até quase não poder mais retê-lo. Olhei pra cima, embaraçada com a situação. Não falei a você?, as mulheres adoram. A seguir, ele sentou bem no centro do sofá e pediu que eu viesse sobre seu colo. Seu pênis estava bastante rijo. Isso ele tinha de bom, e acho que percebeu que eu comecei a gostar. Abra bem as pernas. Fiz o que pediu. Não demorou a escorregar pra dentro de mim. Quando estava bastante excitado, começou a girar meu corpo, tendo seu pênis como eixo. Abri o máximo que pude as pernas. Ele me conseguiu girar de ponta a ponta, deu um grito e delirou de prazer. Ao aproximar-se o gozo, retirou o pênis e forçou minha cabeça até seu baixo ventre. Engula, por favor, ele disse. Foi o tempo certo de inundar minha boca com toda a porra. Cuidou pra que eu nada derramasse. Enfim, apertou meus lábio com uma das mãos e esperou que eu engolisse. Após nos desembaraçarmos, pediu vá a copa e traz um cafezinho pra gente.

Depois que o gordo saiu, Henrique demorou a voltar, e quando apareceu, estava de mãos vazias. Minhas roupas?, perguntei. Calma, garota, ainda não acabou, senta ali, agora é a minha vez. Apanhou não sei de onde um gel, colocou um pouco numa das mãos e começou a espalhar sobre o meu corpo. Assim, você fica mais gostosa.

O sexo com ele ocorreu da mesma forma que com o gordo. Pareciam ter combinado os dois. Mas Henrique foi mais elegante, incluindo o cuidado para que eu não me machucasse. Pediu também que eu chupasse o seu pênis até quase gozar, quando então se controlou e sugeriu que eu contasse uma história excitante, porque gostava de narrativas eróticas na voz das mulheres, assim gozaria mais intensamente. Tenho certeza de que você não vai me decepcionar, falou animado. Uma história, fiz de conta que me envergonhava, espera um pouquinho. Sentei no sofazinho, cruzei as pernas, suspirei e disse a ele o que vai a seguir.

Saí de uma boate às quatro da manhã e resolvi ir à praia, você acredita? Logo ali, perto do posto sete. Tirei a roupa escondidinha e mergulhei. A água fria do mar iria me reabilitar, pelo menso era a minha intenção. Jamais me senti tão livre. Só que houve um probleminha. Pensei estar só. Mas apareceu um homem (parei de falar, respirei fundo e esperei com a intenção de criar expectativa, fiz uma fisionomia de que, naquele final de madrugada, me encontrava sem saída). Ele não entrou na água, ficou esperando por mim. Pela paciência que demonstrava, acho que ficaria horas ali. Permaneci de molho por um bom tempo. Como ele não deixava o local, o jeito foi sair da água nua mesmo. Acho que cheguei a mostrar uma ponta de vexo. O homem, no entanto, me surpreendeu. Foi elegante. Gostou do "no entanto"?, sei contar histórias, não? Voltando, ele foi elegante mesmo. Tão logo olhou meu corpo, me deu o maior conforto. Você é bonita mesmo, falou. Agradeci, e permaneci um tantinho de lado pra ele, minha atitude revelava certa indecisão, talvez ele interpretasse que eu tentava me lembrar onde deixara as roupas. Apenas isso. Sei que você pode dizer o homem não te agarrou? Você é que não quer contar! Não agarrou, não, foi elegantíssimo. Eu que, de repente, abracei o homem, ainda molhadinha. Daí em diante, imagine o que aconteceu. Você faz questão que eu conte? Poxa, gosto de ser sutil. Mas, tudo bem, vou fazer sua vontade. Ouça. Comi o homem ali mesmo!

Acabei a historinha rindo bastante. Henrique pediu para eu me aproximar, abaixou e mordiscou meu clitóris. Fiquei toda arrepiada. Depois apontou pra eu chupar de novo seu peru. Fiz com uma vontade louca. Sou o homem que encontrou você nua na praia, lembra? Henrique, enfim, gozou. Três esguichos fortíssimos. Quase engasguei, por um milímetro consegui manter a elegância. Depois fiz que viesse sobre mim e que me fodesse com todo ardor. Apesar de ele já ter gozado, não decepcionou. No final, não sabia que eu ainda era capaz de deixá-lo de pinto durinho. Bastou sussurrar no seu ouvido vai buscar minhas roupas, não posso voltar peladinha pra casa!

terça-feira, outubro 06, 2015

E eu que queria chegar em casa peladinha

Aquela estrada. Meu desejo crescia quando passava por ela.

Ai, gemi.

O quê?, ele quis saber.

Nada, sussurrei.

Cruzei as pernas, o vestido a me escapar. Continuou dirigindo. Apenas nosso carro, faróis cortando a escuridão. Jorge sabia o que significava meus ais. Mas esse namoradinho era inexperiente, acho que cortês demais, sua preocupação era guiar. Cheguei a pensar em pedir que parasse, diria que estava com vontade de fazer xixi, sairia e voltaria nua. Como ele reagiria?

Jorge que era bom, diferente. Mandava eu descer, tomava toda minha roupa. “Espera um pouco que já volto”. Mergulhava na escuridão, adiante. Eu, pra trás; ele cada vez menor, mais distante. Sumiam os faróis. Eu e à noite. Meu coração aos saltos, toda molhada. O gozo. Mas um gozo diferente. Voltava trinta minutos depois. Certa vez demorou uma hora, achei que não vinha. Acabei aprendendo a gostar das situações perigosas. Não podia contar ao namoradinho. Me chamaria de louca, masoquista. O desejo, porém, crescia. E como.

Para um pouco, vamos namorar, sugeri.

Nessa escuridão?, ele.

O que tem?, entra com o carro num atalho.

Tive de ensinar. Pronto, apenas nós e as estrelas. Ficamos a olhar um ao outro. Me puxou pra junto dele. Um beijo na boca. Mãos sob meu vestido.

Você quer transar aqui?, perguntou.

Hã hã, afirmei com cara de safadinha.

Tirou minha roupa.  Restou sutiã e calcinha.

Já cheguei em casa de sutiã calcinha, afirmei.

 Jura?, conta então como foi.

Você gosta de histórias, não? Conto, sim. Mas me tira primeiro a calcinha.

Atendeu. Depois deitou o banco e abriu a calça. Puxei o pinto. Dei uma mordidinha. Subi sobre ele, as pernas bem abertas. Me acertou de primeira.

Espera, viu, não goza não, sei que está gostoso e que você vai por um triz, mas vamos fazer bem demorado. E ainda tem a historinha...

A maioria dos homens são decepcionantes. E eu que queria chegar em casa peladinha!