terça-feira, maio 31, 2016

Eu,Tu e Ele

Eu, Tu e Ele moravam na mesma rua, numa pequena cidade. Cada uma delas vivía numa linda casa, muito confortável e com vista para o mar. Eunice sempre convidava Tuane e Eleonora pra contar suas travessuras. A Eu, muito extrovertida e safadinha, em pleno chá das cinco começou a delirar com o que tinha vivido à noite anterior.

"Sabe, meninas, está meio sem graça a minha transa com Samuel. Ontem saí à caça de carne nova. Encontrei o Marcelo, 25 anos e cheio de amor pra dar. Convidou-me pro motel. Lógico que aceitei. Vocês precisavam ver a ganância do homem pela minha buceta. Começou a me beijar o pescoço. Nos seios, eu vibrei. Sabe, né, se tocar meus seios com a língua e fazê-los de chupeta eu logo me entrego, fico esperando que o meu parceiro chegue logo me beijando entre as pernas. Na minha buceta, já super molhada, ele deu uma linguada profunda e chupou meu clitóris. Foi delicioso demais. Depois me colocou numa posição que conseguia me enfiar o pau e ainda acarinhar todo o meu corpo."

Tuane, pra não ficar pra trás, começou também a contar suas experiências fora de casa

"Sabe, Eunice e Eleonora, arroz com feijão todo dia enjoa. Ontem cerquei o Murilo, que já me come com os olhos todos os dias que vou à sua padaria. Falei: 'Olha, comigo é pegar ou largar, não gosto dessas seduções, não. Eu aqui pingando de prazer e você aí encostado nesse forno. Você precisa é conhecer a quentura da minha xota inchada esperando que um pau roliço venha penetrar nela com vontade. Você tem mais é que me sacudir agarrando com as duas mãos minhas nádegas, rodando e enfiando, tirando, enfiando e rodando'. O padeiro ficou vermelho e aceso com aquela conversa. Não perdeu tempo, aproveitou a hora do almoço, hora que ninguém procura pão, me puxou pro canto do forno que não estava ligado. Tirou toda minha roupa, fez tudo que eu havia pedido e mais. Aquilo que é macho, não aquele projeto de homem que tenho em casa. Hoje estou levíssima, satisfeita. Uhuuuuu!"

Eleonora ficou também ansiosa pra contar o que lhe aconteceu. Disse que pegou o Julio da quitanda porque toda vez que vai lá ela fica alisando a maior cenoura da banca. Sabia, pelo volume, que Júlio era bem dotado de vara. Justamente o que ela queria.

"Meninas, fizemos as palhas de banana de cama ao anoitecer, e tudo que havia sonhado aconteceu. Por falar em palha, dizem que é difícil achar agulha no palheiro. Imaginem se consegui encontrar minha calcinha! Muito gostoso o rola tola com ele!"

As três deram as mãos e falaram:

"Somos filhas de Deus, esses maridos cornos que nós temos que se virem."

quarta-feira, maio 25, 2016

Não pude deixar de rir

Franzi a testa. Não pude deixar de rir.

“Você é louco”, falei.

“Por quê?”, ele fez de conta que não entendia.

“Você vai me deixar assim, aqui?”

“Assim?, não estou entendendo”, ele queria que eu definisse o que era estar assim.

“De calcinha e sutiã.”

“Ah”, fez uma expressão de satisfação, “de calcinha e sutiã”, repetiu, “não foi você quem sugeriu?”

“Sugeri, mas para namorar com você, não sabia que te excita tanto deixar uma mulher pelada numa praia, de madrugada.”

“Não é só excitação”, ele disse e me abraçou, “achei que você queria experimentar.”

“Experimentar? O que posso experimentar a mais do que estar nua pra você num lugar público?”

“Já vi mulheres que desejaram experimentar uma sensação maior, trata-se de um tipo de desafio.”

“Pode explicar melhor?”

“Claro”, ele me puxou pra junto dele, beijou minha testa, depois continuou, “uma delas me pediu para sair nua do apartamento. Que eu fechasse a porta. Dias depois, escreveu a experiência.”

“Ela ficou nua do lado de fora?”

“Isso mesmo, nua e trancada do lado de fora. Após dois minutos, bateu pra eu abrir. Ela disse, então, que sentiu um calafrio de abandono.”

“Ela escreveu a experiência?”, fiquei curiosa.

“Isso mesmo. Se quiser, trago pra você ler. Mas ela romanceou, as coisas não saíram tão bem como esperava.”

“O que ela esperava?”

“Que eu abrisse logo a porta. Mas não foi o que eu fiz. Deixei a mulher de molho por um bom tempo. Por isso, naquela noite, ela ficou furiosa. Uma ou duas semanas depois, porém, quis ir nua de novo lá fora.”

“Não quero ficar nua durante nem mais um minuto, vamos embora, quero o meu vestido, por favor”, comecei a ficar nervosa. Puxei seu braço com a intenção de voltarmos ao carro.

“Vamos ficar mais um pouco", mostrou-se irredutível. "Você sabe que posso ir embora e deixar você nua.”

“Você não faria isso. Qual o motivo?”

“O motivo?”, repetiu, “não sei, talvez certo prazer.”

“Você sente prazer em me abandonar nua? Isso significa que você gosta de maltratar as mulheres, ou mesmo que não gosta do sexo feminino.”

“Quem sabe”, ele disse em voz baixa.

“Com quem fui me meter”, deixei escapar, “você é louco mesmo. Já saí com muitos homens, nenhum deles me fez passar por uma situação tão constrangedora.”

"Você está constrangida?, foi você que suspirou 'vou descer de calcinha e sutiã, é uma antiga fantasia, ficar nua na praia, de madrugada'.”

“Concordo que falei, mas não sabia que as coisas tomariam outra direção."

"As mulheres sempre querem manipular os homens. Quando a situação fica fora de controle, se tornam desesperadas."

"Você sabe que vou ter problemas caso você me abandone nua aqui. Logo vai chegar alguém. Pega minha roupa, vai, do contrário não quero saber mais de você.”

“Jura? As mulheres adoram correr perigo, e acabam sempre voltando.”

Que loucura! Refleti rápido e conclui que, para sair de modo favorável da tal situação, precisava representar. Sorri falsamente e disse:

"Ok, vamos combinar algo diferente", minha fisionomia passou a ser de deboche, mas por dentro estava morrendo de raiva, "não precisa ir buscar minha roupa." Soltei as alças e abaixei o sutiã,  meus seios se mostraram, virei o fecho pra frente e abri a presilha, "pega, vai, guarda também isso lá", entreguei a peça a ele. Como não esperava por isso, ficou com o sutiã nas mãos, meio envergonhado. "Vou dizer mais uma coisa, continuei, "digamos que não aconteceu comigo, mas com uma amiga. O namorado fez essa mesma brincadeira, deixou a mulher nua e se foi. Sabe o que aconteceu?" Ele continuou olhando, curioso, colocou as mãos pra trás, ainda segurando o sutiã. "Ela conheceu outro homem e foi com ele."

"Verdade?", arregalou os olhos.

"Verdade, e este era muito melhor!", dei minha última carta e aguardei sua reação.

"Espera um instantinho", ele disse, "vou até o carro guardar isto", mostrou meu sutiã e deu as costas.

Enquanto subia a faixa de areia, acompanhei-o sem que ele percebesse. Temia que ele fosse embora. Ao destravar o carro, abri a porta de trás ao mesmo tempo que ele abriu a da frente. Como estava escuro, não notou. Por instinto de sobrevivência, peguei meu vestido enquanto ele lançou a pequena peça sobre o banco do carona. Em seguida, fechou a porta. Tudo aconteceu muito rápido. Depois desceu à praia pra encontrar comigo. Quando chegou ao local onde estivéramos, olhou prum lado e pro outro. Me procurava.

"Ei, estou aqui", falei.

"Ah, pensei que alguém já tinha levado você", me abraçou e me beijou na boca. "Vamos passear um pouco", sugeriu, "Você acha que eu ia mesmo abandonar você nua aqui?"

Eu havia largado o vestido num ponto da areia um pouco acima, antes de ele me avistar. Não queria dar o braço a torcer. Ai, agora é que volto nua pra casa, cheguei a pensar; não faz mal, me animei a seguir, não vai ser a primeira vez. Como eu representava, não era Miriam que desfilava nua, de braço com o namorado, sobre as areias da praia. Mas, digamos, Sílvia. Que bom os muitos cursos de teatro! Franzi a testa. Não pude deixar de rir.

Para lidar com um maluco como esse namorado, só uma mulher como a Sílvia; Além de louca, era muito safada. Mais adiante tirou a calcinha e pediu que ele a guardasse no bolso. E, antes de nascer o sol, gozou duas vezes. Uma trepada de dar gosto.

terça-feira, maio 17, 2016

Nem vou espichar o vestidinho

Estou numa festa, sentadinha na sala, pernas cruzadas, vestido curtinho. Todo cuidado é pouco. Há pessoas conversando, umas riem, outras falam alto, vários assuntos alçam ao espaço, enredam-se. Ao meu lado uma mulher quase grita o sexo é ótimo, outra diz que os homens têm mais fogo do que as mulheres. Não chegam a um acordo. Os desejos são os mesmos, a da ponta alerta olha o preconceito. Nada falo, apenas sorrio discreta. Um garçom com as bebidas, de que o coquetel? Cereja. Delicioso. As mulheres não sabem sobre o meu desejo de sexo. Não adianta afirmarem que somos menos fogosas do que os homens porque o sexo deles é pra fora e o nosso pra dentro. Que absurdo! Os homens, tão poucos na festa, conto nos dedos, olham pra mim. Também, pudera, tão curto o vestidinho. As travestis, uma intervém, têm o maior dos fogos, o fogo dos homens e o das mulheres ao mesmo tempo. Uma gargalhada confortável, o arrepio. Um rapaz aproxima-se, junta-se a nós. Nossa conversa é indecente, acrescenta a terceira do sofá. A música convida, diz a dona da festa. Muita gente quer ver debaixo da minha roupa coladinha ao corpo, o tecido encolhendo, subindo, incluo na conta algumas das mulheres. Dançamos soltas, passos fingidos, movimentos medidos. O namorado quer a menina nua, não aqui nem agora, uma lembrança enquanto sinto as coxas bem arejadas, ele quer levá-la a passear sem peça alguma, ela vai sentada no banco do carona. A dona da festa vem dançar comigo, me toma pela cintura, desce um pouquinho uma das mãos. Já sei, quer saber se estou sem calcinha. Acho que se decepciona. Sabe a Karen, diz ao meu ouvido, olha pra ela, a saia fofa, também muito curta, é um tal de ir ao toalete, completa enquanto dá um passo atrás e faz que vai ao outro canto da sala. Lembra a Dina?, uma das moças vem junto a mim. Dina?, pergunto. Vai dizer que não lembra?, a travesti, afirma peremptória. Ah, finjo surpresa, o que houve? Vem à festa, diz. Que bom, afirmo fria. Dá ultima vez trouxe o namorado, um homão, sorriu, como se concentrasse nele todas as esperanças, ele adora a Dina de vestidinho como o teu, sabia?, ela insiste. Vai ver que compra na mesma loja, chego a dizer. É ousada, pra uma travesti, não sei como consegue, é outra que toda hora vai ao toalete, dá uma risadinha após a última palavra. Gira, continua a dançar, quase me toca com os seios. Reparo os bicos rijos. O garçom traz outro coquetel. Aceito. Sento no sofá, olho as amigas dançando. Duas também aceitam a bebida, vem pra junto de mim. Fogo?, ouço a voz de uma. Fogo, sim, mas nada de metáforas, fogo do isqueiro, ou de um palito de fósforo. Jura?, a primeira faz de conta que não acredita. Ouviu o que ela está dizendo? Não, quero dizer, ouvi fogo, será um incêndio?, brinco. Um incêndio monstruoso, repete a primeira, na verdade um novo método para o amor, ou velho método, não sei, dizem que as mulheres são frias, daí uma chama verdadeira pra aquecer. Ri. Finjo que entendo. Olha quem está chegando, uma aponta, a louca da Ângela. Por que louca?, quero saber. Ela mesma gosta de contar, diz a que está à minha direita, adora trepar em público. Levo o coquetel à boca e penso na Dina. Ela é que está certa, é travesti e tem o homem mais bonito, mais desejado de todas as mulheres, corresponde a todos os desejos dele. Uma fofoca, diz Ângela depois dos cumprimentos, na semana passada fui a uma festa na Teresa, adivinha quem estava lá?, a Dina, ela e o namorado, o vestido tão curtinho que quase pedi pra entrar no toalete com ela, qual o teu segredo?, eu quis perguntar. Todas as quatro mulheres, no cantinho da sala, ficam curiosas e arrepiadas! Uma diz será que a Dina topa a brincadeira? Qual brincadeira, responde a mais atirada. Vamos lhe pedir emprestada a calcinha! Peça também à Ângela, você vai se surpreender, de novo a mais atirada. Riso geral. Essas mulheres não tem outro assunto?, pergunto-me, será que ninguém lê um livro nesta roda?, ou frequenta alguma galeria de arte? Quem sabe... Rio. Posso eu criticá-las? Não vou ao toalete nem vou espichar o vestidinho.

quarta-feira, maio 11, 2016

Há jeito para todas as coisas

Minhas brincadeiras são bobinhas, inofensivas, causam, talvez, um pouco de nervosismo. Quando contei a ele, apenas riu. Um riso que revelava minha infantilidade. Sei que ele poderia ter dito como você pode gostar dessas coisas, ou talvez dissesse não são tão inofensivas, você coloca em risco a sua integridade. A voz dele soaria em tom sentencioso, demonstrando as certezas peculiares aos homens. O que eu poderia fazer, a partir daí, seria me afastar, e não mais me preocupar com o que ele pensava. A vida é perigosa para os mais cautelosos, eu ainda poderia rebater. Mas preferi continuar com minhas brincadeiras bobinhas, que me dão muito prazer.

A casa era grande e tinha um cão. Mas ele ficou logo meu amigo. Não sei o que fez me olhar como uma pessoa benevolente. Os cães acham certas pessoas benevolentes, alguém que pode lhe acariciar a cabeça, passar uma das mãos pelo seu pescoço e lhe oferecer algo novo. Foi o que aconteceu. No primeiro dia, veio me cheirar. Ficou nisso. Agradei a ele. Seu focinho úmido percorreu minhas pernas, abanou o rabo, o cão paralisado ante as minhas mãos. Passei a visitar a casa todos os dias, às vezes também à noite. O cão sempre atrás de mim, como se eu fosse sua redentora.

Adélia também gosta de algumas brincadeiras. Aliás, foi ela quem me despertou para o prazer que as brincadeiras podem proporcionar. Adélia gosta de ir à praia cedo. Chega com o nascer do sol. Corre pela beira, o mar a lhe molhar os pés. Sua bastante, depois mergulha na água fria. Diz que a sensação é maravilhosa, corre-lhe um arrepio, uma espécie de gozo. Certa vez correu nua e depois mergulhou. Em dobro, o prazer. Repetiu o exercício, repetiu o gozo. Certa vez um homem apareceu à praia, e Adélia nua dentro do mar. O que fazer? Esperar. Mas o homem teve mais paciência do que Adélia. Ela acabou indo com ele. Hoje está bom assim, ela falou, ficamos no olhar, e você até já me beliscou, vamos marcar um encontro para logo mais, tentava ela escapar. O homem concordou. Adélia então fugiu. Não veio mais nadar pela manhã. O que perdeu? O prazer. Há tantas outras praias, disse-lhe eu. Ela começou de novo, na ponta da praia.

A minha aventura, porém, não era na praia. Queria o homem bonito que morava à casa onde eu sempre rodeava. O cão atrás de mim. Eu podia entrar durante a madrugada, como ladra escorregadia. Mas nada queria roubar, ou melhor, talvez um coração, o coração de um homem jovial. Mas eu tinha medo de falar com ele. Teria sido melhor encontrá-lo e expor minhas intenções. Tudo tão simples. Mas a aventura me dava furor. Invadi a casa. Rodeei-a com o cão. Um cão imenso. Deitava com ele na grama do quintal. Meu homem dormia. Que tal subir, ir até ele? O homem poderia não gostar, eu temia. Para alguns tipos as mulheres são perigosas. Lembrei de novo minha amiga nua na praia querendo convencer o homem que ela tinha o direito de nadar nua, ele não poderia tê-la contra a vontade dela. Existe lei, sabia?, Adélia chegou a murmurar. Mas os homens querem saber lá de lei. Ou fazem as leis conforme sua vontade. Ela nada contou, mas é lógico que teve de dar pra ele. E eu que desejava dar, mas meu homem não vinha. Fiquei com o cão enquanto o aguardava. Venha logo, observe-me, cheguei a mandar uma mensagem por sob a porta de entrada, acho que não aguento por tanto tempo. Ele veio. Mas devagar. E trouxe o cão. Fingi que não o conhecia. O cão. Vamos à praia?, sugeriu. Por que não aqui?, tão aconchegante, suspirei. Gosto que minhas namoradas nadem nuas...

Você nada bem, por isso tem esse corpinho, alguns músculos apenas, mas um corpo muito bonito. E ele a me ver nadar. Eu tão longe. Desaparecia o namorado, sumia junto com o cão. Eu boba por ele, pedia pra guardar minhas roupas. Pudera. Fizemos o jogo durante uma semana.

Depois de tanto tempo, fui nadar sozinha. Na ponta da praia. Eu e o mar. Imito minha amiga Adélia?Madrugada ainda, o vermelho de um sol antes de subir o horizonte. Nada de homem, nadar apenas. A pele. Uma semana depois tento convencer o desconhecido a me deixar só, digo a ele que não tem o direito de deitar comigo. Sou virgem, asseguro, como último argumento. Ele não me olha surpreso. Dá-se um jeito, diz. Não espera minha réplica. Há jeito para todas as coisas, completa. Eu, pelada. O homem me puxando pelo braço.

terça-feira, maio 03, 2016

Recatada

Sempre fui uma mulher recatada, visto roupas que destacam o meu corpo, mas nada de saias ou vestidos muito curtos. Pernas de fora, apenas na praia, é o que sempre achei. Mas o meu namorado acabou me convencendo a usar roupas extravagantes.

Se encontro alguém?, pergunto preocupada.

Você faz de conta que é outra pessoa.

Outra pessoa?, assusto-me.


Passei a sair com penteados diferentes, ele me deu dois ou três pares de óculos, dois de lentes escuras. Alguns dias cheguei a cobrir a cabeça com lenços, ou mesmo com uma espécie de véu. Comecei a gostar da brincadeira.

Frequentamos os restaurantes de uma cidade vizinha. Tudo ia às mil maravilhas até que, de repente, avistei uma pessoa conhecida. Ela não me viu, ainda bem. Fiquei tão preocupada que não reparei com quem ela estava. Quem sabe alguém já me avistou e nada falou? Meu namoradinho, porém, se mostrava cada vez mais entusiasmado. A cada entusiasmo dele, minhas saias ou vestidos ficavam mais curtos.

Houve uma época em que pensei um modo de atrair os homens, não imaginava que a roupa produziria tanto frisson. Que ótimo, agora já sei, caso este namorado desapareça, já tenho um método, vou atrair o homem que eu desejar.

Certo domingo ao entardecer ele veio me buscar para mais um passeio.

Tenho uma surpresa, disse.

Tirou de uma sacola um presente. Abri o pacote.

Que camiseta linda!, adorei.

Não é camiseta, sussurrou.

Não? O que é, então?

Um vestidinho.


Gelei. Ele me quereria domingo a passeio com o vestidinho.

Vesti-o apenas para agradá-lo. Vim à sala e disse:

Caso saio assim, só de camiseta, todos os homens vão correr atrás de mim.


Não adiantou minhas ponderações. O namoradinho insistiu tanto, que saí de camiseta.

As pessoas vão pensar que você está de short por baixo, falou.

Veja se há alguém na rua, pedi.

Não tem ninguém na rua, pode vir.


Corri para o carro e entrei. Ele guiou para Rio das Ostras. Durante a viagem ligou o som e escutamos músicas que nos estimulavam. Ele passava a marcha e escorregava a mão direita sobre minhas coxas.

Paramos na Costa Azul. Ventava. Saímos do carro. Ele comprou duas garrafas de cerveja e me deu uma. Descemos à praia.

Ele me abraçou, me beijou e deslizou a mão por baixo da camiseta.

O que foi?, perguntei ao perceber que ele se estava surpreso.

A calcinha?

Ah, eu disse, falta a calcinha.

Por que não me pediu? Eu compraria pra você.

Não estou sem por falta de calcinhas em casa, imagina o motivo.

Ah, sim, que tolo, já imaginei.


Escurecia. Só nós dois na praia. Ele levantou minha camiseta até me deixar de peitos de fora, depois puxou e conseguiu tirá-la de mim. A seguir, arremessou-a no ar e deixou que o vento a levasse.

Não faz mal, afirmou, se desaparecer vou comprar mais três.

Mais três?, repeti. Ah, não esqueça das calcinhas!