Fui a uma festa onde conheci várias pessoas, dentre elas uma mulher linda. Dançamos juntas, eu, ela e mais quatro ou cinco mulheres. Como a música era de ritmo rápido, convidava-nos ao meio da pista. Havia poucos homens, sempre mais preocupados em beber do que dançar. A mulher linda ficou junto a mim, depois veio conversar, já um pouquinho distante da música alta.
Quero que você entenda, falou, pareço mulher, mas há um
pequeno detalhe.
Arregalei os olhos.
É sério, continuou, tenho corpo de mulher, ajo como uma,
todos me admiram como mulher, mas não sou mulher, entendeu?
Ah, sim, respondi meio sem jeito.
Como há tantos transexuais por aí, fiz de conta que sua
história era muito natural. Depois de determinado momento, cheguei a perguntar:
Como você faz pra usar uma roupa assim tão curta?
Ela não demorou a responder.
Sempre me perguntam a mesma coisa, sorriu.
Então?, insisti.
Tem um jeitinho, sabe, respondeu delicada, dá pra gente se
arranjar.
Por que você não opera?, perguntei afoita.
Deus me livre, disse assustada, prefiro como sou, uma
mulher com pênis.
Depois de sua resposta, pensei que seria interessante, pelo
menos por algumas horas ou por alguns dias, ser uma mulher com pênis.
“E tem mais, acrescentou, se corto (ui, nem gosto de falar
assim), perco meu eleitorado.
Depois desta última frase, acentuou-me o gosto de ter um
pênis durante pelo menos um curto espaço de tempo. Eu seria um cometa a jorrar
minha calda através do espaço, todos a me admirar. Lógico, avisaria a eles
no momento do encontro, sou uma mulher com pênis. Você é travesti?, eles mostrar-se-iam
surpresos. Não, não sou travesti, sou uma mulher com pênis. Sério?, insistiriam.
Por que preciso mentir? Acho que haveria uma fila imensa de homens atrás de
mim, afinal, tudo que é exótico atrai. Preste atenção, eu diria ao recente
admirador, sou uma mulher que fez uma cirurgia, implantou um pênis, mas quero
continuar como mulher, não fiz o implante para usar o membro como homem. Ele arregalaria
os olhos. Isso mesmo, eu asseguraria, acredite se quiser. Mas eu teria de
recorrer à minha nova amiga para saber os truques.
Ensine-me, por favor, como faço para usar um vestido tão
curto, com calcinha tão pequena?
Ela me daria uma aula, aconselhar-me-ia.
E à praia, como se faz?, eu gostaria de saber.
Não há mistério algum, arranja-se da mesma forma de quando
se usa o vestidinho. Tem mais uma coisa adorável, ela a me ensinar, com o
pênis temos mais ardor sexual, o gozo é intenso. Você não sabe o que é uma
ejaculação? Sempre recebeu a ejaculação dentro de você, mas agora é você quem vai
ejacular!
Eu, doidinha para arranjar alguém, querendo que me faça
ejacular. Será que depois do gozo eu correria, morta de vergonha? Há homens que
quando gozam perdem todo o prazer, ficam de cara fechada, demoram dias para se
recuperar. Não, não quero mais o pênis, prefiro viver no meu constante estado
de gozo sendo mesmo uma mulher.
Calma, disse a amiga travesti, tudo depende de treino,
quando se tem o sexo para fora, o fogo é maior; e basta um pouco de controle,
você vai viver a mil, muito mais do que uma mulher. Travesti é homem e mulher
ao mesmo tempo, logo tem o desejo sexual em dobro.
Adorei. Mas tenho outro problema, pensei sem dizer a ela,
adoro andar nua, com o pênis não vou poder, um travesti nu por inteiro é
impossível.
Ela pareceu adivinhar meu pensamento:
Calma, você é muito precipitada, tudo a seu tempo, dá pra
ficar nua por inteiro sim, e é uma gracinha!