segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Fico nua pra você, pronto

 Uma amiga veio conversar comigo.

 – Lena, como você tem sorte, não estou colocando olho grande, não, mas você sempre está com namorado. – Ela estava segurando um pacote, algo que tinha comprado numa loja do centro, passa sempre pela minha casa, é seu caminho. Eu estava saindo, ela aproveitou para me segurar um pouco.

– Posso te perguntar mais uma coisa, você não fica aborrecida? – insistiu.

– Claro, pergunte.

Passou um carro, o motorista diminuiu a velocidade, buzinou e me deu um adeusinho.

– Então – continuou, – você já namorou tanta gente aqui na cidade, e permanece amiga dos homens, não tem nenhuma vergonha.

– O que você quer me perguntar mesmo? – alertei.

– É isso. Você não tem vergonha quando encontra os homens com quem você já saiu, já namorou?

– Não. Por que teria vergonha?

– Não sei, mas eles já viram você nua, já transaram com você.

– Eu também já os vi nus, já transei com eles!

Ela arregalou os olhos

– Mas para uma mulher, é diferente.

–Você acha? – demonstrei curiosidade.

– Acho, não consigo, juro, morro de vergonha quando encontro um ex-namorado.

Ela falou mais algumas bagatelas e se foi. Carregava com cuidado o pacote, acho que um presente.

No dia seguinte, encontrei ao acaso Edivaldo, no calçadão. Ele me beijou e foi logo falando:

– Mulher mesmo é você, tenho saudades do tempo em que fomos namorados.

– Verdade?, mas foi você que terminou. Tem tesão por garotas, eu já sou velha pra você.

– É verdade, escute só essa história.

Começou a contar sobre sua nova namorada de vinte e um anos. Ele tem cinquenta.

– A garota me pede tudo. Cem, duzentos, quinhentos reais. Acho que já deixei uns três mil na mão dela. Um mês de namoro.

Dei uma grande gargalhada.

– Mulher jovem é assim mesmo, é preciso pagar.

– O problema não é tanto esse, é lógico que despesa demais me atrapalha, o caso é que ainda não consegui trepar com ela – falava baixo, olhou ao redor para ver se alguém nos escutava.

– Jura?

– Por que iria mentir? A gente sai, passeia, vai a todos os locais, na hora de trepar, ela inventa uma desculpa.

– Vai ver é virgem.

– Sabe que já pensei nisso? – ele me olhou com certa convicção. – Não se pergunta essas coisas a uma mulher, não é mesmo?

– Depende, caso se pague tanto, você tem direito de fazer algumas perguntas. – Ri, ele também.

– Outro dia aconteceu uma coisa estranha. Falei com ela que assim não era possível, ficar nessa história, como dois adolescentes. Começou então a chorar. Ela anda sempre com roupas curtíssimas, até perguntou se eu não me incomodo. Não, claro que não, respondi. Ela vestia uma minissaia e camiseta. Chorou e chorou. Enfim, disse, você quer mesmo é me ver nua. A gente estava no carro, voltávamos de Búzios, tínhamos passado o dia na cidade. Tirou então a saia e ficou de calcinha, no banco do carona. Pare o carro, por favor, pediu. Parei. Ela acabou de tirar a roupa, lançou todas as peças no banco de trás. Fico nua pra você, pronto, dirija agora, me leve nua pra nossa cidade. Mas te peço um favor, não quero transar hoje. Chegou-se pertinho de mim, pegou uma das minhas mãos e colocou sobre sua perna, aproximou o rosto e me beijou na boca. Vai dirige, pediu.

– Tenha um pouco de paciência, quem sabe ela esteja com receio, de repente ainda não despertou para o sexo, você sabe, as mulheres demoram.

– Ah, sim, isto é certo. Mas quando aprendem, há algumas que dão pra todo mundo – disse olhando pra mim.

– Todo mundo?, ah, quem dera, há aqueles que me acham velha, não consigo dar pra todo mundo.

– Não, desculpe, não foi isso que eu quis dizer.

– Não foi, mas disse. Vá procurar sua namorada, ensine a ela alguma coisa boa, ela vai cair como uma manga madura nas tuas mãos.

– Você acha? – perguntou animado.

– Não sei, acabei de dizer isso, mas, na verdade, acho que ela quer o teu dinheiro, vai aproveitar enquanto pode. Convide a mulher para uma viagem, uma viagem de avião, um lugar bem longe. Quem sabe você assim consegue.

– Sabe – olhou e aproximou o rosto para se despedir, tentando me beijar, – foi bom conversar com você. Vou pensar nisso. E, olha, se precisar de mim pra alguma coisa, é só telefonar, como aquela vez. Lembra? Às três da madrugada, no Hotel Prata, fui buscar você, mas até hoje não me disse o que aconteceu. 

– Ah, deixa isso pra lá, você adora essa conversa, obrigada mais uma vez.

Ele partiu, feliz em dobro, com a namorada por sabê-la fresca e jovem; comigo, porque lhe dou tanta atenção.

segunda-feira, fevereiro 15, 2021

Me agacho e fico escondidinha

Tenho um namorado que me conta histórias no momento do amor. Muitas mulheres já viveram experiências semelhantes e muitas ficariam envergonhadas caso escrevessem o que ouviram. Como tais histórias sempre mexem comigo, despertam-me sensações que não viveria sem elas, acho importante narrá-las.

Certa vez, no trabalho, tive uma amiga que dizia que contava sacanagem no ouvido do namorado no momento do sexo. Por isso, não havia homem capaz de deixá-la. Caso quisesse, poderia ainda estar com todos os homens que conheceu, tal era o poder que suas histórias exerciam sobre eles. “Minhas histórias são uma varinha de condão, deixo todos enfeitiçados, sem elas não tenho poder algum. O pior que me poderia acontecer seria não mais poder contá-las.”

Uma das histórias que meu namorado contou tinha a ver com uma bolsa de butique, na qual sempre me traz presentes. Como sabe o ponto fraco das mulheres, está sempre no shopping a me comprar roupas e outros objetos. Eu estava vendo um programa de TV, olhe que vestido lindo. Na semana seguinte, lá veio ele com o vestido dentro da bolsa. Olhe que chapéu delicioso. Dois dias depois, o chapéu sobre minha cabeça. Olhe o foulard, maravilhoso. Não demorou três horas eu o recebi.

Acho que essa bolsa é encantada, disse eu, tem sempre coisa bonita dentro. O que a tornou assim tão plena de magia?

Ele vem, então, me beijar. Beijo demorado; eu, segurando a bolsa.

Vou te fazer uma surpresa, disse a ele. Você me dá tantos presentes, me conta tantas histórias estimulantes, logo merece uma surpresa bem excitante.

Chegou o dia da minha façanha. Agarrei o homem e comecei a beijá-lo, a apertá-lo. Tirei a roupa, me atirei nua no colo dele. Meu corpo quente eu esfregava no dele. Tirou a roupa e deitamos. No meio da quentura do amor, falei você não quer me levar pelada pra passear? Pelada?, a tal surpresa.

Ele, que me dá tantos presentes, ia me levar nua por aí. Acho que chegou a refletir se era uma atitude sensata.

Amor, vou nua, mas levo a roupa na bolsa de butique.

Façamos melhor, ele estava eufórico. Você vai nua, eu trago a bolsa com roupas novas.

Namoramos com mais entusiasmo. Deixei que gozasse dentro de mim, tão excitada eu estava.

Chegou o dia de passear nua. Saí da casa para o quintal e dali para a garagem. Corri à direção do carro. Estava como vim ao mundo, só que vinte e três anos depois. Depois de me abrir a porta do passageiro, deu a volta e entrou. Não vi a bolsa em suas mãos, mas nada perguntei.

Dirigiu à orla marítima de M. Deu várias voltas. Vamos saltar, falou quando chegamos ao final da praia. Como estava escuro, descemos até perto da beira d’água. Sua estatura maior cobria minha nudez. Ficamos agarrados um ao outro por vários minutos.

"Amor, pegue a bolsa, pode aparecer alguém, nesse lugar sempre aparece algum desavisado."

"Bolsa, que bolsa?"

"A de butique, com minhas roupas novas dentro."

"Amor, ainda preciso comprá-las", falou achando que era a proposta da tal aventura.

Confesso que depois de suas últimas palavras, fiquei molhadinha.

"Amor, toca aqui, sente o que aconteceu."

Ele não resiste. Lógico que não tira a roupa, mas põe o pênis para fora e, ali mesmo, me penetra.

"Mete, amor, mete bem, depois que acabarmos vamos ao shopping, não tem problema, me agacho e fico escondidinha dentro do carro", falo enquanto ele me come.

segunda-feira, fevereiro 08, 2021

Por isso não se arrependem

Não adiantou, não tive escapatória, tive de dar pra ele. Não que se tratasse de estupro. Longe disso. A responsável por tudo fui eu. Dei muita confiança, aceitei vários presentes. Quando chegou a hora agá, não havia mais saída. Uma amiga diz que sempre há como sair de um relacionamento indesejado. Mas não é tão fácil. E o relacionamento com ele não é indesejado, mas agradável, bom, ou muito bom. O que eu queria é que as coisas acontecessem de outro modo. Toda mulher gosta de dirigir o relacionamento. Pensei que tudo ia sob o meu comando. Quando dei conta da situação, estava sendo conduzida. Foi isso o que mais me aborreceu. Certa vez uma amiga contou que chorou muito após transar com um homem. Na época não entendi, mas agora sei o que ela passou. O tal homem a convidava para restaurantes, passeios pela cidade, presenteou-a com pulseiras e cordões. Ela aceitava. Sorria e agradecia. Pensou que ia ficar só nisso. Um dia ele insistiu no convite para um passeio de barco. O homem tinha um iate ancorado na Marina da Glória. Ela aceitou. Uma tarde linda, sol de outono. Saíram os dois às três da tarde a navegar pelas cercanias do litoral carioca. No meio do passeio, ele serviu doses de uísque com castanha do caju. Ela disse não costumo beber uísque, mas hoje abro uma exceção. Acabou não abrindo apenas a exceção. Quando tudo terminou e me vi nua no camarote, às seis da tarde de uma quarta-feira, morri de arrependimento, sou casada, você sabe, tenho filhos ainda adolescentes, completou. Tratando-se do meu caso não foi muito diferente. Quando o homem me tirou a calcinha, senti a mesma coisa, mas disse a mim mesma quero aproveitar a vida. Ele não era o meu tipo, muito mais velho, veste roupas antiquadas, mas também me presenteia. Toda mulher gosta de ganhar presentes. Toda mulher gosta de atenção, de saber que ainda seduz. Fui com ele. Um restaurante à luz de velas, um jantar requintado, uma garrafa de vinho, outra de espumante. Quando saímos pelas ruas do centro, ele de braço comigo, estava soltinha. Reparei então que ia nua. Isso mesmo, nua. Porque é assim que a gente se sente ao ver vencidas todas as resistências. As mulheres são assim, disse a mim mesma numa tentativa de comunhão com o resto da humanidade, principalmente com as mulheres. Um modo de me confortar. Deixei-me ser conduzida por ruelas do centro. Entramos por aqui, por ali e ele falou vamos subir aqui um instantinho, é um escritório de um amigo. Tomamos o elevador. Corredor comprido, sem uma viva alma. Ele tinha a chave. Abriu a porta. Havia um sofazinho, uma estante com livros, um mesa, duas ou três cadeiras, dois quadros na parede em frente. Acionou um pequeno aparelho e começou a tocar um tango argentino. Isso mesmo, era o que faltava. Ele me abraçou. E eu me desmanchei nos braços dele. O que há de mais nisso?, você pergunta. Não sei. Talvez não haja nada de mais. Mas me arrependi depois. Não me relaciono com homens faz tempo. Não tinha necessidades sexuais. Mas ele até me fez gozar. Isso foi o principal. Ao invés de me sentir feliz, me vi como uma prostituta. É porque gosto de pureza. Me sentia pura, uma mulher em paz com o mundo. Mas veio esse homem, que me pôs em conflito. Agora não sei mais o que faço. Tenho vontade de sair mais vezes com ele, trepar com ele, mas ao mesmo tempo me sinto imunda. Talvez seja a religião. Minha família foi sempre muito religiosa. Você dirá mas você não é casada, nem tem filhos, mora sozinha, o que há de mal ter um namorado, que seja uma amante? Não sei. O que sinto é um conflito terrível. E ao mesmo tempo morro de vontade de trepar com o homem. Quando bebo então nem se fala. Me entrego totalmente. Mas, depois, ao me dar conta que tudo passou, me sinto mal, uma espécie de nojo de mim mesma. Tomo banho, me esfrego intensamente, mas a sujeira não sai. O quê? Você também acha que não é sujeira? Você acha que o importante é termos bom coração? Pode ser. Mas ainda não acostumei a pensar assim. E ainda tem mais uma coisa. Na hora da transa nem me lembro de perguntar se ele trouxe camisinha. Trepamos três vezes, todas elas pele com pele. Sabe, acho que só vou me sentir bem no dia em que eu me casar. Então não vou mais me arrepender. Mas não gosto deste homem a ponto de querer casar! Você diz que casamento estraga a relação, que o bom é ficar desse jeito? Ah, é o que todo mundo fala, mas não quero pensar assim. Acho que esse é o jeito de viver das prostitutas. O quê, as prostitutas não gozam? Deve ser por isso então que não se arrependem...

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Outras necessidades

Você ainda dá pra todo mundo?, ele me perguntou, não sei se achou que eu ia ficar aborrecida; sorri, dou, você sabe que adoro trepar. Lembro daqueles tempos, quando você conhecia alguém ia logo se aproximando, deixava os homens maluquinhos, trepava no mesmo dia que os conhecia. Ainda trepo, caso isso aconteça, o problema é o homem adivinhar que é possível, porque não vou sair convidando, ele vai pensar que sou piranha. Veio à minha cabeça uma história que você contou, na época pensei que fosse uma invenção sua. Que história? Aquela em que você estava esperando o ônibus, o homem parou o carro e te chamou, ofereceu carona, te levou, parou na pracinha do Alto e você trepou com ele, dentro do carro, que tinha vidros escuros. Hum, deixa ver se lembro, acho que já fiz isso mais de uma vez, ah, sim, eu estava de bermudinha, a minha única exigência foi que transássemos de camisinha, ele tinha camisinha, sim, mas você não imagina quantas vezes já saí com homens depois de uma carona, já trepei também voltando de festas, de chopes, de cinema, prefiro que me levem pra um hotel, não gosto de namorar dentro de carro, mas, em último caso, é a solução. Nunca aconteceu nada, com você?, não é perigoso? É perigoso, sim, mas eu não ligo, acabo convivendo com o perigo, teve uma vez que trepei nua, fora do carro, achei que o homem fosse embora me deixando pelada, foi na época em que a orla do recreio era mais deserta, não tinha tantos prédios, agora não dá mais, uma vez conheci um homem na praia e deixei que ele tirasse meu biquíni, fizemos amor dentro d'água, mas confesso que não é muito agradável, bom mesmo é conhecer um homem na praia mas que tenha apartamento próximo, a gente acaba indo pra lá no fim do dia e faz um amor muito gostoso. E como você faz pra voltar pra casa de biquíni, já tendo ficado de noite? Isso não é problema, levo uma minissaia na bolsa, uma vez voltei de biquíni mesmo, nem liguei; já que você falou de perigos, houve um que pediu pra me amarrar, eu deixei, e foi gostoso, ele não só me amarrou, mas colocou um esparadrapo cobrindo minha  boca, jamais gozei tanto, no auge da trepada ele disse que ia me deixar amarrada enquanto desceria pra comprar cigarros, eu só conseguia falar hum, hum, e o homem se vestindo, eu hum, hum, mas ele acabou não indo, ainda bem que eu fumava e tinha cigarros pra dar a ele, gozei muito, a loucura incentivou. Você, então, já passou por tudo. Tudo, não, ninguém nunca me bateu, nem me machucou, nem me largou nua por aí, e mais uma coisa, a camisinha; tenho uma amiga que diz pode faltar a calcinha, mas não a camisinha. Ah, sei, mas como o homem precisa fazer pra trepar com você, como ele precisa falar? Ah, cada um tem seu jeito, uns falam, outros vem abraçando, outros querem logo tirar minha roupa. eu digo calma, deixa que eu me dispo; tenho muito cuidado com o que visto, porque não tenho tanto dinheiro pra ficar comprando roupas novas. Hum, entendi, e se o homem te perguntar, direto você trepa comigo?, o que você reponde? Não sei, na hora eu vejo, mas na maioria das vezes eu rio, e abraço o homem, já sei o que eles querem, não acontece como agora, entre mim e você, porque sei que você é meu amigo, não está aqui com a intenção de trepar. Não tenha tanta certeza, quem sabe. Você quer transar?, sério?, não acredito, e olha que já não trepo faz mais de um mês; mas somos amigos, não vamos estragar nossa amizade, uma trepada não vale mais do que uma amizade verdadeira. Isso, você tem razão. É verdade, a amizade é mais difícil de se manter, nunca consegui ficar amiga de homem nenhum com quem trepei, e veja, já trepei com mais de duzentos, trezentos, sei lá; quanto a você, somos amigos faz duas décadas, não é mesmo?, jamais trepamos, e sempre nos procuramos pra outras necessidades.