quarta-feira, abril 27, 2022

Entusiasmados

Quando eu era mais jovem, ia com o namorado à noite para a floresta. A gente, de dentro do carro, tentava descobrir se havia alguém por perto; em caso negativo, saltávamos; eu, nua; ele, também nu, namorávamos em meio às árvores e toda aquela natureza.

Certa vez percorremos uma distância enorme. Quando demos pela localização, estávamos muito longe do nosso carro. Em certo momento, paramos para descansar, deitamos sobre um gramado e fizemos amor. Depois, penamos um pouco para encontrar a trilha de volta. Cheguei a pensar que não conseguiríamos. Que susto.

Numa outra noite – eu sempre nua –, avistamos um pequeno veículo, bem para dentro, num atalho secundário. Corremos até ele e tentamos olhar se havia alguém do lado de dentro. Um casal se agarrava. Ainda bem que eles não deram por nós. Depois daquilo, senti mais tesão e trepamos também logo ali, quase ao lado do veículo alheio. Tais ações eram perigosas, mas nós nos divertíamos.

Mais tarde, já morando em M, arranjei um namorado lindo, por quem eu me apaixonei de verdade. Passeávamos muito, tanto na orla da cidade, como em lugarejos menores. Nas férias, viajávamos. Vivi um romance que parecia mais um sonho. Nunca contei a ele sobre outros namorados, muito menos sobre o que fazíamos. Certa vez, indo a um recanto na serra, lembrei do namoradinho e das ações que nos excitavam. Quando voltávamos, pedi que parasse na lagoa. Estava um final de tarde maravilhoso, com o sol avermelhando-se a poente e uma brisa úmida refrescando-nos a pele.

Andamos toda a orla da lagoa, paramos em diversos pontos e fizemos várias fotos. Quando estávamos caminhando de volta para o nosso carro, reparei que a uns cinquenta metros havia outro veículo que não estava lá quando chegamos. E ele estava balançando. Que estranho, um automóvel estacionado mas se movendo. Quis saber o que estava acontecendo. Corri até o local, mas, por precaução, fui pela traseira. Quando faltavam poucos metros, reparei que um homem e uma mulher namoravam sobre o banco do carona. Achei tudo aquilo muito divertido. Meu namorado, que vinha atrás, também se surpreendeu.

Quando íamos voltar, no momento de eu entrar no carro, o namorado pediu você entra nua na lagoa? Agora?, assustei-me. Sim, agora. Mas como volto molhada pra casa? A gente dá um jeito, ele falou. Tirei o vestido e mais o que me restava sobre o corpo, deixei tudo sobre o banco onde eu sentara, corri a uma das margens e entrei nas águas mornas da lagoa. Foi então que reparei. A mulher do outro carro, vinha abraçada ao namorado, ambos caminhavam também para um banho de final de tarde. Só que ela vinha de biquíni. Meu namorado, ao repará-los quase próximos a mim, pensou vir ao meu socorro. Mas ficou apenas no pensamento. O casal não me reparou. Ambos estavam muito entusiasmados para se preocuparem com qualquer outra pessoa.

quarta-feira, abril 20, 2022

Outra história

Em todo lugar, há muitas garotas de dezoito ou vinte anos a fim de arranjar namorados. Por isso, para quem já passou dos trinta, é difícil a competição. Mesmo um homem para sair uma noite ou outra, ir a um bar ou a um restaurante, já é complicado. As mulheres maduras precisam desenvolver vários artifícios para conquistá-los. Um deles é não ser muito fácil. Há mulheres que se oferecem, tem relações com todos que aparecem, acham que agindo assim conseguirão o homem mais bonito do pedaço. No entanto, não é esse o caminho. Quando morei em NY, agia dessa maneira, mas pouco a pouco percebi que era relegada pelas mais jovens. Então, comecei a estudar a situação. Passei a gostar de distrações mais sofisticadas, como ir ao cinema ou ao teatro, conversar com pessoas de maior cultura, mesmo não sendo essa a minha origem. Não consegui namorado, mas aumentei o número de amigos e amigas. Encontrava as mesmas pessoas em todos os lugares e passei a sair com muitas delas. Saídas aqui consistia em ir a um bar depois da sessão, onde quase todos estavam e se podia conversar sobre o espetáculo visto. Às vezes, em meio aos participantes, se encontrava alguém que dava o número do telefone ou marcava um encontro para o dia seguinte.

Dentro da minha nova realidade, apareceu um homem morador próximo a mim, mas de características muito diferentes das que eu estava vivendo. Ele frequentava os bares da comunidade, assistia a jogos de futebol, não ia ao cinema nem ao teatro. Não sei por que, em meio a tantas mulheres jovens, ele veio a mim, e pediu-me para conversar. Não neguei a conversa, mas percebeu que o meu universo era muito diferente do seu. Em um momento, falou: “você vai aos seus espetáculos e encontra comigo depois que chegar, se quiser pode passar lá em casa”. Passar lá em casa significava dormir com ele depois de tudo que eu e ele havíamos vivido, separadamente. Não considerei a proposta de imediato, mas depois pensei nela e lembrei de uma amiga que dizia ao namorado para sair com os amigos e depois aparecer na casa dela, mesmo que já passasse da meia-noite.

Acabei aceitando a proposta, só para experimentar. Fazia o que desejava e, já madrugada, nos encontrávamos para passar a noite juntos. Pela manhã, eu partia, ele ainda ficava dormindo. A relação passou a ser duradoura. Não perguntávamos o que cada um fizera durante o dia. Também não demonstrávamos ciúme algum. Um dia, porém, uma mulher chamada Janina, veio falar comigo. Disse que eu estava dormindo na casa do namorado dela. “Seu namorado?”, surpreendi-me, “ele me convida sempre para passar a noite com ele, não sabia que tinha namorada”.

Daquele dia em diante, não mais apareci na casa do homem. Depois de uma semana, ele veio me procurar. Contei-lhe o encontro com a tal mulher. Disse que era mentira, que iria falar com ela. Mesmo depois de sua afirmação, não voltei a casa dele. Descobri, mais tarde, que eles se casaram.

Hoje, depois de ir a tantos espetáculos, me tornei atriz. Foi simples, fiz um curso de um ano, uma prova de seleção para uma peça. Consegui o papel principal. Mais tarde, me procuraram para fazer um filme. Aceitei. Depois do sucesso do filme, fiz uma série para a TV. É lógico que, no meio desse percurso, me mudei da comunidade onde morava. Passei a viver num bairro próximo à zona sul da cidade.

Minha mudança de vida surtira efeito. Eu me tornara outra pessoa. Quanto a arranjar namorados, isso é outra história.

quarta-feira, abril 13, 2022

Última façanha amorosa

“Márcia, você é fogo, viu, não perde tempo, mal conheceu o homem já foi com ele.”

“Tem que ser assim, Sônia, vamos que ele desapareça no dia seguinte.”

“Desapareça?”

“Isso mesmo, tem tanta mulher tarada por aí.”

Sônia riu sem discrição, não fazia parte das mulheres taradas.

“Márcia, eu reparei bem, vocês estavam dentro do táxi, ele era bem mais jovem do que você.”

“E o que há de mal nisso? Quanto mais jovem, melhor; há algo que apenas os jovens têm”, revirei os olhos depois da última palavra. Sônia entendeu o que eu queria dizer.

“Ele era um amigo do meu filho.”

“Por favor, mãe, não conte para ninguém, se meus amigos souberem, passo vergonha.”

Estava preocupado, ele tem 22 anos; o amigo, 24, e a mãe, 45, namorada do amigo.

“Por mim, tudo bem, mas fale isso também para ele”, encerrei o assunto.

No dia seguinte, fui com o namoradinho a um passeio. Ele dirigia, eu olhava a estrada. Subimos uma serra, a vista era bonita lá de cima. Chegamos a um vilarejo onde a maioria das casas era de madeira. Estacionou. Fomos até uma das casas. Um restaurante parecido a um chalé suíço.

“Que lugar lindo, não conhecia”, falei.

“Fico contente que você tenha gostado.”

“Verdade, não sabia que, há duas horas do Rio, existe um lugar desses.”

A dona do restaurante veio falar com a gente, trouxe um cardápio comprido. Havia comidinhas da região, peixes de rio, arroz com açafrão. Não faltou a caipirinha.

Em um determinado momento, saí para fumar. Ele permaneceu à mesa. A dona voltou e comentou com ele algo que não consegui ouvir. Fiquei fumando e olhando a pequena praça que distava uns duzentos metros de onde eu estava. Passou, vagarosa, uma perua, que estacionou um pouquinho antes da praça, trazia uma canoa na capota. Uma moça saltou do carro pela porta do motorista. Vestia uma camiseta super curta e estava de biquíni. Achei estranho uma mulher quase nua num local de montanha, mas depois me lembrei da canoa, logo, o rio, daí o minúsculo traje. Ela veio até onde eu estava.

“Você tem um cigarro para me emprestar?”, pediu.

Ofereci. Acendeu no meu isqueiro, agradeceu dizendo que se eu quisesse ela tinha canabis, e o fumo do lugar era ótimo. A moça morava logo na segunda casa a seguir. Agradeci, disse que iria pensar no caso.

“Não pense, não, pegue logo comigo, depois você pode não me encontrar.”

Aceitei. Ela foi até a casa e voltou com um longo cigarro de maconha.

“Não se preocupe, disse, aqui todos fumam, faz bem para a saúde e para a economia local.”

Sorriu depois da frase, como uma expert em economia.

Voltei para o restaurante, não falei nada ao namorado. Comemos e bebemos durante uma hora e meia. Tomei duas caipirinhas e comi alguns camarões.

“Engraçado ter camarões aqui”, afirmei.

“Tem tudo que a gente quiser.”

“Será?”, fiz uma cara de deboche, tentando deixar no rapaz uma ponta de desconfiança sobre o que eu desejava.

Andamos um pouco, saímos do vilarejo e chegamos a um platô, uma altitude acima do conjunto de casas.

Tirei o baseado da bolsa e acendi. O namorado nada falou. Depois de alguns tragos, passei a ele, que fumou com prazer.

“Vi quando a moça te chamou e foi pegar pra você”, disse e apontou o cigarro.

“Não sabia que as coisas aqui são tão fáceis, ela nada me cobrou.”

“Os moradores são afáveis, e vivem de um modo diferente da gente lá de baixo.”

Descemos por uma trilha, chegamos a uma das margens do rio. O baseado não demorou a acabar. Eu me sentia plena de amor para dar. O namoradinho notou.

Tirei toda a roupa e a coloquei no sopé de uma árvore. Entrei no rio. A água fria me provocou arrepios e um pouco mais de tesão. O namorado veio atrás, mas não teve coragem de ficar nu. Abracei-o de frente. A corrente d’água me impregnava de frisson, uma ou outra ave passava e emitia o seu som, o farfalhar do vento sobre as copas, um ou outro barulho no meio do mato, tudo me provocava. Eram coisas maravilhosas para uma mulher da cidade grande, que não sabe o prazer que há em lugares assim.

Não sei quanto tempo permaneci agarrada a ele. Também não sei descrever a intensidade do prazer que eu sentia. Me lembro que pensei: que bom meu namoradinho de 20 anos. Caso eu arranjasse um de 40, tenho certeza, não estaria nua dentro de um rio, banhada por aquelas águas que vinham ainda selvagens de uma cachoeira que não estava muito longe de nós.

Dormimos numa pousada que ficava sobre o mesmo restaurante onde almoçáramos. Ao acordar, na manhã seguinte, encontrei um bilhete do namorado, que eu o encontrasse no rio, no mesmo lugar da véspera. Não perdi tempo, vesti-me sumariamente e corri até o local. Estavam dentro d’água, ele e a dona do restaurante. Acenaram para que eu mergulhasse e me juntasse a eles. Antes, porém, ele apontou a árvore onde ambos haviam deixado suas roupas.

Não contei a Sônia sobre o passeio nem sobre aquela relação a três, de amor ou de amizade, como ele definiu. Foi tão bom que podia dar azar. Nunca é bom falar demais. Acho também que ela não entenderia. Suas histórias de amor são um tanto atrapalhadas. Ela também gosta de andar nua, contou que certa vez foi como viera ao mundo no banco do carona, no carro do namorado. Quando a encontrei, ela quis que eu contasse tudo, mas eu apenas disse adivinhe!, e sorri, um sorriso dissimulado. Ela, para romper o silêncio, contou a sua última façanha amorosa.

quarta-feira, abril 06, 2022

Mulher em dobro

Você tem um pênis enorme, ele me disse.

Como posso ter um pênis?, sou uma mulher.

Também não sei, acho que surgiu de ontem pra hoje, repare, apalpe você mesma.

Verdade, mas como?


Estávamos os dois deitados, ele nu, eu de camiseta, apenas.

Veja, até que é interessante, uma mulher com um pênis, vou me divertir em dobro, disse ele.

Você fala sério?

Claro, será mais estimulante.


Ele me virou, na cama, tirou minha camiseta, segurou onde dizia estar meu peru.


Repare como ele cresce, e você ainda tem a vagina, bonita como sempre. Só existe um problema, não para ser resolvido agora: como você vai usar aquele minúsculo biquíni que veste para ir à praia?, e a minissaia?, acho que um peru deste tamanho vai escapar, um escândalo.

Dou um jeito, falei animada, há jeito pra tudo nessa vida, tanto mais quando se tem um pênis exagerado, mas confesso, apesar do pênis gosto mesmo dos homens.

Não importa, o que vale é estarmos juntos, o pênis é um dado a mais, você vai gozar em dobro, aliás, vou fazer você gozar em dobro.

Então, comece, estou adorando, vou ser uma mulher em dobro, uma mulher com pênis, que goza de duas maneiras diferentes, isso mesmo, estou sentindo, comece assim.

Você vai adorar, disse, mudando de posição, a bunda voltada pro meu rosto.

Continue, amor, estique um pouquinho, segure-o por baixo, estou descobrindo que sou mais sensível aí, isso, devagar, não quero gozar logo.

Que bom, não?, você também pode enfiar, vai ter tal experiência, quero dizer, já está tendo, está gostando, ele dizia enquanto trepávamos.


Entrava uma faixa de sol pela janela.


O que me dá mais tesão é imaginar você vestida de mulher, com esse pênis enorme, duro, embaixo da saia.

Ah, quando sairmos, ele vai ficar pequenino, escondidinho, ninguém vai notar, falei espirituosa.

Mas, se eu roubar tua calcinha?

Não tinha pensado nisso, vixe, de saia e sem calcinha; tenho uma amiga que adora sair sem calcinha, mas não tem pênis; se tem, jamais me falou.

Não deve ter, mas enfia, enfia com gosto, isso, uma mulher com pênis, dá pra gente namorar em dobro, uma mulher que enfia, namoro completo, ele delirava.

Ai, acho que vou gozar, nunca gozei com um pênis, é novidade, como devo fazer?, perguntei sentindo que alguma coisa me escapava.

Não precisa fazer nada, fique quietinha, é natural, funciona como uma planta selvagem, cresce sozinha.

Ai, parece que tenho uma torneira entre as pernas, nunca senti nada igual.

Teu jato é quente, continue, continue, isso, não pare.

Ai, ter pênis é trabalhoso, gozei, não sei mais o que faço, só sei que estou morrendo de vergonha, é assim mesmo, depois do gozo a vergonha?

Não, no teu caso, nada de vergonha, agora abra as pernas, abra bem, vou fazer você gozar pela boceta!


Vânia, prestou atenção na história que acabei de te contar ou está pensando em outra coisa?

Prestei, sim.

O que achou?

Quero ver teu pênis.

Jura?

Juro, vai, mostre.

Primeiro é necessário sentir.

Sem ver?

Isso mesmo, insisti, você precisa sentir.

Minha amiga abaixou a calça.

Isso, fique de costas, primeiro sinta, depois deixo que veja.

Ana, nunca transei com mulher.

Não sou mulher, agora, mas um homem, isso, assim, quietinha.

Ah, estou sentindo, um peru enorme.

Abre bem as pernas, apoie no encosto do sofá, isso, apesar de você de costas estou tentando meter na frente.

Isso, Ana, continue, não pare, não sabia que isso era possível, como você é gostosa, ou gostoso, não sei, não pare, estou toda molhada, não demora gozo, ai, mais fundo, isso, ai ai ai, que gozo, que gozo, não para, mas não goza, não, Ana, deixa eu gozar sozinha, você não, por favor, você não.

Você é muito gostosa, Vânia, isso, assim, mexe também, estou tentando me segurar, estou tentando, ui ui ui, a gente às vezes consegue, outras nem tanto... ui, Vânia, gostosa...


Acabamos as duas lambuzadas, uma caída pra cada lado, Vânia ainda no sofá, eu aos seus pés.


Ana, agora quero ver teu pênis, mostre, ele é muito gostoso.

O bom é sentir, ver não vai fazer efeito, desculpe se não cumpro minha palavra.

Tapei-me com as duas mãos e corri ao banheiro.


Vânia, você viu minha calcinha?, perguntei, ao voltar.

Rá, rá, rá, se não me mostrar, vai com ele dependurado, debaixo da saia!


Cortei um dobrado. Que mulher tarada!