quarta-feira, dezembro 29, 2010

Morríamos de rir

Vinha por um dos corredores do shopping abraçada com minha mãe.

“Filha, eu te amo, não me solta não, quero ficar agarrada a você o passeio todo.”

Sou muito parecida com ela, apenas o que nos diferencia é que cresci mais alguns centímetros.

Olhamos quase todas as vitrines de roupas, e mais a de uma loja que vendia toalhas, cada uma mais felpuda do que a outra. Paramos e apreciamos a arrumação, as toalhas de várias cores.

“Temos que comprar toalhas novas, você não acha? Qualquer dia desses preciso vir aqui e levar pelo menos quatro conjuntos, as nossas já não estão boas.”

Assenti, luminosa. Cruzou à nossa frente um homem, devia ter entre quarenta e cinquenta anos, olhou-nos e sorriu, vai ver que pensou o que fazem essas duas mulheres agarradas? Mas ao acabar de passar deve ter voltado a cabeça para nossas costas e falado para si mesmo mãe e filha.

“Olhe, querida, veja que shortinho bonito. Deve ficar ótimo em você, não quer experimentar?”

Minha mãe adora que eu saia nua por aí.

“Não está muito curto, mãe?”

“Não. Todo mundo está usando esse tipo de short agora no verão. Vamos comprá-lo, você quase não tem roupa para a estação.”

Entramos. A vendedora veio nos atender. Pedi dois modelos diferentes, mais uma bermuda, e ainda uma blusa curta.

“Ficaram lindas, filha, todas essas roupas estão ótimas em você.”

“Mas, mãe, você não acha que já tenho roupa demais?”

“Não, para nós, mulheres, roupas nunca são demais, por mais que as compremos sempre vamos estar precisando.”

Saímos da loja com duas bolsas, e de braços dados.

“Vai sair à noite, filha?”

“Acho que vou.”

“Vá com um desses shorts, o Geraldo vai adorar.”

“Ah, isso a senhora acertou, o Geraldo adora me ver nua.”

“Ele tem bom gosto, filha.”

“E a senhora, vai ficar em casa hoje?”

“Não sei, é segredo, ainda vou resolver.”

“E o Antônio, não gosta de ver a senhora nua?” Perguntei enquanto descíamos pela escada rolante, apesar do dia 27 de dezembro ainda tocava uma música de Natal.

“Ele morre de vergonha quando saio de roupa curta, você sabe.”

“Mãe, a senhora é muito extravagante, imagine o que aprontava quando era da minha idade...”

“Já contei a você tudo o que fiz, não faltou nada”, falou enquanto me puxava para uma das mesas de um café.

“Vamos tomar um expresso, filha?”

“Vamos. Mas quero o meu com leite.”

Sentamos.

“Mãe, a senhora não me contou uma coisa.”

“O quê, filha?”

“Não é coisa de antigamente, mas algo que aconteceu com a senhora na quinta passada.”

“Na quinta? Nem me lembro onde fui na quinta.”

“A senhora saiu com o Antônio, chegou às três da manhã. Agora o segredo, baixinho para que ninguém das outras mesas nos ouça: a senhora entrou pelada em casa! Eu estava deitada no sofá da sala, fiz de conta que estava dormindo, vi tudinho.”

“Ah, isso mesmo, foi uma brincadeira, Quis deixar o Antônio, tímido do jeito que é, morrendo de vergonha. Quando fico pelada, até parece que é ele que está nu!”

A garçonete colocava nossos cafés sobre a mesa, enquanto morríamos de rir.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

O desejo sempre explode na própria pele

Não há desejo interior. Ah, verdade, não há! O desejo sempre explode na própria pele, descreve uma curva que leva a uivos de delírio. Cada poro exala então sua lágrima, ora de êxtase, ora de dor. Todo gozo beira o fim. É bom desejar, mas é melhor satisfazer o desejo desejando; é bom transitar à beira do abismo, mas não abalar; é bom equilibrar-se ao máximo, deixar arder as entranhas, ferver em espirais de um ciclone, mas esperar, não ser levada por Zéfiro ou Boréas, deixar apenas as roupas soçobrarem, levantarem voo vazias, gaivotas que acompanham naus oceânicas. Mas se vem o gozo, ai, quero que elas voem de volta, que não me abandonem, se não morro de vergonha. Enquanto dura o desejo sou atrevida, sou a vida, sou o escorrer do rio, desde uma nascente subterrânea até um Nilo que lava há dez mil anos homens e mulheres, sou eterna nua desejante; quero que o leito desse rio se aprofunde, se alargue, que dê mil voltas, que descanse, que torne possível banhar-me nele duas ou quem sabe três vezes; rio que respinga nos beirais de um Cairo antigo, mas que postergue suas águas, jamais entregando minhas partes descobertas... Mediterrâneo é o mar que divide areias e montanhas, que cinde meu desejo, que o mantém aceso. À beira da explosão penso em outra coisa, talvez num armarinho onde possa comprar linhas, alfinetes e agulhas. Então esfrio, dou umas voltas vestida de branco; sou virgem a lamber sorvetes e a empinar balanços. Não demora torno a me aquecer, de novo mulher a namorar em êxtase de precipícios. Quando me ameaça o despenhadeiro, pedra lisa que me impede segurar nas frestas, volto ao armarinho, compro mais linhas e agulhas, talvez também uma fita, me transformo em menina que dá laços nos longos cabelos...


Feliz Natal, boas festas de fim de ano. Que em 2011 possamos ter muita saúde, realizar todos os desejos e viver muitas fantasias!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Chaveirinho

Minha amiga que mora em Glicério se entusiasmou e escreveu outra história. E essa é das boas...


Vim para esta cidade com a intenção de fazer a vida. Onde eu estava, não tinha mais chance de ganhar dinheiro. Também mesmo vindo de uma cidade grande, a profissão de prostituta por lá era muito concorrida. Os homens que apareciam eram de classe inferior, achavam que só porque estavam pagando podiam usar e abusar.


Assim que cheguei, logo perceberam o meu perfil. Gosto de roupas chiques. Sou de estatura pequena mas farta de coxa, bumbum, e os meus seios são duros e gostosos de apalpar.


Disputo o ponto com uma colega de profissão. Ela sabe que não tenho onde cair morta. Nas sextas feiras o bicho pega. Todas as prostitutas chegam cedo. Sabem que é dia de gringos petroleiros traírem suas mulheres, descarregarem as porras acumuladas durante a semana e liberarem a grana.


“Que é isso colega? Só porque sabe que o meu japonês hoje comparece você chega primeiro."


“Ih! Olha ela. Você é nova no pedaço, Chaveirinho."


“Nova sim, mas o japonês ficou mais satisfeito comigo. Ele goza na minha boca, rosto e espalha porra entre meus seios. Um dia coloquei uma azeitona abaixo do meu grelo e ele buscou com a língua. Tive um dos maiores gozos de minha vida. Sempre fingi na minha cidade natal. Os homens de lá só faziam sexo. Não beijavam a parceira, muito menos a elogiavam. O japonês não. Até faz juras de amor.”


“Com esse jeito romântico, você vai dar com os burros n`água. Aqui o que vale é a satisfação do freguês."


“Nossa, Alda, podemos fazer do nosso trabalho uma obrigação prazerosa."


Enquanto conversávamos o japonês passa e me mostra do seu carro em movimento a chave de uma suíte especial do Confort. Alda provavelmente pensa: Não é que a Chaveirinho está com cartaz?


Cinco horas depois apareço na rua da Praia com meus dólares. Alda me conta que fez um programinha atrás do mercado de peixe. Apareceu um senhor de uns setenta anos querendo ser chupado. Mas pagou pouco. Também a Alda já dá aquela buceta na rua da Praia há uns vinte anos. Nunca poderia competir comigo, carne nova chegada fresquinha.

Tenho esse apelido, Chaveirinho, por gostar de colecionar chaveiros esquecidos pelos clientes. Tem gente que pensa que o apelido surgiu devido à minha estatura baixa.


Nos feriadões, os petroleiros além de quererem tomar aquele chopinho no Ilhote Sul com os amigos, saem à procura de uma puta que satisfaça seus desejos. Santo de casa não faz milagre. Dão uma passadinha na orla ou até mesmo na rua da Praia para ver se acham um tira gosto mulher. Me veem lá com meu minishort branco transparente cobrindo a minúscula calcinha de oncinha. Lá vou eu, a Chaveirinho, a mais uma missão. Só que desta vez não é o japonês. Na ultima foda, ele comentou sua viagem mais recente ao Japão.


O moço me fez um sinal, quer me comer. Entro num jipe, e vamos para um motel. Ainda no carro:

“Você é tão apetitosa, já estou todo armado.”

"Você está armado e eu com vontade de ter o meu japonês."

"Sua puta, você sai comigo pensando no seu homem? Fora do meu carro!"

Fiquei na praia deserta até amanhecer. Nunca pensei que esses homens que saem com prostitutas tivessem ciúmes. Para mim valia tudo. Até falar a verdade, já que não finjo.

Um pescador que chegava de alto mar para descansar me viu e perguntou:

"Como esta sereia pôde chegar até aqui?"

"Agora estou precisando que alguém me leve de volta à cidade."

"Claro que levo."

Subi no barco para ancorar no mercado de peixe. Aquele senhor era honesto e não me deu mais nenhuma cantada. O dia passou tranquilo.

sábado, dezembro 18, 2010

Aconteceu o que acontece a todos eles

Gostei de sair com ele, é uma ótima pessoa, não fosse pelo que aconteceu na madrugada passada...

Conheci-o através de uma amiga, numa festa, aniversário dela. Conversávamos em grupo. Depois conversei com ele, apenas nós dois. Em dois dias me convidou para sair. Não nego que adorei o convite. Fomos a um espetáculo; depois, a um restaurante, na Barra da Tijuca. Como moro em Ipanema, havia muito não andava por aquelas bandas. Após o jantar, adivinhem. Todo homem tem desejo por uma mulher, e a maioria delas sente o mesmo por eles. Fomos a um lugar aconchegante, onde apenas nós dois, nossos braços, nossas pernas, nossos sexos...

Contar os pormenores nunca é fácil. Melhor a imaginação de cada leitor. Mas houve algo especial. É normal que o homem tire a roupa da mulher. Ou mesmo que termine de despi-la. Às vezes não sabem soltar o fecho de um vestido, descer com cuidado um zíper, acabam por amarrotar ou mesmo danificar alguma peça. Pode-se correr o risco de não se ter o que vestir pelo resto da noite. Prefiro começar a me despir; as pequenas peças, porém, deixo-as para eles.

Mas aquele homem começou a se comportar de modo diferente. Eu, de calcinha, esperando que seus dedos me livrassem dela para enfiar-me em seus braços, experimentar seu sexo. Mas ele relutava. Tive de dar o alarme:

“Não vais me deixar nua?”

Ele não foi sutil:

“Quero que você tire a calcinha com as próprias mãos.”

“Então vais ficar apenas com a esperança...”

“Não costumo tirar, nos momentos que antecedem o amor, a última peça de uma mulher.”

“Não?”

“Quase nunca”, reafirmou.

“Estranho, é normal os homens despirem as mulheres...”

“Achei você uma mulher de vanguarda.”

“Para essas coisas, sou conservadora. E muito.”

“Gosto também das conservadoras”, depois dessa afirmativa, abraçou-me e quando pensei que fosse roubar-me a peça, falou: “concentre-se, mexa o bumbum, pode ser que ela saia por si só.”

Dei uma gargalhada. Levantei-me, pus-me de costa para ele, mexi o bumbum.

“Sair por si só? Veja como é pequena e como está enfiada.”

“Não toco em você enquanto sua calcinha não descer suas pernas. Por si só ou com o auxílio das suas mãos.”

“Então não passamos disso. Estou nua, mas resta-me a calcinha. E dela não me livro.”

“Está bem, caso eu a tire, levo-a comigo, concorda?”

“Usas roupa de mulher?”

“Usar, não uso. Mas, entende, é um fetiche.”

“Bem, já que falas assim, posso pensar a respeito.”

“Mas uma coisa”, falou, “posso contar a respeito algo semelhante? Aconteceu quando saí com uma namorada.”

“Conta. Gosto de histórias.”

“Ah, ainda bem. Há mulheres que ficam furiosas. Quando estão nuas não pode existir nenhuma outra.”

“Conta, não me importo.” Sentei-me, cruzei as pernas, acendi um cigarro. Vi-me no espelho oposto. “Fala, tenha a bondade.”

“Era uma namorada que eu tinha de despi-la por inteiro. Não se tocava quando estava a sós num quarto com um homem. Certa vez, fiz a ela o mesmo pedido: a calcinha em troca do ato de a despir. De início, hesitou. Mas, depois, deixou-a nas minhas mãos: ‘faça com ela o que quiseres’, foram suas palavras.”

“E daí?”, soltei a fumaça, olhei para ele.

“E daí que certa vez, enquanto a despia, reparei que viera sem a pequena peça, nua por baixo da saia. ‘Cadê a calcinha?’ perguntei. Nada falou, fez-se de tímida. ‘Nada feito’, falei, ‘sem a calcinha não sinto desejo por você’.”

“Coitada, não devias ter feito isso.”

“Coitada? Nada disso. Ela disse: ‘todos os dias volto nua, hoje vim nua. O que há de mal nisso?’ ‘Sem a calcinha, nada feito’, repeti. E olha que a mulher era muito bonita. ‘Está bem’, falou. ‘Vou embora, mas antes quero ir ao toalete’. Foi ao toalete. De lá saiu e dobrou esse mesmo corredor, bateu a porta e se foi. Ao amanhecer, quando fui tomar banho, estava a calcinha dela pendurada na torneira do chuveiro.”

“Gostavas mais da calcinha do que dela, foi o que ela quis dizer”, completei.

“Pode ser.”

“E quanto a mim, vais querer apenas a minha calcinha?”

“Não. Acho que de você vou querer mais do que isso.”

“Olha que já deixei muito mais do que calcinha na casa de namorado.”

“Jura?”, excitou-se.

“Se queres assim, juro.”

Voou sobre mim, arrancou-me a calcinha, puxou-a de tal forma que ela se tornou inútil. Possuiu-me com voracidade.

Depois que acabamos... Bem, depois aconteceu o que sempre acontece com todos eles.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Na palma da mão

Minha amiga de Glicério me enviou outra historinha. Ela conta algo que aconteceu a uma tal de Lúcia, mas acho que toda a situação foi vivida por ela mesma!

A praia estava deserta. O céu a oeste bastante avermelhado. O domingo fora de sol intenso.

Um casal chegou à praia paradisíaca. O biquíni da moça realçava sua pele morena bronzeada graças a muitas idas ao banho de mar. Aquele biquíni era sensual e convidativo à nudez, pois havia dois laços, caso fossem desamarrados ela ficaria sem.

Os dois se banhavam na água escura e conversavam assuntos de próprio interesse quando, de repente, Mário começou a seduzir Lúcia para que desatasse os lacinhos.

“Que tal você tirar o biquíni e deixá-lo nas minhas mãos?”

Ela olhou em volta e sorriu, sempre aceitava os desafios do namorado.

“Você deseja isso mesmo?”

“Claro, sempre quis você nua dentro d’água correndo o risco de ser descoberta.”

“Olha que eu tiro...”

“Então, quer que eu puxe os lacinhos?”

Lúcia não pensou duas vezes:

“Não, eu mesma desamarro.”

Já nua da cintura para baixo, o moço saiu da água e foi para a areia com o biquíni dela na palma de uma das mãos, estacou próximo de onde haviam deixado seus pertences. Depois de alguns minutos, deu um adeusinho, ameaçando deixá-la na praia. Lúcia, porém, não se apavorou, permaneceria horas esperando pela devolução da pequenina peça. Conhecia bem o namorado.

Mas o inesperado aconteceu. Apareceu uma adolescente que adentrou ao mar com a intenção de beijá-la e chegou juntinho dela.

"Oi, tia, quanto tempo, como vai?"

O nervosismo se estampou nas maçãs do rosto da mulher. A menina fora aluna de Lúcia e tinha a professora como espelho. As duas abraçaram-se. Mário filmava de longe a situação vivida pela namorada.

A noite e a água escura colaboraram para que tudo terminasse em pizza. O biquíni foi devolvido e, em casa, assistiram a um filme.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Entrando em cena

Meu marido e eu sempre fomos pessoas muito abertas, vivemos com paixão e alegria, além disso somos atores. Acho que quem escolhe esta profissão é porque gosta de se exibir. Portanto, somos exibicionistas. Encenamos várias peças, juntos ou separados. Às vezes viajamos sozinhos, cada um com sua trupe, mas quando voltamos à nossa cidade fazemos uma grande festa para comemorar o reencontro. Foi o que aconteceu na última segunda-feira. Convidamos os amigos, servimos bebidas e comidas, dançamos, cantamos, recitamos poemas. Após a saída do último convidado nos abraçamos e permanecemos grudados um ao outro num longo beijo. A seguir, ali mesmo na sala, começamos a nos agarrar de modo ardente, livramo-nos de nossas roupas e fizemos amor, um longo amor de quem há muito não se vê, faltas e mais faltas, saudades que não nos largam.

Estávamos na sala, um calor intenso, porém não nos incomodamos. A excitação fazia que esquecêssemos qualquer coisa que não fosse nós mesmos. A janela ficou aberta, a sala escura impedia a visão de outras pessoas que moram no prédio em frente. Tive a idéia de acender o abajur. A lâmpada delicada iluminou o contorno de nossos corpos, dando a cada um de nós uma aura ainda mais sôfrega. Quando gozamos, ele permaneceu sobre o meu corpo, depois foi a vez de eu escalar o seu peito.

“Parece que passaram cola em mim”, falei e ri. Ele também sorriu.

Olhamos pela ampla janela, observamos o céu e o contorno dos outros edifícios, a noite estava clara.

“Acho que há alguém nos olhando daquela janela”, apontei.

Jonathas olhou e disse:

“Deixa que nos olhem, não faz mal, se isso faz a pessoa feliz...”

“Que tal uma apresentação? Lembra? Já fizemos essa cena.”

“Nada mal”, completou.

“Vou aumentar a luz”, fui ao interruptor e girei o botão, a luz tornou-se mais intensa.

Virei-me nua para a janela onde estava a pessoa, percebi que se escondia. Aproximei-me e olhei para fora, meus seios ficaram acima do parapeito, caso houvesse alguém olhando seria fácil me apreciar.

Começamos a namorar de novo. Era um namoro de verdade, mas intensificávamos nossos movimentos, dávamos um tom mais teatral. Reparei que a pessoa voltou ao seu lugar e olhava através de um binóculo. Pedi a meu marido que me levantasse, que me mostrasse com toda a delicadeza. Beijou-me de cima abaixo, mordeu meus mamilos, passou as mãos pelo meu ventre e colocou o rosto junto aos meus poucos pelos pubianos. Depois, nós dois de pé, ficamos encostados na parede à direita, na própria sala. Dali a visibilidade de quem nos olhava de fora era privilegiada. Eu estava de costas, com o bumbum à mostra, meu marido apertava-o vez ou outra, movimentávamo-nos suavemente.

No final de todo aquele ardor, não era apenas uma pessoa que observava, ao seu lado havia uma mulher, me pareceu que também estava com os seios de fora.

Acendemos toda a luz da sala, fingimos que dançávamos, proporcionamos um pequeno show, depois desliguei a luz principal e voltamos a ser envoltos apenas pela luz frágil do abajur. Saímos de cena ainda nus, envoltos num longo abraço e beijo. Então, falei baixinho:

“Lembrei de uma coisa que aconteceu quando tinha dezesseis anos.”

“O que foi?”

“Fiquei nua na escada externa da minha casa para satisfazer o desejo de um namorado.”

“E eu lembrei também de uma coisa muito engraçada.”

“Conta, vai”, pedi.

“Lembra da Nete, aquela namorada que tive, do interior?”

“Ah, lembro.”

“Fiz ela dar uma passeio nua, de elevador, foi até o andar de cima e voltou, nunca vi uma mulher tão feliz.”

Ambos rimos e caímos um sobre o outro mais uma vez.

sábado, dezembro 04, 2010

Coisas da vida

Estava na Cafeína, no Leblon, conversando com uma amiga, a Célia.

“Marcela, quero contar uma coisa a você. Algo que me aconteceu no último fim de semana.”

“Pode contar, já estou curiosa.”

“Você sabe que meu namorado mora em São Paulo, um fim de semana eu vou, no outro ele vem. Semana passada foi minha vez de ir. Imagine a ideia que ele teve sábado à noite, antes de sairmos para passear?”

“Nem quero dar palpite, é melhor você contar.”

“Queria que eu saísse de casa nua, você acredita? Eu disse: ‘como vou sair nua, posso ir presa.’ Ele retrucou: ‘aqui tudo é possível, as pessoas se divertem do jeito que querem desde que não incomodem ninguém.’ ‘Nua, não vou, nem pensar, você enlouqueceu.’ Acabamos chegando a um acordo. Eu irira com um vestido desses que são abotoados na frente, de cima até embaixo. Mas nada de calcinha nem sutiã. Ah, tive de fazer a vontade dele. Esses namorados... Saímos de carro; depois de rodarmos alguns minutos pelo centro, ele estacionou e fomos a um bar. Bebemos e comemos. Na volta, antes de chegarmos ao estacionamento, sugeriu: ‘vamos andar um pouco.’ Resumindo: ele queria que eu fizesse o papel de uma prostituta. Ele se aproximaria, proporia um programa e eu teria de aceitar. ‘Tudo vai ser muito rápido’, falou, ‘você não precisa ficar com medo.’ Não sei como aceitei a brincadeira. Na hora, nem refleti. Me levou para uma rua escura, fiquei junto a uma banca de jornal que estava fechada. Ele desapareceria durante alguns minutos, mas logo voltaria. ‘Seja rápido, viu, se não, vou com outro’, brinquei, mas com o coração aos trancos. Ele se foi. Mas voltou como combinado. Antes que a paquera se consumisse, falou: ‘quero ver primeiro os teus seios.’ ‘Como, na rua?’, demonstrei surpresa. ‘As prostitutas estão acostumadas’, afirmou. Abri o vestido e coloquei os peitos pra fora. Você acredita?”

“Acredito.”

“Depois ainda não me deixou abotoar o vestido. Caminhei com os seios de fora até o carro, chegando lá, me tirou também o vestido.”

“Você voltou nua pra casa dele?”

“Voltei. Ainda bem que ninguém viu, pelo menos acho que não."

“Você gostou?”

“Pra dizer a verdade, sim. Na hora fiquei com muito medo, mas agora quando lembro me dá uma ponta de tesão. Você já viveu algo parecido?”

“Já.”

“Como foi?”

“Você quer saber mesmo?”

“Quero.”

“Então, escute. É uma história que aconteceu faz um tempinho, mas lembro perfeitamente. E, como você, acabei gostando.”

“Então conta, vai.”

Numa madrugada, aceitei o convite de um namorado. Ele era muito divertido, nós aprontávamos. Naquela mesma noite, ele já havia saído com alguns amigos e tinha bebido muito. Acho que chegou em casa lá pelas duas da madrugada. Então me telefonou. Disse: “vou aí pegar você para darmos umas voltas”.

Falei: “você não acha que já está muito tarde, que não demora amanhece e vamos ficar muito cansados?”

“Não faz mal, o importante é estarmos juntos.”

Acabei aceitando. Veio de carro até onde moro e me pegou. Estava um pouco frio, eu vestia um casaco por cima da calça e blusa.

Na época eu Morava em Macaé, lembra que falei que sou de lá? Então, Macaé não é uma cidade pequena, mas, ao mesmo tempo, não é uma cidade grande, muita gente me conhecia porque fazia anos que me tornara professora e já lecionara em várias escolas.

Entrei no carro e saímos rodando pela madrugada. Dirigiu até a orla marítima. Já estava quase tudo fechado, entramos por uma estrada que faz ligação com a rodovia usada para entrar e sair da cidade.

Falou: “vamos fazer aquela brincadeira?”

“Qual?”

“Aquela que propus a você. Você tira a roupa toda e sai do carro pelada, fica escondida. Daqui a alguns minutos volto para buscá-la.”

Confesso que fiquei um pouco excitada com a proposta, mas contra-argumentei:

“Está muito frio, não vou aguentar.”

Com facilidade, rebateu:

“Você fica com o casaco.”

“O casaco é curto, só vai até a cintura.”

“Não faz mal, você fica agachadinha, volto logo, é apenas uma brincadeira.”

Parou o automóvel num lugar muito deserto. Tirei toda a roupa, inclusive calcinha e sutiã, deixando tudo dentro do carro. Saí apenas de casaco.

“Vou seguir e volto piscando o alerta.”

Arrancou com o carro me deixando ali na beira da estrada. Logo que ele saiu veio um outro carro atrás, deitei no meio do mato para que não me vissem. Depois, mais outro. Fiz a mesma coisa. Passaram-se dez minutos, intermináveis, veio um carro com o pisca alerta ligado. Eu já estava do outro lado, esperando por ele. Fiz sinal, ele parou. Quando eu ia entrar, falou.

“Me dá o seu casaco, é só por um instante.”

Tirei o casaco e deixei dentro do carro. Ele deu uma arrancada me deixando totalmente nua na estrada. Parou mais à frente. Quando eu ia correr, vi que vinha um carro atrás. Me atirei dentro do mato. Depois que passou, me levantei e corri até o carro mais uma vez. Quando estava quase chegando, ele deu outra arrancada e parou vinte metros à frente. Corri de novo, já exausta.

“Por favor, não faz isso comigo!”, gritei.

Deixou-me entrar no automóvel e partiu comigo ainda nua.

“Não vou deixar você se vestir ainda”, tinha escondido minhas roupas.

Reparei que o céu já clareava e fiquei um pouco preocupada.

“Olhe, já está amanhecendo.”

Me levou para a sua casa, mas ao entrar na vila, pegou toda a minha roupa e saiu correndo me deixando nua dentro do carro. E já estava bem claro.

Agachei-me então na frente do banco do carona, sob o painel. Comecei a pensar o que fazer. Era capaz de ele dormir e eu ter de ficar nua ali a manhã inteira. Podia ser descoberta, ia passar a maior vergonha. Remoía esses pensamentos quando vi no banco traseiro um short e uma camiseta, ambos roupa de homem. Vesti-os rapidamente, saí do carro e corri até a casa dele. Bati suavemente, temia despertar os vizinhos. Ele abriu a porta. Entrei.

“Olha, você me deixou numa situação...”

“Vai dizer que você não gostou?”

“Sabe, na hora que você me deixou na estrada cheguei a ficar molhadinha...”

Tirou-me short e a camiseta. Namoramos com volúpia.

Não posso negar que toda aquela experiência me deixo a mil por hora.

No final, disse baixinho no meu ouvido:

“Não devia ter voltado para te apanhar, devia ter te deixado nua na estrada. Acho que seria ainda mais estimulante ouvir você contar como fez para sair daquela situação.”

“Ui”, gemi.

“O que foi?”

“Fiquei molhadinha. De novo!”


“Célia, você gostou muito da minha história, está morrendo de rir...”

“Marcela, você é ótima. E por que não continuou com ele?”

“Não sei, Célia, coisas da vida.”

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Mulher à beira da estrada

Uma amiga que viveu aventura excitante com o namorado escreveu-me. A historieta vai abaixo. Só não posso dizer seu nome porque ela mora num lugarejo chamado Glicério, onde todos se conhecem.


Recebo um telefonema às três da madrugada. É um ex-namorado, sempre pronto a ações surpreendentes. Quer me encontrar agora. Concordo que venha até minha casa me pegar para um passeio.

No carro, ele me pede que eu fique sem o sutiã e que segure o seu pênis. Meu corpo começa a corresponder às insinuações do rapaz, minha vagina ejacula um orgasmo fantástico. Coisa inesperada, já que me encontro convalescendo de uma cirurgia – retirada do útero – e com o ventre em cicatrização.

Envolta naquele frisson, saio do carro completamente nua num trecho da rodovia. É inverno. O frio e o prazer se misturam durante longos minutos.

Ele dá a partida. Reparo que torce para que eu seja surpreendida por um motorista da linha de ônibus que costumo usar para ir ao trabalho. Se isso acontecer, meu ex-namorado me perderá de vez. O motorista, que já vive louco para me comer, terá o mais regalado banquete.

Depois de uns vinte minutos, o rapaz me resgata. Fico ainda devendo ao motorista do meu ônibus.

Voltamos para a cidade. Mas ao estacionar, a surpresa: diz que minhas roupas desapareceram. Ele salta, fico só, dentro do carro. Preocupada, tento encontrar alguma coisa para me cobrir. Olho para o banco traseiro e descubro uma camiseta masculina. É a minha salvação. Transforma-se num vestido curtinho.  

Corro atrás dele. Subo à sua casa e nos atiramos numa relação sexual bem festiva.

O dia amanhece. Nós dois, jogados cada um no seu canto, abrimos os olhos e damos duas sonoras gargalhadas.

domingo, novembro 28, 2010

Miniblusa amarela

Eu estava agachada, no gramado lateral da casa, que por sinal era linda; as linhas e as cores da construção combinavam perfeitamente com a paisagem local. Envoltos por um ar de sítio, tínhamos total privacidade. Pessoas estranhas por perto, nem pensar.
“Vai demorar muito?”, perguntou ele com a câmera na mão, focalizando-me e aguardando o momento exato para o clique.
“Calma, preciso me concentrar.”
Eu estava nua, ou melhor, trajava apenas uma miniblusa, semelhante a um top, e de cor amarela.
“Estou aguardando”, completou sorrindo.
Viajáramos na véspera, apenas os dois. Pela primeira vez eu estava na casa de campo do meu namorado. Aproveitamos a noite para beber, saborear pães e pastas comprados no pequeno supermercado local; depois, namoramos.
Na manhã que transcorria, continuamos o nosso jogo amoroso; corremos pela relva – a casa tinha um terreno enorme –, ele sempre atrás de mim; vez ou outra me agarrava e me beijava. A idéia de tirar a roupa ao ar livre foi minha, a da foto também; o que ele me pediu e até ali eu não conseguia, no entanto...
“Acho que não estou com vontade, é melhor deixarmos para depois.”
“Não saia da posição, por favor”, deu um clique, “não se mexa, vou dar um jeito.”
Correu à cozinha e voltou com uma pequena garrafa de cerveja.
“Beba, você vai conseguir.”
Tomei a garrafa de suas mãos, ensaiei os primeiros goles. Ele deu alguns passos e mais alguns cliques.
“Isso, beba mais, essa cerveja é uma delícia.”
Ah, esses homens têm lá suas taras, pensei comigo enquanto continuava bebendo. Todos eles desejam uma extravagância. Tanto que não me machuquem, tanto que sejam tarados lights, não há problema.
Ao acabar, devolvi a pequena garrafa; concentrei-me em vão, não foi ainda que consegui.
“Acho que não vai dar, nunca tirei uma foto fazendo xixi, acho que esse ato tem de ser espontâneo.”
“Espere”, falou. Correu de novo lá dentro e voltou com outra garrafinha. “Tome mais essa, você vai adorar, é belga.”
“Ai, amor, vou ficar bêbada às onze da manhã, e minhas pernas já estão doendo.”
“Faça isso por mim, tente mais uma vez, vai, beba, você consegue dessa vez.”
Reparei que sua voz embargou um pouco; minha posição o excitava.
Bebi vagarosa procurando saborear a cerveja, acho que tinha mais álcool do que a anterior. Quando acabei, fechei os olhos, senti ligeiro arrepio. Estava realmente uma delícia.
“Ai, acho que agora consigo, vai sair...”
Ele preparou a câmera. No início desceu um respingar frágil, mas pouco a pouco foi aumentando até se transformar num jorro forte. Fechei os olhos, inclinei a cabeça um pouco para um dos lados.
“Levante a cabeça, abra os olhos”, bradou.
Abri, sorri. O jato que me escapava atingia o ponto de maior fluxo.
Meu namorado clicou várias vezes.
Quando acabei, ainda continuei por um momento agachada; depois me levantei e estiquei as pernas. Com o tronco ainda curvado, apoiei a palma das mãos nas coxas. Fez mais uma ou duas fotos. Na penúltima, fiz cara de inocente; na última, de quem estava morrendo de vergonha!

domingo, novembro 21, 2010

Vamos então assistir

Estava agachada, atrás de um automóvel, com o coração aos saltos. Um homem inesperado notou algo. Ficou a observar, disfarçado. Acabou por perceber o estranho acontecimento. Acho que no início pensou que se tratava de um bicho. Ao começar a investigar viu que era uma pessoa, uma mulher... Mostrou-se surpreso e ao mesmo tempo temeroso em se aproximar. Olhou para um lado e para o outro. Talvez pensou que fosse uma armadilha. Chegou-se, pertinho.

"Algum problema, senhorita?"

"Não, não há problema nenhum", nessas horas é preciso mostrar firmeza, eles não esperam por isso.

"Mas a senhorita está nua, numa rua, já passam das duas da madrugada."

"Silêncio, espera um pouco que conto o que aconteceu. Agacha também, aqui, ao meu lado."

Obedeceu, já o tinha nas mãos.

"Fica quieto. Mais ninguém pode se aproximar."

"Por quê?"

"Achas que uma mulher gosta de estar pelada e à mostra para todo mundo?"

"Mas o que aconteceu, a senhorita foi asssaltada?"

"O que achas?", responder com novas perguntas é um método eficaz.

"Acho que é provável. Quer que eu tente lhe arranjar uma roupa?"

"Não é possível também que seja uma pegadinha?"

"Como? Dessas que aparecem na televisão?"

"Não gostarias de aparecer na TV ao lado de uma mulher bonita e nua?", eu precisava continuar com a iniciativa.

"Eu? Ao lado de uma mulher nua, na TV? Acho que minha mulher me mata. A senhorita não sabe como ela é brava."

"Sua esposa gosta do programa da Mary Fake, na Rede TVI?"

"O programa da dona Mary? Ela adora, não perde um."

"Que tal ela assistir ao quadro: 'Seu marido é fiel?'"

"Existe mesmo esse quadro, no programa?"

"Ainda não, mas este será o primeiro episódio para testar o primeiro marido fiel."

"Oh, não, minha mulher vai me matar!"

"Então, vá, corra! Tens alguma chance."

"Verdade?"

"Quem sabe?"

O homem levantou-se e correu para o outro lado da rua. Desapareceu dentro da noite. A porta do carro foi aberta. Entrei, ligeira.

"Assim me matas", falei ao meu namorado.

"Mas você está morrendo de rir..."

"Não sei como podes sentir prazer me fazendo passar por uma situação dessas", falei em meio à tentativa vã de conter o riso.

"E por que você ri?"

"Vais já saber."

"Se você está rindo é porque acabou gostando."

"Quero viver todas as loucuras que me propões", conseguira me controlar.

"Mas que foi bom, foi, não?"

"Será?", eu, irônica.

"Você conseguiu gravar a cena com o homem?"

"Isso não estava no script."

"Gravou ou não gravou?"

"Sempre falas que sou a mulher mais eficiente do mundo, o que achas?"

"Vamos então assistir, estou morrendo de tesão!"

quinta-feira, novembro 11, 2010

Qual é o teatro?

Chamava-se Joana e eu a tinha conhecido havia pouco. Viera de Belo Horizonte para ficar durante uns dias na minha casa. Chegou na quinta. Fizemos alguns programas no mesmo dia, como ir à praia e passear à noite e jantar em algum restaurante, em Copacabana. Na sexta fomos a Teresópolis. Sempre achei a cidade aconchegante, quis apresentar a ela. Passamos o dia lá. Mas o que desejo mesmo contar é o que aconteceu no sábado, véspera do dia em que ela voltaria para sua cidade.

Durante o dia chovia muito. Joana aproveitou para ler o jornal.

“Há uma peça que parece ser boa, vamos?”, perguntou.

“Podemos ir. Qual é o teatro?”, sempre me esforcei para tratá-la com delicadeza.

“Maison de France. Fica longe?”

“Não. Fica no Centro, dez minutos de carro.”

Durante a tarde saímos em meio à chuva para comprar os ingressos. Voltamos e ficamos em casa esperando a hora do espetáculo.

Às oito horas, vestimo-nos. Ela, como nunca viera ao Rio, arrumou-se com a melhor roupa que trouxera na bagagem. Lembro que vestiu uma saia de comprimento mediano, ia até os joelhos, e uma blusa branca, trabalhada sutilmente com algum brilho prateado. Ficou adorável.

Assistimos ao espetáculo. Tratava-se da vida de uma personagem importante na história da psicanálise. Joana adorou.

Depois fomos jantar. Foi minha a ideia de ir a um restaurante japonês. Ela gostou da ideia. Pedimos os pratos que costumeiramente se pede num sábado à noite, quando se frequenta esse tipo de restaurante. O principal torna-se a bebida que acompanha a refeição. Devido à característica do lugar, pedi saquê. Ela me acompanhou. Mas não com uma dose inteira. Bebemos duas doses caprichadas; ela tomou metade de uma. Saboreou com a bebida camarão empanado.

O principal aconteceu quando chegamos em minha casa. Já devia ser mais de uma da madrugada. Ela despiu-se e deitou. Deitei ao seu lado. O final de semana findava e não tardaria Joana teria de ir embora. Mal sabia quando a veria novamente, ou se mesmo chegaria a vê-la. A vida extenuante daqueles tempos nos obrigava a trabalhar muito. Sobrava pouco tempo para viagens e para esse tipo de amor.

Quando estávamos já quase adormecidos, tive uma ideia genial. Acho que o saquê me excitara. Depois de alguma bebida forte, sempre sou tomado por idéias geniais.

“Joana?”

“Hum...”

Posso pedir a você uma coisa?”

“Pode”, esticou os braços, procurava o meu pescoço.

“Você vai até lá fora pelada, bate na porta para eu abrir e faz de conta que está chegando nua aqui em casa?”

Surpreendeu-se com a proposta. Olhou para mim e perguntou:

“Nua, nua?”

“Isso, peladinha.”

Não sei se pelo fato de não conhecer ninguém na minha cidade, ou mesmo tomada por necessidade de aventuras, respondeu rápido:

“Vou.”

Tirou a calcinha, a única peça que vestia. Mas quando chegou perto da porta pediu:

“Posso ao menos cobrir os seios?”

“Os seios? Pode. Mas com uma blusa bem curta.”

Vestiu a blusa. Não era mais do que um top. Saiu. Fechei a porta atrás dela.

Nunca tinha feito tal brincadeira. Confesso que senti grande excitação ao deixar uma mulher nua batendo à porta da minha casa, à espera de que eu atendesse, correndo o risco de ser surpreendida por alguém ou mesmo de que eu não abrisse a porta.

Ela bateu suavemente. Corri para outro lado da casa, procurei outro cômodo, queria ganhar tempo. Fui de novo até à porta, mas voltei para o outro extremo da casa. Tudo com o objetivo de fazê-la esperar mais.

Ao voltar mais uma vez, meu coração disparara. Imaginei a coragem de uma mulher ao enfrentar uma situação dessas. As mulheres confiam muito nos homens, pensei. Aguardei mais um pouco, mas acabei abrindo para que entrasse. Ela me abraçou. Beijamo-nos.

“Agora tire a blusa e vai mais uma vez.”

“Sem a blusa?”, choramingou.

“Isso, sem a blusa.”

Acabou concordando. A situação anterior se repetiu. Acho que a deixei nua até mesmo por mais tempo. Quando abri de novo, perguntei.

“O que faz uma mulher nua batendo a essa hora da madrugada na minha porta?”

“Moço, me dá abrigo, por favor...”

“O que aconteceu?”

“Moço, me dá abrigo, aconteceu um problema, mas tenho vergonha de contar”, ela, com voz chorosa.

“Moço, eu perdi... perdi...”

“Perdeu o quê?”

“Ah, moço, tenho tanta vergonha... por favor...”

Agarrei Joana ali mesmo. Nem quis ouvir sua história. Ela não tinha como se defender. Sei que afastou um pouquinho as pernas. Meu sexo escorregou ligeiro para dentro dela...

quinta-feira, novembro 04, 2010

A primeira noite e já nua em Porto Seguro

A festa nas areias da praia de Taperapuan fora contagiante, e o que Júlia vivera mais ainda. Contaria no dia seguinte aquela história para Beatriz. Sabia que ela a chamaria de louca, como sempre. O que precisava naquele momento era se levantar, procurar seus poucos pertences e voltar ao hotel. As pessoas eram poucas, alguns casais ainda se abraçavam, namoravam, trocavam talvez as últimas carícias. Ninguém a observava, ou se a viam, faziam de conta que ela não estava ali. Permanecia sentada, abraçara a si mesma, agarrara-se às próprias pernas. Não estava com frio, apesar da hora: duas e trinta da manhã. Aliás, em Porto Seguro nunca faz frio. Sua posição, de quase total imobilidade, era um jeito de estar oculta, protegida, talvez desse até para disfarçar a nudez, mas sabia que não poderia ficar assim a madrugada inteira, teria de arranjar um jeito de sair dali.

Durante a festa, horas antes, entusiasmara-se com a banda de rock, J. Quest. Sim, aquilo é que era música, deixara todos extasiados. Júlia fora tomada por uma sensação de euforia jamais sentida. As pessoas se divertiam de maneira exagerada, muitos pulavam no ritmo da música com latas de cerveja nas mãos, com caipirinhas ou com outras bebidas. Havia também quem fumasse seu baseado e dançasse ensimesmado.
Pode ser que o seu erro fora vir de vestido curto, pensava. No meio da multidão entusiasmada era difícil evitar as mãos bobas dos rapazes. Eles aproveitavam o máximo, queriam tocar as mulheres, beijá-las, havia aqueles que beliscavam suas pernas, tentavam subir as mãos por baixo das saias e dos vestidos.
Beatriz sorriria da história, talvez dissesse: “Júlia, você já passou por tantas situações semelhantes, você adora essas coisas.”

Na Bahia é assim mesmo, todos querem se divertir, querem algo para contar ao voltar para as suas cidades.
Os homens quando viam mulheres sozinhas logo se aproximavam, tanto mais num lugar propício a novas conquistas, a amores fugazes. Júlia fora com Beatriz ao show; após chegar reparou que as duas sofreriam forte assédio. A amiga, porém, vestia bermuda, teoricamente estava mais protegida. Os rapazes se alternavam num intenso empurra-empurra. Mas a presença não era só deles. Havia também muitas mulheres, era normal que a multidão constantemente se deslocasse de um lado para outro e muitos se esbarrassem.

Num dos momentos do espetáculo, momentos de intensa euforia, segundos luminosos em que todos parecem imergir num êxtase coletivo, Júlia perdeu-se de Beatriz. Não faz mal, pensou, estamos no mesmo hotel, nos falaremos mais tarde, ou mesmo amanhã. Continuou a dançar. Sentiu então o corpo envolvido pelos fortes braços de um homem musculoso. Parecia um desses lutadores. Ele tomou-a para si, apossou-se dela. Como sairia dali? Como diria para que se afastasse porque ela não estava interessada? Não era possível mover aqueles braços pesados nem se fazer ouvir em meio ao som ensurdecedor da banda de rock. O homem a apertava, valorizava-lhe as pernas, encostava-se, subia-lhe com as mãos. Foi aí que aconteceu o primeiro dos dois incidentes que lhe marcaram a noite. Sabia que quando dissesse a Beatriz, esta falaria: “vai dizer que você não gostou?”

Logo a seguir uma enorme massa humana a empurrou para direita. Seu acompanhante, apesar dos músculos, teve de soltá-la. Júlia perdeu-se dele. Que alívio... Cuidou para que não mais o encontrasse.

Quando o movimento arrefeceu, deslocou-se para o outro extremo onde havia um alegre grupo de jovens. Isso mesmo, um grupo composto por rapazes e moças, parece até que tinham viajado em grupo. Júlia reparou então um jovem que não tinha companhia, embora ele não se acanhasse e dançasse com o grupo. Ao vê-la se aproximar, não tardou a ficar pertinho dela. Acabou tomando-a por um dos braços. Um rapaz adorável, pensou. E realmente foi super delicado com ela pelo resto da noite.

Dançaram muito. Mas Júlia temia que o homem musculoso aparecesse. Temor vão. O homem não apareceu naquele momento. Quando ao acaso deu com ele mais tarde, já estava com outra mulher nos braços.

Saltou de um lado para o outro com o grupo até a festa acabar. Aliás, era o tipo de festa que não deveria jamais acabar. Mas as moças e os rapazes ficaram agarrados uns aos outros depois que a banda parou de tocar, dando continuidade a outro tipo de festa. Trocaram latas de cerveja, fumaram e tomaram goles de outras bebidas. Júlia os acompanhou. Pensou em Beatriz. Seria o momento de procurá-la? Achou melhor deixar Beatriz em paz. Quem sabe teria se arranjado com alguém?

O rapaz puxou Júlia por um dos braços e a levou para um local mais discreto, onde as pessoas rareavam. Os outros também se espalharam, era hora de beijos, abraços, e tantas carícias mais. Chamava-se Paulo o seu recente namorado. Achou o nome muito bonito, combinava com o tipo físico dele, combinava com o nome dela. Dois nomes comuns, Paulo e Júlia. Ele tomou a iniciativa de beijá-la. Ela adorou. Sentiu seu hálito puro, as mãos um tanto frágeis, mas mãos de quem sabe acariciar. Reparou que a noite ficara mais escura. Sentaram-se na areia e conseguiram uma posição adequada, abraçavam-se confortavelmente. Ela lembrou do homem musculoso e do prejuízo que ele lhe impusera.

Paulo tocou-lhe a cintura, desceu as mãos por suas pernas, pousou-lhe a mão direita num dos joelhos, começou a percorrer suas coxas por sob o curto vestido. Deu-se então o esperado.

“Você está sem a calcinha”, falou instintivamente.

“Foi um homem, acredite, antes de você.”

“E você deixou?”

Júlia sorriu ante a ingenuidade do rapaz.

“Claro que não. Aquele aperto todo, ele se aproveitou. Sorte que me perdi dele. Mas deixa isso pra lá. Você se incomoda?”

Paulo acabou achando até melhor. Menos um trabalho.

Aí aconteceu o segundo problema da noite.

Ela se deitou, ele acariciava-lhe as pernas. Júlia então pediu que subisse sobre ela. O rapaz atendeu. Ninguém reparava seus movimentos, as pessoas eram cada vez menos numerosas, e quem ficara estava preocupado apenas com o próprio prazer.

Júlia não sabia dizer o que aconteceu a partir daí, narraria a Beatriz. Sentiu naquele momento o mesmo que sentira nos breves segundos de êxtase coletivo do show. A sensação voltara, era rara e muito agradável, um gozo indescritível. Então pediu a Paulo que lhe tirasse o vestido, começou a gritar como uma histérica, falou coisas jamais pensadas, ficou totalmente descontrolada. Queria o prazer supremo, era tudo.

O rapaz atendeu seus primeiros e ofegantes pedidos, mas depois se assustou. Talvez nunca tenha trepado com uma mulher assim. Talvez suas mulheres apenas murmurassem na hora do sexo. Não suportou o ardor de Júlia e correu dali desaparecendo dentro da madrugada.

Júlia ficou só. E nua. “Quando ele estava em cima de mim nem me preocupei com coisa alguma, queria sentir prazer”, diria à amiga.

Agora precisava juntar os cacos. Onde o vestido? Sobre as areias, restos de uma noite de festa: latas de cerveja, copos, maços de cigarro vazios, pequenos pedaços de plástico ou de pano, alguns adornos, pequenas peças perdidas durante toda a loucura.

Após entrar no hotel, pensou em Beatriz. Esta diria: “ainda bem que o que você não encontrou foi a sandália. Já pensou se tivesse acontecido o contrário, encontrado a sandália mas não o vestido? A primeira noite e já nua em Porto Seguro... Mas bem que você gostaria, não é mesmo? Eu te conheço.”

sábado, outubro 23, 2010

Doce predileto

Ainda no carro, os dois rapazes nos fizeram vestir biquínis minúsculos. Na verdade, não cobriam nada. A calcinha era uma tirinha frágil, entrava e deixava a bundinha toda de fora. Na parte da frente também não era possível esconder que eu engolia aquele pedacinho de pano. Luciana, como era maior do que eu, mostrava-se ainda mais desconfortável, tanto as peças dela como as minhas eram do mesmo número. Quando chegamos à praia, reparamos que a frequência era enorme. Era temporada de férias. Ficamos morrendo de vergonha. Ou permaneceríamos o tempo todo enroladas em nossas cangas, ou entraríamos logo na água. Optei pela segunda alternativa. Luciana me seguiu. Ao perceber que o mar já me cobria acima dos seios, falei aqui dá pra disfarçar, na areia todas as pessoas vão ficar nos olhando. Os rapazes nos acompanharam, depois sugeriram que fôssemos para trás da arrebentação. Cortamos algumas ondas até chegarmos ao local pretendido e, quando conseguimos, permanecemos durante algum tempo namorando, com naturalidade. Logo, porém, a temperatura subiu. O que ficou comigo avançou num intenso roçar de corpos e, sem perder tempo, abaixou meu biquíni até o calcanhar. Fez de propósito para que eu o perdesse. Você vai me deixar nua, ainda falei. Ele contrapôs você já está. Não demorou o biquíni acabou escapando e foi levado pelo mar. Mas o rapaz me penetrava, me excitava tanto, que, naquele momento, nem me preocupei. Reparei que Luciana, além da calcinha, perdera também o sutiã. Mostrava-se, como eu, excitadíssima. Gozei três vezes. Só então comecei a pensar como vou sair daqui desse jeito? Quando Luciana caiu em si, olhou para mim. Ela estava toda arrepiada. Não sei se de frio, de vergonha ou ainda se deleitando num frêmito derradeiro e involuntário, rastro do último gozo. Os rapazes saíram juntos. Disseram que iam buscar outros biquínis. Ficamos esperando. Será que voltariam?


Permanecemos dentro d’água durante cerca de trinta ou quarenta minutos. E poderíamos ter ficado ali durante bem mais tempo, talvez até o entardecer quando seria possível deixar o local despercebidas. A descoberta se deu em virtude de dois motivos: o primeiro, a intranquilidade de Luciana; o segundo: o fato de ela estar sem o top. Pedi muito que se acalmasse, que tudo dependia disso para nos mantermos incógnitas, mas ela não conseguiu. Como se mexia muito dentro d’água, alguém pensou que estivéssemos em apuros naquele pedaço do mar e acabou se aproximando. A primeira coisa que reparou foi que ela estava com os seios nus, daí para descobrir que nos faltavam os biquínis, não foi muito difícil. O homem nos olhou com discrição e até tentou nos ajudar, disse que iria à procura de algo que nos cobrisse. Mas não voltou. Consegui, porém, que minha amiga se acalmasse, era ao menos uma solução provisória. Vamos ficar quietinhas, Luciana, assim ninguém mais vai nos descobrir, não vamos morrer porque estamos nuas, já passamos por situações parecidas, mais cedo ou mais tarde alguém nos ajuda. Quem nos salvou foi um pequeno grupo de surfistas. Preocupados a princípio apenas com as ondas, descobriram-nos ao acaso. Mas depois desconfiei que poderiam ter sido avisados sobre nós pelo homem que nos achara antes. Vestiram-nos com suas roupas de borracha, mas antes nos beliscaram, nos apalparam e experimentaram o doce predileto.


Saímos da água depois de muito tempo, exaustas, mas sem provocar rebuliço. Na areia, eles nos cobriram com duas cangas e pediram que devolvêssemos as roupas emborrachadas. Nunca me senti tão vestida, mesmo sabendo-me nua sob o pano. Um deles ainda se ofereceu para nos levar de automóvel. Um rapaz educado. No final, perguntou como nos sentíamos. Luciana, recuperada, se antecipou: ardida e dolorida, mas não sem uma ponta de gozo!

quinta-feira, outubro 21, 2010

Ando mais recatada

Essas brincadeiras, já fiz, agora ando mais recatada. Mas é muito excitante. Sei que há mulheres que não gostam, que adoram um quarto fechado. Dizem que sexo é bom entre quatro paredes. Eu, porém, sempre gostei de aventuras. Não vou dizer que não seja perigoso, que alguma coisa pode não dar certo. Há essa possibilidade. Mas quando tudo acaba bem, dá uma satisfação e um prazer muito grande.

Gosto de me arrumar bem. Tenho roupas muito bonitas. Quando saio para alguma festa, faço o máximo para ir bem vestida. Todos me admiram.

Outro dia fui a uma dessas festas elegantes. Um professor de uma universidade federal, gente importante, fez aniversário. Escolheu comemorar num casarão, na Ladeira do Russel, quase ao lado do antigo Hotel Glória. O lugar tem uma vista linda, é possível admirar o aterro do Flamengo, o Pão de Açúcar e a enseada, acho que também dá pra ver a pista do aeroporto. As pessoas começaram a chegar a partir das dez da noite. A festa durou a madrugada toda. Dancei, bebi duas caipirinhas e alguns goles de cerveja. Arranjei alguns admiradores. Mas fui embora com um amigo. Propostas para sair não faltaram. Preferi, porém, ir para casa descansar. Deixei a emoção para o dia seguinte.

Houve uma vez em que aceitei um convite de um homem que me paquerava continuamente. Acabei namorando-o durante alguns meses. Logo entrou no meu ritmo. Adorou ter uma mulher como eu. Nem me lembro porque nosso namoro não continuou. Acho que ele trabalhava fora e precisou sair do país durante um tempo. Era muito cavalheiro. No começo do relacionamento falei que já tinha andado nua dentro de um automóvel acompanhando um outro namorado. Ficou preocupado. Disse que eu me arriscara. Um dia, no entanto, bebeu demais e veio me encontrar. Pediu para que eu fizesse o que contara semanas antes. Acho que pensou que fosse tudo mentira. Fiz tudo da mesma maneira. É lógico que antes saímos e bebemos alguns drinques. Depois me levou até uma estrada escura e pediu para que eu saísse do automóvel. Atendi. Ele disse:

“Ei, assim não vale.”

Entendi o que ele queria. Tirei o vestido e deixei nas mãos dele.

“Pode ir”, falei.

“Você não tem medo de que eu não volte?”

“Não, pelo menos nunca aconteceu.”

“Cuidado, sempre há uma primeira vez”, partiu acelerando o automóvel.

Demorou. Pensei que realmente fosse a primeira vez em que me veria embaraçada.

Voltou, mas não me deixou vestir. Ainda passeamos durante um bom tempo. Me levou para uma casa de campo. Parou o carro numa rua abaixo. Quando ia me vestir, pegou toda a minha roupa e saiu do carro. Me deixou pelada lá dentro. Eu nem sabia onde ele morava.

“Espere. Como vou procurar sua casa?”

Não me respondeu. Mas não me importei. Fiquei dentro do carro. Naquele tempo os carros tinham os vidros transparentes, quase não existiam esses vidros escuros de hoje em dia.

Dormi um pouco. Ele não voltou. Ao acordar percebi que amanhecia. Abaixei e fiquei sentada no chão do automóvel, encolhida debaixo do painel. Assim ninguém poderia me ver.

Passaram-se mais ou menos duas horas. Acho que já eram oito da manhã. Eu estava com as nádegas doendo e uma vontade terrível de tomar café. Vai ver ele dormiu e me esqueceu aqui, pensei. Só então notei que no banco de trás havia algumas roupas. Descobri um paletó e uma meia de mulher. Vesti aquelas roupas. O paletó ficou bem no meu corpo, e até tinha um pouco de comprimento.

Saí do carro. Para completar, calcei minha sandália de meio salto. Comecei a procurar onde ele poderia morar. Pra minha sorte, não encontrei pessoa alguma. Segui mais ou menos a trajetória que ele fez quando me deixou. Depois de uma cerca, avistei uma casa. Atravessei a cerca e bati na porta. Ele mesmo veio atender. Ficou surpreso ao me ver vestida daquele jeito.

“Você esqueceu de mim”, falei chorosa.

Pediu mil desculpas. Namoramos logo adiante, depois que ele fechou a porta.

Quando se tem calma sempre há uma solução, tanto mais se o namorado é alguém especial. E eu nem podia reclamar. Quem inventara aquela brincadeira?

Hoje, quase não tenho saído nua por aí. Um dia desses aconteceu, sim, daí o quase, mas foi coisa rápida, e com um homem que eu já não encontrava havia tempos. Mas me deixe contar essa história num outro dia...

sábado, outubro 16, 2010

Não diga nada

Eles nos deixaram peladinhas peladinhas. Também as coisas não poderiam acontecer de outro modo. Vestíamos biquínis minúsculos, as carnes todas de fora. Mas o que incendiou mesmo os rapazes foi quando a Adriana começou a mostrar os seios. Tanto eles como nós já estávamos bebendo desde cedo. Eles, cheios de fogo; nós, idem. Uniu-se o útil ao agradável. E era o que nós queríamos. Se você estivesse lá, também iria gostar. Imagine o que aconteceu depois, nós nuas dentro d’água, e nas mãos deles. Fizeram uma festa. Na foto que coloquei no Facebook, estou de biquíni, mas foi tirada logo que chegamos. Agora voltando ao seu assunto. Não ponha em prática no início do namoro aquelas coisas que lhe contei, entendeu?

Que coisas?

Ivana, não se faça de desentendida; você mal conhece o cara, não tome a iniciativa, deixe que ele descubra você aos poucos.

E se ele me perguntar sobre o que mais me excita, por exemplo?

Ele não vai perguntar.

Mas se perguntar?

Não diga nada.

Mas se ele quiser uma resposta?

Diga-lhe para usar a imaginação; mostre que não vale a pena falar sobre isso.

Aquelas coisas que você me contou e eu sugeri ao Adão me deixavam a mil; acho que nunca vou ter outro homem daquele tipo.

Vai ter, Ivana, vai ter; alô!, você está me ouvindo, Ivana?

Estou.

Então, calma; depois tudo acontece com naturalidade.

Acho que não, Márcia; não acredito.

Ivana, você conheceu esse homem há poucos dias; deixe o tempo passar para que vocês se descubram; se ele não agir como o Adão, não faz mal; ele vai fazer coisas novas, acredite!

Coisas novas?, dê um exemplo.

Ivana, não é preciso; imagine alguma coisa que você nunca tenha feito numa relação a dois.

Ah, mas eu já fiz tantas coisas interessantes...

Mas imagine, sempre há algo novo.

Já sei, estou imaginando...

Viu?, não vai demorar você vai fazer isso com ele.

Márcia, mas se ele for daquele tipo feijão com arroz?

Feijão com arroz, Ivana, também é gostoso.

Eu não acho.

Ivana, por favor, não vai estragar tudo no primeiro dia.

Márcia, escute só, será que posso falar para ele o que imaginei agora?

Não, Ivana!

Então pra que você me mandou imaginar?

Pra você projetar algum desejo; assim as chances de realização são maiores.

Será que devo ir ao encontro daquele jeito que gosto, apenas com o vestido sobre a pele?

Ivana, por favor, espere ao menos algumas semanas.

E o que tem se eu falar pra ele o que mais me excita?

Ivana, os homens sabem o que excita as mulheres; se você falar, principalmente sobre a experiência que sugeri a você da outra vez, ele vai pensar nisso o tempo todo e vai passar a ver você somente pelo ângulo sexual; aquilo não é para ser praticado num início de namoro; se você não me escutar, vai acabar desvalorizada.

Há homens que nunca descobrem coisa alguma; só pensam em futebol e em beber com os amigos.

Descobrem sim, Ivana, você mesma pode conduzir a isso; e acho que esse seu novo namorado não é dado a futebol nem a beber com os amigos; ele gosta de poesia...

Então, Márcia, para cativá-lo, coloco em ação meus artifícios!

Ivana, por favor, no início não, espere um pouquinho, talvez um mês...

Ah, não sei, é tão bom chegar nua na casa do namorado, é uma surpresa e tanto...

Ivana, você não tem jeito.

sábado, outubro 09, 2010

Eles vão adorar nos encontrar felizes

Não se preocupe, eles são boas pessoas. Gostamos duma aventura, não é mesmo? Eles também. Não fique tão nervosa. Lembra aquela vez quando fiquei namorando quase até o amanhecer nas areias do Leme? Foi com um deles, e, olhe, nunca aproveitei tanto. Você precisa se soltar. Relaxe. Eles estão se preparando para nos surpreender. E desse jeito, como eles desejam, é melhor. Não há perigo quanto aos nossos pertences. Estão bem protegidos. Agora, sente-se, cruze as pernas e sorria. Eles vão adorar nos encontrar felizes, naturais. É isso que querem: naturalidade. Nós também os queremos totalmente entregues aos nossos braços, como se não houvesse amanhã. Caso ainda estivéssemos como chegamos, cobertas até o pescoço, haveria perigo de mancharmos nossas roupas. Elas são caras. A Marisa tinha o costume de gostar de muito pano, acabou que um dia agarrou-se a um dos rapazes, escolheu logo o que não tinha muita experiência, ela se viu em maus lençóis, aliás, aquele tecido nem era pra lençol. Sei que ela corria de lá pra cá e de cá pra lá sem saber o que fazer, levantando um pouquinho a barra do vestido, tentando preservá-lo. Portanto, assim como estamos é melhor. Sei que você se preocupa com a hora. O tempo passa rápido e podemos nem dar pelo amanhecer. Mas eles não vão querer escândalo. Caso saiamos daqui assim, eles vão ficar mal perante a vizinhança. Quanto foi mesmo o seu vestido? Quinhentos? Foi caro, viu? O meu foi trezentos e estou me mordendo toda por isso. Queria tanto que tivesse sido presente. Mas quem me daria uma roupa cara assim? Lembra do biquíni? Um biquíni de duzentos e oitenta tem de ser de uma super grife. Aqueles outros rapazes gostavam de nos dar presentes. Eram meio tarados, concordo. Vestíamos o biquíni para eles tirarem. E dentro d'água! Quase morremos de medo. Mas tudo acabou bem. Ninguém percebeu. E, pensando bem, aquilo é que era vida. Escute, está chegando alguém. São eles. Sente-se, se quiser acenda um cigarro. Mas não trema. Cruze as pernas. Somos as mulheres mais bem vestidas do mundo. Deixemos tudo agora ao encargo deles. Representemos. Pode ser que resolvam nos presentear, nos encher de cordialidade. Cordialidades acima de quinhentos reais. Cabe a uma mulher acreditar, tanto mais quando se sente especial.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Não precisam de mais nada.

Vocês querem me pregar uma peça, não? Me fizeram vir até aqui, provar os vestidos, agora não querem devolver o meu. Uma brincadeira... Adoro brincadeiras. Sei que vocês querem saber se o que escrevo é verdade, não é mesmo? Não acreditam nas minhas histórias. Acham que é tudo mentira e que a literatura tem de corresponder à verdade. Pode ser. A maioria não entende o que é literatura. Como vocês são meus admiradores, aceito a brincadeira. Querem que eu saia do apartamento nua e que depois conte o que aconteceu. Desejam que uma provocação gere um conto. Será que vou me sair bem? O final vai-me ser favorável? A questão não é essa. A questão é a seguinte: será que vou contar? Posso me reservar ao direito de não dizer nada. Uma escritora, um escritor, o artista de modo geral têm o direito à privacidade. Nem sempre nos contos falo sobre a minha vida. Existe autor e narrador. São dois seres bastante distintos. Sei que me acham exibida. Toda pessoa importante gosta de se exibir, e até mesmo as que não são importantes. Seria melhor vocês fazerem uma viagem, iniciarem-se em aventuras, depois poderiam escrever sobre isso. Assim é que se começa. O bom escritor é aquele que tira histórias das pequenas coisas. Não são necessários grandes acontecimentos nem enredos fetichistas. Às vezes se sai de casa e se narra uma ida até o armazém da esquina ou até a banca de jornal, lembra-se de alguma coisa, vê-se algum vizinho, volta-se para casa e a história está terminada. O grande motivo pode ser a maneira como a pessoa casualmente encontrada cumprimentou você, ou mesmo o ato de se evitar pisar sobre um inseto durante a caminhada. Vocês querem me deixar nua para ver o que acontece? Ok, aceito. Mas não prometo falar sobre isso. Mesmo que me saia bem. Ou mesmo mal. O programa de computador que vocês criaram faz minha voz se transformar em escrita e aparecer no blog quando estou logada? Interessante. Então, não precisam de mais nada. Eis o conto.

sexta-feira, outubro 01, 2010

Nos conhecemos há poucas semanas

“Preciso de alguém que me ajude”, falei pra ele.
Com aquele jeito dissimulado, olhou pra mim, aproximou-se e me beijou.
Continuei com se fosse a mulher mais cínica do mundo.
“A vida pra mim não tem sido fácil, preciso de um homem que me ajude”.
“Ajudar, como?”, fingiu se interessar.
“Meu dinheiro não dá pra passar o mês, antes eu tinha um namorado, morou comigo durante um tempo, pagou algumas contas, contratou a TV a cabo, mas houve um problema e nos separamos”.
Levantou-se, caminhou até a janela, olhou pra fora, parecia admirar a paisagem vista do segundo andar.
“Não sei se posso ajudar, também vivo em dificuldades”, falou voltando-me a face.
“É muito difícil ficar com alguém e não receber ajuda”.
“Você quer um homem pra pagar suas contas, na verdade”.
“Isso, mas nem todas, algumas consigo pagar sozinha; minha vida é muito cara”.
Caminhei até o quarto, ele atrás. Parei antes de alcançar a cama. Demonstrou a intenção de me abraçar. Sentei na beira da cama e olhei para o chão.
“Deixa eu te beijar”, falou.
Ofereci uma das faces. Beijou-me. Olhou a cama de casal. Segui o seu olhar.
“Venha cá, deixe-me abraçar você”, falou de novo.
Levantei-me.
“Sua saia não está um pouco apertada?”
Desabotoei a saia jeans; ficou presa apenas pelo fecho. O botão fora da casa demonstrava meu desejo de ficar nua.
Agarrou-me com força e procurou meus lábios.
Cedi.
Uma de suas mãos escorregou por entre as minhas pernas. Tentava tirar minha roupa. A saia escapou-me, foi ao chão. Eu vestia uma miniblusa e a calcinha. Branca, bem pequena.
Fui eu quem o agarrei com mais força. Temi que me soltasse e se afastasse para admirar meu corpo nu.
Permaneceu com os lábios junto aos meus. Demorou-se no beijo. Quando eu mal suspeitava, começou a tentar tirar-me a calcinha. De início, resisti. Pensei se permitiria ou não. Ele, porém, foi mais rápido. Minha resistência fingida ajudou-o a descê-la até os tornozelos.
Ameaçou colocar o pênis pra fora da calça. Tentei escapar. Não o desejava sem garantias. Deu-me mais um longo beijo. Ao dar por mim, perdera de vez a calcinha e estava encostada à parede. Ao me soltar, virei-me de costa, encostei o ventre à parede e mantive os braços baixos. Repentino vexo assaltou-me.
Apalpou meu bumbum. Seu toque sutil desalojou-me. Não resisti, virei de novo, de frente.
“Já falei, isso não vai adiantar, preciso de alguém que me ajude”, sussurrei por entre os dentes.
Aproximou-se, forçou-me as pernas com o pênis já bastante enrijecido.
“Depois a gente conversa sobre isso. Caso você esteja muito necessitada, deixo algum dinheiro”.
Afastei as pernas. Senti que eu era pequena para ele. Mas, naquele momento, além da excitação, não queria perder uma ou duas notas de cinquenta.
Emiti alguns sons, gemi durante segundos. Após senti-lo dentro de mim, não desejei que se afastasse.
“Nos conhecemos há poucas semanas, nada sei sobre você, não sou mercenária, mas tenho necessidades, prometo que se amar você, vai poder sempre me deixar nua, me namorar.”
“Sei”, falou ofegante.
Denunciei-me; tornei-me escorregadia. Puxei-o pelos cabelos, beijei-o na boca.
Seu gozo explodiu dentro de mim. Naquele momento, ia esquecida das poucas notas de dinheiro.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Não é que acabei postando?

Fique calma, tudo vai dar certo. Não se preocupe, ninguém vai nos descobrir aqui. Esse vidro escuro nos protege. Estamos vendo todos lá fora, mas eles não são capazes de nos enxergar. Não precisa ficar tão vexada. Você quer que eu use esse post para pedir a alguém para vir até aqui e ajudar a gente? Olha que é melhor esperar. Nessa situação, a calma é tudo. Por que estou escrevendo se não é para pedir ajuda? Gosto de escrever quando me dá vontade. E agora estou ardendo. Mas publicar é outra coisa. Quando acabar vou clicar em salvar, depois penso o que vou fazer com o texto. Às vezes, até jogo fora. Mas me dá uma pena... Gosto tanto do que escrevo. Você não sabe como consigo? Como tenho essa calma toda nessa situação? Sei que já é dia, que viramos a noite, que os rapazes foram legais até certo ponto. Depois, ah, o que aconteceu depois e ainda se estende até agora deve ser parte da brincadeira deles. Quando nos disseram para esperar um pouquinho, acho que era verdade. Mas devem ter dormido. Ao acordarem, eles voltam, na certa. Não vão abandonar o carro nem nós. Você acha que aqueles dois que vêm ali são eles? Não são, não. Parecem, apenas. Você quer sair e pedir ajuda? Imagine só, vai ser pior, vai juntar gente. Nesta situação, o melhor é esperar. Pedir ajuda a uma mulher? Não gosto da ideia, há muitas mulheres invejosas, conservadoras. Tenha calma, tudo vai acabar bem. Por que permitimos que nos deixassem assim, assim tão à vontade? Olha que na hora você gostou. Nem pensou nas consequências, não foi? Sei que já são dez da manhã e está ficando quente. Aguenta um pouquinho. A praia é aqui em frente. Quando resolvermos tudo, damos um mergulho. Veja, há um saco de balas, coma uma ou duas para você se acalmar. Lembra aquela vez quando escrevi o conto "Aparição"? Aquela história aconteceu mesmo. Mas no fim acabou bem. Tenho essa mania de namorar na rua ou na praia, mas me preocupo sim em sair com rapazes legais. Foram gentis com a gente, proporcionaram prazer. O que fizeram a seguir faz parte, viu? Caso você queria viver essas aventuras, precisa se acostumar com alguns probleminhas que vez ou outra surgem. Também pode ser que agiram assim porque sentem prazer em deixar duas mulheres aguardando por eles. Não, não abra a porta do carro nem saia correndo, vai ser pior. Olha. Que bom! Vêm eles lá. Não falei que voltavam? São eles, sim. Deixa chegarem mais perto que você vai ter certeza. Não iam desprezar duas gatas bonitas como nós, não é mesmo? E tanto mais nuas!

sábado, setembro 11, 2010

Celebridade

Não sei como dizer, Clara, mas não sirvo para esse tipo de coisa. Fiquei apavorada. Você diz que consegue se controlar, que cochicha no ouvido deles essas coisas todas, diz que chegou pelada e vai embora pelada, faz o homem ficar louco por você. Mas eu não consigo. O pior foi ele ter começado. Você disse que todo homem é um pouco tarado, não foi isso? Até aí tudo bem, mas comecei a achar que as palavras dele seriam verdadeiras. Fugi, Clara, saí correndo. Juro que não apareço lá nunca mais. O que ele me falou? Preciso contar? Acredito que foi você que inventou aquelas coisas todas, ele deve ter aprendido com você, não há outra saída. Vou contar o que ele me falou. Ouça, Clara, pra você pode ser uma coisa comum, para mim, porém, foi terrível. Eu estava nua na cama dele. Viu, como você já imaginava, fui parar no apartamento dele, e olha que não costumo frequentar casas de namorados. Ele sussurrou no meu ouvido que eu sou muito gostosa, essas coisas que todo homem diz para uma mulher. Disse que qualquer um gostaria de me apalpar, "você arranja o namorado que quiser, seja ele uma pessoa comum ou uma celebridade", isso, Clara, celebridade, foi o que ele falou. Agora veja se estou com essa bola toda. Já passei dos..., bem, não preciso falar, você sabe. Escute. Continuou me acariciando. Até aí eu estava gostando muito. O que me apavorou foi quando entraram as palavras. Palavrões? Não, Clara, acho que ele nem é de falar palavrões. As palavras dele me colocavam numa situação muito complicada. Quando eu já ia lá pelas tantas, envolvida num quase êxtase, ele veio com aquela história do vestido. "Sabe o seu vestido? Não vou devolvê-lo, você vai embora nua." Gelei, Clara. Já pensou? Ir embora nua. Nunca me aconteceu isso. Ele ainda continuou, com uma pergunta: "Você já chegou nua em casa alguma vez?" Como? Chegar nua em casa? Claro que não. Deus me livre. Não precisei responder, porque ficava cada vez mais gelada. Mas ele entendeu o meu pensamento. "Então vai chegar hoje." Quase me desvencilhei dele. Mas o danado parecia conhecer tudo de mim. Me tocava nos pontos que me excitavam mais, me beijava, enfiava as mãos entre as minhas pernas, procurava o meu grelo. Ai, que palavra horrível, grelo. Mas ele procurava. De repente subiu sobre meu corpo e fez seu sexo me penetrar. Junto com todas aquelas carícias, confesso que me esqueci do que ele dissera. Procurei me concentrar, achar que suas palavras anteriores eram um meio de se excitar. Quando ele estava próximo do prazer máximo, resolveu começar a falar de novo: "hoje você não escapa, viu, lembra aquela hora que abri a porta do apartamento? Lembra que pedi licença logo depois que você se despiu e fui até lá fora um instantinho?" Ele falava e continuava se movimentando, com o pênis dentro de mim. "Você não notou, mas peguei o seu vestido escondido de você e o coloquei lá fora, na caixa de incêndio do andar. Nem sei se ainda está lá, pode ser que tenha desaparecido, assim você vai ter que voltar nua mesmo." Foi a gota d'água, Clara. Empurrei ele pro lado, corri, abri a porta do apartamento e fui até lá fora. Juro, nuinha no corredor do quarto andar daquele prédio. Verifiquei a caixa de incêndio e não encontrei nada lá. Alguém roubou o meu vestido, pensei. Vai ver ele combinou com alguém do prédio. Abri a porta desesperada e voltei pra dentro do apartamento. Foi quando vi a camisa polo que ele vestira sobre a cadeira. Enfiei a blusa, rápido, ficou tão curta, Clara, um vestido mais curto do que aquilo é inimaginável. Peguei minha bolsa, a sandália, e corri dali. Juro. Eram duas da madrugada. Ainda bem que não tinha ninguém na portaria do prédio dele nem na do meu. Fugi pra casa. Você precisava ver a cara do motorista de táxi ao me descobrir vestida daquele jeito. Para concluir. Hoje o engraçadinho me ligou e disse: "você esqueceu o seu vestido aqui, não quer vir buscá-lo?" O que, Clara, ir lá de novo? Você acha mesmo isso bom? Tremi tanto. Não sei, Clara, não tinha pensado sobre isso. Assim você me deixa confusa. Vou pensar, então. Prometo, a princípio vou apenas pensar. Mas de antemão, acho que depois disso tudo, até que sua ideia não é má...