segunda-feira, dezembro 13, 2010

Entrando em cena

Meu marido e eu sempre fomos pessoas muito abertas, vivemos com paixão e alegria, além disso somos atores. Acho que quem escolhe esta profissão é porque gosta de se exibir. Portanto, somos exibicionistas. Encenamos várias peças, juntos ou separados. Às vezes viajamos sozinhos, cada um com sua trupe, mas quando voltamos à nossa cidade fazemos uma grande festa para comemorar o reencontro. Foi o que aconteceu na última segunda-feira. Convidamos os amigos, servimos bebidas e comidas, dançamos, cantamos, recitamos poemas. Após a saída do último convidado nos abraçamos e permanecemos grudados um ao outro num longo beijo. A seguir, ali mesmo na sala, começamos a nos agarrar de modo ardente, livramo-nos de nossas roupas e fizemos amor, um longo amor de quem há muito não se vê, faltas e mais faltas, saudades que não nos largam.

Estávamos na sala, um calor intenso, porém não nos incomodamos. A excitação fazia que esquecêssemos qualquer coisa que não fosse nós mesmos. A janela ficou aberta, a sala escura impedia a visão de outras pessoas que moram no prédio em frente. Tive a idéia de acender o abajur. A lâmpada delicada iluminou o contorno de nossos corpos, dando a cada um de nós uma aura ainda mais sôfrega. Quando gozamos, ele permaneceu sobre o meu corpo, depois foi a vez de eu escalar o seu peito.

“Parece que passaram cola em mim”, falei e ri. Ele também sorriu.

Olhamos pela ampla janela, observamos o céu e o contorno dos outros edifícios, a noite estava clara.

“Acho que há alguém nos olhando daquela janela”, apontei.

Jonathas olhou e disse:

“Deixa que nos olhem, não faz mal, se isso faz a pessoa feliz...”

“Que tal uma apresentação? Lembra? Já fizemos essa cena.”

“Nada mal”, completou.

“Vou aumentar a luz”, fui ao interruptor e girei o botão, a luz tornou-se mais intensa.

Virei-me nua para a janela onde estava a pessoa, percebi que se escondia. Aproximei-me e olhei para fora, meus seios ficaram acima do parapeito, caso houvesse alguém olhando seria fácil me apreciar.

Começamos a namorar de novo. Era um namoro de verdade, mas intensificávamos nossos movimentos, dávamos um tom mais teatral. Reparei que a pessoa voltou ao seu lugar e olhava através de um binóculo. Pedi a meu marido que me levantasse, que me mostrasse com toda a delicadeza. Beijou-me de cima abaixo, mordeu meus mamilos, passou as mãos pelo meu ventre e colocou o rosto junto aos meus poucos pelos pubianos. Depois, nós dois de pé, ficamos encostados na parede à direita, na própria sala. Dali a visibilidade de quem nos olhava de fora era privilegiada. Eu estava de costas, com o bumbum à mostra, meu marido apertava-o vez ou outra, movimentávamo-nos suavemente.

No final de todo aquele ardor, não era apenas uma pessoa que observava, ao seu lado havia uma mulher, me pareceu que também estava com os seios de fora.

Acendemos toda a luz da sala, fingimos que dançávamos, proporcionamos um pequeno show, depois desliguei a luz principal e voltamos a ser envoltos apenas pela luz frágil do abajur. Saímos de cena ainda nus, envoltos num longo abraço e beijo. Então, falei baixinho:

“Lembrei de uma coisa que aconteceu quando tinha dezesseis anos.”

“O que foi?”

“Fiquei nua na escada externa da minha casa para satisfazer o desejo de um namorado.”

“E eu lembrei também de uma coisa muito engraçada.”

“Conta, vai”, pedi.

“Lembra da Nete, aquela namorada que tive, do interior?”

“Ah, lembro.”

“Fiz ela dar uma passeio nua, de elevador, foi até o andar de cima e voltou, nunca vi uma mulher tão feliz.”

Ambos rimos e caímos um sobre o outro mais uma vez.

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