sábado, dezembro 14, 2019

Veio sentar ao meu lado

Essas aventuras são tão boas, que se deseja permanecer no enlevo, como se o momento fosse eterno. O namorado me olhava, eu pensava. Meus seios. Conheci-o fazia algumas semanas. Passeávamos, apenas. Eu, como já não sou jovem – digamos, vou pela meia idade –, deveria ser um tanto mais atirada? Acho o motivo inconsciente, ou mesmo porque sou escolada. Já passei por tantas situações, melhor a precaução. Mas como a precaução diante do impulso amoroso, sexual? A paixão sempre vence. Caso o resultado fosse o contrário, o mundo seria outro, menos conflituoso. Insensatez dizer que sempre deve vencer a razão. É o que desejamos, ou melhor, o que quer o conjunto das opiniões. Cada um, no entanto, arrefece diante da sua tentação. Não há, aqui, vencedor. O namorado me olhava. Eu sorria. Havíamos passeado durante a tarde, um parque arborizado, imenso, verdejante. A primavera. Procurava eu uma árvore, isso mesmo, estranho num lugar de tanta vegetação eu procurar precisamente uma árvore específica. Explicação: florescia pouco, por isso a raridade. As flores tão bonitas. Andamos de norte ao sul, leste a oeste. Onde a árvore? Descobrimos várias, mas não tive certeza se era a dita. Tantas flores sobre muitas. No final, entardecia. O namorado abraçou-me. Que tal um café, ou um suco, um copo d’água, não sei? Procuramos, encontramos numa das extremidades, a pequena cantina, digamos assim. Tão bom o ar, sussurrei ao seu ouvido. Beijou-me. Não sou beijada em público faz tempo. Beijo demorado, bocas, línguas. As pessoas envolvidas nos seus prazeres não tinham tempo de nos olhar. Melhor assim. Andamos pela avenida, anoitecia, ruídos de automóveis, pessoas a passear, famílias a terminarem o domingo, felizes. Entramos numa rua transversal, atravessamos, pessoas nas calçadas. Voltávamos. Que tal descansarmos lá em casa?, sugeriu. Sim. Estava calor, anunciava o verão. Seria quente o verão. O namorado conduzia-me, mãos dadas, beijos ocasionais, sorrisos cúmplices. Como arranjara o homem? Ah, uma palestra, sobre filosofia. As pessoas procuram a filosofia, querem explicações. Eu também procurava. Ele pesquisava. O sentido da vida? Não sei. Não há sentido para a vida. Não há explicação ao amor. Eu vinha num namoro comigo mesma, mas apareceu o homem. Que tal a tentativa? Desafiei-me. Aceitei. Pensei na Deia nua, envolvida pelas próprias mãos. Chegamos ao prédio onde morava o homem. Um edifício alto. Dois elevadores. Oitavo andar. O ruído de chave a destravar a fechadura, a porta aberta, uma saleta. Sentei no estofado de dois lugares. Você mora aqui, exclamei. Aconchegante. Trouxe uma garrafa d’água, o vidro suado, dois copos. Ou seriam dois corpos? Enchi o meu até a metade. Adoro ficar nua, pensei sem motivo. Quem sabe o motivo? Todas gostamos de ficar nuas. Não ia, no entanto, tirar a roupa na casa do namorado, de repente, à primeira vez. Mas estava tanto calor. Ele trouxe o ventilador, apertou uma tecla, o vento começou a rondar da esquerda à direita, da direita à esquerda, procurava-me, movimentos mecânicos. O homem continuou premendo teclas. Agora, o aparelho de som, música instrumental. Posso tirar a blusa?. Ele deu de ombros. Surpreso. Feliz. Tirei-a. Livrei-me também do sutiã. Calça comprida, apenas, deixara o tênis à entrada. Seios nus. Fiz de conta que era a coisa mais natural do mundo. Meus seios de fora, não sei se são caídos ou rígidos, depende de quem olha, depende do ponto de vista. Nua da cintura para cima. Grande prazer. Pus-me a rir. Por que você está rindo? Não sei, estou tão feliz, feliz mesmo. Meus seios apontaram à face do namorado, espelho da minha felicidade. Veio sentar ao meu lado.

segunda-feira, dezembro 02, 2019

Torce por mim

Oi, Janete, tudo bem? Você tá acostumada às minhas mensagens escritas, mas agora achei melhor gravar, é mais rápido. Sempre me contas tuas paqueras, não é mesmo? Hoje aconteceu uma coisa boa comigo, acho que estou com sorte. Escuta, vou tentar resumir, depois te conto melhor, pessoalmente. Vim à praia, aqui atrás da pousada, sabes qual é. Uma praia deserta, o mar, o céu e, principalmente, o sol. Então, aconteceu. Surgiu um homem. Lembra aquele que gerou a história do cavaleiro negro, num baile de máscaras, no verão, acho que faz uns dois anos? O tal que surgiu aqui, parecidíssimo, achei que fosse o mesmo. Nas areias, o homem imenso, de bermuda e sem camisa. Eu quietinha no meu canto. Sabe quando a gente sente um frio no estômago, não se imagina o que pode acontecer, ao mesmo tempo teme e deseja? Que situação. Ele, a distância; eu, com minha revista. Não parecia ser perigoso, lógico que o homem não ia me agarrar. Búzios é lugar civilizado, você conhece. Não demorou, veio falar comigo, perguntou se me podia fazer companhia. Imagine se preciso de companhia. Lógico que não disse assim a ele. Entonou a frase com uma ponta de formalidade. Pois não, respondi, tentei fazer aquela fisionomia de enfado, de quem não quer ser incomodada. Depois me arrependi, achei que podia entender como uma recusa definitiva. Escutei o que tinha a dizer e, pouco a pouco, abri ligeiro sorriso. Você deve estar doidinha pra saber o que ele disse, e mesmo o que aconteceu, não? Não disse nada de mais, apenas que estava naquela praia pela primeira vez, achava tudo muito bonito, queria comprar uma bebida mas não sabia onde. Dei a dica, atrás, perto da pousada, uma venda. Mas ele não foi imediatamente. Agradeceu, olhou demorado na direção do mar, não imaginava que aqui fosse assim, tão encantador. Achei encantador mesmo o homem, porque, você sabe, com a praia já estamos acostumadas. Disse volto já e subiu na direção da rua. Desapareceu. Quando eu já me distraía de novo com a revista, ele voltou, quase de repente, não cheguei a me assustar, mas foi por pouco. Trazia uma garrafinha de suco, disse que estava fresca, eu não tinha aparência de beber refrigerante, com a pele tão bonita, bem tratada. Elogios. Imagine, não precisava se incomodar, sorri, bebi um gole. Uma mulher acenou pra ele lá de cima. Ah, não, uma mulher, vai ver o homem tem compromisso. Me senti furiosa. Ele atendeu, mas voltou rápido, com uma bebida vermelha nas mãos. A moça também prepara coquetéis, mirou o copo. Ah, que bom, não era conhecido na cidade, eu podia aproveitar. O que fazer, dali pra frente? Se eu der confiança, ele me escapa, conheço os truques. Trabalho no Rio, não vivo quase aqui, pareceu sincero. Ficou calado durante alguns minutos. Será tão, assim, sem assunto? Eu também não queria assunto, você me conhece, sabe mais que ninguém o que desejo. Mas melhor me manter comportada. Lembra minha aventura com o motociclista? Foi numa praia mais pra baixo. Faz dois meses. Te contei. Fui passar o dia e conheci o cara. Acabei saindo com ele, dar umas voltas de moto, de biquíni, na garupa. Meus pertences na praia, minha preocupação. Não tem problema, aqui ninguém pega nada dos outros, falou. Passeamos e passeamos, que tonta eu, logo fica noite, eu pelada na garupa. É lógico, o homem não me quis só pra passear. Viver a mesma coisa agora, não. Mesmo ardida como sou. Se venho à praia, é pela praia, eu tentando me convencer. Conversamos, sim. Acabamos encontrando assunto. Fumou um cigarro, me ofereceu. Se fumo? Fumei. Bebi um gole do seu segundo coquetel. Comecei a ficar soltinha. Reparei o volume do pênis dentro da bermuda. Minhas carnes todas tremeram. Ui, quase perco o controle. Mesmo tendo molhado o biquíni, consegui me segurar. Hoje, se dou alguma coisa, é só o número do telefone. Nada mais.  Entrei n’água, saí d’água, ele comigo. Não me tocou. Mais elegante, assim. Ele também se controlava. Os outros querem logo deslizar as mãos. À tardinha, me despedi. Agora, vou esperar ele telefonar. Acho que telefona, sim. Melhor, não é mesmo? Comportada. Até estou me desconhecendo. Este não tinha moto. Mesmo que tivesse, não ia, bastou aquela vez. Quem sabe aparece à noite. Hoje ou amanhã. Mais certo amanhã. Prometeu. Beijo, Janete. Desculpe ter partido a mensagem em três ou quatro. Mas foi o jeito que arranjei pra te contar. Torce por mim, viu. A gente se encontra.

domingo, novembro 17, 2019

Fila

Ele me pediu para escrever um texto excitante e lhe enviar como mensagem. Você acha essas histórias mais instigantes na narrativa de uma mulher, afirmei. Isso mesmo, retrucou, as mulheres tem mais força narrativa. Os homens são assim, adoram uma mulher falando sacanagem. Você quer então transar pelo telefone, isso é coisa antiga, sabia?, provoquei. Ele disse que sim e, como estávamos ali um ao lado do outro, cheguei a dizer será que não basta a gente transar num quarto de hotel, ou mesmo em seu apartamento, como temos feito? Deu de ombros e fez uma fisionomia alegre, mas sem um sorriso propriamente. Lembrei então de um rapaz que eu conhecera, fora meu estagiário numa das empresas em que trabalhei, sabia fazer a mesma cara, transmitia alegria sem sorrir. Sua fisionomia impressionava outras mulheres, queriam ficar o tempo todo junto dele. Logo uma delas começou a provocá-lo.

“Acho que ele não vai querer”, eu lhe dissera, “quem sabe queira se manter apenas profissional, sem se envolver com alguém aqui na empresa?”

“Vai ver o homem é gay, e você tentou sair com ele mas não conseguiu.”

“Nada disso, não podemos fazer uma afirmação dessas, caso ele saiba poderá até nos processar.”

Minhas palavras pareceram assustar a candidata.

“Vou tentar mesmo assim, quem sabe consigo”, insistiu.

Na semana seguinte a mulher voltou a conversar sobre aquele meu estagiário.

“Saí com ele, quero dizer, saímos.”

“Saímos?”, indaguei curiosa.

“Isso mesmo, eu, Dora e Silvana.”

“Então foram apenas a um bar, uma happy hour.”

“Nada disso”, ela retomou, “fomos a um hotel.”

“Um hotel?”, surpresa na minha voz e acho que no meu rosto.

“Isso mesmo, ele aceitou, você precisava ver, nós três nuas agarradas ao homem.”

“Mas, isso é uma vergonha, o que ele vai pensar de vocês, da nossa empresa?”

“Nada disso, o homem é cabeça feita, um ótimo amante, e uma coisa é trabalho, outra sexo.”

“Mas três mulheres com um homem, não é normal”, afirmei.

“Mara, o que é normal hoje em dia, sobretudo aqui na nossa empresa?”, ela terminou e se foi.

Fiquei pensando no sobretudo que ela pronunciou.

Por que você está tão calada?, perguntou meu amigo, acho que eu ficara hipnotizada com a lembrança. Nada, com essa sugestão sua, lembrei uma história de alguns anos atrás. De tanto insistir, contei a história. Sabe que já aconteceu comigo?, veio ele com o contraponto, sério, foi numa escola, eu tentava ser professor, também era estagiário, e no ensino médio; o professor me apresentou à turma, com toda a seriedade, este é o nosso estagiário, vai ajudar a tirar as dúvidas de vocês e vez ou outra vai dar algumas aulas; fomos assim por um semestre; perto do final do estágio, duas delas me convidaram para uma festa; aceitei, mas não era bem uma festa, havia cinco ou seis delas que queriam trepar comigo, sério, cinco ou seis, fizeram até fila, apenas pedi que eu trepasse sozinho com cada uma enquanto as outras esperariam do lado de fora do quarto, mas fiz uma exigência inusitada, que me deixava excitado e capaz de me dar fôlego para transar com todas; que ficassem nuas, em fila, na porta do quarto; quando saísse uma, a seguinte deveria entrar, e eu precisava ver todas nuas e em fila, repeti; elas se mostraram obedientes, assim como eram na escola, e tudo terminou muito bem; uma boa lembrança que não esqueço. Como você quer então transar comigo por mensagens de celular, algo tão comportado diante de uma história dessas?, eu estava curiosa. Ora, essa experiência, a de trepar por mensagens de celular, eu nunca tive; ah, outra coisa, você tem de dizer que está inteiramente nua, seu único artefato será o telefone, ok?

domingo, novembro 03, 2019

Você dá pra todo mundo

Ele fala que eu dou pra todo mundo, mas não é verdade. De um tempo pra cá ando mais levada, ardida, é verdade, mas sei me segurar. O problema é que o tempo passa rápido e a gente quer aproveitar o que há de melhor. Outro dia mudou um homem pra aqui perto de casa, fica me olhando com cara de convite, sorrisinho sonso, olhos embotados na minha bunda. Ainda não me aproximei, mas já sei o que vou fazer. Certa vez namorei um vizinho. Não sei se foi boa coisa, o homem grudou, queria me comer dia sim e o outro também. No começo, foi bom, mas com o passar do tempo não dava, não sei viver com um homem o tempo todo no meu pé. Para me livrar dele, arranjei um coroa duas ruas adiante, um velho sempre a me cantar, a querer mesmo pagar pra trepar comigo. Era ótima a trepada com o tal vizinho, com o coroa um pouco menos, embora cheio de romantismos. O vizinho descobriu e se afastou. O coroa me adora, até hoje me engambela, basta eu aparecer por lá. Foi ele que, muito delicadamente, disse por outras palavras você dá pra todo mundo, isso não é bom. Volto ao homem que mudou pra aqui ao lado. Tem corpão, um metro e noventa. E eu com apenas um sessenta. Será que morde? Deu uma piscadinha hoje quando atravessei a rua. Esses homens são bons para descobrir meus segredos De repente numa conversa de bar alguém pronuncia Lucinda. Pra quem mora por perto sou mesmo Lucinda, meu nome de identidade, mas pra lá depois do bairro, pelas bandas de Cavaleiros, sou Nete, a fabulosa. Alguém me chamou assim após tirar meu biquíni. Homens verdadeiros não ficam por aí comentando com quem treparam, vai que amanhã me encontram de novo e querem mais uma. Se silenciosos, aceito. Não sei, não é bom dar pra todo mundo! Lógico que crio pequena dificuldade, vou ter de sair, minha tia tá doente, deixa pra logo mais, quem sabe. Eles esperam. Eu volto e zapt, a mordida no lugar certo. O novo vizinho me viu atravessar de camisão. Adoro uma camisa comprida, dessas que descem até acima dos joelhos. Os homens ficam na dúvida, não sabem se vestido ou camisa, pensam que esqueci o restante da roupa, querem me descobrir nua através do tecido. Alguns conseguem. Tracei o plano pra conquistar o tal vizinho. Fica pra sábado a tentativa. Convidá-lo pra subir, não vai ter graça. Comprei um vestidinho rosa, com um cintinho branco, sandália também branca meio salto. A tal roupinha, justa na cintura, depois cai soltinha, o cinto mostrando meu talhe estreito, tecido quase transparente. Experimentei várias vezes, desfilei dentro do quarto, na sala. Lembrei uma amiga que adora desfilar com as roupas novas, pede a minha opinião, tudo bem justinho ao corpo, um tesão a mulher, pode trepar com quem quiser. Depois tira a roupa e desfila nua, fazendo pose, outro dia me passou o celular pra eu lhe tirar umas fotos. O novo vizinho tem um carrão, acho que ainda não tirei a roupa dentro de um carro daqueles. Vou passar ao lado dele, dar um sorrisinho. Ele vai adivinhar, deve estar toda meladinha. Quem sabe passo antes na casa do coroa, o homem me dá tanto dos presentes que merece me ver de vestidinho novo. Tenho andado tão cheia de tesão, que tal uma esquentadinha. Ele vai pensar Lucinda antes de dar pra todo mundo passa aqui primeiro. E vai sorrir.

domingo, outubro 20, 2019

A gente nem sempre consegue

Estava doidinha pra trepar, era quase meia-noite. Às vezes desconfio dos namorados, quem sabe colocaram alguma coisa na minha bebida, dessas poções afrodisíacas que dão vontade de tirar a roupa antes de chegar a casa. Como estávamos na Tijuca, convidei-o à casa de minhas filhas, onde eu me hospedava durante alguns dias. Tratava-se de um vasto apartamento, um andar inteiro. Quando chegamos havia muita gente, parecia uma festa. A mais velha me beijou e contou que estavam com uma porção de amigos e amigas, logo sairiam a um encontro no Grajaú. Sorri, mas disfarcei, não podia demonstrar que ficara alegre porque eu e o namorado teríamos o apartamento inteiro. Fiquem à vontade, acrescentou, voltariam apenas ao amanhecer. Conversamos, eu e o namorado, enquanto os últimos se despediam e foram saindo, sorridentes, plenos de desejo pela noite que se anunciava. Olhei meu homem e o beijei, também plena de desejo, queria era mesmo tirar a roupa todinha, nuazinha na sala de estar. Que tal uma taça de vinho?, sugeri. Eu mesma peguei duas taças e fui buscar a garrafa. Ele abriu e as encheu. Sentamos lado a lado e começamos a nos acariciar. Após alguns minutos fiquei apenas de calcinha, minhas roupas espalhadas sobre os estofados. Melhor irmos ao quarto, não?, sugeriu. Nada disso, venha atrás de mim. Andei pela sala, saleta, cozinha, área de serviços, quartos, a todos os lugres eu o puxava pelo braço e o beijava na boca. Quando entramos no meu quarto, mexi com os quadris, dei as costas pedindo que me tirasse a calcinha. Obedeceu, depois tirou a calça, seu pênis estava duro que só. Sentou na beira da cama, eu fiquei por cima, cavalgando. Como já estava molhada demais, foi fácil a penetração. Já pensou se ainda há alguém na casa?, sussurrou no meu ouvido. Não sei se para me assustar ou para fazer que eu também namorasse com o perigo. Lembrei minhas roupas espalhadas pela casa, não posso trepar sossegada, caso chegue alguém vai se surpreender com roupas de mulher esquecidas sobre o estofado da sala, até mesmo o sutiã! Mas continuei meus movimentos cadenciados, queria mesmo era o prazer. Enfia mais, vai, quero gozar, estou doidinha de vontade. Ele me tomou pelas pernas, me levantou e, devagar, queria prolongar seu gozo. Isso, vai, devagar, enfia esse peru duro dentro da minha boceta. Eu gemia, sempre quero bem fundo. O prazer era muito.

Foi então que lembrei, não sei bem o motivo, do verão em que tive um namorado no litoral paulista. Hospedávamos numa pousada, numa das ilhas, em São Vicente, à noite saímos e pegávamos emprestado um barco a remo, eu cismava de ir nua, amarrávamos o barco do outro lado, numa ilhota onde não habitava viva alma. Ele me comia. A trepada durava toda a eternidade, jamais experimentei trepadas tão longas.

Vamos trepar mais, sim, disse após o primeiro orgasmo, mas espere, interrompi o cavalgamento, tenho de juntar minhas roupas que ficaram na sala, nem sabemos se ainda há alguém no apartamento. Dei as costas, corri do quarto, nua, à cata das roupas. Quando acabo de juntar todas as peças e viro de frente dou com um homem de quase dois metros de altura, vestido com um blazer lindo. O tal me olhou interessado, interessado e desconfiado. Ah, que bom, quero dizer, que susto você me deu! Ele riu. Venha comigo, falei intempestiva. Nem sabia de onde o homem saíra e eu já o puxava pelo braço. Explico tudo, sei que me conhece, sou mãe da dona da casa. Tranquei o banheiro, eu e o homem dentro. Sentei na borda da banheira, uma perna para dentro outra para fora, olhei o homem vestido. Até ali ele não dissera palavra. Estou à espera, minha a voz. Pouco a pouco, refeito da surpresa, tirou a roupa. Quem seria? Alguém que desistira da festa, ou o namorado de alguma das moças? Arrepiei de susto ao pensar que poderia ser o homem de alguma de minhas filhas. Não, nada de pensamentos negativos. Quem sabe um segurança?, isso, o guardião do prédio, ou do apartamento. Os tempos são perigosos. Ao reparar o tamanho do pênis, segurei-o e trouxe imediatamente à boca. Alguns minutos de delírio, para nós dois. Não importa quem seja você, quero que meta este peru dentro de mim, o mais fundo possível. Troquei de lugar com ele. A senhora não está acompanhada?, ouvi-o dizer. Senhora? Não era hora para respostas. Ele sentou na borda da banheira e foi a minha vez de ir por cima. Controlava os movimentos, subia e descia numa cadência quase melódica. Depois de alguns minutos, alguém bateu à porta. Congelamo-nos. Você está bem, amor?, a voz do namorado, viera a minha procura. Estou ótima, espere lá no quarto, por favor, pedi e sorri para aquele que tinha o pênis dentro de mim. Continuamos, mais abrasados pelo risco. Eu queria gozar o máximo possível, prolongar o orgasmo que tivera momentos antes, com o namorado. Por favor, não goza dentro, não, deixe-me perder a cabeça sozinha. A senhora fala bonito (senhora, de novo), vou tentar cumprir o pedido, mas, a madame há de compreender, nem sempre a gente consegue.

segunda-feira, outubro 07, 2019

Espera pelo bombom

Gosto de ir a lugares onde ninguém me conhece. Posso, então, fazer das minhas, depois vou embora e não apareço mais. Na sexta-feira passada fui a uma praia a duas cidades de onde moro. Preparei-me, juntei minhas coisas num bolsa grande e tomei o ônibus. Uma hora e meia de viagem. Saltei num ponto a duas quadras do lugar onde pretendia ficar. Ao pisar a areia, reparei que havia poucas pessoas. Uma mulher brincava com uma criança, dois homens conversavam de pé, voltados para o mar, uma senhora estava deitada sobre uma toalha vermelha. Pousei num local sossegado, a uns cem metros daqueles frequentadores matinais. Armei o guarda-sol, estendi uma toalha azul, sentei e olhei o mar. Estava calmo. O sol ia firme. Meu coração batia mais rápido do que o ir e vir das ondas, uma excitação me tomava o corpo e espírito, queria saber o que me esperava. Às vezes queremos muito e nada acontece; outras, nada desejamos, mas é aí que tudo se desencadeia. Respirei fundo. Procurei não desejar nada mais do que o mar imenso à minha frente, o sol e a frescura do dia. Quando vou à praia na minha cidade, meu comportamento é outro, mantenho certa discrição, mesmo a roupa de banho é outra, um maiô ou um biquíni convencional evitam comentários maliciosos entre os fuxiqueiros locais. Mas numa praia distante, posso me vestir do modo bem à vontade, por isso o biquíni mínimo, de lacinhos, que me dá muito prazer em vesti-lo e mais ainda em tirá-lo!

Mês passado fui a uma praia mais ao sul, acabei nua num camping car! Verdade. Desfilei na areia de um lado a outro até que encontrei um senhor gordo, de um bronzeado lindíssimo, parecia capitão de um iate. Conversa vai, conversa vem à beira d’água, no bar de um pequeno restaurante, a caminho do tal camping onde queria me apresentar ao seu carro-casa. Você gosta de cerveja?, acho que não, deve apreciar uma bebida mais elegante, sugeriu. Champanha, soprei-lhe no ouvido. Um arrepio. Bebemos duas garrafas, eu doidinha para descer o biquíni.

O biquíni da vez, o de lacinhos, procurava um par de mãos para tocá-lo. Sério. Imaginem. Quem seria o felizardo a encontrar uma mulher nua, plena de desejo numa manhã de sol, sozinha numa praia quase deserta? Deitei e esperei. Mulheres bonitas sempre atraem alguém, nada de preocupação. Telégrafo sem fio, ou ondas de telefone, nem sei. Disfarcei a ligeira barriguinha, alguns quando a descobrem dizem que é o meu charme. Isso mesmo, tenho de escondê-la. Há homens que dizem que é sexy minha barriguinha. Já não sou jovem, daí a dificuldade de manter um corpo de modelo. Mas não decepciono. Estava tranquila, olhos cerrados, nas nuvens, quando observo uma sombra passar em direção à beira d’água. Um homem bonito, corpo de guarda-vidas. Ao vê-lo, tento reparar se o conheço. Outro dia apareceu um lá da cidade, não sei o que fazia na praia distante, escolhida por mim, tive de fugir, quem sabe digo sou irmã gêmea da Nete. Mas não ia colar. O tal, naquele momento, molhou os pés e ameaçou um mergulho. Eu o apreciava pelas costas. Como deve ser sua conversa, será alguém com algo mais? O algo mais me deu certo arrepio. Deixe-me a menos, menos uma tirinha de pano!, quero o pênis mais grosso. Melhor unir o útil ao agradável: a conversa de quem aparenta desejar não mais que a natureza, uma boa companhia e um pênis ereto. Oi, a senhora não mora na rua C, no Visconde, em M?, lógico que tal pergunta na boca de um homem que por acaso recém conheço acontecerá apenas no final, quando eu estiver preste a partir. Ou mesmo, nada de perguntas. O silêncio, na maioria das vezes, abre todas as portas, chave à próxima vez. Mas aquele ali, bem a minha frente, voltado ao horizonte, não conheço. Fico à espreita. Respiro o ar fresco com cobiça e gozo; sento e espalho o protetor solar sobre a pele. Minha irmã é igualzinha a mim, excito-me com tais pensamentos, é liberada, não tem vergonha de nada. E você?, ele pergunta. Ah, quanto a mim, adivinha, tento me fazer vexada, mas meu biquíni desmente, não fale pra ela que me conhece, viu, tem mania de roubar todos os meus namorados, mesmo que não agradem. Gargalhada. Mas ela não sabe fazer uma coisa que faço; não, não pense besteira, sabe o que é?, sei fazer bombom, falo sério, uma delícia. Bombom?, repete um tanto incrédulo, veste sunga preta, é moreno, cabelos pretos penteados para trás. Isso mesmo, senta aí e espera um pouquinho, eu trouxe alguns, sempre carrego dois ou três comigo, as pessoas gostam. Depois de alguns minutos, ambos em silêncio, levanto-me e convido-o, vamos entrar, a água está quente. O homem vem atrás, percebo sua respiração às minhas costas. Dez a quinze minutos depois, abraçados dentro d’água, seu peru, bem duro, roça meu biquininho. O bombom, espera pelo bombom, sopro-lhe ao ouvido. Os lacinhos tão frágeis, cordõezinhos de tesão. Quando a gente desembrulha, o bombom, é sobre o bombom que falo, faz um som difícil de imitar, ah, é mesmo?, você sabe?, é o som de um beijo, isso, acertou, um beijo que se estende, que estica. Como suas mãos, prata d'água sobre o meu corpo azul, molhado, inteiriço. Homem namorador. No fim do dia havia comido todos os bombons. Também o de lacinhos!

domingo, setembro 22, 2019

Que susto!

Tenho amigas que são loucas, quero dizer, loucas por dinheiro. Uma delas chama-se Jussara, mora em Carapebus, uma cidade do litoral norte. Arranjou um admirador que chegou à cidade faz pouco tempo. O homem adora convidá-la a restaurantes, tanto na cidade como nos arredores. Pouco tempo depois, disse que tinha um desejo estranho, não sabia se ela se aborreceria ou se compreenderia o que lhe iria pedir. Não sairia de graça, acrescentou antes de pedir. Que ela saísse nua de casa e passeasse a seu lado, tanto dentro do automóvel como nas praias do local, não fazia mal que tarde da noite. Jussara examinou a quantia oferecida pelo homem. Já ficara nua de graça para outros namorados. Não pensou duas vezes. Pegou o dinheiro antes, guardou e saiu, sandália de meio salto e bolsa a tiracolo, apenas. O homem delirou. Pena que atualmente ele trabalha em outra cidade, os encontros tornaram-se raros, mas quando aparece, a conta bancária da minha amiga espicha.

Comigo aconteceu, um dia desses, algo parecido. Minha amiga tem o corpo perfeito. Não sei como consegue ter o corpo nas medidas certas numa cidade do interior. Dizem que nesses lugares come-se muito. Ela, porém, mantém a elegância. Quanto a mim, tenho também o corpo perfeito, as mesmas medidas; mas quanto a ser mulher como minha amiga, não posso assegurar. Os homens adoram do jeito que sou. Caso fique nua ao lado dela, tenho certeza de que vão me escolher. Adivinhem o motivo! Mas vamos ao que aconteceu. Conheci também um homem genial, educado, bem vestido, pleno de classe, sabe usar bem as palavras. No entanto, como o tal admirador de minha amiga, tem uns desejos obscuros. Não se pode exigir a perfeição, aprendi desde cedo, acabamos nos contentando com o possível. Ele fez o mesmo pedido que recebeu minha amiga. Onde moro não é uma cidadezinha. Acho que duzentos e tantos mil habitantes. Como posso sair nua?, vou encontrar alguém, veja, tenho algo a mais, caso alguém me veja nua vai ser um escândalo. Calma, disse ele. O que me convenceu mesmo, porém, foi o valor oferecido. Você tem coragem de desperdiçar um dinheiro desses?, cheguei a perguntar. Não é desperdício, é prazer, afirmou. Bem, vamos ver então como podemos fazer, tentei tranquilizá-lo. Não há o que não se ajeite quando o valor é alto, e eu não podia largar a tal proposta.

Na noite marcada, ele veio com o recibo de depósito. O dinheiro grande na minha conta. Entrei no carro, dirigiu através das ruas escuras da cidade, mostrava-me os lugares de sua predileção, como um guia turístico. Noite agradável, céu pleno de estrelas, algumas luzes no centro, a ponte que cruza o rio, a margem dos namorados, as vielas do centro velho. Houve o momento em que ele pediu. Já?, fiz-me assustada. Está na hora, ele. Ao lembrar o valor do depósito, não pude titubear. Abri o vestidinho, desci-o até a cintura, meus seios apareceram nus; afastei o bumbum do banco e acabei de tirar a roupa. Olhou na direção da minha calcinha. Mais do que rápida, tirei-a e entreguei nas mãos deles. Ele a segurou demonstrando prazer. Destravou as portas. Inspirei fundo e saltei. Do lado de fora, sobre o passeio, a realidade é outra. Mesmo passada uma hora da manhã. Ele acelerou e partiu. Meu coração acelerou com ele. Não estou acostumada a tais aventuras, mas o dinheiro falou mais alto. Pus-me a caminho, conforme o combinado. Deveria andar duzentos metros até um carro estacionado na Maria Amélia. Duzentos metros é um longo percurso para quem está nua. Eu vestia apenas a sandália, pedira para não sair descalça, temia ferir os pés. Uma mulher andando nua tem o seu charme, no meu caso é um pouco diferente, mas muita gente acha o mesmo. Demorei alguns minutos para chegar ao ponto combinado, acho que mais do que pensei. Ao ver o veículo, suspirei aliviada. Apertei a maçaneta, estava dura. Apertei de novo. Não abriu. Engoli em seco. Olhei para um lado, para outro. Será que estou no local errado? Mil pensamentos me vieram à cabeça. Tentei de novo. A porta não abriu de jeito algum. Foi então que escutei um barulho de motor e uma freada. Pneus a cantar. O carro parou à frente do que eu tentava abrir a porta. Corri para ele, apertei a maçaneta e entrei. Uma mulher ao volante. Imaginem o resto.

domingo, setembro 08, 2019

Prazer em dobro

É sempre bom ter namorado, alguém com quem a gente possa compartilhar algum sentimento, alguns gostos, alguns passeios, mas hoje não está fácil. Há poucos homens, muitas mulheres, e eles gostam das mais jovens. Eu me esforço para ter o corpo magro, com algumas saliências e volumes, do jeito que eles gostam. Em M, minha cidade, com seus duzentos e tantos mil habitantes há uma disputa e tanto entre as mulheres. Basta surgir alguém no pedaço para disparar uma enorme concorrência. Há aquelas que vestem roupas tão curta, que vão quase nuas. Como já sou experimentada, espero, deixo as coisas acontecerem, o que tiver de ser meu não será de outra. De um tempo para cá descobri uma ação que me deixa a mil, provoca um tremendo frisson. Trata-se de sair pela manhã vestindo um camisão e o biquíni por baixo. Caminho até a praia e me ponho a andar pela orla, bem cedinho. Pode parecer um provérbio batido, mas é verdade que Deus ajuda quem cedo madruga. Tenho amigas que gostam de dormir até tarde. Dormem tanto, que quando acordam tchau, o homem que esperavam já passou. Outras afirmam que muito cedo não passa ninguém, e não vão ficar a ver navios. Digo que os navios, e os barcos de todas as espécies, contêm muitos homens. Elas riem. Uma delas exclamou Deus me livre, sair de casa às seis da manhã!, vou ser assaltada. Mas o que há de me roubar? Posso-lhe oferecer o doce predileto. Mal sabe ela o tamanho do pênis do  ladrão!

Saio às seis, sim, e vou caminhando, caminhando e passeando. Chego à praia e corro de uma ponta a outra. É tão bom estar em forma. No começo dá uma preguicinha, mas depois a gente pega o embalo. Um dia desses aconteceu o tal frisson, a vontade louca de namorar alguém, de abraçar, deixar meu corpo atrelado ao corpo de um homem. Assanhada e sozinha, tive a ideia. Tirei o biquíni e fiquei vestida só de camisão. Não levo bolsa, apenas um plástico com a identidade e uma nota de dez ou de vinte, quem sabe compro um biscoito numa padaria, ou tomo um café quando estiver de volta. Segurei as duas peças enroladinhas nas mãos e encontrei um local para escondê-las, uma parede de pedra, anteparo da subida para a calçada. Andei de um lado a outro, apenas o camisão a roçar-me, namoro novo na falta de homem, eu comigo mesma, bom o tecido de algodão. De modo geral não surge ninguém na praia àquela hora. Às vezes uma pessoa ao longe, lá na calçada, talvez empregado de algum dos restaurantes da orla, que vão abrir mais tarde; às vezes pessoas de idade que vêm andar na calçada por recomendação médica. Outro dia vi uma mulher da minha idade, quando passou por mim observei se a conhecia, mas não era de meu círculo de relações, quem sabe uma professora de educação física, sua roupa revelava a possível profissão. Quanto a homens com intenções de namorar, nem sombra. Acho que todos estão ainda acordando, como me disse a amiga, ou partindo para o trabalho. Ao chegar à ponta da praia dei meia volta e comecei a caminhar para o lado oposto, à outra ponta, onde costumam chamar de Pecado. Quem sabe o nome surgiu por isso, o homem era tão bonito, um pecado não namorá-lo. Voltei na minha marcha, estava lisa, animada, sentindo tesão. Sério, é a palavra certa, tesão. Experimentem caminhar de manhãzinha apenas vestidas de camisão. O roçar das coxas sem o biquíni ajuda a excitar, a gente acaba molhada, e não é pelo banho de mar. Apressei-me, corri um pouquinho, o coração acelerou. Será que vou gozar?, que show, às vezes é tão difícil o orgasmo às mulheres. Quando faltavam duzentos metros para o ponto onde deixara escondido o biquíni, vi um homem. Pela primeira vez um homem olhando o mar àquela hora da manhã. Que bom! O que faço?, não posso ir a ele, ele é que deve vir a mim. Diminuí a marcha, mas não o olhei diretamente. Ao cruzar com ele fiz de conta que olhava à frente, um ponto bem distante. Ao chegar ao Pecado fiz meia volta e dei a entender que retornaria. Reparei, então, que ele desceu um pouco na direção da beira do mar. Estava vestido de bermuda, camisa de mangas e tênis. Veio de tênis à areia da praia. Passei por ele mais uma vez, reparei que me olhava. Meu camisão estampado não deixou revelar o segredo. Que bom, ou que mal? Ao ter o tal desconhecido por perto, senti certo tremor, a falta da roupa de baixo provocou-me mais umidade entre as pernas. Se me descobre nua, o que vou dizer? Ah, mas não é isso que você quer?, encontrar um homem pra dar uma namoradinha. As coisas estavam mesmo a meu favor. Não voltei a cabeça, caminhei mais um pouco, como quisesse continuar o exercício. Quando voltei, no entanto, não mais o vi. Ainda olhei para trás, tentando descobrir se me seguia. Nada. Sumira. Viera do nada e ao nada voltara. Na segunda vez que atingi o Pecado, parei, respirei fundo e olhei o mar. Caminhei à beira d’água e molhei os pés. Estava fria, senti arrepio. Movi as pernas permitindo que as coxas roçassem uma à outra. Lembrei-me do dia quando voltara de uma festa: deitei nua na cama e gozei. Ui, outro arrepio. Juntei as mãos à frente, embaixo do umbigo, fiquei a imaginar o gozo. Foi aí que tive a boa ideia. Olhei um lado, olhei outro, ninguém. Tirei o camisão e corri para dentro d’água. O mergulho, meu namoro com as águas do mar, namoro com meu próprio corpo. O que eu poderia querer melhor? Lógico que o homem, mas na falta dele... As mulheres da cidade não sabem o meu segredo. Quando ia embalada vivendo todo aquele êxtase, o tal homem, esperando-me à beira d'água, numa das mãos o meu camisão!

segunda-feira, agosto 26, 2019

Você não vai ter dúvida nenhuma de me abandonar peladinha!

Você que gosta de me trazer para este seu apartamento, e também sempre adora inventar mais um fetiche, escute, é uma história muito engraçada. Não vou falar de ex-namorados, não; mas de uma situação que vivi com algumas amigas. Um homem bem mais velho nos convidava para festas que ele organizava em seu apartamento. Tudo da melhor qualidade. O local era bonito, com vista para o mar, muito bebida e comida, ainda havia a música. As amigas diziam que o tal senhor era juiz de direito. Ele andava muito bem vestido e vivia a sorrir. Um perfeito anfitrião. Mas fazia uma exigência, sabe qual? Que nós, mulheres, fôssemos com aqueles vestidinhos curtos, colados ao corpo. O homem gostava de nos apreciar quase nuas. Lógico que não falava nada sobre isso, seus empregados eram os encarregados de transmitir as condições para participarmos das festas. O dono da casa ainda fazia mais uma exigência: que as moças fossem maiores de idade, por isso tínhamos de apresentar algum documento. Mas, mesmo assim, acredito que entre aquele mulheril todo havia muitas garotas de dezessete anos. No resto, podíamos nos divertir à vontade. Veja bem, hoje se fala na valorização da mulher, no respeito e igualdade entre os sexos, se protesta quando o corpo feminino é usado de modo sensual na publicidade. Mas, naquele tempo, quase ninguém pensava nisso. Além de nós, que queríamos nos divertir, havia o dono da casa e seus convidados em constante estado de êxtase. Aliás, os convidados eram pessoas tão distintas quanto a ele, adoravam nos ver dançar, olhavam com insistência nossas pernas de fora e não demoravam a vir nos beliscar. Na maioria das vezes, muitas jovens e até mesmo as mulheres maduras nada vestiam sob o fino tecido dos vestidinhos. Algumas tiravam a calcinha e guardavam na bolsa. Uma delas (não posso precisar-lhe a idade) dizia ter sido namorada do nosso anfitrião, e que ele fora muito generoso, garantindo-lhe presentes caros e até mesmo dinheiro. Ele dava ordens ao motorista para levá-la de automóvel a um hotel de luxo onde ela devia aguardá-lo. A única exigência era que vestisse roupa bem curta. Segundo ela, o juiz tinha lá as suas manias. Não é que o homem fosse tarado, mas ela nunca conseguiu voltar para casa de calcinha. Ele sempre a roubava. Qual deve ser a pena para um juiz que rouba a calcinha da namorada?, perguntava ela sarcástica. Contou que certa vez tirou toda a roupa dentro do carro e chegou nua ao apartamento. Mas o homem a repreendeu, mostrou-se furioso, queria ele mesmo despi-la. Para contentá-lo, pois ela lhe conhecia bem os costumes, sugeriu que após o sexo ele a levasse nua no automóvel e a obrigasse a saltar numa das praias da orla. E se você for estuprada?, ele perguntou. Se isso acontecer, depois conto a você, ela respondeu; ainda acrescentou, caso a polícia me prenda por estar nua, jamais mencionarei o seu nome. E assim fizeram. Mas na hora agá, ele não teve coragem de abandoná-la nua. Voltando às festas que o tal homem oferecia, jamais houve algum agravante. Às vezes, uma das meninas terminava a festa como veio ao mundo. Mas todos viam o episódio com muita naturalidade, e tudo acabava tornando-se motivo de alegria.u

Agora, fale com sinceridade, se você quer me deixar de novo sem a calcinha, como o tal magistrado fazia com a namorada, tudo bem, mas me levar nua a uma das praias não sei, já conheço você, não vai ter dúvida nenhuma em me abandonar peladinha! Mas vamos primeiro trepar, e tem de ser uma trepada muito boa, quero sentir você bem fundo dentro de mim, depois prometo pensar no assunto.

segunda-feira, agosto 12, 2019

Sem o vestidinho, nem pensar

Fui querer bancar a gostosa e acabei me dando mal. Pedi pra ele me ligar mas não atendi o telefone. Por causa disso, o bonitão não quis mais saber de mim. Depois de duas semanas resolvi procurá-lo. Ao perceber minha voz, não deu margem à conversa, ainda por cima me passou um tremendo sabão. Engraçada a expressão? Isso mesmo, me ensaboou inteirinha, da cabeça aos pés. Ainda tentei falar alguma coisa, mas o sabão fazia tanta espuma... Depois de desligar, comecei a pensar como poderia reconquistá-lo. Levei dois dias imaginando um plano. Por isso comprei o vestidinho. De malha. Fica grudadinho ao corpo. E bem curto. Fui pelada atrás do homem. Como sei os lugares que frequenta, apareci de repente. Não tenho vergonha de contar (aliás, vergonha?, a vergonha vem daqui a pouco), todos me olharam, todos – tenho certeza – acharam meu vestidinho um escândalo. Mas quem eu queria nem levantou a cabeça. Fiquei a ver navios. Furiosa, o que faria dali em diante? É claro, todas vão concordar comigo, arranjaria outro namorado. Só que não devia ser ali, naquela hora, não é mesmo? Quando estamos com raiva, não é bom agir de imediato. Mas como eu ia seguir este sensato conselho? Só me lembrava de uma amiga que diz um novo namorado faz que a gente esqueça o antigo. Naquele bar e com o tal vestidinho, tudo contava contra mim. O antigo namorado continuava na mesa, acompanhado de uma mulher, uma loura magríssima. Ela me viu, tenho certeza. Os outros homens me invadiam com olhares maldosos. As mulheres, talvez, pensaram que eu fosse mais uma com quem teriam de concorrer. Mas não tinham o escândalo de um vestidinho tão curto. Os candidatos que eu via pela frente diziam, quem sabe pra si ou pra quem estivesse ao lado, olhem lá a maior piranha do mundo. Eu, em vez de ir embora, ainda permaneci no bar. Uma cerveja, garçom. Logo se aproximou um homem, disse querer ficar comigo. Também pudera, uma mulher sozinha bebendo uma cerveja, e nua! O tal homem não teve a menor sutileza. Para afrontar o antigo namorado e a loura magríssima, porém, aceitei e passei boa parte do tempo beijando-o na boca. Ele não tinha conversa alguma, sua proposta era sairmos dali o mais rápido possível para ele me comer. Duas horas depois me levou no seu carro, nem prestei atenção ao caminho que tomou. Se for um doente mental, não tenho como escapar, cheguei a pensar. O homem, cujo nome não lembro, me levou prum hotel vagabundo, desses do centro velho. Tivemos de subir uma escada de madeira que ressoava nossos passos. Trepei com ele durante duas horas. No final, pedi por favor, você me leva em casa? Perguntou onde moro. Falei o lugar. O quê?, é muito longe, não tenho gasolina. Como vou fazer?, falei baixo, logo amanhece, e o problema não é esperar o ônibus, o problema é o vestidinho. E eu estava também sem sutiã. Escândalo total. Saímos do hotel, o homem desapareceu. Bem, tenho de me virar. Naquele momento eu não odiava apenas o meu antigo namorado, odiava todos os homens do mundo. Então, aconteceu. Parou um automóvel, o vidro da janela desceu. Uma mulher loura, magríssima. Você quer entrar?, perguntou. Tinha eu outra saída? Seu vestidinho é tão bonitinho, acrescentou depois de eu estar sentada no banco do carona. Imaginem daqui em diante. Digo só mais uma coisa. Se com o vestidinho já era pouco, sem ele nem pensar.

terça-feira, julho 30, 2019

Plásticos

Pego o metrô na estação Largo do Machado e sigo para a Ipanema. Em meio ao burburinho da viagem às onze e trinta da manhã reparo um grupo de jovens de língua inglesa, provavelmente americanos em viagem pelo Brasil. Nosso país é muito conveniente ao turista do hemisfério norte nos meses de julho e agosto. São as grandes férias em seus países, aqui o inverno é quente, pode-se andar de bermuda, frequentar a praia, viver o tempo quente quase como fazem em suas cidades durante o verão. Além disso, o preço em reais é baixo para quem está acostumado a pagar em dólar ou em euro. Os jovens descem em Botafogo, ponto final, descemos todos, quem continuará deve esperar o próximo trem. Fico apreciando os rapazes estrangeiros; um, dentre eles, veste um conjuntinho de bermuda e camisa feitas do mesmo tecido estampado, como usamos quando somos crianças, acho divertida sua roupa, certamente feita pela mãe ou por uma avó desejosas de boas férias de verão ao filho ou ao neto. Os outros vestem roupas comuns de verão, bermudas, camisetas, tênis ou sandálias abertas, mas o tal do conjuntinho é um rapaz divertido, não se preocupa se é extravagante para uma época em que as pessoas são contidas. Chegam próximos à parede onde pende o mapa da região, põem-se a consultá-lo. Uma jovem brasileira aproxima-se e pergunta em inglês se eles querem alguma informação. Um deles diz algo e ela dá as coordenadas. Quando encosta a próxima composição, entramos todos, eles também, seguimos viagem.

Salto na estação General Osório. Os jovens, não mais os vejo, não sei se saíram uma estação antes da minha ou se continuam dentro de outro vagão, mas a imagem do rapaz de conjuntinho me fica na cabeça. Mais tarde contarei o caso a alguns amigos, que rirão, acharão engraçada a minha observação.

Sigo a Visconde de Pirajá em direção à Bulhões de Carvalho, logo chego ao meu destino. O porteiro aperta o comando, a porta se abre, entro, cumprimento-o e tomo o elevador.

Já dentro do apartamento, no quinto andar, tiro a calça comprida e fico apenas de bata curtinha. Chego à janela, afasto um pouquinho a cortina e olho o prédio de frente, reparo a rua e as pessoas que passam lá embaixo. Faz sol mas a temperatura é fresca. Sinto ligeiro arrepio.

Sou professora de filosofia numa escola do estado, saí mais cedo e estou na casa do namorado. Ele deixa a chave comigo. Posso ficar o tempo que desejar, posso mesmo morar, mas prefiro manter meu apartamento em Botafogo.

Ando pela casa, sento no sofá e como um bombom que trouxe na bolsa. Cruzo as pernas, recosto-me, relaxo o corpo e fecho os olhos, escuto ao longe os sons do meio dia. Penso no namorado. Que boa a relação, sem cobranças, sem problemas, muita leitura, cumplicidade e poucas palavras. Ficarei algumas horas, aproveitarei para estudar, depois vou descer para comer alguma, talvez voltar para casa. Não sei se ele virá cedo, também não perguntei nem perguntaria. Escuto, surpresa, a campainha. Vou olhar. É a diarista do apartamento do outro lado do corredor. Ela está de biquíni!

Bom dia, desculpa o mau jeito, mas você tem um saco plástico pra me emprestar?

É negra como eu, mas seu tom de pele é mais escuro, magra e vistosa, o cabelo para cima, amarrado com um laço. Sorrio. Ela entende.

Você deve estar achando engraçado eu trabalhar de biquíni, não é isso?

Fiz que sim com a cabeça.

Trabalho sozinha, a patroa deixa a chave na portaria e um papel com as ordens do dia, quase não vejo ela, daí fico à vontade. Ah, uma coisa, não fala pro zelador, o cara vive de olho em mim.

Fiz que não com a cabeça. Mal o conheço. Entro e volto com o saco plástico que ela espera.

Obrigada, essa agora de ser proibido o plástico, não sei como jogar o lixo, pisca o olho e se vai, reparo o bumbum, o biquíni todo entrado atrás. Ainda volta-se e diz tem dia que vou à praia depois do serviço, a gente tem que aproveitar, não é mesmo?, não é sempre que isso acontece.

Despeço-me e, fecho a porta, volto ao estofado, sento-me e recosto. Interessante a felicidade das pessoas: a nudez, a praia, o zelador a repará-la.

Bonita a tua calcinha! Onde você comprou, ela perguntaria caso eu tivesse afastado mais a porta. Antes de entrar, já em frente ao apartamento onde trabalha, ainda diria tentando não elevar a voz cuidado com o zelador, o homem canta todas as mulheres.

segunda-feira, julho 15, 2019

Caixa de bombons

Sentei na poltrona, cruzei as pernas, e comecei a abrir a caixa de chocolates. Retirei o papel celofane e o coloquei sobre a mesa, levantei o cartão e tirei um dos bombons, envolvido numa embalagem colorida. Desenrolei o papel e mordi o primeiro pedaço. Seria longa a marcha, eu tinha de comer todos os bombons, e eram doze! Apostara que conseguiria. Mas faria tudo com muita calma, mastigaria devagar, sensual, lambendo os lábios. Antônio olhava-me, sentado no sofá em frente.

A brincadeira começara dias antes quando me enviara uma mensagem: “Vou visitar você e levar uma caixa de bombons, porto ainda outro presente, este dentro de um envelope, você já deve saber do que se trata. Quanto aos chocolates, você deverá comer todos que estarão na caixa, um após o outro, enquanto a aprecio olhando o movimento de sua boca e os músculos de sua garganta, marcas do seu gosto pelo doce e da ingestão do agrado. Peço mais uma coisinha, quero você nua no momento de comer os bombons!”

Seu texto não me surpreendeu. Aquele ex-namorado sempre fizera propostas extravagantes. Continuava o mesmo. Eu, de um tempo para cá, diminuíra meu jeito de amar, por isso sua sugestão, a princípio, desagradou-me. Senti-me vulgar diante de tal proposta. Já não sou aquela Eliane de outros tempos, falara a ele fazia alguns dias. Não respondi de pronto a tal mensagem. Jamais é boa uma resposta imediata. Esperei as primeiras vinte e quatro horas. Foi então que lembrei, em sua cidade há uma marca de chocolate que adoro. Qual a marca dos chocolates?, perguntei e esperei. Não ia tirar a roupa em troca de bombons de supermercado. Não demorou a resposta. Kopenhaggen, escreveu econômico. Vou pensar, disfarcei. Mas é lógico que já decidira. Caso não conseguisse comer todos, seria eu o bombom para ele. Era o combinado. Eu queria os presentes, quanto a trepar, sempre achei que não é bom voltar a ex-namorados.

Desembalei o segundo bombom, comi em quatro mordidinhas; depois o terceiro; o quarto; antes do quinto, respirei fundo; mordi o sexto. Posso descansar um pouquinho? pedi depois de engolir o último pedacinho? Balancei-me na poltrona, os bicos dos seios durinhos. Cinco minutos, concordou, está enjoada? Nada disso, pelo contrário, adorando. Descruzei as pernas, permaneci com elas juntas durante alguns segundos, depois cruzei-as de novo, agora a esquerda sobre a direita. Desembalei o sétimo e o engoli após duas mordidas. Depois, o oitavo. Que tal uma pequena dose de licor?, perguntou, ajuda a descer. Sim, o licor! Bebi e comi mais dois, fiz uma encenação, voltas e voltas no segurar e no desenrolar da embalagem, nas mordidas pequenas, na mastigação, até o chocolate mergulhar nas minhas entranhas, massa marrom a me excitar. Ui, um arrepio. Faltavam outros dois. Olhou a caixa: falta pouco!, exclamou. Temia que eu desistisse. Lembrei-me de um antigo namorado que me abraçou e arrancou minha calcinha enquanto eu mastigava um bombom. Vou pegar alguns quilos, disse quando mastigava o décimo primeiro. Pra você é fácil perdê-los, basta correr na praia três manhãs seguidas, afirmou zeloso. Quando mordi o último, aconteceu. Uma vontade louca de trepar. Acho que foi o licor, esperto este ex. Enquanto mastigava, descruzei as pernas e mantive-as juntas. Quer ver uma coisa?, perguntei com cara de safadinha, cheia de fogo, venha aqui. Acho que você colocou alguma coisa nos bombons! Afastei as coxas devagar e descobri uma parte da poltrona, enquanto engolia o pedacinho final do último bombom. O que foi?, pareceu surpreso. Venha, veja, e toque aqui. Mas não aperte minha barriga, viu, por favor. Foi ele quem confirmou: você está molhadinha! Ponha teu peru pra fora, vai, acho que vou perder a cabeça; ganhei a aposta, mas perco a cabeça, não estou conseguindo me conter; vem, enfia em mim, enfia, quero ele inteirinho, deixa eu te chupar primeiro, tá?... Gostoso?, hum, peru sabor chocolate!, agora vem, mete. Sentou no sofá, eu me coloquei por cima. Estou louquinha; ui, isso, assim, assim, ui, ui, vou gozar, eu gozo rápido, viu, mas quero gozar mais vezes, gozar muito, isso, enfia bem fundo, esporra dentro, vai, goza, esporra bem forte, bem forte; ai, ai, ui. acho que vou gritar, Gritar, berrar, berrar de gozo!

segunda-feira, julho 01, 2019

Sem precisar me tocar!

Outro dia me aconteceu algo engraçado, ou melhor, algo muito prazeroso. Tirei toda a roupa e deitei nua no canapé, que fica na sala de minha casa. A princípio relaxei e fechei os olhos; após alguns minutos, mexi um pouco as coxas. Comecei, então, a pressentir que iria gozar. É difícil uma mulher gozar sozinha, ainda mais sem se tocar. Permaneci deitadinha, sentindo meu próprio corpo. O  motivo foi a lembrança de três ex-namorados, ou três homens com quem saí algumas vezes. O primeiro não era muito alto, mas tinha um peru enorme. Era mesmo desproporcional. Acho que não querendo me assustar, veio vagaroso, carinhoso, sua língua trabalhou primeiro. Fez algo que adoro, deu uma mordidinha no meu grelo, depois colocou-o inteirinho dentro da sua boca. Gozei, de primeira. Mais tarde, veio com o pênis, eu já molhadinha. Que tesão! O segundo namorado era um negro. Tenho amigas que adoram trepar com homens negros. Sério. Dizem que são muito quentes, que demoram a gozar, que se preocupam com o prazer da mulher. É verdade. Escalou meu corpo, com cuidado, não queria me magoar. Seu pênis procurou por conta própria minha boceta, parecia guiado por controle remoto! Mexeu à esquerda, depois à direita, afagou-me debaixo para cima, encontrou-me. Já emanava meus eflúvios, entrou sem muito esforço, uma gostosura. O terceiro deles tinha um metro e noventa e oito de altura. Sério, me disse logo que expressei minha surpresa com o seu tamanho. Não chego a um e sessenta, exclamei, será que vai dar certo? Progrediu devagar. Estou surpresa, os homens nesses últimos tempos têm pensado mais nas mulheres. Acalmou-me. O que fez para tanto? contou-me uma história.

Carregava-me no colo numa madrugada, num acampamento. Todos dormiam, mais de três da madrugada, só nós dois dividindo aventuras. O campo era próximo a uma lagoa e eu cismara tomar banho na lagoa, nua. Aceitou a proposta. Também tinha de ir nu. Riu muito. Caminhamos de mãos dadas, em determinado momento escondemo-nos entre as árvores. Foi engraçado, o homem alto nu, com o peru dependurado, imaginei o susto caso alguém nos surpreendesse. Chegamos às águas plácidas. Entre devagar, não vamos fazer barulho, pediu. Eu, doidinha, minha fantasia, tomar banho nua num lago. Será que você quer apenas tomar banho?, olhou e sorriu. Não vou contar como tudo terminou, imaginem o melhor possível, a história era dele, lembrem-se disso. Mas acho que olhos estrangeiros nos admiraram de longe, quem sabe de outro casal que escondia a nudez. Na volta, enquanto nos esgueirávamos entre as primeiras barracas, esbarrei com um bustiê dependurado numa haste. Tive vontade de tomá-lo para mim, mas fiquei só na vontade. Outra coisa, depois que gozo, se estou ao ar livre, morro de vergonha dos meus seios nus.

Tal história, ao mesmo tempo que me acalmou, despertou meu desejo. Já não receei o um metro e noventa e oito de homem..

A sensação foi crescendo, crescendo, vinha lá de dentro. Eu deitada no canapé, as lembranças me ascendendo, tocando fogo entre minhas pernas. Passaram-se alguns segundos, fiquei então molhadinha, plena de gozo, nuuma enorme euforia. Peguei meu telefone e fiz três fotos. A primeira, das pernas para cima aparecendo minha boceta banhada pela umidade de todo aquele prazer; a segunda só a boceta no enquadramento; a terceira pegou meu corpo quase inteiro, deixando de fora apenas parte do rosto, em destaque meus seios. Como estava ainda envolvida pelo gozo, enviei as três fotografias a um ex-namorado, nenhum dos três citados acima. Sei que ainda gosta de mim. “Guarda só pra você, eu gozando sozinha”, escrevi. Lógico que não contei como cheguei a todo aquele gozo. Dias depois ele me telefonou, disse que adorou o presente. Perguntou se eu me masturbei.

“Não, gozei com meu próprio corpo.”

“Que bom você conseguir gozar sozinha, quase nenhuma mulher consegue.”

"Pois é."

No meio da conversa chegou a dizer que eu não mais precisaria arranjar namorado, porque sabia me satisfazer sozinha, e sem me tocar, algo excepcional.

“Não vamos exagerar”, interpelei, “vez ou outra é bom ter alguém.”

No final, acrescentou: “quando você gozar de novo, me fala, vou adorar, se puder, manda outra foto.”

A vida de uma mulher é um pouquinho complicada, principalmente, quando já não é jovem e quer homem para namorar, apenas. Mas, confesso, o gozo que senti foi tão intenso, que me deixou lá em cima. Na verdade, já não preciso sair peladinha correndo atrás dos homens. Eu mesma vou me namorar, vou gozar. E sem precisar me tocar!

terça-feira, junho 18, 2019

No banco do carona

Adoro andar com os seios à mostra, principalmente quando estou sozinha em casa. Outro dia me lembrei de um acontecimento engraçado. Certa vez apareci na janela e um homem estava no portão, eu era a nua, mas foi ele quem ficou envergonhado. Coloquei uma camiseta e fui ver o que era. Uma encomenda. Agradeci, assinei o recibo e me despedi. Voltei para dentro de casa e retirei a camiseta. Cidade de interior é fogo, não há muito o que fazer, daí a gente procura prazer nas pequenas coisas, como andar nua dentro de casa! Por falar em interior, não se pode dizer que não há bons restaurantes. Inauguraram um outro dia, o dono é estrangeiro e veio para cá com umas ideias extravagantes. Espalhou enormes quadros, todos da França, inclusive um da Torre Eiffel. Fui jantar uma noite dessas, com Marília, que adorou o local, pretende ser frequentadora assídua, sobretudo após ter conhecido le patron, como dizem na França. Ele veio até a nosso mesa, cumprimentou-nos dizendo que se sentia honrado com a presença de mulheres tão elegantes. Marília cruzou as pernas, a direita sobre a esquerda, e o vestido subiu um pouquinho deixando-lhe um pedaço de coxas de fora. Não adianta, disse eu após ele se ter afastado, donos de restaurantes não são muito de mulheres. Nada disso, rebateu, os franceses são machos, mesmo com seus restaurantes cheios de mimo. Bebemos e comemos, os pratos não são plenos como os brasileiros, mas verdadeiras obras de arte. Será que não sentem fome na França?, arriscou minha amiga. Quem sabe, há diversas formas de fome, talvez de sexo, sorri. Minha amiga começou a saborear o prato e disse quero comer le patron!, parecia mesmo plena de tesão, a cor do seus lábios, sua maneira de morder os alimentos e sua virada de olhos revelavam. Calma, Marília, precipitei-me, hoje é nossa primeira vez, há tempo para tudo. Ponderou sobre a Tânia, quando descobrir este lugar vai ser um inferno, não vai sair daqui enquanto não tiver o homem no seu quarto. É verdade, tive de concordar, mas será que um homem tão requintado vai com a Tânia? Não sei, acho que sim, os homens não são muito diferentes, e ela é muito artificiosa. Artificiosa, repeti, engraçada a palavra, não pensei nisso. Você sabe que ela é artificiosa, sim, tem mil trejeitos para conquistar qualquer um.  Suspirei, ele, em pessoa, o proprietário, veio completar nossas taças de vinho. Marília mudou as pernas de posição, ele sorriu, não pelo deslocamento das pernas de minha amiga, mas ao reparar a bebida rubra a invadir nossos lábios, nossa boca, a descer por nosso interior e, acho, por nos deixar mais excitadas. Marília quase deu um grito, estava em êxtase. Lembra do norueguês? Norueguês?, repeti. Sim, o norueguês que esteve aqui no último verão, pegou a gente com um carro alugado e nos levou pra Búzios, a praia mais deserta do lugar. Ah, claro, lembro, não tínhamos levado nossos biquínis, continuei, era noite, ele nos queria tomando banho de mar!, um banho sob os raios da lua dos trópicos, como dizia, nos duas nuas, em meio às espumas da praia, e estava fria a água. Isso mesmo, fechou os olhos Marília enquanto engolia mais um pedacinho de camarão, a água fria me deu um tesão incrível, aliás, não sei por que água fria me dá tanto tesão, quem sabe le patron leve a gente passear, assim como o norueguês, um sonho. Calma, Marília, tudo tem seu tempo, pelo que observo não será difícil, vamos bolar um plano. Vamos, mas nada de as artes dentro do automóvel, lembra? Claro, você acha que eu ia me esquecer, o norueguês gozou três vezes, duas trepando conosco, a terceira ao sentarmos peladinhas ao seu lado no banco do carona!

O jantar, a conversa com Marília, a possibilidade de sairmos com o francês (ele nos deixou seu cartão), ai, tudo me deu intenso arrepio. Logo que entrei em casa, me despi, me lavei e fui deitar. Os seios sempre de fora.

terça-feira, junho 04, 2019

Você é muito gostosa, Lucinda

Contei ao namorado que escrevo contos eróticos. Mostrei-lhe o conto chamado Lucinda. Não disse que a história aconteceu comigo, mas com uma amiga. Ele, após ler com calma, perguntou se Luquesi passou creme apenas na vagina ou se também lambuzou o bumbum de Lucinda. Ah, aí é que está a questão principal, falei afoita. Mas logo retomei o ritmo pausado, não queria demonstrar nenhum entusiasmo. Passou creme na mulher por inteiro, acabei por lhe revelar, isto significa que também lhe lambuzou o bumbum. Daí ela tem razão em dizer que ficou muito ardida, completou não sem um ligeiro sorriso. Lembrei-me de minha amiga Márcia e do que me contou certa vez. Tão engraçado.

Márcia era metida a namorar todos os homens. Certa vez encontrou um para quem trabalhara. Costumava chegar pertinho, tocava no seu braço, alisava, fazia uma cara de desejo e depois corria dele, como se não fosse nada disso. Um dia acabou aceitando o convite. Encontraram-se no centro da cidade. Ao telefone, quando marcaram, ela disse, comprei um macaquinho lindo, caiu tão bem. A roupa era mesmo linda, ressaltava o corpo sensual de Márcia. O colega imaginou-a com as pernas grossas de fora. Mas no quarto de hotel é que a coisa pegou fogo. Ela foi ao banheiro, tomou um banho, vestiu a calcinha e o top e enrolou-se na toalha. Voltou ao quarto e deitou-se. O homem a abraçou. Agiu por partes. Primeiro soltou-lhe a toalha, depois o top e, enfim, a calcinha. Márcia nua na cama, nas mãos do homem. Quando se agarravam, ela falou, você gosta de ouvir histórias de sacanagem? Lógico que sim. Ela, então, começou a falar uma porção de bobagens no ouvido do homem. Num momento disse, você bota no meu cu?, adoro dar o cu. O homem não titubeou. Como estava difícil para entrar, ela pediu, coloca na frente primeiro, já estou molhadinha, depois vai ser mais fácil enfiar atrás. Fizeram como ela sugeriu. Ao virar de costas, ela reparou o tamanho do pênis do homem. Chegou a tremer. Mas não demonstrou. Ele enfiou até o fim. Ela passou a dizer, ui, que gostoso, nunca senti um peru tão grande. Quando gozou, berrou tanto de prazer que até assustou o homem. Não para, por favor, não para, estou adorando, deixa dentro a tarde inteira.

Eu disse ao namorado que com Lucinda aconteceu algo semelhante. Só que o homem lhe encerou as nádegas de tal forma que tudo deslizava incrivelmente, até encaixou o pênis de um jeito que não soltava de modo algum, quando ele fazia o movimento para fora parecia que lhe iria arrancar as pregas. Acho que a pasta secou quando o peru do homem ia bem fundo, falei. Não é possível, rebateu o namorado. Como não?, você já viveu a experiência?, acrescentei. Ele sorriu, bem, com um homem acontecem muitas coisas. Tem mais uma coisa, adiantei-me, Lucinda era virgem no bumbum. Jura? Jurar não juro, mas foi o que me contou, por isso ficou tão ardida.

Abracei o homem e abri-lhe a camisa. Não passou muito tempo fiquei nua, inteirinha. Fica de costas um pouco, pediu. Tudo bem, eu disse. Lembrei de novo Márcia, na primeira vez foi horrível, jurei que não deixaria mais ninguém enfiar atrás, mas depois de dois ou três namorados tudo ficou apenas nas palavras. Você é muito gostosa, Lucinda. A voz do namorado no meu ouvido.

terça-feira, maio 21, 2019

História de cabides

Olá, Rosa, como vai, tudo bem? Que bom falar com você. Vou bem. Estou escrevendo, sim. Sei, as pessoas estão acostumadas com muito texto, toda semana uma história, mas a vida de uma escritora é assim mesmo, nem sempre vai no mesmo ritmo. Às vezes dizem por que você não escreve um romance, desses bem extensos, quatrocentas páginas? Olhe, que engraçado, dizem até a quantidade de páginas!, como se fossem o editor e suas exigências de mercado. Aliás, os editores do nosso país não gostam de livros longos, a tal realidade cultural do país. Mas as pessoas desejam que a gente faça o que elas gostariam, tem muita gente que adora minhas histórias, então perguntam por que não escrevo o longo romance, com todos os ingredientes de que gostam, uma torta de morango, e que faça muito sucesso. É muito engraçado, certa vez, no lançamento de um de meus livros, muitos leitores queriam me contar uma pequena história, alguns faziam um rápido resumo e diziam, antes de me beijarem, olhe, não deixe de falar disso, vai ser um grande sucesso. Ah, sim, mas já passei dessa fase. Você sabe que escrevo por prazer. Não me cobro, não, está bom assim, as pessoas gostam do que escrevo, é uma espécie de escrita pequena, subversiva. Já pensou se me torno muito famosa? Aonde irei, aquele monte de jornalistas atrás, tanto mais se tratando dos assuntos meus. Está bom assim, não digo que já não quis escrever uma literatura maior, participar de círculos de debates nas universidades. Mas isso tudo é um grande aborrecimento. Professores universitários fazem pesquisas acadêmicas, não me dou muito bem com isso, sou espontânea e gosto de me divertir. Sim, acho que na vida privada eles leem minhas histórias. Não faz mal que este tipo de literatura não se torne arte maior, como os críticos literários afirmam, mas não ligo pra isso, não. Olhe, tenho uma história ótima, pra você que é minha amiga, vou mandar por e-mail, ok?, mas não mostra pra ninguém, espere sair primeiro. Sou louca?, sei, é porque distribuo histórias antes de serem publicadas. É só pra você, viu, que é minha amiga, minha leitora favorita. Está tudo bem, não? Vou, sim, está marcado, vamos ao teatro e depois àquele restaurante, sei, conversamos melhor. É mesmo?, a Sônia?, ela é fogo viu, não deixa passar ninguém, quem sabe até escrevo uma história sobre suas façanhas. Tudo bem, você me conta. Beijos, amiga, muitos beijos.

Oi, Rosa, conforme prometi, eis a história. Guarde, por favor, bem guardadinha, e aproveite, você vai gostar.

Histórias de cabides. Vejam se cabides podem servir de motivo para um conto. Mas foi muito engraçado. O namorado abriu a porta do apartamento e me deixou passar na frente. Não repare, por favor, sabe como é, homem que mora sozinho. Entrei, sorrindo como sempre, e perdoando-lhe alguma possível desordem. O que mais gostei foram alguns livros de poesia que encontrei sobre uma espécie de mesa de centro, eram poemas de Eucanaã Ferraz. Que ótimo, adoro os poemas dele. O namorado sorriu. Ele não sabia, até então, dos meus dotes para a poesia. Fique à vontade, disse e foi até à cozinha. Tenho umas comidinhas muito gostosas, você vai adorar. O namorado sempre solícito. Voltou com uns salgadinhos de forno, uma garrafa de suco, outra de água, tenho também cerveja e vinho, disse. Ótimo, falei. Saboreamos os salgados, os biscoitinhos, uma pasta com rodelinhas de pão francês, depois o vinho. Conversamos amenidades. Jamais se devem puxar assuntos sérios ou difíceis com um namorado, tudo deve seguir com leveza, o corpo de uma modelo, como se a vida fosse uma grande esteira de prazeres. O céu, olhe, como estão lindas, quantas as estrelas, ar fresco, falei. Um abraço romântico, nossos hálitos, corpos quentes, beijos e mais beijos. O vinho descendo na garrafa, alguns salgados desaparecendo, penetrando nossas bocas, o prazer do paladar. Como a vida é boa, simples, e acabamos querendo tantas coisas complicadas. James Joyce e Saul Bellow escreveram livros muito difíceis, plenos de angústia, acho que o passar do tempo, a solidão, o desejo reprimido, a premência da morte. A mão do namorado encostou às minhas coxas nuas, a saia curta convidava. O vinho tinha escrito a introdução. A vida fluía natural, era um rio, que não encontrava obstáculos. Aliás, outro dia li não sei onde, é possível se banhar duas vezes no mesmo rio sim; basta que ele seja lento e que tenhamos uma bicicleta veloz. Não sei por que lembrei a história do cabide. Minha amiga Tânia arranjou um namorado, de primeira ela aceitou o convite para ir à casa dele. Louca, a Tânia. Louca e feliz. Trajava um vestidinho branco, tinha renda e forro, bem passado, estava armadinho, não consigo imaginá-la que não vestida de bailarina. Sentou no sofazinho da saleta do namorado, era um apartamento pequeno, jeitosinho, um estúdio na verdade. O homem veio sorrateiro, sentou ao lado. Lembrou então que tinha na geladeira uma garrafa de champanhe. Ah, a champanhe!, afirmou minha amiga. Depois que ele abriu tudo correu bem, como o creme nas mãos de uma boa massoterapeuta. Minha amiga se soltou, imaginem. Uma delícia esse champanha. Por conta própria, avançou através da porta da pequena saleta. Oh, o quarto, que bom, a cama imensa. Deitou-se, inocente, chamou o homem pelo nome. Ele não demonstrou surpresa, apenas perguntou a roupa?, você vai ficar toda amarrotada. Você tem um cabide?, Tânia nua, nos braços do homem, o tal creme, mas já não o da massoterapeuta.

Meu namorado ficou a me admirar. Em que eu estava pensando? Quando éramos adolescentes perguntávamos ao namorado, caso o silêncio fosse longo, em que você está pensando? Outra coisa que acontecia naquela época era a dificuldade de se desligar o telefone quando nos despedíamos. Desligue você primeiro. Não, desligue você. Não, da outra vez fui eu quem desliguei, é a sua vez. O tempo passava acompanhando, curioso, nossa falta de assunto.

Depois de mais um beijo, bem quente, devastador, procurei minha taça de vinho sobre a mesa e tomei mais um gole. Posei-a a seguir sobre a mesa e sorri. Arrumei meus cabelos. Você gosta de sacanagem, não?, ri depois da minha pergunta. O namorado também sorriu. Pega então um cabide pra mim, vai.

terça-feira, maio 07, 2019

Ele fez o leme

Eu passava pela porta do prédio dele e via seus olhos a me acompanharem. Quem manda usar saia curta, tudo de fora?, eu me perguntava. Ele acha que estou querendo trepar, só pode ser. Aliás, todos os homens pensam que a gente está morrendo de tesão, que quer trepar, não há outro modo de refletir. Houve um que me pediu pra tirar uma foto, ele o fotógrafo, e eu a fotografada. Nua! Não, por favor, nada de fotos; mas acabei deixando o homem enquadrar meu grelo. Apenas o grelo, viu, ninguém precisa saber que é o meu. Quando vi na tela do computador, que coisa horrível! não sei como você pode admirar isso. Levou meu grelo no telefone, todo satisfeito. Será que contou ao admirador que me olha quando passo em frente ao tal prédio? É muito ruim ser falada, cair na boca dos homens como se fosse uma vagabunda. Disse ao meu fotógrafo não conta pra ninguém, você vai ter tudo que quiser. O homem vibrou. Tudo? Sim, tudo. Ele é calado, e ficou maravilhado com a foto, mais com a foto do que comigo.

Fui à praia no dia seguinte, uma camiseta sobre o biquíni, a bolsa a tiracolo e uma sandália de borracha. Dizem que o acaso não existe, mas encontrei na praia um homem que não via fazia tempos. E o lugar em que o conheci nada tinha a ver com o mar e as areias. Foi uma carona que aceitei há algum tempo. O cara me levou pra casa, melhor dizendo, pra perto de casa. Na pracinha do Alto, estacionou e pediu que eu ficasse um pouco, vamos conversar. Todos os homens têm muitas histórias, mesmo que não sejam bons leitores, mesmo que jamais tenham lido sequer um livro. Contou de suas idas e vindas por aquele caminho, se eu conhecia o fulano, a fulana, o beltrano, a beltrana. A cada nome de mulher eu sentia um arrepio. Mais uma que ele comeu! Quem sabe eu viraria assunto, história para enriquecer sua antologia. Essa bermudinha tua é bonita, ele disse. Olhei pra minha bermuda, uma bermuda preta, bem colante, sem atrativo algum, conclusão, no lugar da bermuda, minhas pernas, era o que ele admirava. É, falei, são boas sim. Ele sorriu. Passei minhas mãos sobre a bermuda, desci ambas até os joelhos. Bem, tenho de ir, sabe, não posso me atrasar, qualquer dia desses a gente se encontra. Lembrei-me então da Adalgisa. Virgem, que nome, mas minha amiga é bonita e tanto, diz que se chama Alda. Certa vez cavalgou sobre o homem, até aí nada de mais. Mas dentro de um automóvel, numa rua escura, ela de sainha sem calcinha. A própria me contou. Disse que sentiu um medo terrível, mas o desejo era maior. Tem de ser de camisinha, viu? O porta-luvas do automóvel estava cheio, pode escolher ele disse. Pode escolher, ele me disse. Pra que fui abrir o porta-luvas? Mania minha de apertar botões. O troço saltou na minha direção. O que eu ia fazer com tanta camisinha, e eu só de bermudinha...

A praia estava boa, calor, aquela quentura que dá no ventre, sei lá, sente-se um arrepio magnífico. O homem que me dera a carona a me olhar. Caramba, faz dois ou três anos, quem sabe quatro. Difícil esquecer essas coisas. Dentro d’água o bronzeador não sai não, é do bom, assegurou. Não tinha o porta-luvas; mas as camisinhas, sim. Como você pode ter camisinha no bolso de uma bermuda, dentro d’água, na Prainha. Bem, dá-se um jeito, nada de cavalgar, acho que nado cachorrinho. Ele fez o leme.

segunda-feira, abril 22, 2019

A garota da farmácia

Eu e Isabela éramos amigas fazia tempo. Saíamos juntas, frequentávamos cafés, bares, restaurantes e festas. Vez ou outra ela dormia no meu apartamento. Uma vez eu estava nua, acabara de tomar banho, enxugava-me. Ela, então, começou a apertar meus seios com ambas as mãos, como se a ação fosse a coisa mais natural do mundo. No começo pensei em protestar, afastar suas mãos, mas os toques eram tão delicados que senti uma ponta de tesão, cheguei mesmo a afastar um pouquinho as coxas, como se esperasse o pênis de um homem. Ela continuou a me pressionar, deslocando os dedos alguns centímetros, ora para cima, ora para baixo, ora à esquerda, ora à direita. Olhei a sala antes de fechar os olhos, vi a revista que Isabela lia minutos antes sobre a poltrona, em cima da mesinha de centro, que era um largo quadrado de madeira onde havia alguns livros. Ela diminuiu a pressão, achei que iria encerrar a sessão, emiti um gemido, ela entendeu e continuou. Depois de alguns segundos soltou uma das mãos, enquanto a outra se mantinha sobre meu seio direito. A mão solta desceu escorregando sobre meu ventre e só parou quando atingiu a altura da vagina. Nunca sentira tanta maciez. Continuou a me acariciar, de repente procurou meu grelo. Encontrou-o saliente. Acabei deixando na ponta de seus dedos a umidade de todo o gozo que sentia naquele momento. Quando foi a vez de Isabela tirar a roupa e ficar nua a minha frente, não consegui ter o seu mesmo desempenho. Não faz mal, ela disse, há pessoas que são feitas para dar; outras, para receber.

No dia seguinte fui à farmácia comprar lubrificante. Isabela adora cremes e óleos, tanto mais quando os espalho sobre todo o seu corpo com mãos cada vez mais ágeis. Descobrimos que, assim, ela goza, e como. Aprendi a dar, apesar de, segundo ela, ter sido dotada para receber. A funcionária da farmácia, ao reparar que eu estava perdida em meio a tantos produtos, perguntou se me podia ser útil. Claro, procuro lubrificante. Não chegou a rir, pois manteve o profissionalismo, mas percebi que minhas palavras produziram algum efeito sobre sua pele. Entregou-me o produto, indicou-me a caixa e, acho, engoliu em seco.

O corpo de Isabela deslizava sob minhas mãos, ela deitada sobre o tapete da sala. Aproveitávamos uma toalha antiga, para não deixar que o óleo manchasse o próprio tapete, o estofado, o chão, enfim, tínhamos cuidado de não deixar rastros daquele nosso recente amor em toda a sala. Nossa relação sexual úmida e escorregadia atingia as raias da alegria. Ela pressionava-me os seios, eu abria as pernas, meu grelo úmido, meu gozo; depois, a vez dela, o corpo untado, minhas mãos a usurpá-la, seu gozo.

Até que surgiu um homem. Acho que teria sido melhor se eu contasse por que comprava lubrificante à funcionária da farmácia. Quem sabe ela viria encontrar comigo e com Isabela, assim, seríamos felizes.

Mas um homem é um homem e a gente não consegue dividir números primos, a não ser por um ou por ele mesmo. A funcionária da farmácia junto a mim e a minha amiga não constituiria também um número primo? Não sei, mulher é desdobrável, multiplicável. Quanto a mim e à Isabela, éramos heterossexuais, descobrimos quase ao acaso nossa homossexualidade, ou melhor, o amor que sentíamos uma pela outra. Pouco a pouco comecei a esquecer os homens, às vezes me lembrava de sentir o pênis de um namorado ocasional a me penetrar, mas eram lembranças que tinham a tendência de se perder no tempo. Isabela penetrava-me da mesma forma que um homem, eu gozava como junto a um homem. Mas minha namorada trouxe um homem, e um homem é um homem. Disse que era um velho amigo, que frequentava a casa dela, saíam juntos, trocavam confidências. Contou a ele nossa relação, relatou como tudo começou, descreveu nossas preferências. Confesso que achei aquilo um tanto doentio. Aconteceu, então, de um dia, ela começar a me acariciar na frente dele. No começo, fez de conta que nada de surpreendente acontecia, mas quis que ele nos visse trepar. Não, por favor, não é justo, protestei. O amor é justo, e podemos namorar assim que sentimos vontade, como agora, retorquiu. Vamos para o quarto, pedimos licença ao nosso amigo, sugeri. Dentro do quarto, porém, não foi a mesma coisa, estávamos acostumadas a namorar a sós, sobre o tapete da sala, a toalha ajudando-nos a não derramar o óleo, os móveis a nos espreitar silenciosos. Léo ficará em silêncio, será como a poltrona, o estofado, ou a mesa de centro.

Ela voltou à sala. Seu amigo lia uma revista. Disse qualquer coisa a ele. Chamou-me, pediu que, assim como ela, viesse nua. Eu gostava muito dela, por isso acatei o pedido. Apareci na sala, em pele e sem saber onde posar as mãos. Léo fez de conta que não me viu. Sentei-me no estofado e esperei por Isabela.

Depois do gestual de sempre, ela esperava que eu ficasse excitada, mas isso não aconteceu. Tanto mais tentava, tanto mais eu esfriava. Estava travada, eis a palavra certa. Com um gesto de cabeça, fez que o amigo se aproximasse. Isabela desceu a calça dele e tirou seu pênis. Olhei aquilo ainda assustada, sem ter o que dizer. Por que alguém que dizia gostar tanto de mim segurava com tanto ardor o pênis de um homem? Trouxe o homem para junto de si, segurando seu sexo enfiou-o na própria vagina, em pé, com uma das pernas flexionada sobre a mesinha. Transaram ali mesmo. Ela fechava os olhos, quase transtornada, e dizia daqui a pouco será a tua vez, a tua vez, espere um pouquinho, e se mexia alucinadamente. Após dois ou três minutos, interromperam abruptamente os movimentos, minha amiga afastou-se. Pude reparar que Léo gozara, a boceta de Isabela babava toda a porra que ele despejara dentro dela. Não suportei ver aquilo. Não por causa do ato sexual em si, mas por constatar que uma mulher que eu amava tanto não me correspondia em seus sentimentos. Corri dali e me tranquei no quarto. Como estava em meu apartamento, não tinha satisfações a dar.

Isabela foi embora junto com seu amigo. Tentou falar comigo algumas vezes, deixou recados. Não respondi a nenhum nem a procurei mais. Para me sentir mais segura, troquei a fechadura da porta do apartamento. Voltei à vida de antes de conhecê-la. Desde então não tive mais relacionamentos.

Aliás, outro dia fui à farmácia, comprei lubrificante e sorri para a funcionária que já me conhecia.

domingo, abril 14, 2019

Fogo

É quase um consenso a afirmação de que os homens têm mais desejo sexual do que as mulheres. Uma amiga dá a justificativa: isso acontece porque o sexo dos homens é para fora e o das mulheres para dentro. Não entro na polêmica, no entanto, caso as mulheres queiram desejar mais, ou melhor, ampliar o ardor sexual, tenho uma solução simples e fácil. O fogo. Isso mesmo, a chama de um isqueiro ou de um palito de fósforo. Aquela que quiser praticar, basta tirar a roupa, abrir um pouco as pernas, acender e aproximar a chama. Chama no sentido lato, denotativo, nada de metáforas nessa hora. Mas é preciso ter cuidado, não vá se queimar, não é preciso aproximá-la demais. O fogo aquece e não demora a despertar o fogo interior. Pronto, você parte para o sexo, a mil por hora, esquecida da tal tese de que o sexo feminino é para dentro. Você vai gozar mais e mais. Tente uma vez, duas, três, logo sentirá a diferença. Achegue-se ao namorado e deixe o resto com ele.


A amiga ainda contou-me a respeito das travestis.

“Elas são muito ardorosas porque são homens por fora e mulheres por dentro, por isso o desejo máximo, o sexo para fora, o gozo quase constante.”

“Credo!”, respondi atônita.

“Verdade.”

E narrou a história de uma conhecida, amada pelos homens, desejada por todos por causa da beleza e dor ardor. Usa a saia ou o vestido curtinhos, tudo quase de fora. Houve um namorado que a queria sem a calcinha.

“Cruzes, para uma travesti, sem a calcinha, é o caos”, cheguei a falar.

"Nada disso", ela continuou, "a tal tinha um jeitinho, só que precisava ir ao toalete de tempos em tempos, ao contrário..."

Minha amiga adotou a técnica do aquecimento, isto é, a técnica do fogo, que eu lhe ensinei.

“Muito obrigada”, veio-me agradecer, “até pareço a minha amiga travesti, nunca fui tão quente, estou deixando os homens loucos.”

Sua história vai além. Teve certo namorado que a queria nua. Aliás, eles sempre nos querem nuas. Mas o tal a desejava sem as roupas em público! Ele chegou, mesmo sem saber, a falar como o namorado da travesti:

“Sempre se tem um jeitinho.”

E ela foi nua. Primeiro uma saia muito curta; no dia seguinte, o vestidinho. Mas ela nunca falou para ele sobre a técnica do fogo. Cada vez que ele lhe comprava a roupa mais curta da boutique, menos ela precisava de aquecimento. Até que um dia, saiu totalmente nua.

“Fiquei gelada dentro do carro do homem, sem noção, achei que morreria, que aconteceria algo pavoroso comigo. Então, pedi a ele você me dá licença um instantinho? Você está nua, aonde vai fora do carro?, ele, preocupado. Não vou longe, respondi. Saí e me abaixei na lateral da porta traseira, abri a bolsa e procurei o isqueiro. Acendi, aproximei a chama, chegou a chamuscar meus poucos pelos. Ah, que alívio, voltei com todo o desejo do mundo, agarrei o homem, nada de frio no estômago, fiz o sexo mais gostoso da minha vida!"

domingo, abril 07, 2019

Não sabia que era tão bom

Adoro ir à praia, e vou quase nua, um biquíni fio dental preto, daqueles que deixa tudo de fora. Os homens querem me comer de primeira, basta olharem a minha bunda já se imaginam me penetrando, o pênis duro, grosso, avançando, amoldando-se aos músculos de minhas entranhas. Falo sério. É lógico que gosto de namorar, de trepar, de fazer um amor bem gostoso, mas amo ser admirada, imaginada nua na mente de todos os homens. Hoje estou debaixo deste guarda-sol, finjo que não vejo homem algum, meus olhos fechados deixam dúvida se cochilo ou se me deixo levar por ligeiro enlevo. Na praia não é bom arranjar namorado, no máximo um paquera, porque namorado atrapalha, amanhã tenho de ir a outra praia, caso volte ele fica na minha cola. É bom que eles me vejam como uma mulher livre, alvo dos homens mais lindos, mas que continua livre, cujo objetivo é o mar e o sol, já bastante para se apreciar. O sol provoca frisson, é só deixar esquentar a pele que a gente sente uns tremores, o prólogo de um orgasmo. Mas observo os homens, sim, mesmo sem olhá-los direto. Conto um segredo. Saí outro dia com um deles. Não os daqui da praia, mas alguém que conheci em outras circunstâncias. O homem me levou para um hotel, no centro, um prédio de dez andares, pediu o apartamento mais alto. Não sabia do meu jeito de amar. Deixei o tal a mil por hora. Além de conhecer muitas posições, sou escorregadia, encostam o peru e já vai entrando, também sopro histórias de sacanagem no ouvido deles. O homem não aguentou, falei algo que fez a porra dele ir ao teto. Já tínhamos virado para um lado, para outro, cruzados, papai mamãe, carrossel, eu lubrificada que só. Disse você quer botar no meu cu? Imaginem, eu com essa bunda imensa, que se destaca no fio dental, perguntando se quer botar no meu cu. Isso mesmo, as palavras certas, botar no cu. Agachei-me, como se evacua nessas banheiras turcas, que há nos navios da marinha de guerra. Se eu conheço algum navio do tipo? Bem, aí já é outra história. Agachei-me e pedi que deitasse, seu peru bem rígido a acercar-me. Vem, mete, você vai adorar, eu disse, você nunca me viu de fio dental na praia, sabe que a praia toda me quer nua, os homens todos sonham com o meu cu, você é o privilegiado! Aqui, aproveito para fazer um parêntese; esse modo de excitar namorado partiu de minha amiga Márcia, ela é magra que só e vive cercada de homens; estávamos na casa dela, conversávamos sobre banalidades enquanto ela cuidava das próprias unhas; surgiu o assunto sobre namorados, ela contou que saiu com um homem muito alto, quase dois metros, depois de conversarem acabaram na cama da casa dela; veja que loucura, trouxe o homem pra cá, tudo o que não se deve fazer; namoramos um pouco e quando ele veio pra cima de mim falei você gosta de fantasia?, então escute, no meio do relato acabei sugerindo quer botar no meu cu, quer?, você imagina, o homem de quase dois metros, o peru comprido, eu de costas pra ele com meu corpinho de modelo, um metro e sessenta e cinco. Fecho aqui o parêntese de minha amiga Márcia e sua saia justa. Fiquei na ponta dos pés, sobre a cama. Quando começou a vir, deu uma esguichada louca, o sêmen, como falei, lá no teto. Ah, isso não fica assim, não, continuei, você vai ter de vir, ainda não gozei, não vou sair daqui de mãos abanando, pense que vou embora nua da praia, você guarda meu fio dental dentro da tua sunga. O peru do homem levantou e, a partir daquele momento, não me perdoou, coloque na frente mais uma vez, pedi, quero uma trepada bem funda. Ele conseguiu? Sim, mas quis depois (não escapei, esses homens não entendem nada de literatura) comer meu cu. Para ver se ele brochava e desistia, ainda falei, rindo, vou cagar no teu peru. O homem animou-se mais.

Voltando à praia, o fio dental bem lá dentro, todos esses homens a me olhar. Estou latejando. Onde? Adivinhem! Não sabia que era tão bom.

sexta-feira, março 22, 2019

Salve o vestidinho!

Não sabia que na minha idade sentiria tanto tesão. Mas a história do rapaz (vamos chamá-lo assim), de trazer um vestido curtinho de presente para mim acabou... Bem, saberão a seu tempo, e aqui ele nem é longo.

“Não tenho mais idade pra sair assim”, assustei-me ao ver a roupa.

“Tem corpo, e quando se tem corpo a idade não importa.”

Experimentei o presentinho.

“Você quer me levar pra passear com essa roupa?, vai ser um escândalo, tanto mais nesse lugar aqui”, ressaltei.

“Vamos de madrugada, ninguém vai ver você”, assegurou.

Lembrei-me de um ex-namorado, fazia uns vinte anos. Sério. Vinte anos é muito tempo. Mas o que há de se fazer? O tempo passa pra todo mundo. Era aniversário dele e eu quis fazer uma surpresa. Fui esperá-lo com um vestidinho daquele tipo, curtíssimo, e o melhor, sem nada por baixo. Ele veio me apanhar. Entrei no carro e saímos. Fiz uma mis en scène danada, me remexia no banco, esticava vez ou outra o tecido, como se não quisesse mostrar as coxas. No final da noite, depois da bebida e do restaurante, agarramo-nos dentro do carro. Descobriu então que eu só trazia o vestidinho sobre o corpo. Era demorado pra descobrir as coisas aquele namorado. Acabou por dizer poxa, logo hoje que eu queria roubar tua calcinha. Não faz mal, respondi de pronto, roube o meu vestido. Ele ficou excitadíssimo com a proposta. No final, não titubeei, deixei o vestidinho nas mãos dele e saí nua do carro, apenas a bolsa e a sandália. Procurei a chave, abri a porta e entrei. E eu nem morava sozinha.

Voltando a história do presente. Vesti-o, experimentei.

“Cai como uma luva?”, eta rapaz que adora lugares comuns.

Esperamos a hora passar, vimos um filme na TV. Perto da madrugada, saímos, como ele havia sugerido.

Um céu cheio de estrelas, que cintilavam como eu jamais vira, ou jamais reparara, não havia lua, mas tudo muito bonito. Com a roupa curta, rejuvenesci. Será que salto do carro?, pensei. Ele dirigiu pra orla. Descemos a serra e, no banco do carona, meu vestidinho subia.

“Não quero namorar dentro do carro, não tenho mais idade pra isso”, alertei.

“Não se preocupe”, tranquilizou-me.

Jantamos num hotel. Uma suíte com jantar. Depois de comermos e bebermos, desfilei pra ele com o vestidinho. Mas ele quis que eu também desfilasse sem a roupa. Não me fiz de rogada. Com alguns disfarces, desfilei. No final, tive de desfilar mesmo nua! Ele adorou. E eu também. Pensei que já não tivesse tanto tesão, tanto desejo. Num determinado momento, pediu que eu sentasse nua, na poltrona, de pernas cruzadas. Ficou durante muito tempo a me apreciar. “Você é muito bonita, muito gostosa.”

Descruzei as pernas e o convidei mais uma vez para vir trepar comigo. Fizemos a festa até o amanhecer. Depois dormimos. Um sono justo. Lá pelas onze da manhã foi que lembrei que não tinha outra roupa além do vestidinho pra voltar pra casa. Vai dar o que falar.

Entramos no carro e subimos a serra. Fomos encontrando as pessoas pelo caminho, cumprimentando um, acenando pra outro. Houve um homem que pediu carona.

“Não pare, por favor, finja que não viu.”

Mas ele não quis ser deselegante. O homem entrou pela porta de trás, cumprimentou e, no final, agradeceu.

“Bom dia, dona Nete, disse quando desceu.”

Eu não tinha onde enfiar a cabeça.

“Não se preocupe”, falou o namorado, ele não notou.

Quando cheguei à minha casa, havia algumas pessoas nas proximidades.

“Vamos esperar um pouco”, pedi.

Ele ainda ficou a passar as mãos sobre as minhas pernas, por baixo do vestido.

“Ai, vou querer trepar de novo”, cheguei a dizer e sorrir.

Pedi a ele que saltasse, abrisse a porta da minha casa. Ele obedeceu. Quando vi que ninguém estava a me vigiar, corri e entrei, puxei-o atrás de mim.

Namoramos mais uma vez, dentro da minha casa.

“Falem os outros o que quiserem, mais vale o meu prazer”, eu nua nos seus braços.

“Salve o vestidinho!”, não pude negar.

segunda-feira, março 11, 2019

Numa praia em Portugal

Tenho um desses chapéus de sol, grande, bonito, o maior charme quando vou com ele à praia. Outro dia o namorado, ou melhor, o homem com quem estou saindo, me propôs uma fantasia. Pediu que eu vestisse o biquíni e o chapéu, dentro de casa. Aceitei a brincadeira. Fui ao meu quarto e o vesti, depois voltei, escorregadia, à sala de estar. Comecei a fazer, então, algumas poses. Dei uma requebrada com a cintura, segurei o chapéu na altura dos seios, como se eles estivessem nus e eu os escondesse. Depois, desci um pouquinho, ultrapassei o umbigo e cobri a parte onde estava o biquíni. O homem adorou. Após alguns minutos, virei de costas, desfiz o laço do sutiã e, quando dei a meia volta, apareci com o chapéu agora cobrindo os seios verdadeiramente nus. Mais uma vez me coloquei de costas, mexi as cadeiras como se acompanhasse uma música africana,  a seguir, fingindo fazer de conta, desfiz os lacinhos do biquíni, eu de bunda de fora para o namorado. Atrás dele, a janela, lá longe um prédio alto e o céu. Viro de frente? Sim. Cubro os seios o a boceta? Demorei muito para decidir, senti tremendo frisson, ele beijava o meu bumbum! Nada disso, ainda estamos na fase da fantasia, protestei, volte à poltrona. Obedeceu. Nua, de costas, o chapéu à frente, virei e cobri os seios. Não sei por que temos vexo dos seios nus, não da xereca, sabe-se lá o motivo. Mais algumas poses e acabei arremessando o chapéu na direção dele. Acaricie, estava juntinho a mim, ao meu corpo, sussurrei com volúpia. Ele tomou-o nas mãos com delicadeza, fez carinho, deu mesmo alguns beijos. Agora espere que vou contar uma história. Continuava em pé, mais uma requebrada de cintura, as mãos vagando no espaço, o auditório cheio. Eu nua!

Certa vez foi muito engraçado. Adoro praia, vocês sabem. Houve uma época em que as mulheres faziam topless, isto é, tiravam a parte de cima do biquíni, é lógico que queriam mostrar os seios. Era um sucesso. Num sábado de sol, eu estava em Copacabana, ali perto do final da praia, quase posto seis. Tirei o bustiê e me cobri como chapéu. Um tremendo charme, eu recostada na cadeira de armar com as abas do chapéu cobrindo meus dois seios. Isso atraía olhares, tanto de homens como de mulheres. Lógico que os machos sentiam desejo por mim, queriam me comer inteirinha; as mulheres, bem, sobre as mulheres eu percebia que algumas sentiam inveja, queriam também mostrar os peitos mas não tinham coragem, enquanto outras, acho, tinham uma crise de boa moral, ou certa indignação porque me achavam uma fulaninha sem vergonha. Na verdade, eu não tinha vergonha alguma, elas tinham razão!, podiam me chamar de sem-vergonha! Mas naquele dia, um homem musculoso aproximou-se. Assustei-me num primeiro momento, tentei, porém, disfarçar. A senhorita, por favor, podia vestir o sutiã, quase uma ordem. Quis perguntar por quê, mas preferi não discutir. Não adiantaria expor minhas razões, talvez tivesse crianças na barraca ao lado, seria um moralista ou, quem sabe, policial. Depois, no entanto, descobri o motivo. Visto, sim, concordei, mas não aqui, você segue em frente, vou atrás. Peguei a bolsa com a mão esquerda e o acompanhei, sempre o chapéu a me cobrir os seios. Dali a uns trinta metros, virou-se para mim. Ofereci-lhe, então, o chapéu. Compreendeu meu desejo. Segurou-o junto aos meus seios enquanto eu vestia o top. Continuei sorridente como nunca e jamais perguntaria o motivo de sua abordagem. Mais tarde, confessou-me a manobra: queria ver os meus seios nus e o chapéu estava atrapalhando. Conseguiu olhando por sobre uma das abas, no momento em que eu me vestia. Acabei rindo da situação. Não posso dizer o que houve depois, mas vocês podem imaginar, ninguém é inocentes.

A plateia aplaude. Não sei se a mulher nua que não sabe onde colocar as mãos ou a sua história.

O homem continuava sobre a poltrona, olhando-me. Depois que acabei a historieta, quis vir na minha direção. Não, nada disso, espere, tenho outra, por sinal muito engraçada, aconteceu com uma amiga. Sabe, as histórias meio acidentadas não acontecem com a gente, mas sempre com alguma amiga. Ela saiu com uns garotos. Tinha trinta e cinco anos, os garotos dezesseis ou dezessete. Eram três ou quatro. Quem manda sair com criança, digo, mas ela não me escuta. Foram todos à praia, e sabiam que era desinibida, atirada. Ficaram agarrados a ela um bom tempo, às vezes dois a dois, outras um de cada vez. Ela achou aquilo tudo muito interessante. Até que um pediu que ela tirasse o top. Como a praia não tinham muita frequência àquela época do ano, concordou (acho mesmo que fosse verão a pino, tiraria, conheço-a muito bem). Eles se alegraram ainda mais. Continuaram o jogo. Pediram que fechasse os olhos e contasse até vinte. Brincadeira de criança, ela. Sim, brincadeira de criança, acertou. Quando levantou as pálpebras, onde os garotos? Minha amiga nua na praia, nenhum deles à sua volta. Moço, por favor, me ajude, pediu a alguém. Adivinha o que aconteceu depois, ela e o moço que a ajudou?

Agora, sem plateia, a história só pra você, com o corpo.

Abrace-me. Nua e sem chapéu! Hoje, les histoires sont terminées. Por que gosto de dizer, às vezes, o pronome depois do verbo? Sabe, isto se chama ênclise. Porque já fiquei nua também numa praia em Portugal!