sábado, abril 22, 2006

O presente

Vinha de Belo Horizonte dirigindo pela BR 040 em direção ao pequeno povoado conhecido como Macacos, onde moro atualmente. Anoitecia. De repente senti intenso desejo de me masturbar. Como estou acostumada a me satisfazer dessa maneira, parei o carro numa estrada lateral, estrada improvisada e de terra, situada logo após ao acostamento. Assim me manteria escondida.

Levantei o vestido e comecei a tocar, com a ponta dos dedos de uma das mãos, as próprias coxas. Ia pouco a pouco subindo em direção ao clitóris. Enquanto me apalpava, desejava, ao mesmo tempo, acariciar com a outra mão um dos seios, algo que deixa a maioria das mulheres muito excitada. Mas o vestido justo me apertava. Achei melhor então despir-me por completo. Livrei-me dele rápida e o arremessei sobre o banco traseiro. Continuei a me acariciar, só que inteiramente nua.

Quando beirava o orgasmo, surpreendeu-me, na janela do carona, a fisionomia de um garoto. Devia ter uns quatorze ou quinze anos. Um tanto tímido ao ver que eu o descobrira, ameaçou fugir, mas algo mais forte o reteve ali. Sem ter como esconder minha nudez, pensei em pegar o vestido e jogá-lo sobre o corpo. Permaneci, entretanto, onde estava, só que estática e com as mãos cobrindo apenas os seios.

- Nunca viu uma mulher nua? - acabei perguntando ante a insistência de seu olhar.

- Não.

De repente emendou:

- Posso entrar?

Após hesitar durante alguns instantes, fiz gesto afirmativo com a cabeça.

Sem pestanejar, ele abriu a porta e sentou-se a meu lado.

- Será que a senhora pode dar a partida?

- Você entrou pra passear de automóvel? - ainda relutei em perguntar.

- Primeiro quero dar umas voltas, mas peço que dirija nua, como a senhora se encontra - falou e olhou mais uma vez na direção do meu corpo e depois à estrada.

Insistia em me chamar de senhora, porque, na verdade, eu devia ser uns trinta anos mais velha do que ele.

- Quer dizer que você também tem suas fantasias, não é? - perguntei debochada.

Liguei o carro e partimos. Confesso que foi a primeira vez que dirigi nua.

Quando já andávamos havia uns dez minutos, ele tomou nas mãos meu vestido e se pôs a acariciá-lo.

Perguntei então:

- Não é melhor me acariciar em vez de esfregar as mãos num pedaço de pano?

Foi aí que ele mergulhou nas minhas pernas.

Achei que seria difícil e perigoso dirigir daquele jeito, mas ainda insisti durante mais alguns quilômetros. Já escurecera. Guiei a seguir para fora da pista e entrei numa estrada lateral. Parei ali.

Namoramos. Por ser muito jovem e inexperiente, creio que era virgem. Deixei que se divertisse e se deliciasse o máximo possível.

Na maioria das vezes, só consigo gozar me masturbando, mas lembro que naquele dia consegui chegar ao orgasmo com seu pênis a me penetrar.

Na volta, me pediu que continuasse dirigindo nua. Fiz a vontade dele.

Quando chegamos perto de onde ele desceria, ouvi sua voz sedutora:

- A senhora deixa eu levar seu vestido, de lembrança?

- Claro que não, como vou voltar pelada pra casa? - ainda perguntei.

- A senhora é muito bonita, é capaz de dar um jeito.

Parei o carro. Ele saltou e se foi.

Deixei que me levasse o vestido. Sabia que assim jamais me esqueceria e que, talvez, jamais viveria toda aquela experiência com qualquer outra mulher.

quarta-feira, abril 12, 2006

Borrifos de prazer

O rugir do mar e o sibilar do vento chegam-nos como música. Apesar da noite adiantada, o tráfego de automóveis na avenida é intenso. Há também pessoas que a atravessam; outras caminham pelo calçadão. Permanecemos agarrados um ao outro dentro do automóvel estacionado. Os vidros escuros nos retiram do mundo. Não contenho a transpiração, escapam-me emanações de entusiasmo e desejo. Paulo percorre-me a pele branca com a ponta dos dedos, aperta-me súbito e violento, permaneço imobilizada, atada agora a seus lábios por beijo longo e úmido.

A festa volta-me à mente: a música marcada e rápida como coração trepidante; cores esvoaçantes salpicando-nos lavas multiformes; a bebida livre e as primeiras manifestações de júbilo e liberdade; os seios à mostra da primeira nua; depois as outras; pessoas atracadas, longas permanências, licor adocicado a escorrer dos corpos, abelhas em busca de mel. Ajudamos a desnudar as mulheres que tinham pudor excessivo. Algumas só de calcinha ainda cobriam os seios. Houve uma loura em pêlo. Uma mulher de longos cabelos pretos assustou-se quando lhe escapuliu o biquíni. Os homens, devido à embriaguez, também deixavam escapar os excessos. Descemos a seguir pelas escadas quase delirantes; rimos muito já no interior do veículo. Paulo deu a partida. Na rua seria mais excitante, disse ele. Voltaríamos à festa mais tarde.

Nada tememos. Mordo-lhe os lábios prazerosa. Um casal pára sobre o passeio, recosta na corroceria; o homem envolve a mulher num amplo e demorado abraço. Eu, sem que eles percebam, abraço também meu homem, abro-me, minhas trilhas estão untadas para o prazer; sinto-me segura sob o frágil e delicado manto translúcido que apenas trago sobre a pele, tecido que se desfaz a sutis toques de carícias: gotículas de gozo, borrifos de paixão.