segunda-feira, abril 22, 2019

A garota da farmácia

Eu e Isabela éramos amigas fazia tempo. Saíamos juntas, frequentávamos cafés, bares, restaurantes e festas. Vez ou outra ela dormia no meu apartamento. Uma vez eu estava nua, acabara de tomar banho, enxugava-me. Ela, então, começou a apertar meus seios com ambas as mãos, como se a ação fosse a coisa mais natural do mundo. No começo pensei em protestar, afastar suas mãos, mas os toques eram tão delicados que senti uma ponta de tesão, cheguei mesmo a afastar um pouquinho as coxas, como se esperasse o pênis de um homem. Ela continuou a me pressionar, deslocando os dedos alguns centímetros, ora para cima, ora para baixo, ora à esquerda, ora à direita. Olhei a sala antes de fechar os olhos, vi a revista que Isabela lia minutos antes sobre a poltrona, em cima da mesinha de centro, que era um largo quadrado de madeira onde havia alguns livros. Ela diminuiu a pressão, achei que iria encerrar a sessão, emiti um gemido, ela entendeu e continuou. Depois de alguns segundos soltou uma das mãos, enquanto a outra se mantinha sobre meu seio direito. A mão solta desceu escorregando sobre meu ventre e só parou quando atingiu a altura da vagina. Nunca sentira tanta maciez. Continuou a me acariciar, de repente procurou meu grelo. Encontrou-o saliente. Acabei deixando na ponta de seus dedos a umidade de todo o gozo que sentia naquele momento. Quando foi a vez de Isabela tirar a roupa e ficar nua a minha frente, não consegui ter o seu mesmo desempenho. Não faz mal, ela disse, há pessoas que são feitas para dar; outras, para receber.

No dia seguinte fui à farmácia comprar lubrificante. Isabela adora cremes e óleos, tanto mais quando os espalho sobre todo o seu corpo com mãos cada vez mais ágeis. Descobrimos que, assim, ela goza, e como. Aprendi a dar, apesar de, segundo ela, ter sido dotada para receber. A funcionária da farmácia, ao reparar que eu estava perdida em meio a tantos produtos, perguntou se me podia ser útil. Claro, procuro lubrificante. Não chegou a rir, pois manteve o profissionalismo, mas percebi que minhas palavras produziram algum efeito sobre sua pele. Entregou-me o produto, indicou-me a caixa e, acho, engoliu em seco.

O corpo de Isabela deslizava sob minhas mãos, ela deitada sobre o tapete da sala. Aproveitávamos uma toalha antiga, para não deixar que o óleo manchasse o próprio tapete, o estofado, o chão, enfim, tínhamos cuidado de não deixar rastros daquele nosso recente amor em toda a sala. Nossa relação sexual úmida e escorregadia atingia as raias da alegria. Ela pressionava-me os seios, eu abria as pernas, meu grelo úmido, meu gozo; depois, a vez dela, o corpo untado, minhas mãos a usurpá-la, seu gozo.

Até que surgiu um homem. Acho que teria sido melhor se eu contasse por que comprava lubrificante à funcionária da farmácia. Quem sabe ela viria encontrar comigo e com Isabela, assim, seríamos felizes.

Mas um homem é um homem e a gente não consegue dividir números primos, a não ser por um ou por ele mesmo. A funcionária da farmácia junto a mim e a minha amiga não constituiria também um número primo? Não sei, mulher é desdobrável, multiplicável. Quanto a mim e à Isabela, éramos heterossexuais, descobrimos quase ao acaso nossa homossexualidade, ou melhor, o amor que sentíamos uma pela outra. Pouco a pouco comecei a esquecer os homens, às vezes me lembrava de sentir o pênis de um namorado ocasional a me penetrar, mas eram lembranças que tinham a tendência de se perder no tempo. Isabela penetrava-me da mesma forma que um homem, eu gozava como junto a um homem. Mas minha namorada trouxe um homem, e um homem é um homem. Disse que era um velho amigo, que frequentava a casa dela, saíam juntos, trocavam confidências. Contou a ele nossa relação, relatou como tudo começou, descreveu nossas preferências. Confesso que achei aquilo um tanto doentio. Aconteceu, então, de um dia, ela começar a me acariciar na frente dele. No começo, fez de conta que nada de surpreendente acontecia, mas quis que ele nos visse trepar. Não, por favor, não é justo, protestei. O amor é justo, e podemos namorar assim que sentimos vontade, como agora, retorquiu. Vamos para o quarto, pedimos licença ao nosso amigo, sugeri. Dentro do quarto, porém, não foi a mesma coisa, estávamos acostumadas a namorar a sós, sobre o tapete da sala, a toalha ajudando-nos a não derramar o óleo, os móveis a nos espreitar silenciosos. Léo ficará em silêncio, será como a poltrona, o estofado, ou a mesa de centro.

Ela voltou à sala. Seu amigo lia uma revista. Disse qualquer coisa a ele. Chamou-me, pediu que, assim como ela, viesse nua. Eu gostava muito dela, por isso acatei o pedido. Apareci na sala, em pele e sem saber onde posar as mãos. Léo fez de conta que não me viu. Sentei-me no estofado e esperei por Isabela.

Depois do gestual de sempre, ela esperava que eu ficasse excitada, mas isso não aconteceu. Tanto mais tentava, tanto mais eu esfriava. Estava travada, eis a palavra certa. Com um gesto de cabeça, fez que o amigo se aproximasse. Isabela desceu a calça dele e tirou seu pênis. Olhei aquilo ainda assustada, sem ter o que dizer. Por que alguém que dizia gostar tanto de mim segurava com tanto ardor o pênis de um homem? Trouxe o homem para junto de si, segurando seu sexo enfiou-o na própria vagina, em pé, com uma das pernas flexionada sobre a mesinha. Transaram ali mesmo. Ela fechava os olhos, quase transtornada, e dizia daqui a pouco será a tua vez, a tua vez, espere um pouquinho, e se mexia alucinadamente. Após dois ou três minutos, interromperam abruptamente os movimentos, minha amiga afastou-se. Pude reparar que Léo gozara, a boceta de Isabela babava toda a porra que ele despejara dentro dela. Não suportei ver aquilo. Não por causa do ato sexual em si, mas por constatar que uma mulher que eu amava tanto não me correspondia em seus sentimentos. Corri dali e me tranquei no quarto. Como estava em meu apartamento, não tinha satisfações a dar.

Isabela foi embora junto com seu amigo. Tentou falar comigo algumas vezes, deixou recados. Não respondi a nenhum nem a procurei mais. Para me sentir mais segura, troquei a fechadura da porta do apartamento. Voltei à vida de antes de conhecê-la. Desde então não tive mais relacionamentos.

Aliás, outro dia fui à farmácia, comprei lubrificante e sorri para a funcionária que já me conhecia.

domingo, abril 14, 2019

Fogo

É quase um consenso a afirmação de que os homens têm mais desejo sexual do que as mulheres. Uma amiga dá a justificativa: isso acontece porque o sexo dos homens é para fora e o das mulheres para dentro. Não entro na polêmica, no entanto, caso as mulheres queiram desejar mais, ou melhor, ampliar o ardor sexual, tenho uma solução simples e fácil. O fogo. Isso mesmo, a chama de um isqueiro ou de um palito de fósforo. Aquela que quiser praticar, basta tirar a roupa, abrir um pouco as pernas, acender e aproximar a chama. Chama no sentido lato, denotativo, nada de metáforas nessa hora. Mas é preciso ter cuidado, não vá se queimar, não é preciso aproximá-la demais. O fogo aquece e não demora a despertar o fogo interior. Pronto, você parte para o sexo, a mil por hora, esquecida da tal tese de que o sexo feminino é para dentro. Você vai gozar mais e mais. Tente uma vez, duas, três, logo sentirá a diferença. Achegue-se ao namorado e deixe o resto com ele.


A amiga ainda contou-me a respeito das travestis.

“Elas são muito ardorosas porque são homens por fora e mulheres por dentro, por isso o desejo máximo, o sexo para fora, o gozo quase constante.”

“Credo!”, respondi atônita.

“Verdade.”

E narrou a história de uma conhecida, amada pelos homens, desejada por todos por causa da beleza e dor ardor. Usa a saia ou o vestido curtinhos, tudo quase de fora. Houve um namorado que a queria sem a calcinha.

“Cruzes, para uma travesti, sem a calcinha, é o caos”, cheguei a falar.

"Nada disso", ela continuou, "a tal tinha um jeitinho, só que precisava ir ao toalete de tempos em tempos, ao contrário..."

Minha amiga adotou a técnica do aquecimento, isto é, a técnica do fogo, que eu lhe ensinei.

“Muito obrigada”, veio-me agradecer, “até pareço a minha amiga travesti, nunca fui tão quente, estou deixando os homens loucos.”

Sua história vai além. Teve certo namorado que a queria nua. Aliás, eles sempre nos querem nuas. Mas o tal a desejava sem as roupas em público! Ele chegou, mesmo sem saber, a falar como o namorado da travesti:

“Sempre se tem um jeitinho.”

E ela foi nua. Primeiro uma saia muito curta; no dia seguinte, o vestidinho. Mas ela nunca falou para ele sobre a técnica do fogo. Cada vez que ele lhe comprava a roupa mais curta da boutique, menos ela precisava de aquecimento. Até que um dia, saiu totalmente nua.

“Fiquei gelada dentro do carro do homem, sem noção, achei que morreria, que aconteceria algo pavoroso comigo. Então, pedi a ele você me dá licença um instantinho? Você está nua, aonde vai fora do carro?, ele, preocupado. Não vou longe, respondi. Saí e me abaixei na lateral da porta traseira, abri a bolsa e procurei o isqueiro. Acendi, aproximei a chama, chegou a chamuscar meus poucos pelos. Ah, que alívio, voltei com todo o desejo do mundo, agarrei o homem, nada de frio no estômago, fiz o sexo mais gostoso da minha vida!"

domingo, abril 07, 2019

Não sabia que era tão bom

Adoro ir à praia, e vou quase nua, um biquíni fio dental preto, daqueles que deixa tudo de fora. Os homens querem me comer de primeira, basta olharem a minha bunda já se imaginam me penetrando, o pênis duro, grosso, avançando, amoldando-se aos músculos de minhas entranhas. Falo sério. É lógico que gosto de namorar, de trepar, de fazer um amor bem gostoso, mas amo ser admirada, imaginada nua na mente de todos os homens. Hoje estou debaixo deste guarda-sol, finjo que não vejo homem algum, meus olhos fechados deixam dúvida se cochilo ou se me deixo levar por ligeiro enlevo. Na praia não é bom arranjar namorado, no máximo um paquera, porque namorado atrapalha, amanhã tenho de ir a outra praia, caso volte ele fica na minha cola. É bom que eles me vejam como uma mulher livre, alvo dos homens mais lindos, mas que continua livre, cujo objetivo é o mar e o sol, já bastante para se apreciar. O sol provoca frisson, é só deixar esquentar a pele que a gente sente uns tremores, o prólogo de um orgasmo. Mas observo os homens, sim, mesmo sem olhá-los direto. Conto um segredo. Saí outro dia com um deles. Não os daqui da praia, mas alguém que conheci em outras circunstâncias. O homem me levou para um hotel, no centro, um prédio de dez andares, pediu o apartamento mais alto. Não sabia do meu jeito de amar. Deixei o tal a mil por hora. Além de conhecer muitas posições, sou escorregadia, encostam o peru e já vai entrando, também sopro histórias de sacanagem no ouvido deles. O homem não aguentou, falei algo que fez a porra dele ir ao teto. Já tínhamos virado para um lado, para outro, cruzados, papai mamãe, carrossel, eu lubrificada que só. Disse você quer botar no meu cu? Imaginem, eu com essa bunda imensa, que se destaca no fio dental, perguntando se quer botar no meu cu. Isso mesmo, as palavras certas, botar no cu. Agachei-me, como se evacua nessas banheiras turcas, que há nos navios da marinha de guerra. Se eu conheço algum navio do tipo? Bem, aí já é outra história. Agachei-me e pedi que deitasse, seu peru bem rígido a acercar-me. Vem, mete, você vai adorar, eu disse, você nunca me viu de fio dental na praia, sabe que a praia toda me quer nua, os homens todos sonham com o meu cu, você é o privilegiado! Aqui, aproveito para fazer um parêntese; esse modo de excitar namorado partiu de minha amiga Márcia, ela é magra que só e vive cercada de homens; estávamos na casa dela, conversávamos sobre banalidades enquanto ela cuidava das próprias unhas; surgiu o assunto sobre namorados, ela contou que saiu com um homem muito alto, quase dois metros, depois de conversarem acabaram na cama da casa dela; veja que loucura, trouxe o homem pra cá, tudo o que não se deve fazer; namoramos um pouco e quando ele veio pra cima de mim falei você gosta de fantasia?, então escute, no meio do relato acabei sugerindo quer botar no meu cu, quer?, você imagina, o homem de quase dois metros, o peru comprido, eu de costas pra ele com meu corpinho de modelo, um metro e sessenta e cinco. Fecho aqui o parêntese de minha amiga Márcia e sua saia justa. Fiquei na ponta dos pés, sobre a cama. Quando começou a vir, deu uma esguichada louca, o sêmen, como falei, lá no teto. Ah, isso não fica assim, não, continuei, você vai ter de vir, ainda não gozei, não vou sair daqui de mãos abanando, pense que vou embora nua da praia, você guarda meu fio dental dentro da tua sunga. O peru do homem levantou e, a partir daquele momento, não me perdoou, coloque na frente mais uma vez, pedi, quero uma trepada bem funda. Ele conseguiu? Sim, mas quis depois (não escapei, esses homens não entendem nada de literatura) comer meu cu. Para ver se ele brochava e desistia, ainda falei, rindo, vou cagar no teu peru. O homem animou-se mais.

Voltando à praia, o fio dental bem lá dentro, todos esses homens a me olhar. Estou latejando. Onde? Adivinhem! Não sabia que era tão bom.