segunda-feira, dezembro 17, 2018

Toda manhã

Toda manhã, antes de chegar ao trabalho, faço uma paradinha num quiosque que vende pão com manteiga e café com leite. É muito gostoso tomar o café de manhã cedo, em meio a outras pessoas que também tentam sentir o sabor do início do dia antes de começarem suas tarefas. Como nossa vida é cheia e surpresas, numa dessas manhãs reparei um homem. Ele, não posso negar, também olhou para mim, chegou mesmo a piscar e sorrir. Retribuí com meu sorriso enigmático. Os dias se passaram sem que eu o visse de novo. Na última quinta-feira, no entanto, encontrei seu rosto entre as pessoas, todas afoitas e plenas de prazer devido ao cheiro forte de café. Eu usava botas compridas, dessas que sobrem até um dedinho abaixo dos joelhos e um vestido que descia ao encontro das mesmas botas. Os homens adoram. Estava frio e a fazenda do tal vestido era pesada. Em tempo de inverno, a gente anda com muita roupa, em consequência não se fica elegante, pelo menos é a minha opinião. Tenho uma amiga que adora o inverno, diz que é época de se vestir bem, com requinte. Não tenho a mesma opinião, muita roupa não combina comigo. Mas o admirador veio conversar, disse que eu estava bonita, perguntou onde eu trabalhava. Perguntas comuns de duas pessoas que começam a estabelecer alguma ligação. Não menti. Contei o que podia. Ele, sempre simpático, disse conhecer bem a região, sempre trabalhou no bairro. Percebi que desejava me convidar para sair, mas não encontrou clima. Deixei meu número.

“Você sai cedo, do trabalho?”, perguntou.

“Às vezes, sim, mas geralmente saio lá pelas seis.”

Não sei por que lembrei um paquera que apareceu faz uns dois anos, passou a me esperar na saída do trabalho. Quis me desvencilhar dele, não gosto de gente no meu pé. Foi um sacrifício. Ainda bem, este não disse que me aguardaria. Podia mesmo perguntar se eu gostaria de ir a um bar, ou mesmo ao Mc Donald, depois do expediente, mas nada falou.

Dei um adeusinho e corri ao trabalho. Enquanto subia o prédio, pensei num namorado que tive fazia um tempinho. Ele dizia que eu, sobre botas, fico muito alta. Eu ria. Ele acrescentava, deixe tirar você de cima dessas pernas de pau. Ele me tirava mesmo, quero dizer, despia-me das botas e depois do resto. Nas revistas masculinas, há mulheres nuas vestindo apenas botas. Quem sabe o admirador do quiosque de café não me desejava nua, desfilando de botas só para ele.

Naquele dia, não sei o motivo, trabalhei um tanto eufórica. Tenho uma amiga que, ao sentir tal sensação, vai ao banheiro, olha-se no espelho, senta-se sobre o vaso para descansar, respira fundo. Não sei em que ela concentra-se. Mas, depois, volta muito calma à sua mesa. Não sei, mas acho que se vou ao banheiro para me acalmar, vou acabar tirando a roupa. Talvez assim eu me acalme.

Durante o dia, o tal homem começou a me enviar mensagens. Oi, querida, adorei você. Oi, amor, que tal um beijo, teus dedos são de fada, toque o meu rosto, ele insistia. Amanhã a gente se encontra, escrevi.

O quiosque ainda estava pouco frequentado, ele não havia aparecido. Será que iria embora só? Mas ele veio, sim, devagar. Chegou bem pertinho, pensei que iria me beijar, mas não o fez. Talvez temesse uma recusa. Não é bom ir logo de primeira. Pediu café, apenas. Perguntou se eu estava disposta para o dia que começava. Suspirei. É preciso trabalhar, falei. Ele sorriu, aliás, manteve o sorriso. Em certo momento disse você aparece também à noite, como a lua, que na maioria das vezes é noturna. Entendi, um convite para sair. A gente se fala durante o dia, estou atrasada. Parti para o escritório.

Naquele dia, enquanto trabalhava, pensei se ele descobriria meu segredo. Mas ainda não mandara mensagem alguma. O homem sabia criar expectativa. Eu não queria viver de expectativas, meu problema de sempre, desejava liberdade, de amar e de fazer o que bem entendesse. Não é bom ficar presa a um homem. Antes que ele ligasse, resolvi me antecipar. Liguei. Mas não para ele. Tenho uma pessoa que sai às vezes comigo. Não é meu namorado nem coisa parecida, mas a gente passeia, conversa e também trepa. Isso mesmo. E sou eu quem marco. Nada de expectativa. Evandro, vamos sair hoje? Imaginei seus olhos, por trás da distância que nos separava. Ele disse sim, ficaria muito feliz com a minha presença. Então, naquele dia, mesmo que meu paquera do café mandasse uma mensagem, nada feito, já tenho compromisso. Evandro sabe boa parte do que me excita, e pede para eu lhe fazer pose. Já até sabia como seriam as da noite próxima: de botas e bustiê. Gostosa a sensação.

O homem do café telefonou. Uma proposta deliciosa. Quem sabe, amanhã!, criei eu a expectativa.

Com Evandro foi um gozo e tanto. Gosto dele porque sabe dar prazer às mulheres. Há homens que pensam apenas em si, sobem sobre nós e despejam seu gozo grosso. Evandro, não. O carinho é intenso, sabe tudo sobre meu corpo, meus pontos de prazer. Deixa-me molhada a maior parte de tempo.

No dia seguinte, após a transa maravilhoso com Evandro, saí com o novo paquera. Caso ele fosse apressadinho, eu já teria gozado na véspera.

Qual foi a minha surpresa. Levou-me a um hotel que tinha vista para o Aterro do Flamengo, dava mesmo para apreciar o aeroporto, com seus aviões descendo e decolando. Mas nada de barulho. De som, apenas sua voz a sussurrar no meu ouvido, falava cada coisa de me deixar a mil. Ele, a princípio, me abraçou, me beijou; enfim, mil e uma carícias. Havia uma mesinha e duas cadeiras na antessala, onde começamos o namoro. Sentei-me e ele ficou ao meu lado. Depois de alguns minutos, entramos no quarto, sentamos na cama e continuamos a nos acariciar. Para evitar ter de tirar a roupa na frente do homem, decidi ir ao banheiro. Dei-lhe um beijinho, corri e fechei a porta. Despi-me e tomei um banho rápido. A água quente, gostosa. Depois, envolvi-me na toalha, abri a porta e saí, fresquinha, pronta a me atirar nos braços dele.

Mudo de parágrafo. O que aconteceu depois merece descrição à parte. O homem, com mãos e dedos macios, acariciou-me o corpo inteiro. Descobriu que amo histórias de sacanagem.  Nunca pensei que gozaria dois dias seguidos. Para nós, mulheres, o gozo é difícil. Não demorei, porém, a transbordar meus eflúvios. Ao mesmo tempo que o desejava sobre mim, seu pênis bem duro a me penetrar, queria suas mãos contínuas a me acariciar, sua voz máscula a insistir-me protagonista de aventuras sexuais. Após alguns minutos, por minha própria conta, virei de costas e levantei o bumbum, permaneci deitada mas com os joelhos mantendo elevadas minhas coxas e o quadril. Ele entendeu o que eu desejava. Colocou-se sobre mim, seu pênis a procurar minha vagina. Ui, que arrepio. Logo que me penetrou, senti um orgasmo. Ah, estou gozando, falei, não para, por favor, quero gozar mais, mais e mais, minha voz perdia-se na minha loucura. Veio-me à mente a lembrança de um namoradinho de outros tempos, ele adorava me levar à praia e, dentro d’água, tirar o meu biquíni; assim que me sentia nua, gozava. Naquele  instante, sobre a cama, eu sentia o mesmo, o gozo especial que a gente alcança nas primeiras vezes e dificilmente se repete. Conforme ele metia, eu dizia me rasga, vai, me rasga toda. Não passou muito tempo para eu sentir seu gozo quente dentro de mim, várias explosões, vulcão que não parava sua erupção.

Como vou viver sem um homem como esse? Não posso perdê-lo. Tenho Evandro, que conhece todo o meu corpo. Agora, este outro, a quem, tenho vontade de presentear com minha calcinha! Mas não foi necessário, meus gritos de gozo revelaram que me deixasse sempre nua.

segunda-feira, dezembro 03, 2018

Boas histórias ou duas maçãs bem vermelhas

Nely acordou envolvida num lençol. Como sentia prazer nisso, nua, o tecido suave, única coberta a lhe acariciar o corpo, mão carinhosa a deslizar creme de calêndula sobre a pele. Moveu-se à direita, à esquerda, sorriu, serrou-se dentro dos panos e imaginou como seria o dia que brotava. Havia sentido enorme prazer à noite, antes de dormir, mas, no momento, pensava numa visita que receberia, um ex-namorado viria a sua casa, vinha de longe, morava em outra cidade, por isso pedira pouso, precisava de um documento na prefeitura da cidade onde ela morava. Gostava naquele ex o fato de ele pensar em lhe dar prazer muito lhe agradava. Você está contente?, ele perguntava, sente prazer? Quando transava com ele, o homem queria mesmo era fazê-la gozar. Gozou?, perguntava no final. É difícil fazer uma mulher gozar, para algumas trata-se de um trabalho hercúleo. Nely sabia que ele se preocuparia em agradar-lhe o máximo, em deixá-la feliz. Na certa, traria um presente. Moveu-se sob o lençol, sentiu mais uma vez o namoro com o tecido, quase um arrepio. Não sentia vontade de sair da cama.

Ela sabia que, naquele dia, lá pelas onze da manhã, depois da chegada do tal homem, ficaria nua na sala de casa. Sério, não resistiria. Não precisava se preocupar, ele surpreenderia. Nely estaria trajando um vestido florido, macio, que descia até os joelhos, roupa confortável para se ficar em casa ou mesmo circular pela vizinhança.

Ao chegar, ele abraçou-a e beijou-a. Os dois sentaram-se juntinhos no sofá de fronte à mesa, na sala de estar. A conversa circulou em torno dos últimos acontecimentos, da vida de Nely, da praia próxima, dos passeios que ela às vezes fazia. Ele permanecia silencioso, sua face demonstrava contentamento. Pousou uma das mãos sobre um dos joelhos da mulher. Ela fez como se nada tivesse acontecido. Continuou a falar, olhou a ele, virou-se novamente para frente e contou como fora o último final de semana. Falava como se houvesse uma terceira pessoa diante dela. Quando virou a cabeça para o homem, beijou-o e ele já deslizava a mão sobre suas coxas, por baixo do vestido. Após o beijo, Nely ficou paradinha, como meditasse ou como esperasse até onde ele seria capaz de avançar. Subiu a mão, sempre tateando as coxas da ex-namorada, avançou até acima da virilha e parou junto ao elástico superior da calcinha. Introduziu a outra mão também por debaixo da saia. Desencosta um pouquinho, pediu ele. Ela fez o movimento, como o gesto mais natural do mundo. A calcinha desceu nas mãos dele, ultrapassou os joelhos e, enfim, o calcanhar. Ele a comprimiu dentro de uma das mãos e depois a arremessou sobre a mesa. Ela caiu dentro da fruteira, junto a duas maçãs bem vermelhas. Nely nua, apenas o fino pano sobre a pele. Como gostava da sensação. Lembrou-se que um dia saíra tal qual estava agora, a pedido de um namorado, apenas o vestido fino a lhe disfarçar a nudez, e uma excitação que a fazia comprimir as coxas.

Ficaram de pé. Ele a abraçá-la. Que bom assim, não precisava ter compromisso. Os homens apareciam, acariciavam-na, trepavam com ela e ela gozava. E a vida continuava. Ele levantou o vestido de Nely, que saiu pela cabeça, deixou-a nua. Isso, como ela gostava, nua, agarrada ao homem ainda vestido. Permaneceram naquele elevo por demorados minutos. Beijaram-se. Ele lhe disse algumas palavras no ouvido, palavras que ela gostava de ouvir. Deram alguns passos e deitaram na cama, que ficava no quarto. Namoraram de modo suave. Só então ele tirou toda a roupa e trepou com Nely. Transar com você é bom porque não me exige posições difíceis, ela. É mesmo?, pareceu surpreso. Tem homem que exige que eu seja malabarista; quando acaba, estou toda doída. No final, ele perguntou: você gozou? Já gozei ontem, assegurou ela um tanto sem jeito. Ontem? Um namorado ficou falando bobagem pelo telefone, acabei gozando, e foi tão bom. Após as últimas palavras, ela trocou o vexo pelo riso leve.

Durante alguns minutos, Nely não estava mais na manhã ensolarada de maio, mas na véspera, noite fechada, nua no canapé, o telefone no ouvido, uma trepada a distância, em que, a princípio, ela não acreditava. Ficou tão molhada. O homem era bom em historias.

Quer dizer que você tem gozado bastante.

Bastante, não, vez ou outra.

Nely olhou o ex-namorado, ainda agarradinha a ele. É bom assim. E quando você puder, ligue para mim, quem sabe também vai conseguir me fazer gozar. Afinal, você sabe contar boas histórias.

segunda-feira, novembro 19, 2018

Tudo muito engraçado

Tive um homem, para quem trabalhei, que era encantador. Levava-me a um hotel lindo. Adorava quando me tirava a calcinha. Suas mãos a segurarem o elástico lateral, o ato de puxá-la coxas abaixo, o momento em que se soltava do meio das minhas pernas, tudo chegava a me proporcionar um pequeno orgasmo. Além disso, era brincalhão, dizia vou levar tua calcinha de lembrança. Eu sorria, feliz por estar em seus braços.

Outro dia estava esperando um telefonema de um admirador com quem troquei uns carinhos faz algum tempo. Fazia um tempo enorme que não o via. Mas ele não ligou. Como havia perdido seu número, não consegui entrar em contato. O jeito seria esperar, quem sabe ligaria outra hora. Foi então que recebi uma ligação, mas de outro homem de quem nem mais lembrava. No início, pensei tratar-se de uma armadilha, mas ele veio ao meu encontro, recordei-me de quem se tratava. Convidou-me a uma casa de chá. Achei elegantíssimo. Gosto de homens que me convidam a lugares sofisticados. O garçom nos trouxe xícaras de porcelana, os sachês de chá para a nossa escolha. Olhei meu homem e sorri, reparei em volta a decoração: quadros, paredes de madeira, mesas de mármore branquíssimo, tudo muito bonito. Escolhi o chá. O garçom versou a água quente e esperei alguns minutos até que o líquido tomasse consistência. Logo nos primeiros goles, senti uma ponta de excitação. Dizem que chá acalma, ao contrário, senti uma alegria interior imensa, e depois, pouco a pouco, foi-me crescendo a vontade de namorar. Conversamos sobre assuntos banais, mas eu tocava suas mãos; quando podia, seus braços; cheguei a percorrer, com a ponta dos dedos, seu tórax. Aquele excesso de gesto iria me valer a estada num hotel dali a pouco, onde ficaríamos por umas três horas. Eu nua, pernas abertas; ele, um peru enorme, como eu não via fazia tempo. Sua calcinha é um requinte só, dá vontade de levar de lembrança, ele disse. E eu nos braços do homem. Os homens falam algumas bobagens no momento em que estão prestes a gozar, mas depois esquecem. A ejaculação leva consigo todas as fantasias. Aliás, houve outro homem... Daqui a pouco conto, mas este aqui me penetrou severo, rígido. Tomara que não me peça para chupá-lo, não tenho garganta para engolir um pau tão longo. pensei. Mas gostei da trepada funda, bem dada. Voltei para casa realizada. A casa de chá. A trepada funda.

Aliás, houve outro homem... A tal continuação. A história nada tem a ver com o requinte do salão de chá! Vesti-me com um vestidinho daqueles curtos, colados ao corpo e fui a um forró. Isso mesmo, adoro forró. Vários homens dançaram comigo. Tudo muito quente, muito suor. Adorei. Mas houve um, lá pelas tantas da madrugada, que me agarrou firme e queria trepar. Dizia no meu ouvido você é muito gostosa, não posso te deixar escapar. Pera aí, eu pedia, calma, me dê o teu número, prometo que telefono. Mas o homem foi insistente, queria naquela hora, e ali por perto. Nada disso. Cozinhei-o em banho-maria, dei-lhe uns beijinhos, deixei que me abraçasse num canto retirado. Havia outros casais namorando nas proximidades. Ele apertou-me, beliscou, quis deslizar as mãos pelas minhas pernas, subir minhas coxas. Imaginem, eu com aquele vestidinho fino, curto, o homem avançando. Mostrou uma camisinha. Ele, de camisinha. Eu, sem calcinha! Lembrancinha.

Na hora, a gente fica nervosa. Depois que passa, acha tudo muito engraçado.

segunda-feira, novembro 05, 2018

Saia justa

A folha em branco não me assusta. Minha preocupação principal é não deixá-la molhar. Sério. Você não entendeu? Então, preste atenção.

Outro dia estava com meu namoradinho. Saímos, passeamos, comemos e saboreamos uma bebidinha. Depois, o carinho gostoso. No final, porém, aconteceu algo que me deixou numa saia justíssima.

Para ser mais clara, mudo de parágrafo. Ele me despiu pouco a pouco. Adora começar por baixo. Eu vestia uma bermudinha. Continuou, tirou-me a calcinha. Adoro ficar de pernas nuas, apenas a blusa. Neste dia, fazia um fresquinho, além da blusa o casaquinho. Eu nos braços dele, metade nua, metade vestida. Beijos, mãos, carícias, ponta dos dedos por baixo da blusa, meus mamilos, minha língua dentro de sua boca. Passou um pouquinho, sua mão no meu clitóris. Adoro. A palavra e a ação. Comecei a abrir as pernas. Tirou-me o agasalho, então a blusa. Eu nua, ele vestidinho. Gosto de roçar meu corpo no algodão, ele completo, a me abraçar forte.

Outro parágrafo. Mudança de foco, ação importante. Isso. Contei uma história, bem junto ao seu ouvido. Sou arteira, vocês sabem; gosto de excitar as pessoas com a minha voz, minhas narrativas, tendo-me protagonista. Ele, como a maioria dos homens, adora histórias sussurradas, plenas de sexo. Um domingo, já faz muito tempo, apressei-me a lhe dizer, namorei três homens. Na praia. Não sei por que não fiquei com o primeiro, o mais bonito. Ofereceu-me carinho e um sorvete! Eu quis falar com uma amiga que estava nas proximidades, quando acabei de beijá-la surgiu o segundo. Ela piscou o olho direito. Entendi a mensagem. Após uma hora, ele, ao meu lado, acariciando minhas costas. Você quer saber se fui pra cama com algum deles? Bem, digamos que não, estávamos na praia. Há mulheres que trepam lá mesmo. Mas é tão desconfortável. Tudo ficou em algum carinho e beijinhos na boca. Ninguém queria ir embora, a praia é o paraíso. Ao entardecer, seria talvez o momento certo para o sexo. Surgiu o terceiro; recitou-me um poema, depois suas mãos, lisas e úmidas, deslizando sobre minhas pernas plenas de creme. Os três me adoraram, porém ficaram em suspenso, pelo menos naquele dia de sol intenso. Eu e minha amiga, nuas dentro d’água, excitadíssimas, mestras ao criar expectativas. De brincadeira trocamos a parte de baixo do biquíni. O dela ficou um pouquinho menor no meu corpo. Um arrepio. Você quer sabe se nos agarramos? Não. Gostamos mesmo de homens.

Meu namorado me tomou nos braços e colocou-me sobre o pequeno sofá. Seu pênis, tão duro, chegou a envergar. Dei um beijinho bem na ponta, depois avancei a cabeça, deixando a metade ao trabalho de meus lábios e língua. Não sei por que – isto não contei a ele – lembrei-me de um cara que paquerei na mesma praia, chupei o pau do homem debaixo d’água; tentava manter o fôlego o máximo que podia; quando voltei à tona, abraçou-me com força; Carmen estava a uns dez metros de mim, também agarrada ao namorado, olhos fechados; eu tinha certeza que ela estava sem o biquíni, costumava pedir ao homem para guardá-lo dentro da sunga, assim não o perdia; e se perdesse o homem? Mas, naquela sala, eu já tinha seu peru inteiro dentro da minha boca, a extremidade quase na garganta; estava quente. Por momentos, desejei que gozasse. Como faria para engolir tanta porra? Confesso que desejei muito. Ele se conteve. Ao vir sobre mim, seu grande membro, por instinto, procurou minha abertura principal. Deixe sentir você, ele pediu, depois coloco o preservativo. Vagarosamente, a penetração aconteceu. Com carinho; eu, molhadinha. À medida que seu pênis avançava, eu dizia que gostoso, que gostoso, não tira!, por favor, não tira! Sentia tanto prazer que não queria sequer perder um segundo. Logo, comecei a sussurrar Ah vou perder a cabeça, vou perder a cabeça, está muito gostoso!, que delícia. E não é que perdi mesmo. Ele friccionava cada vez mais dentro de mim. A saia justa, justíssima. Vou gozar!, gritei, vou gozar!, não tira, por favor, não tira, não perde a cabeça não, choraminguei, se segura. Não gozo, não, ele disse, aguento o máximo possível. Gozei uma, duas vezes, acho que três. Depois pensei, ah, esse homem vai esporrar dentro de mim, vai me deixar toda encharcada, embaraçada. Mas ele cumpriu o combinado. Após alguns minutos, colocou a camisinha e voltou para gozar. Você é ótimo, falei, qualquer hora dessas deixo você gozar dentro, ok? Também gosto, adoro sentir teu jato quente. Ui, ao falar, ainda consegui mais um orgasmo. Não sei por que lembrei Carmen, peladinha dentro d’água, na praia, a espera do namorado. Onde o maiô?, perguntei. Adivinha, respondeu. Você confia muito nos homens.

segunda-feira, outubro 22, 2018

Em dobro

A história que vai a seguir é um pouco delicada, talvez mesmo difícil de se contar.

Fui a uma festa onde conheci várias pessoas, dentre elas uma mulher linda. Dançamos juntas, eu, ela e mais quatro ou cinco mulheres. Como a música era de ritmo rápido, convidava-nos ao meio da pista. Havia poucos homens, sempre mais preocupados em beber do que dançar. A mulher linda ficou junto a mim, depois veio conversar, já um pouquinho distante da música alta.

Quero que você entenda, falou, pareço mulher, mas há um pequeno detalhe.

Arregalei os olhos.

É sério, continuou, tenho corpo de mulher, ajo como uma, todos me admiram como mulher, mas não sou mulher, entendeu?

Ah, sim, respondi meio sem jeito.

Como há tantos transexuais por aí, fiz de conta que sua história era muito natural. Depois de determinado momento, cheguei a perguntar:

Como você faz pra usar uma roupa assim tão curta?

Ela não demorou a responder.

Sempre me perguntam a mesma coisa, sorriu.

Então?, insisti.

Tem um jeitinho, sabe, respondeu delicada, dá pra gente se arranjar.

Por que você não opera?, perguntei afoita.

Deus me livre, disse assustada, prefiro como sou, uma mulher com pênis.

Depois de sua resposta, pensei que seria interessante, pelo menos por algumas horas ou por alguns dias, ser uma mulher com pênis.

“E tem mais, acrescentou, se corto (ui, nem gosto de falar assim), perco meu eleitorado.

Depois desta última frase, acentuou-me o gosto de ter um pênis durante pelo menos um curto espaço de tempo. Eu seria um cometa a jorrar minha calda através do espaço, todos a me admirar. Lógico, avisaria a eles no momento do encontro, sou uma mulher com pênis. Você é travesti?, eles mostrar-se-iam surpresos. Não, não sou travesti, sou uma mulher com pênis. Sério?, insistiriam. Por que preciso mentir? Acho que haveria uma fila imensa de homens atrás de mim, afinal, tudo que é exótico atrai. Preste atenção, eu diria ao recente admirador, sou uma mulher que fez uma cirurgia, implantou um pênis, mas quero continuar como mulher, não fiz o implante para usar o membro como homem. Ele arregalaria os olhos. Isso mesmo, eu asseguraria, acredite se quiser. Mas eu teria de recorrer à minha nova amiga para saber os truques.

Ensine-me, por favor, como faço para usar um vestido tão curto, com calcinha tão pequena?

Ela me daria uma aula, aconselhar-me-ia.

E à praia, como se faz?, eu gostaria de saber.

Não há mistério algum, arranja-se da mesma forma de quando se usa o vestidinho. Tem mais uma coisa adorável, ela a me ensinar, com o pênis temos mais ardor sexual, o gozo é intenso. Você não sabe o que é uma ejaculação? Sempre recebeu a ejaculação dentro de você, mas agora é você quem vai ejacular!

Eu, doidinha para arranjar alguém, querendo que me faça ejacular. Será que depois do gozo eu correria, morta de vergonha? Há homens que quando gozam perdem todo o prazer, ficam de cara fechada, demoram dias para se recuperar. Não, não quero mais o pênis, prefiro viver no meu constante estado de gozo sendo mesmo uma mulher.

Calma, disse a amiga travesti, tudo depende de treino, quando se tem o sexo para fora, o fogo é maior; e basta um pouco de controle, você vai viver a mil, muito mais do que uma mulher. Travesti é homem e mulher ao mesmo tempo, logo tem o desejo sexual em dobro.

Adorei. Mas tenho outro problema, pensei sem dizer a ela, adoro andar nua, com o pênis não vou poder, um travesti nu por inteiro é impossível.

Ela pareceu adivinhar meu pensamento:

Calma, você é muito precipitada, tudo a seu tempo, dá pra ficar nua por inteiro sim, e é uma gracinha!

segunda-feira, outubro 08, 2018

Leu num livro

Vamos, acelere, bom que a estrada é tranquila e escura, apenas os faróis do teu carro, vou contando pelo caminho toda essa situação. Já faz tempo que você me observa, não é mesmo? Também descobri você, não pense que não o espiono. A historia é a seguinte:

homem é mais velho do que eu vinte anos, também pudera, você não acha? É muita coisa. A gente namora e namora, no começo só beijinho e abraço, às vezes alguma coisa mais saliente. Imagina, não? Eu nua nos braços dele, na cama com ele, fazendo de tudo para ele ficar com o peru duro. Esforço infrutífero, como se diz de modo polido. Eu o conheci num desses bares da orla, veio falar comigo, eu estava com uma amiga, pediu para que o acompanhássemos na sua mesa. Educadamente aceitamos. No final da noite, deixei meu número. Não demorou a telefonar. Ele é pessoa interessante, trata-se de um homem erudito, educado, sabe se expressar maravilhosamente; qualquer um que se puser a escutá-lo gostará dele, principalmente as mulheres. Logo me interessou, senti mesmo uma ponta de paixão. Começou a me convidar a vários passeios, cada lugar mais bonito do que os outros, e não foi apenas aqui na cidade e no entorno. Mas na cama ele é um problema. Para ter uma ereção leva horas, e mesmo assim seu pênis não fica duro por mais do que trinta segundos. Sério, não acredita?, já calculei. Mesmo vendo filmes pornôs, revistas masculinas e coisa e tal, não adianta. Ele tem muito fogo, me abraça, me beija demorado, me chupa toda, gosta de me ensaboar e passar as mãos por todo o meu corpo. Mas seu pênis dificilmente fica ereto. Então, descobriu algo que o excita muito; conseguiu, enfim, a bendita ereção. Sério, não se trata de medicamento. Aliás, quanto ao Viagra, ele se recusa a tomar, diz que ataca o coração e encurta a vida; há também o viagra natural, receitado por um amigo, tentamos uma ou duas vezes, deu certo, mas é enjoativo, tanto para ele quanto para mim, passamos a usá-lo vez ou outra. Mas o que fez você me espionar e me conhecer, até chegarmos ao ponto em que estamos agora, aliás ao ponto não, ao trajeto da estrada, foi uma descoberta dele. Leu num livro sobre uma mulher que chegava nua à casa do namorado. Ficou louco com a história. Emprestou-me o livro. Confesso que também gostei. Como sou fogosa, meu coração logo bateu mais forte. Começamos a praticar o que lemos juntos. Na primeira vez, morri de medo. Eu, nua do lado de fora da casa, batendo para que ele abrisse a porta. Demorou um tempo imenso, pensei que jamais abriria a bendita porta, e eu não tinha o que vestir, pois saíra nua momentos antes da mesma casa e fazia de conta que vinha de outo lugar. Quanto mais demora a abrir, seu pinto fica mais duro. Quando entro, é uma festa. Atira-se sobre mim e enfia o peru duro como jamais visto. Ficamos na brincadeira uma vez na semana. Ele chegou a pedir que eu saísse nua, ao lado dele, no automóvel. Você quer saber se aceitei? O que você acha? Vivemos assim durante dois meses. Ele teve todas as ereções. Depois disso, apareceu você, lembra?. Reparei que havia alguém a me espionar enquanto eu batia à porta. No começo, fiquei morrendo de medo, mas depois passei a gostar. Mostrava o meu lindo corpo para dois homens. Acho que você pensou que eu nada percebia, verdade? Memorizei a placa e a marca do teu carro e passei a investigar sobre você. Descobri tudo: onde mora, se tem ou não mulher, idade, profissão etc. Então, achei que seria interessante ter uma aventura com outra pessoa que não fosse o meu atual namorado. Isso mesmo, uma aventura apenas, por isso estou aqui. Em vez de bater à porta de casa, bati à porta do teu carro, entrei nua. Agora, depende de você, estou nas tuas mãos. Mas no final da noite, você deve me deixar, escondidinha, no mesmo luar onde me pegou. Se ele não tiver morrido de tesão com o peru duro aguardando a minha chegada, vai ser mais uma trepada e tanto!

segunda-feira, setembro 24, 2018

Lâmina de porra

O homem tinha suas artimanhas. Pouco a pouco, começou a me deixar louca. Imaginem, com o indicador e o médio percorreu meu ventre, desceu-os até minha púbis e me tocou o clitóris, que escapou das bordas e ficou durinho. Jamais senti algo semelhante com outros namorados, normalmente afoitos e prontos ao gozo rápido. Involuntária, movimentei-me sobre a cama não conseguindo esconder o ligeiro frisson. Um pequeno orgasmo, inesperado, como certa vez na praia quando um namorado desfez os laços do meu biquíni. Queria investir nos meus melhores dotes de atriz, maneiras de fazer o homem se apaixonar, mas tudo o que consegui foi dobrar várias vezes os olhos, dominada pelo prazer excessivo. Cheguei a pensar se poderia ejacular. Mulher ejacula?, a maioria goza pra dentro. Mas, quem sabe, eu, uma exceção. Vou fazer você saltar de tesão, ele disse. Mal sabia que eu flutuava em nuvem úmida, preste a se desfazer em gotículas mornas de verão tardio. Tive sede. Venha à minha boca, quero engolir tua porra inteirinha.

O homem surgira de repente, um dia, na loja onde trabalho. As outras vendedoras não podiam saber do caso, ele comprava roupas comigo, sorria e dava o cartão. Sou eu que devo lhe dar o cartão, afinal, quem vende aqui?, falei em vão.

O vestido curto de malha, colado ao corpo, quase camiseta, desses que a gente fica esticando a barra o tempo todo, deixa os homens loucos. É perigoso vestir assim rua a fora e trepar com um desconhecido. Alguns pedem que a gente trepe de vestido, sem a calcinha; outros, bem, outros querem o vestido! Ah, uma advertência, não é recomendável ir a um encontro sem a calcinha, sobretudo se não conhecemos o homem. Certa vez houve um que me levou a uma loja de lingerie; impaciente, queria-me vestida!

Na hora do sexo não se pensa. Trepa-se em carne viva. Mas, depois, ao voltar a si, quem está toda esporrada? Mesmo assim gosto, e muito. Nua a caminho de casa.

Este agora, dois dedos e meu grelo pra fora, durinho. Sou mulher, cheguei a dizer, o que você procura aí? Te dar prazer, ele operava. Que lambança, assoviei, vou gozar, vou gozar. Não aguentei. Mas não perdi a pose. Gozo muitas vezes.

Sabe que já fui equilibrista?, sério. Namorados me queriam nua sobre a corda, uma delícia. Você tem a corda?, ele quis saber. Quem sabe, respondi. Empresta. Já sei, a corda tem muitas utilidades.

A corda serve para tirar a vida. A corda serve como abismo. Mas serve também pra provocar o gozo. Ele me amarrou. Todinha. Braços, pernas, mordaça. Ui, quanto mais apertava, mais eu tremia. Imobilizada. Confesso que não é a posição mais confortável. Veio sobre mim, não foi difícil escorregar o enorme pau dentro da minha boceta. Naquela hora, eu engolia qualquer coisa, por maior que fosse. Tapou meu nariz. Sério. Pensei que fosse me matar. Tantos tarados por aí. Contudo, percebi o jogo. Deixou que eu inspirasse o ar um pouquinho, para isso afrouxou a mão. Depois, tapou-me os orifícios, prendeu-me o ar nos pulmões. Aprendi a nadar naquela correnteza. Inspirava o tanto que podia e guardava. Então, aumentou o tempo, mais segundos e eu sem ar. Vou ter de contar a história depois de morta, cheguei a pensar. Hum, hum, hum, meu coração aos saltos. Comprimida. Tanto e tanto. Ainda há a história da faca. Acho que teve vontade de prolongar o gozo. Foi aí que substituiu o peru por uma faca de manteiga. Com cuidado, introduziu-ma. Não está afiada, chegou a dizer. Eu, amarada, amordaçada, dedos me prendendo o nariz, a faca... Não consegui me conter. Esporrei. A tal ejaculação feminina. Esporrei e respirei pela boceta. Verdade. Meu grelo ainda durinho. Um número de circo erótico. O tal do equilibrismo. Antes que ele me tapasse de novo todos os buracos, reparei a lâmina de porra.

segunda-feira, setembro 10, 2018

Lembra quando você me encontrou nua?

Sei que me espera todas as terças-feiras, mas não telefono, às vezes mesmo estou nos braços de outro. É um conforto imenso saber-se, senão amada, ao menos desejada por vários homens. Ao sair do trabalho às duas da tarde, posso escolher entre voltar a casa, passear pelas ruas do centro, ou encontrar-me com algum enamorado, pronto a carícias exageradas. Eles me adoram de saia curtinha, ou um macaquinho que me deixa nuas as pernas. Houve, certa vez, um deles que disse você volta apenas de macaquinho. Suspirei, a fazenda fina sobre a pele, o vento brando a me acariciar, fiquei a pensar o que ele faria com minha calcinha e meu sutiã. Mas são agruras de mulher cortejada. O homem das terças-feiras, no entanto, age de modo elegante, embora eu o deixe esperando durante vários meses. Sóbrio, não insiste. É claro que deve sentir prazer nos braços de outras, mas às vezes telefona, pergunta como estou, parece sorrir do outro lado da linha. Sopro algumas palavras carinhosas, mantenho suas esperanças. Não retruca, sábio de que cairei, madura, nos seus braços, basta ter paciência. Sabe que, caso espere um pouco mais, terá várias surpresas; a primeira, encontrar meu corpo quente, no ponto certo, os músculos retesados, como o arco pronto ao arremesso; a segunda, encontrar-me-á nua por inteiro a lhe perguntar, minha voz paredes aveludadas, se quer ouvir história de sexo, de supremo desejo e gozo. Na última vez, perguntei-lhe se desejava história picante. Picante, como assim?, curioso. Sugeri, então, se queria botar no meu cu. Desculpem, mas não tive outras palavras. Apesar de tantas as metáforas, figuras de linguagens cheirosas, úmidas e reluzentes, a tesão era mais forte, não queria eu deixar escapar o roçar violento, a pele contra pele, imaginei-me envolvida em teias perigosas, como a equilibrista nua, que goza com o perigo, corda estreita, sempre a possibilidade de se romper. Coma-me, a floresta é excitante. Qual floresta?, replica, estamos num quarto de hotel, no centro do Rio. Não, gemo em seus braços, numa floresta, encostada num tronco de árvore, você enfiando bem fundo, eu irmanada à natureza inteira, sou parte dela. Ah, lembra quando você me encontrou nua? Ele não consegue segurar, três jatos quentes dentro da minha vagina. Não me solte, por favor, um orgasmo a mais, por favor, sempre, sempre um orgasmo a mais; eu, a perder a cabeça.

segunda-feira, agosto 27, 2018

Certa hora da tarde era a mais perigosa

Certa hora da tarde era a mais perigosa. Acontecia quando ele me levava a um hotel. Desses do centro velho, onde se imagina que tipo de pessoa hospeda-se ali aquela hora. Uma ou duas vezes ao mês ele me convidava. Escolhia um apartamento de andar elevado. Não sei dizer por que ele gostava de alturas. A cama macia, apesar do lugar um tanto sórdido, os lençóis brancos cheiravam bem. Ao entrar eu ia ao banheiro, me levava e voltava enrolada na toalha, uma toalha de tecido grosso. Ele sorria, meu namorado de horas fugidias e de encontros furtados. Não sabia, como hoje ainda não sei, algo mais sobre ele. Deitava e esperava que viesse. Ele me tirava a toalha, me libertava para o amor. Nos envolvíamos em abraços demorados, desejávamos a quentura de nossos corpos. Por que a hora da tarde era a mais perigosa? Ah, talvez não seja difícil imaginar. A quentura era excessiva, principalmente dentro de mim, meu baixo ventre. Chegava a perder o controle. Dizia a ele coisas absurdas, histórias sem pé nem cabeça. Nessas horas predominava o desvario. Ele podia fazer de mim o que quisesse. Quaisquer de suas ações se transformavam na antecâmara do gozo. E eu gostava que o gozo demorasse, que viesse vagaroso, pairasse no quarto, tomasse todo o meu corpo. Pedia que me sussurrasse palavras obscenas, ações exageradas. Meu corpo numa inteireza de mulher plena de desejo. Não pensava se sairia ferida, se haveria dor ou como faria para voltar para casa. Aliás, quando se tem grande interesse por algo, não se pensa no depois. Se desejamos chegar a uma cidade, se a amamos e ela nos dá prazer, alegria de viver, não pensamos na volta. Basta a ida, é só o que desejamos. Para voltar já estamos aqui, não fará diferença. O amor é caminho apenas de ida. Não se pensa no momento seguinte. Na verdade, não há momento seguinte quando estou com meu homem numa cama de hotel. O que existe é o eterno presente. O homem sugava minha alma. Verdade. Eu pedia que continuasse. Me devore, diga aquelas coisas no meu ouvido, não pare, desejo mais e mais. Ele não esmorecia. Apesar da tarde se ir agravando, de ameaçar um começo de noite, ele continuava. Será que todas as janelas, cobertas por cortinas cinzentas, têm um casal por trás a desafiar as leis da vida e da morte? Eu sobrevivia. O gozo me levava a pontes cada vez mais compridas, pontes que ligam terras ainda mais distantes. Ele cuidava para não me ferir, mas era eu a culpada. Por que não nos amávamos como duas pessoas normais? Há duas pessoas normais sobretudo quando fazem amor? O amor é violento. Ainda que me rasgue as roupas, ainda que me arranhe, me dilacere a pele. Ou melhor, não há mais o tempo. Às vezes penso num mundo sem o tempo. É possível, sim, esse mundo. Um mundo sem o tempo, dois corpos a se tornarem um, tudo transformado em um. As janelas dos prédios de frente. Uma teoria do tempo não permitiria o fim do gozo. Seria o mundo dos mortos, ou dos eternos vivos, ou do eterno gozo. Todos os seres ali, das mais diversas épocas, vivendo seu momento único, sem princípio nem fim. O apartamento, minha volta ao mundo físico, minha volta ao tempo. Dezessete horas. Meu corpo a ocupar o espaço possível. Eu nua sobre a cama, meu homem onde? Certa hora da tarde é a mais perigosa. O perigo, no entanto, passa? Estaria num processo de latência, pronto a ser revivido talvez em outras tardes, outras tentativas, capaz mesmo de ser despertado a qualquer momento. Ainda não consigo o gozo perene. Levanto, sorrio ao meu homem. Eu, que pensei estar sozinha, sorrio e o beijo no rosto, beijo delicado, restinho de volúpia. Ando pelo quarto, à janela descubro uma fresta de vida lá fora. O tempo. Não se há nuvens ou se ainda o sol. O tempo do relógio; pessoas andando sobre as calçadas; uma mulher espera um táxi. Dentro do quarto, volto molhada, melada, à vida banal, agora de costas para a cidade. Onde minhas roupas?

segunda-feira, agosto 13, 2018

Lábios

Eu tinha vários namorados. E um marido. Mas, é claro, nenhum sabia do outro, ou dos outros. Naquela manhã, recebi telefonema de um admirador. Aliás, eu já saíra com ele fazia algum tempo. O homem gostou e queria bis. Eu, porém, despistava, dizia que iria ligar, mas não cumpria. Ele disse que eu estava de brincadeira, que já não queria saber dele. Nada disso, gosto muito de você, é que a vida anda confusa, muita coisa pra fazer, sabe como é, falei. Não posso mandar o homem andar, nada sei sobre o dia seguinte. Vamos marcar pra amanhã, decidiu. Amanhã? Isso mesmo, amanhã, não vamos adiar mais uma vez, ele, resolvido. Descobri uma coisa, acrescentou. O quê? Você é casada. Quem te falou isso? Uma amiga tua, depois digo quem é. Ficou marcado, não havia jeito de mudar a data. Mas, quem sabe, até o dia seguinte eu teria uma solução.

Meu telefone toca o dia inteiro. Quanto as mensagens, nem fala. Cada hora é um homem querendo falar comigo. Você não se confunde?, perguntaria uma amiga. Não, não me confundo; quando se trata de homens, tenho certeza de tudo.

O dia marcado transcorreu tranquilo. No final, recebi a mensagem do enamorado, de saída pra me encontrar. Desta vez eu não iria desmarcar, não posso fazer um papel desses. Quando o encontrei na saída do metrô Carioca, sorriu e me beijou.

Até que enfim, suspirou.

Estou feliz também, revidei.

Andamos o quarteirão da Treze de Maio.

Espera um pouco, vamos tomar um café na livraria, sugeri.

Ele me olhou, circunspecto.

Desde quando você é de livrarias?

Sou de café, resoluta respondi.

Quem sabe lá ele encontra uma amiga? Dá pra eu escapar.
Fomos à Cultura. É lindo lá dentro. Um café simpático, requintado, cheio de pedaços de torta. Que delícia. O importante é o homem, Marília, diria uma amiga. Mas eu já tenho quatro! Este meu admirador queria mesmo era me levar pra um hotel. Já até tinha insinuado. E eu não ia sair com alguém pra ficar dando passinhos pela rua. Ele havia dito que eu não tenho intimidade com livrarias, mas agora lembrei um livro, uma história de amor, ou de desejo e sexo, sei lá, acho que assim fica mais próxima; no livro dizia que a escrita é um prazer, lia-se e gozava-se com a leitura. Que bom!, orgasmos sem homens, sem ninguém pra nos enganar. Uma história de se escorregar, marmelada, goiabada e catupiry. Além disso, na hora de sair da Cultura, vi na bancada da frente os quatro romances iniciais de Machado de Assis. Eu que não gostara dele na época do colégio, mas por quem me apaixonei anos depois. Arre, os professores de literatura!

Chegamos ao hotel. Bonitinho. Este eu não conhecia. Ai, meu Deus, tenho quatro namorados e um marido, vai que dou com um deles por aqui. Ninguém é santo, é preciso compreender. Mas quando se descobre a traição, venha de onde vier, não se pode deixar passar.

Meu admirador quis que eu fizesse um strip-tease. Não tenho habilidade pra essas coisas! Eu, nua, nos braços dele. Lembra o pedaço de torta, querido?, estava uma delícia. Lambi os lábios. Isso mesmo, meus lábios molhadinhos.

segunda-feira, julho 30, 2018

Fazendo de tudo pra arranjar namorado

Um amigo me veio contar uma história. Por coincidência, achei o assunto muito parecido com o que certa vez aconteceu comigo. No entanto, nada falei sobre meus namorados, apenas ouvi o relato. Creio que vão achar interessante. Conto na voz dele.

Como você sabe, trabalho em M. faz muito tempo, muitos anos mesmo. Toda semana venho à cidade, presto serviços como professor até quarta à noite, depois pego o carro e volto ao Rio. Há três semanas aconteceu algo surpreendente. Sei que você é uma pessoa vivida, conhece muita gente, mas o que vou contar você jamais deve ter ouvido.

Dirigia às dez da noite pela BR, estrada escura, apenas os faróis do carro. De repente, depois de Rocha Leão, vejo alguém fazendo sinal à beira da estrada, uma mulher e, para minha surpresa, estava nua. Isso mesmo, nua por inteiro. Por instinto, diminuí a velocidade. Depois me veio à mente o perigo que eu corria. Aquilo podia ser uma armadilha. Uma mulher faz sinal, paro, bandidos vêm me assaltar. Mas não consegui guiar por mais de duzentos metros. Liguei a seta e parei no acostamento. Esperei. Passaram-se uns cinco minutos até eu ver o vulto da mulher se aproximando de onde eu parara. Ela caminhava rápido, também no acostamento. Em algum momento, antes que chegasse, o farol de um caminhão varreu a pista. Ela desapareceu, acho que se atirou no mato enquanto o veículo trafegava. Quando chegou ao meu carro, bateu com o nó de um dos dedos no vidro da porta do carona. Antes de abrir, reparei se não vinham outras pessoas junto com ela, ou se tinha alguém escondido. Não vi alma viva, apenas a mulher. Bateu mais uma vez e esperou que eu abrisse. Desci um pouco o vidro e perguntei o que tinha acontecido. Deixa eu entrar, ela pediu esbaforida, depois conto. Abri a porta, ela entrou, eu imediatamente dei a partida. Era magra, alta, o cabelo louro preso num coque, trazia uma pequena bolsa e estava calçada, uma sandália de meio salto. Não parecia sentir vergonha. Cheguei a perceber algum entusiasmo no seu jeito de se expressar. Nada falei naquele momento, tentava primeiro entender o que acontecia. Foi ela quem contou. O namorado me deixou nua, só tem doente nesse lugar. O namorado?, perguntei. Isso mesmo, e o pior foi que caí na brincadeira dele. Você acha isso brincadeira, nua à beira de uma estrada, poderia acontecer o pior a você? Sei, mas na hora a gente não pensa; ele pediu para eu saltar nua, queria ver se eu tinha coragem, acabei aceitando; tenho uma amiga que faz essas brincadeiras, acho que para excitar o homem, lembrei dela; só que não sei o que houve, estou faz meia hora esperando e ele não volta. Você mora onde?, perguntei. Casimiro. E como você vai chegar nua em casa? Aí é que está o problema, ela respondeu, vamos pensar um pouco, não guie tão rápido, preciso me refazer. Diminuí a velocidade, olhei então para as coxas dela, eram bonitas, ela, em si, era muito bonita, o que destoava era a voz, um tom de alguém do interior. Você mora sozinha?, eu disse. Não, com minha mãe, mas não posso chegar nua em casa, tenho de arranjar um jeito. Contei que tinha, na mala, uma camisa, não estava suja, apenas usada, poderia emprestar. Ela pediu que eu entrasse numa estrada lateral. Pare logo ali, não acenda nenhuma luz, por favor, não vamos chamar atenção. Saltamos. Ela experimentou a camisa. É melhor do que nada, mas está muito curta, nunca vesti nada assim. Não vai querer? Acho que por enquanto, sim, pelo menos não fico nua do teu lado. Entrou no automóvel, sentou e cruzou as pernas. Dei a partida. Vá devagar, tenho de ligar pra uma amiga, mas aqui o telefone não funciona, tem de ser próximo da cidade. Quando passaram os primeiros postos de serviço e se anunciou a cidade de Casimiro, ela pediu que eu entrasse na estrada que leva a Lumiar. Tirou o telefone da bolsa e ligou para a amiga. Senti que ficou um pouco vexada a contar aquela situação, então saí do carro e a deixei à vontade. Quando acabou, pediu se eu podia dirigir até a casa da amiga.  Me ensinou o caminho. Aqui conheço todo mundo, sabe, ainda bem que não dá pra ver que estou dentro deste carro. Cruzamos a parte da cidade que fica à esquerda de quem vem de Campos, ela pediu para eu entrar numa pequena estrada de chão, depois que parasse junto a um portão de sítio. Temi de novo a armadilha, quem sabe ladrões viriam lá de dentro para me pegar. Mas não aconteceu nada disso. Passaram uns dez minutos e veio a amiga. Mas você está de mãos vazias, disse a passageira. É que não estou acreditando na tua história, e você nem está nua! Só visto a camisa, e é dele. falou apontando para mim. Ouvimos uma voz: quem está aí, Vera? Ela olhou para dentro do caminho que levava à casa e disse é a Valda. Fala pra ela entrar, fiz uma comida que está uma delícia. E agora, Vera?, só falta tua mãe aparecer aqui e me ver nua. Vera parecia estar gostando da situação. Vamos fazer uma coisa, vou tirar a calça e emprestar a você, disse de repente. Reparei que a moça usava uma dessas calças de ginástica. Você vai ficar nua? Não faz mal, estou em casa, e minha mãe está acostumada comigo nua, nem vai reparar. Tirou a calça e ofereceu à passageira. Ela a vestiu ali mesmo, ao meu lado, ainda sentada no banco do carona. Virou-se e me olhou nos olhos, obrigada, vou dar o meu número, depois você me liga e a gente sai pra conversar, você parece ser um cara legal, obrigada, de coração. Me deu um beijo nos lábios, ainda fechou os olhos enquanto me beijava. Depois que se afastou, enquanto abria a porta, reparei a amiga toda serelepe ao lado do carro. As duas seguiram o caminho bordeado de vegetação, ultrapassaram o portão e desapareceram. A nua, agora, era a moradora do sítio.

Aqui termina a narração dele. Então, perguntei você ligou?

Claro.

O que aconteceu?

Adivinha.

Vocês namoraram, ela gozou e contou uma porção de histórias de sacanagem, não foi assim?

Foi, como você sabe?

Acho que já sei quem é essa mulher.

Marcamos de sair de novo semana que vem.

Ela laçou você, esperta, viu?, aqui as mulheres fazem tudo pra arranjar namorado. Um segredinho: se você quiser consegue trepar com moradora do sítio, a amiga que desfilou de calcinha!

segunda-feira, julho 16, 2018

Tantos vestidinhos

Vânia, tenho uma história louca pra te contar. Sabe o namoradinho sobre quem te falei? Então, saio com ele já algumas vezes, vamos ao cinema, a algum bar, a restaurantes e coisa e tal. Na última vez, depois de passearmos, me chamou pra ir ao apartamento dele. No começo hesitei, depois acabei indo. Logo que chegamos, ele ligou o rádio, uma música instrumental, depois ofereceu uma bebida. Não aceitei, já tínhamos bebido antes. Abriu uma cerveja, das pequenas, e bebeu devagar. Escutávamos a música e, vez ou outra, trocávamos um beijo. Depois de uma meia hora, deitei na cama de casal que há ali; o apartamento dele é um tipo de estúdio, com um pequeno sofá, mesa, quatro cadeiras, cama e um pequeno armário. Continuou no mesmo lugar, bebendo e olhando pra mim. Então eu o chamei pra ficar ao meu lado. Ele veio, deitou e me beijou, tudo ainda no maior respeito. Passaram alguns minutos, ele disse você vai ficar toda amarrotada. O que eu fiz? Tirei o vestido e fiquei de calcinha. Ele pegou minha roupa, colocou num cabide e guardou no armário. Assim fica guardadinho. Sorri de suas palavras. Continuamos nossos beijos e carícias. Não demorou, tirou minha calcinha. Eu nua, ele ao meu lado totalmente vestido. Me pediu pra ficar em pé, ao lado da cama, então me abraçou. Acho que gosta, vestido, de abraçar uma mulher nua! Será que preciso dizer o que aconteceu depois? Tirei a roupa dele, todinha, e deitamos de novo. Que bom! Um peru duro e imenso! Imagine o tanto que gozei. Fiz certo charminho, disse que era muito grande, ia me machucar. O homem teve o maior cuidado. Veio devagar. Quando fiquei molhadinha, escorregou o peru pra dentro de mim. Ui, gulosa que sou. Ficamos num namoro que evoluiu a várias posições, até dei aquela voltinha completa, o pau dele como eixo. Quando paramos, depois de muita excitação e gozo, descansamos um pouquinho. Ao dar mostra que queria ir embora, me pediu pra vestir uma camiseta dele. Mas por que não o vestidinho?, perguntei. Uma brincadeira, falou. Vesti a tal camisa, que me desceu até um palmo acima dos joelhos. Um mini vestidinho. Você sabe como sou assanhada, comecei a fazer várias poses, ora mostrava as coxas, ora levantava a barra da camisa. Ele disse você vai pra casa com esse vestidinho, vou levar você, ou quer dormir aqui? Quero dormir aqui, eu disse, mas era brincadeirinha, eu tinha um compromisso cedo, no dia seguinte. Achei tão engraçada a fantasia dele. Imaginei-me entrando no seu carro, depois descendo diante do meu prédio, correndo pra abrir a portaria, a seguir o elevador e a porta do apartamento. Que susto, ninguém a me surpreender! Se você for embora, ele completou, seu vestidinho fica aqui até amanhã, assim você volta, ainda que seja pra pegá-lo. A historinha me deixou a mil por hora. Pra aumentar a tensão falei já deixei tantos vestidinhos por aí... Ele me abraçou e me deitou de novo. Trepamos mais uma vez! Como fui embora? Jura que não conta pra ninguém? Adivinha, Vânia! Deixei, sim, tantos vestidinhos largados por aí!

terça-feira, julho 03, 2018

O homem não aguentou

O namorado parecia cheio de energia, mas não foi o que constatei quando ficamos sós, num quarto de hotel. Parecia nervoso e não conseguia a ereção. Não ia admitir sair dali sem o cara ter me comido. Mas mantive a calma e me mostrei carinhosa.

“Você está acostumado com as mulheres”, eu disse, “principalmente com mulheres bonitas.”

“Estou, mas você é especial.”

“Não tenho nada de mais nem de menos do que as outras”, sorri, pisquei um dos olhos para ele.

“Jura?”, ele duvidava.

“Por que jurar, basta você investigar. Sei que sou bonita, produzida, especial, mas... por que a tensão?”

Vou descontraí-lo, pensei.

Sorri, beijei-o, levantei-me. Ele me acompanhou, beijou-me, mordeu-me delicado o lábio inferior. Lembrei-me de um ex-namorado, adorava morder meus lábios, mordia com cuidado e mantinha-o dentro de sua boca durante um bom tempo; outra coisa que gostava era morder a ponta das minhas orelhas. Passei a gostar de ambas as ações, sentia-me a mil, como gozava com aquilo.

Começou a tirar-me a blusa.

“Calma, deixa que eu tiro”, sugeri.

Ele, porém, excitava-se ao despir-me. A me ver com os seios nus, beijou a extremidade de um, depois de outro. Tentei abrir sua calça, mas ele esquivou-se.

“Quero você nua por inteiro, depois tiro a roupa, assim fico com mais tesão”, afirmou.

Continuou a trabalhar com as mãos. Desabotoou minha calça, puxou a calcinha. Pronto, eu nua por inteiro nos seus braços.

Num movimento rápido, ele soltou-me, quis apreciar meu corpo da distância de dois metros.

Tenho vergonha, falei serelepe, cobrindo apenas os seios, a parte de baixo toda à mostra.

“Agora quero ver você nu”, exclamei.

Tirei a roupa do homem em dois segundos. Mas me surpreendi ao perceber que seu pênis não ficara duro. Nada falei, tomei-o com carinho numa das mãos e comecei a acariciá-lo. Fiz que sentasse, agachei e coloquei seu sexo dentro da minha boca. Acariciava-o agora com a língua, com os lábios. Senti, então, que enrijecia mas ainda não o suficiente.

“Relaxe”, falei, “relaxe que vai fica tudo bem.”

“Você é baiana?”, suspirou.

“Como adivinhou?”

“As cariocas falam relaxa, você disse relaxe, você é do nordeste.”

“Sou baiana, sim, uma baiana peladinha pra você.”

Por que alguém mais velho do que eu apenas alguns anos tinha tanta dificuldade para o sexo? Vai ver que lhe faltaram boas mulheres.

“Quer que eu fale sacanagem no teu ouvido?”, vou te contar uma boa história, sussurrei numa mistura de voz e gemido.

Fomos para a cama, deitei por cima dele, prendi seu pênis no meio das minhas pernas e continuei.

“Quer botar no meu cu?, os homens adoram.” (Quando a gente fala de outros homens, os namorados levantam a antena, e quem sabe o peru!)

Adoram?, pareceu assustar-se.

“Isso, adoram, não há quem não goste.”

“E não dói?”

“Ah, às vezes sim, tem que ser com carinho.”

“E como foi a primeira vez?”

“A primeira vez que deixei colocar atrás? Ah, fiquei nervosa, morrendo de medo. Sugeri ao homem e depois quis desistir. Ele tinha um peru enorme. Ao reparar, eu quis desconversar. Mas já era tarde. Como eu suei no começo. Mas no final gozei.”

“Gozou?, conta, por favor.”

Seu pênis começou a ficar no ponto.

“Sabe como ele fez para entrar?”, eu incentivava”, o homem dizia, relaxe, relaxe, mas eu não conseguia, estava toda tensa, apertada, não passava uma unha. Então ele lembrou que havia creme rinse no banheiro do hotel. Lambuzou meu cu. Isso mesmo, fiquei toda molhada, lambuzada. No ponto. Não pude então escapar. Um peru enorme entrando no meu cu.”

Seu pinto levantou, mais duro não podia.

“Ah, que bom, você me excitou, tenho dificuldade de ereção, você conseguiu com sua história.”

“Então mete, vem, vem dentro de mim.”

Eu já estava preparada, lambuzara-me com um creme que trouxera na bolsa. Lógico que não deixei que ele percebesse.

“Mete, isso, mete, bem devagar, deixa escorregar. Assim, assim”, gemi, “fica muito tempo, viu, nada de pressa. Já que você demorou a ter a ereção, demora também pra gozar. Vai, assim, isso, está muito gostoso, prometo que depois conto outra história, você não vai mais ficar de pau mole...”

O homem não gozava, o peru sempre duro, eu adorando. Num momento, acrescentei:

“Deixa pra gozar dentro da minha boca, tá?”

“Dentro da boca?”, suspirou.

“Isso mesmo, vou engolir tudinho, ok?”

Ui, o homem não aguentou!

segunda-feira, junho 18, 2018

Leitor de literatura

Tive um namorado que adorava fantasias, isto é, inventava várias situações para representarmos. Certa vez, na casa de praia, pediu-me para sair de biquíni e esperar durante algum tempo do lado de fora; depois, para bater e aguardar que ele abrisse a porta. Eu tinha de fazer de conta que era uma pessoa desconhecida, que estava ali em busca de um favor. Na verdade, eu podia inventar a situação que bem entendesse, mas no fundo deveria estar mesmo paquerando-o, porque já o tinha visto antes na praia. Em outro momento, na própria praia, eu passava junto a ele vestindo um biquíni bem saliente. Ele deveria tentar conquistar-me. No final, tudo acabava num amor quente, eu nua nos seus braços. Lógico que dentro de casa.

O tempo passou e nos separamos. Não sei o motivo. Na vida, é assim, tudo é efêmero, tudo um dia acaba. Mas há um mês recebi uma mensagem dele, dizia que ficaria muito feliz em me encontrar. Respondi perguntando como ele estava passando e o que desejava.

“Tenho um presente pra você”, falou.

“Um presente?”, que bom.

Disse que era surpresa, não podia me dizer. Marcamos, então o encontro.

Ele veio à minha cidade, chegou numa terça-feira pela manhã. Como eu continuava morando no mesmo lugar, não foi difícil encontrar-me.

Logo ao chegar, abriu os braços e me abraçou demorado. Beijou-me. Enfim, entregou-me o presente. Era uma linda canga, toda colorida, bordada em alguns pontos.

Enquanto eu abria o presente, ele começou a contar alguns casos engraçados, acontecidos com ele nos últimos anos. Quando ficou em silêncio, ainda com um ligeiro sorriso no rosto, agradeci o presente e o beijei mais uma vez.

“O que trás você aqui, afinal?, eu estava curiosa.

“Saudades”, respondeu de pronto.

“Nem lembro por que terminamos”, deixei escapar.

“Nem eu.”

“Tenho uma história engraçada pra contar”, eu disse.

Ele, como sempre gostou de ouvir minhas histórias, pediu que eu continuasse.

“Tenho ido muito à praia, você sabe como gosto, e fica logo aqui em frente. E tenho ido nua!”

Ele fez cara de espanto.

“Lógico que não totalmente nua, mas com um biquíni bem pequeno, você me conhece. Outro dia, veio um vendedor de cangas oferecendo-me uma. Acho que ele me vê sempre atravessando a rua de biquíni, resolveu oferecer-me. E ficou naquele papo de vendedor, olha que linda essa, faço baratinho pra senhora, e olha mais essa. Vez ou outra olhava minha nudez, mas queria mesmo era vender a canga. Eu disse que iria pensar, que no dia seguinte talvez comprasse. Ao encontrar-me dias depois, insistiu de novo. Acabei comprando duas cangas, muito bonitas por sinal. E pra completar a história. Tenho um namorado, sabe, ele adora me ver enrolada numa canga, e pede pra que eu não use nada por baixo. Lógico que tudo isso acontece dentro de casa. Eu ainda digo a ele é melhor eu ficar nua pra você! Mas ele prefere que eu surja enrolada numa canga, depois desamarra, e vem a hora do prazer.”

Meu amigo não mudou sua fisionomia, apesar da história do namorado.

“Agora você tem mais uma canga pra representar a fantasia de seu namorado, e muito mais bonita”, acrescentou.

Sentamos e conversamos. Após meia-hora ele propôs darmos uma volta. Saímos pra beira da praia. Como queria agradá-lo, enrolei no meu corpo a canga que me deu de presente.

“Hoje não tem quase ninguém na praia”, observou.

“Terça-feira é assim mesmo. Aqui só tem gente de sexta em diante.”

Andamos a orla toda, um quiosque estava aberto. Meu amigo comprou uma cerveja.

“Você não bebe?”, perguntou. Aceitei um suco.

“Você vai embora hoje?”, perguntei depois de um tempo.

“Acho que sim, vim ver você, posso ficar mais algumas horas.”

Lembramos os velhos tempos, mas ele não tentou me reconquistar, não falou nenhuma palavra que levasse a esta interpretação. Nem tentou tocar-me o corpo.

Num determinado momento, sugeriu:

“Você, com essa beleza toda, deve arranjar muitos namorados.”

“É, até que não é difícil, mas sabe como são as pessoas daqui, não são muitos fiéis.”

“E você é fiel?”

“Tento ser, mas às vezes, até que dá uma vontade de brincar com outro.”

Ri muito depois das minhas próprias palavras.

Continuamos nosso passeio. Ele então me convidou.

“Posso ficar o dia inteiro, você aceita almoçar, daqui a pouco?”

“Claro que aceito”, virei pra ele e fiz uma careta.

O sol estava brando, o vento suave, as ondas explodiam ao longe. Meu amigo olhou tudo aquilo e, tenho certeza, lembrou o tempo quando vivia ao meu lado.

Ainda enquanto andávamos pela beira da praia, perguntou:

“Como vão os livros?, tem lido muito?”

“Nem tanto”, respondi torcendo o sorriso, “preciso ir à biblioteca. Sabia que aqui há uma boa biblioteca?, já não vou lá faz tempo.”

“Trouxe um livro pra você. Pelo menos por enquanto não vai precisar da biblioteca. Quando voltarmos à sua casa, entrego, está na mochila.”

“É sobre o quê?”

“Um romance, uma história que começa em M. e acaba no Rio de Janeiro. Uma espécie de livro de amor misturado com trama policial. Uma mulher ama um rapaz mais jovem do que ela. Ele desaparece e ela vai atrás, quer saber o que aconteceu. Durante este percurso, ela descobre outros fatos. É interessante chama-se Se houvesse sol.”

“Deve ser interessante”, chamei a atenção, “um livro ambientado em M., jamais soube de qualquer livro que se passa em M. Há grupo de poetas que se reúnem uma vez ou outra naquela cidade, alguma antologia de uma poesia muito convencional, mas livro ambientado em M., nunca soube.”

“Existe sim, talvez porque a autora não seja muito conhecida. Ela, inclusive, tem outro livro ambientado em M. e em Rio das Ostras.”

Chegávamos próximos à praça da Baleia. Meu amigo tirou o telefone do bolso e olhou as horas, quase meio dia.

“Você acha cedo para almoçar?”, perguntou.

“Não, está bom agora.”

Entramos num dos restaurantes que bordeiam a praça. Na porta havia uma tabuleta com os pratos do dia. Paramos durante alguns instantes e lemos as informações.

“Hum, vamos pedir um robalo em postas.”

Sentamos, o garçom não demorou a aparecer. Meu amigo fez os pedidos e continuou falando sobre literatura.

“Há algumas pessoas pedindo que eu escreva sobre seus livros. Aceito, consigo publicar, mas quero mesmo é publicar dois romances que tenho guardado.”

“Por que não publica?”

“Não é tão fácil assim. Na internet, há alguns sites que ajudam na elaboração de e-books, autopublicações etc., mas quero mesmo publicar por uma editora que faça a distribuição.”

“Lembra?, quando morei em M. era uma dificuldade formar um leitor de literatura. Por mais que eu tentasse no meu trabalho de bibliotecária, eram poucos os resultados.”

“Houve algum resultado?”, perguntou enquanto tomava um gole de suco de laranja, que o garçom acabava de trazer, “se você conseguiu formar um leitor, já está ótimo o resultado.”

Sorri, enquanto abria um tablete de manteiga para passar numa torrada. Esperávamos que nos trouxessem o prato principal.

“Qual a função da leitura no mundo de hoje?”, fiz a pergunta de surpresa.

“Não sei”, respondeu, “acho que a palavra função não é boa, parece algo do mundo industrial; a leitura é um prazer, um meio de conhecer o mundo, de usufruir da imaginação alheia. Dependendo do livro, também é um meio de elaborar questões. Mas fiquemos no prazer, no divertimento. É tão bom ler um livro interessante.”

“Hoje vejo gente olhando o celular o tempo todo, vendo fotos, vídeos que os amigos enviam, até estou começando achar a leitura impossível, pelo menos pra algumas pessoas.”

“Há muita coisa concorrendo com a leitura, mas ela é importante. O livro que eu trouxe pra você apresenta essa questão, a concorrência da leitura com outros meios de transmissão de histórias.”

O garçom chegou com o peixe assado. Era enorme, rodeado de batatas cozidas e alguns pedaços de tomate. Colocou-o no centro da mesa e começou a nos servir. Primeiro a mim, depois ao meu amigo. O empregado parecia satisfeito em distribuir aquele prato a nós dois. Antes de afastar-se, disse que o chamássemos caso precisássemos de mais alguma coisa.

O almoço transcorreu na mais pura satisfação. Até mesmo parecia o tempo em que vivemos juntos. Saboreamos o peixe, mantendo-nos em silêncio enquanto comíamos. Somente quando acabávamos é que voltamos a falar sobre um ou outro assunto banal. Meu amigo sabia gozar as coisas boas da vida, e aquele almoço era uma dessas coisas.

“Você continua o mesmo”, cheguei a falar.

“O mesmo?”, perguntou ainda mastigando.

“Você gosta do silêncio na hora da comida.”

“Como os gregos da antiguidade, eles também amavam saborear as refeições, nãos gostavam de conversar nem de música no momento em que comiam.”

“Ah, você sempre com seus exemplos, quero sabe se as mulheres sentavam à mesa ao lado deles.”

“Quem sabe, fala-se muita bobagem atualmente.”

“Que tal saborear um sorvete?”, sugeri ao olhar ao lado uma mulher que comia um com calda de caramelo.

“Ótima ideia, vamos completar toda essa gostosura.”

Meu amigo pediu um sorvete de coco; eu, um de morango. Ambos com calda de caramelo. Demoramos, esperamos os pedaços de frutas dissolverem-se dentro de nossas bocas, junto com o creme que, pouco a pouco, tornava-se uma espécie de líquido. Depois que terminamos, ele pagou a conta, agradecemos e saímos. Continuamos nossa caminhada pela beira da praia.

“Que tal irmos à praia, vamos pedir um guarda-sol e duas cadeiras na Tocolândia”, sugeriu.

“Será que aguento?”, perguntei já demonstrando o efeito do almoço, o sono sempre me capturava naqueles momentos.

“Durma debaixo do guarda-sol, recoste a cadeira enquanto aprecio o mar.”

“Quando você morou por aqui, não apreciava tanto a paisagem.”

“É a velha história, a gente sente depois que perde.”

Sorri, aceitei seu convite. Caminhamos à Tocolândia.

Conseguimos o guarda-sol e duas cadeiras de praia. Descemos a areia até ficarmos a mais ou menos vinte metros da linha d’água. Abrimos a cadeira e eu me coloquei sob a sombra. Fechei os olhos ligeiramente, como se cochilasse. Meu amigo sentou e permaneceu silencioso. Acho que passaram quase quinze minutos sem que nos dirigíssemos um ao outro. Fui eu que retomei o diálogo.

“Você sabe que houve um crime, aqui na região?”

“Não, não ouvi falar.”

“Uma mulher foi assassinada.”

“Sério?”

“Você acha que eu ia brincar com essas coisas?”

“Encontraram o criminoso?”

“Vou falar primeiro sobre o que aconteceu”, eu queria mostrar o motivo do crime.

“Ok.”

“Ela morava sozinha, trabalhava em M., aparentemente era alguém independente. Apareceu morta dentro de casa. Há rumores de que ela recebia alguns homens, mas há muita fofoca por aqui.”

“E a polícia?”

“Você sabe como é a polícia, ela não investiga.”

“Vocês vão deixar por isso mesmo? O fato põe em perigo todas as mulheres.”

“Claro, mas a quem vamos recorrer?, estamos numa cidade muito masculina, as vítimas são consideradas culpadas. Caso uma mulher queira viver livre, trepando com que deseja, ela é a culpada.”

“Você não sente medo?”

“Não, não sinto”, falei resoluta. “Mas, aqui, para ter segurança, é preciso de um homem. É um absurdo, não?”

Ele olhava o mar, parecia contente a apreciar a paisagem.

“Agora vamos pra um assunto mais leve,” falei.

Ele me olhou, sorriu.

“Ainda bem que há coisas boas em você.”

“Sabe que um rapaz, deve ter vinte e poucos anos, vive me paquerando.”

“E o que tem isso?”

“Sou quase vinte anos mais velha que ele, é muito tempo.”

“Nada disso, não há idade para o amor”, afirmou alegre.

“Você acha que alguém de vinte e poucos anos sabe o que é o amor? Se a gente, de mais de quarenta, ainda não sabe...”

“Conta como foi a aventura.”

“Não houve aventura. Quando venho à praia, ele sempre aparece, fica me olhando. Pediu um cigarro uma vez; de outra, pediu pra ler um caderno do jornal que eu trouxera pra praia. Emprestei. No final perguntou se eu não entrava n’água. Muito engraçado.”

“E o que você falou?”

“Que sim!”

“Então a coisa foi boa.”

“Só uma vez. Disse a ele para não se achar o tal.”

“É o seu namoradinho?”

“Não!”

“Entendi.”

“Tenho uma amiga que diz: ‘a fila anda!’, muito engraçada ela.”

Meu amigo decidiu mergulhar. Disse que sentia muito calor. Tirou a roupa, ficou apenas de sunga e entrou n’água. Voltou-se pra mim, jogava água pra cima, como se me convidasse a entrar. Soltei a canga, deixei-a sobre a cadeira e corri na direção dele.

segunda-feira, junho 04, 2018

Encanto

Na praia, sempre há alguém a nos olhar, sobretudo os homens. Nós, mulheres, sempre exercemos encanto sobre eles. Alguém pode dizer que o inverso é verdadeiro, quero dizer, os homens também enfeitiçam as mulheres. O dito não deixa de ter sua ponta de verdade. Mas as mulheres tem mais poder, e devem preservá-lo. O pior para uma de nós é tornar-se alguém que perdeu o poder de encantar. Toda mulher, por natureza, tem este dom. Vide, na história da literatura, as fadas e as feiticeiras. O poder de encanto que perdura, no entanto, acontece quando somos fugidias. Assim, os homens tornam-se apaixonados, ou quando não, atraídos. Por isso, temos de tomar muito cuidado. Outro dia, conversei aqui na praia, sob este mesmo guarda-sol, com uma amiga, enquanto aproveitávamos o dia.

Como fazemos para não perdermos o poder de encantar?, quis ela saber.

Não faça nada.

Como, não faça nada?, repetiu.

Quando um homem demonstrar interesse por você, espere. Apenas.

Esperar, como assim?

Deixe-o se encantar mais e mais. Faça de conta que não está percebendo o que ele quer.

Sim, entendi, ela replicou; se um homem estiver a fim de sair comigo, não aceito.

Na teoria, sim. Mas não seja tão explícita. Desconverse.

Mas gosto tanto dos homens, ela insistia.

Eu também, mas gosto mais do meu poder de sedução, do meu poder de encantamento. Caso aceito sair com alguém, sobretudo de primeira, este poder acaba. Nada pior a uma mulher do que perder sua capacidade de encantar, insisti.

Nunca pensei nisso, acho que o importante é satisfazer o meu desejo.

Caso você o satisfaça com um homem maravilhoso, amanhã ou depois terá o mesmo homem ou ele vai atrás de outra?

Na certa vai procurar outra, sim, são eternos insatisfeitos.

Melhor sentirmos prazer, uma espécie de orgasmo, com o nosso poder de encantamento. Cada vez que encantamos um deles, um gozo. Melhor do que o gozo com o homem transitório, prestes a nos deixar.

Mas, como fazer?, precisamos sentir o corpo masculino, o sexo masculino. Satisfazer-se com o próprio poder de encantamento é uma satisfação abstrata.

Nada disso, uma satisfação abstrata que reflete no próprio corpo.

Sério?, ela pareceu não acreditar.

Sério. Quer saber como?

Sim.

Deite sozinha, pense no seu poder de encantamento, de feitiço, imagine os homens que você seduziu, que deixou enfeitiçado por você. Faça isso nua, à noite. Goze com o seu próprio corpo, com o seu meio de encantá-los. É tão gostoso... Tenho uma amiga que, para se excitar mais, pensa nas sacanagens que os homens dizem no seu ouvido, sobretudo aqueles que ela seduziu.

Você fala sério?

Falo, vou contar uma pequena história. Quer ouvir?

Sim, talvez sirva de exemplo.

Tenho um amigo que recebeu pelo zap algumas fotos de uma mulher com quem ele se relaciona. Ela aparecia nua nas fotos e escreveu assim: eu gozando, guarda pra você. Ao aumentar a imagem, reparou que a vagina dela estava molhadinha, dava pra ver perfeitamente uma pérola de gozo. Ao encontrá-la, dias depois, ele perguntou você, pra fazer aquelas fotos, se masturbou. Ela disse não. Como você conseguiu gozar, então? Com meu próprio corpo, respondeu. Nem é tão bonita, mas tem um poder de encanto imenso. O poder é tanto, que ela se encanta consigo mesmo.

Minha amiga entortou a cabeça. Bem, não tinha pensado nisso, quem sabe também consigo.

Consegue, sim, todas conseguimos, sorri, como tivesse encontrado a verdadeira solução para o amor.

E o amor, qual o lugar dele nesses relacionamentos?, minha amiga pareceu adivinhar meu pensamento.

Amor mesmo é muito difícil, quase impossível, o que existe é atração física e paixão. Caso houvesse amor, os homens não correriam atrás de outras depois de trepar com a gente, não é mesmo? Por isso, a história do poder de encanto... e tem mais uma coisa, não quero dizer que não vamos trepar com homem nenhum, vez ou outra, quem sabe. Pode ser, de vez em vez com alguém daqui da cidade, ou vamos a um local onde ninguém nos conhece. Estes vão ficar ainda mais encantados. Não sabem nada de nós nem vão nos encontrar de novo!

segunda-feira, maio 21, 2018

Onde meu vestidinho?

Tenho um amigo que me adora. Aliás, às vezes nossa relação avança um pouco além da amizade, mas prefiro dizer que é meu amigo. Outro dia estávamos na praia, eu vestia um biquíni comportadíssimo, mas disse a ele que da próxima vez viria trajando apenas uma peça.

Uma peça?, surpreendeu-se.

Isso mesmo, uma peça.

Então você vem com os seios à mostra, sugeriu.

Nada disso, um maiô inteiriço, dei de ombros.

Ah, bom, ele entendeu.


Lembrei, então, de um antigo namorado, sapeca que só, não é que queria me deixar nua na praia? Eu queria mesmo era trepar com ele, uma gostosura, muito bom de cama, preferia mesmo ficar em casa a manhã inteira, eu nos braços dele. O homem, porém, queria me levar à praia. Eu cedia. Certa vez eu disse que iria, mas só com uma peça. Não fui vestindo o maiô inteiriço, apenas a parte de baixo do biquíni, e nada de comportado. Não é que dentro d’água ele me deixou nua? De uma peça, a nenhuma. Mas foi bom. A água gelada, eu nua. Ainda bem que aquela praia em R. O. estava vazia, não era temporada.


Volto ao meu amigo. Não sabe nada das minhas sapequices.

Você gosta de vestidões?, pergunta.

Vestidões, como assim?

Aqueles vestidos compridos, que descem até abaixo dos joelhos, ou mesmo até os pés.

Gosto, tenho três.

Você nunca vestiu nenhum deles pra mim, fez cara de amuado.

Qualquer dia desses a gente sai à noite, vou vestida com o mais bonito, afirmei solícita.

Ok, vou adorar, deve ficar bem em você; vou te dar mais um no teu aniversário.

Ficamos na praia, ao sabor do mar, do sol e do vento. No final da tarde, ele me abraçou, me carregou no colo. Adorei. Pele com pele, coladinha a ele. Tomamos um refrigerante num quiosque.

Sabe, voltei a falar, há homens que adoram mulheres bem vestidas.

Sou um deles.

Acho que nos desejam de vestidões, para depois nos despirem, tirar toda a roupa que temos sobre a pele, inclusive calcinha e sutiã.

Ele riu.

Você nem usa sutiã!


Eu e esse meu amigo trepamos duas vezes, e totalmente ao acaso. Uma foi na minha casa. Ele dormiu ao meu lado, durante a noite resolvi abraçá-lo. Ao acordar, pela manhã, estava nua! Jurou que não foi pelas mãos dele. Abracei-o, ainda nuazinha, e fizemos um amor muito gostoso. Depois coloquei o dedo sobre os seus lábios e disse a ele: isto não aconteceu. Continuamos amigos, nada mudou entre nós. Que bom, seja sempre assim!

A segunda vez... Bem, a segunda vez conto já. Antes, apenas um parêntese.

No dia seguinte fiquei sozinha em casa. Peguei um livro pra ler. Sentei no sofá e me perdi na história, uma história de amor. Mas, às nove da noite, o telefone tocou. Era meu amigo.

Tenho um presente pra você, afirmou solene.

Não é ainda meu aniversário.

Não faz mal, quero te dar o presente; no aniversário, dou outro.

Não gosto de largar um bom livro, mas o deixei de lado pra receber o meu amigo. Chegou às dez em ponto.

Abri a pequena caixa, um vestido. Mas nada de vestido comprido. Ao contrário, um minivestido branquinho. Meu amigo saliente!

Experimenta pra gente ver; se você não gostar pode trocar, aqui o cartão da loja e o nome da vendedora.

Fui ao quarto, vesti a roupa, cheirinho gostoso de roupa nova. Caiu perfeito no meu corpo. Tão curtinho. Voltei à sala.

Ah, eu que pensei que você gostava de mulher com muito pano!

Meu amigo me abraçou. Depois fomos ao restaurante, pertinho de casa, eu dentro do vestidinho.

Morro de vergonha, estou nua, tudo de fora.

Nada disso, você está ótima, ele me consolou.

Bebemos duas caipirinhas. Voltamos abraçados. Dormimos juntos. A bebida havia me deixado soltinha. Pendurei o vestidinho no encosto da cadeira e pulei sobre o meu amigo. Devagarinho, abri as pernas. Minha xota molhadinha!

Mas, no dia seguinte, quando acordei, ele já havia partido. Onde meu vestidinho? Não encontrei. Nem a caixa, nem o papel, muito menos o cartão da loja com o nome da vendedora.

Hum, será que meu amigo veio mesmo ou era a história do meu livrinho?