segunda-feira, dezembro 03, 2018

Boas histórias ou duas maçãs bem vermelhas

Nely acordou envolvida num lençol. Como sentia prazer nisso, nua, o tecido suave, única coberta a lhe acariciar o corpo, mão carinhosa a deslizar creme de calêndula sobre a pele. Moveu-se à direita, à esquerda, sorriu, serrou-se dentro dos panos e imaginou como seria o dia que brotava. Havia sentido enorme prazer à noite, antes de dormir, mas, no momento, pensava numa visita que receberia, um ex-namorado viria a sua casa, vinha de longe, morava em outra cidade, por isso pedira pouso, precisava de um documento na prefeitura da cidade onde ela morava. Gostava naquele ex o fato de ele pensar em lhe dar prazer muito lhe agradava. Você está contente?, ele perguntava, sente prazer? Quando transava com ele, o homem queria mesmo era fazê-la gozar. Gozou?, perguntava no final. É difícil fazer uma mulher gozar, para algumas trata-se de um trabalho hercúleo. Nely sabia que ele se preocuparia em agradar-lhe o máximo, em deixá-la feliz. Na certa, traria um presente. Moveu-se sob o lençol, sentiu mais uma vez o namoro com o tecido, quase um arrepio. Não sentia vontade de sair da cama.

Ela sabia que, naquele dia, lá pelas onze da manhã, depois da chegada do tal homem, ficaria nua na sala de casa. Sério, não resistiria. Não precisava se preocupar, ele surpreenderia. Nely estaria trajando um vestido florido, macio, que descia até os joelhos, roupa confortável para se ficar em casa ou mesmo circular pela vizinhança.

Ao chegar, ele abraçou-a e beijou-a. Os dois sentaram-se juntinhos no sofá de fronte à mesa, na sala de estar. A conversa circulou em torno dos últimos acontecimentos, da vida de Nely, da praia próxima, dos passeios que ela às vezes fazia. Ele permanecia silencioso, sua face demonstrava contentamento. Pousou uma das mãos sobre um dos joelhos da mulher. Ela fez como se nada tivesse acontecido. Continuou a falar, olhou a ele, virou-se novamente para frente e contou como fora o último final de semana. Falava como se houvesse uma terceira pessoa diante dela. Quando virou a cabeça para o homem, beijou-o e ele já deslizava a mão sobre suas coxas, por baixo do vestido. Após o beijo, Nely ficou paradinha, como meditasse ou como esperasse até onde ele seria capaz de avançar. Subiu a mão, sempre tateando as coxas da ex-namorada, avançou até acima da virilha e parou junto ao elástico superior da calcinha. Introduziu a outra mão também por debaixo da saia. Desencosta um pouquinho, pediu ele. Ela fez o movimento, como o gesto mais natural do mundo. A calcinha desceu nas mãos dele, ultrapassou os joelhos e, enfim, o calcanhar. Ele a comprimiu dentro de uma das mãos e depois a arremessou sobre a mesa. Ela caiu dentro da fruteira, junto a duas maçãs bem vermelhas. Nely nua, apenas o fino pano sobre a pele. Como gostava da sensação. Lembrou-se que um dia saíra tal qual estava agora, a pedido de um namorado, apenas o vestido fino a lhe disfarçar a nudez, e uma excitação que a fazia comprimir as coxas.

Ficaram de pé. Ele a abraçá-la. Que bom assim, não precisava ter compromisso. Os homens apareciam, acariciavam-na, trepavam com ela e ela gozava. E a vida continuava. Ele levantou o vestido de Nely, que saiu pela cabeça, deixou-a nua. Isso, como ela gostava, nua, agarrada ao homem ainda vestido. Permaneceram naquele elevo por demorados minutos. Beijaram-se. Ele lhe disse algumas palavras no ouvido, palavras que ela gostava de ouvir. Deram alguns passos e deitaram na cama, que ficava no quarto. Namoraram de modo suave. Só então ele tirou toda a roupa e trepou com Nely. Transar com você é bom porque não me exige posições difíceis, ela. É mesmo?, pareceu surpreso. Tem homem que exige que eu seja malabarista; quando acaba, estou toda doída. No final, ele perguntou: você gozou? Já gozei ontem, assegurou ela um tanto sem jeito. Ontem? Um namorado ficou falando bobagem pelo telefone, acabei gozando, e foi tão bom. Após as últimas palavras, ela trocou o vexo pelo riso leve.

Durante alguns minutos, Nely não estava mais na manhã ensolarada de maio, mas na véspera, noite fechada, nua no canapé, o telefone no ouvido, uma trepada a distância, em que, a princípio, ela não acreditava. Ficou tão molhada. O homem era bom em historias.

Quer dizer que você tem gozado bastante.

Bastante, não, vez ou outra.

Nely olhou o ex-namorado, ainda agarradinha a ele. É bom assim. E quando você puder, ligue para mim, quem sabe também vai conseguir me fazer gozar. Afinal, você sabe contar boas histórias.

Nenhum comentário: