Outro dia estava esperando um telefonema de um admirador com
quem troquei uns carinhos faz algum tempo. Fazia um tempo enorme que não o via.
Mas ele não ligou. Como havia perdido seu número, não consegui entrar em
contato. O jeito seria esperar, quem sabe ligaria outra hora. Foi então que
recebi uma ligação, mas de outro homem de quem nem mais lembrava. No início,
pensei tratar-se de uma armadilha, mas ele veio ao meu encontro, recordei-me de
quem se tratava. Convidou-me a uma casa de chá. Achei elegantíssimo. Gosto de
homens que me convidam a lugares sofisticados. O garçom nos trouxe xícaras de
porcelana, os sachês de chá para a nossa escolha. Olhei meu homem e sorri,
reparei em volta a decoração: quadros, paredes de madeira, mesas de mármore branquíssimo, tudo muito bonito. Escolhi o chá. O garçom versou a água quente e esperei
alguns minutos até que o líquido tomasse consistência. Logo nos primeiros
goles, senti uma ponta de excitação. Dizem que chá acalma, ao contrário, senti
uma alegria interior imensa, e depois, pouco a pouco, foi-me crescendo a
vontade de namorar. Conversamos sobre assuntos banais, mas eu tocava suas mãos;
quando podia, seus braços; cheguei a percorrer, com a ponta dos dedos, seu
tórax. Aquele excesso de gesto iria me valer a estada num hotel dali a pouco,
onde ficaríamos por umas três horas. Eu nua, pernas abertas; ele, um peru
enorme, como eu não via fazia tempo. Sua calcinha é um requinte só, dá vontade
de levar de lembrança, ele disse. E eu nos braços do homem. Os homens falam
algumas bobagens no momento em que estão prestes a gozar, mas depois esquecem.
A ejaculação leva consigo todas as fantasias. Aliás, houve outro homem... Daqui a pouco
conto, mas este aqui me penetrou severo, rígido. Tomara que não me peça para
chupá-lo, não tenho garganta para engolir um pau tão longo. pensei. Mas gostei da
trepada funda, bem dada. Voltei para casa realizada. A casa de chá. A trepada
funda.
Aliás, houve outro homem... A tal continuação. A história
nada tem a ver com o requinte do salão de chá! Vesti-me com um vestidinho
daqueles curtos, colados ao corpo e fui a um forró. Isso mesmo, adoro forró.
Vários homens dançaram comigo. Tudo muito quente, muito suor.
Adorei. Mas houve um, lá pelas tantas da madrugada, que me agarrou firme e
queria trepar. Dizia no meu ouvido você é muito gostosa, não
posso te deixar escapar. Pera aí, eu pedia, calma, me dê o teu número, prometo
que telefono. Mas o homem foi insistente, queria naquela hora, e ali por perto.
Nada disso. Cozinhei-o em banho-maria, dei-lhe uns beijinhos, deixei que me
abraçasse num canto retirado. Havia outros casais namorando nas proximidades.
Ele apertou-me, beliscou, quis deslizar as mãos pelas minhas pernas, subir
minhas coxas. Imaginem, eu com aquele vestidinho fino, curto, o homem
avançando. Mostrou uma camisinha. Ele, de camisinha. Eu, sem calcinha! Lembrancinha.
Na hora, a gente fica nervosa. Depois que passa, acha
tudo muito engraçado.
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