quarta-feira, setembro 30, 2015

Tímida arrepiada

Oi, Margarida, tenho lido seu blog, você escreve muito bem, seus contos tem muita poesia, gosto do estilo, mas as situações... Será que não contribuem para que os homens se aproveitem e subjuguem as mulheres? Será que não influenciam as mulheres a se arriscarem de modo comprometedor? Não sou moralista nem desejo censurar você, mas seus contos...

Tenho um medo que me pelo de que me larguem nua por aí. Jamais aceitarei sair cada dia com um homem diferente. Ouço cada história que me faz ficar de cabelo em pé. Me separei há dois anos. Sempre tive uma vida recatada. Até então, meu ex-marido foi o meu único homem. Tentei ao máximo segurar o casamento, mas chegou a um ponto que não consegui. Fiquei um ano sem transar. Ao conhecer o primeiro homem nessa nova fase, foi um suplício. Que vergonha! Como ele demorou pra conseguir me levar pra cama. Eu arranjava todo tipo de desculpa para não ficar a sós com ele. Ir à casa dele, nem pensar. Não sei como teve tanta paciência, e olha que por aí mulher é o que não falta. Na primeira vez que me deixou nua, suei frio e corri para o banheiro. Fiquei uma hora trancada. Ele até bateu na porta pra perguntar se eu estava me sentindo mal. Com o correr do tempo, fui me entregando. Pena que o namoro não deu certo. Ele era muito legal, mas descobri que tinha pelo menos duas outras mulheres. Tive mais três namorados. Somente com o último foi que consegui manter um relacionamento que dura até hoje. Sempre no começo sinto uma enorme aflição, apenas depois da terceira ou quarta transa que consigo me soltar. Então já sou capaz de não tremer nem enrubescer. Mas no começo é muito difícil. Tenho amigas que são livres e independentes. Não querem ter compromisso com homem algum. Saem casualmente com o homem da vez sem o menor medo nem pudor. Não sei não, acho que não nasci pra uma vida dessas. Uma delas me pediu segredo. Nas saídas com homens alternados, me contou que já passou por situações perigosas. Certa vez, quase passa a maior vergonha. Um deles trepou com ela dentro do carro, que era dela mesmo, depois foi embora levando dentro da pasta toda a sua roupa. E eram quatro e meia da madrugada, faltava pouco pra amanhecer. Disse que foi um sufoco chegar em casa daquele jeito... Mas a safada ainda saiu com ele outras vezes, e pelo tom da sua voz acho que passou a gostar daquelas aventuras! Já pensou, nua na madrugada num lugar público, arriscando-se a ser surpreendida pela polícia? Não quero passar por isso, não. Me casei aos vinte e seis anos, namorava-o desde os dezesseis, pensei que ele seria o meu único homem. Mas não deu. O que fazer? Depois de quinze anos de casada, me separei. Ainda bem que estou com esse outro. Demorei pra encontrá-lo, demorei pra deixar que me despisse. Mas valeu a pena. Outra amiga minha diz que gosta de namorar com o perigo. Será que isso não é uma doença? Sai com o homem às vezes no mesmo dia em que o conhece. Nem toma referências. Diz que nunca aconteceu nada de errado com ela, sua única exigência é trepar de camisinha. Quando contei o caso de minha amiga pelada no automóvel, me disse que já ouviu muitas histórias desse tipo, mas que a maioria é fantasia criada pelas próprias mulheres; na verdade, gostariam de viver a experiência. “Houve um caso”, contou-me, “que aconteceu com uma colega de trabalho. Esse é verdade”, assegurou ela. A mulher conheceu um rapaz na praia, momentos depois ambos entraram na água e fizeram amor. Quando acabaram, o jovem foi pra areia levando o biquíni dela dentro da sunga. Ela não falou nada, ficou excitada com o que pensou ser uma brincadeira dele. Tentava, talvez, criar o clima pra mais uma transa. Ao perceber que ele não voltava, começou a ficar preocupada. Diz que permaneceu duas horas de molho. Um belo senhor ao percebê-la inquieta, aproximou-se. Acabou por resolver-lhe o problema. Muito discretamente. Nos dias sucessivos marcaram alguns encontros tornando-se namorados. Ele até pagou uma viagem à Europa pra ela. Disse que se não fosse a brincadeira juvenil, não teria lucrado tanto com o mais velho. Já pensou se acontece isso comigo, nua na praia? Ai, acho que não consigo esperar nem um minuto. Saio correndo da água. Ainda bem que tenho meu namorado, e ele não pensa nessas coisas. É um homem muito correto!

Marg, apesar de tudo, é verdade que seus contos dão um arrepio... Às vezes me surpreendo sentindo prazer com todas aquelas situações. Mas, por enquanto, apenas na imaginação. Quem sabe, um dia, me permito deixar pelo menos a meia nas mãos de um desconhecido?

terça-feira, setembro 22, 2015

Que profundezas!

Certa vez fui visitar um escritor amigo meu. Era sábado de Carnaval. Como ele escreve contos e romances profundos, que tocam os limites da alma humana, queria perguntar como devia fazer para escrever algo semelhante. Mas ao chegar nem tive tempo de fazer a pergunta. Ele foi logo me pedindo emprestado o vestido que eu trazia sobre o corpo, queria se divertir fantasiado de mulher no bloco das piranhas, que sairia numa rua próxima, naquela mesma tarde. Meu vestido?, repeti, surpresa. Ele acrescentou o que tem de mais?, é carnaval. Fui ao banheiro e tirei a roupa. Quando reparou que eu vestia biquíni, pediu também as duas peças. Mas vou ficar nua... O que há de mal nisso? Você não quer explorar as entranhas da alma humana?, respondeu adivinhando o porquê da minha visita. Além disso, pode ir ao meu quarto e vestir uma camisa de malha à sua escolha, estão todas no armário, completou. Feliz, desceu para o seu Carnaval. E eu fiquei a esperá-lo. Que chá de cadeira ele me deu... Passaram-se duas, três horas e nada de ele voltar. Lembrei-me de uma amiga que teve de ficar sentada nua num escritório durante três horas; o namorado, um advogado, foi a uma audiência e de brincadeirinha levou as roupas dela na pasta. Acabei fazendo o que meu amigo sugerira. Fui ao quarto, abri o armário e vesti uma camiseta. Caiu como um vestidinho. Desci. Lá na rua passava um bloco, e não era o do meu amigo. Logo um rapaz veio ao meu encontro. Me abraçou, me beijou e me puxou pelo braço. Quando dei por mim, brincava com ele. Ai, se descobrem que estou nua, pensei. Carnaval. Aliás, foi assim que passei a gostar de Carnaval. E nunca me diverti tanto como naquele dia. Foi assim que também passei a entender as profundezas da alma humana. E que profundezas, diria meu amigo escritor, diria horas depois o folião apaixonado.

terça-feira, setembro 15, 2015

Gosto de homens que sabem amar

Ela tem olhos redondos, e gosta de andar pela praia, apesar de já entrado o outono. Veste o mesmo biquíni do último verão, mas não o top, cobre seu tronco uma blusa de mangas compridas, blusa quase de homem. Passeia os quatro quilômetros, toda a extensão da praia. São cinco da tarde, o tímido sol ainda possui raios para aquecer-lhe as pernas nuas. Às vezes, ela arrepia-se. Sente-se bem por resistir ao avanço da estação. As casas dos veranistas estão vazias, praticamente todos já se foram. Ela certamente não irá, porque mora naquele lugar. As ondas explodem a alguma distância, ela admira o mar.

Lembra a noite em que o filho de dona Oliva esteve na praia. Um rapaz que partiu para estudar no exterior. Chama-se Marcelo, mas costuma pensar nele como filho de dona Oliva. O rapaz, na verdade já homem feito, a olhou com ar de admiração. Surpreendeu-se ao vê-la de biquíni àquela hora da noite. Quando conversaram, disse que pensou que ela estava nua. Sorri, o que eu podia dizer?, falou no dia seguinte a uma amiga. O que aconteceu?, a amiga demonstrou curiosidade. Nada de mais, retrucou. No entanto, não era verdade. Marcelo a conhecia desde garota, vira-a crescer, correr pela praia, lambuzar-se na areia com o corpo salgado e molhado, agora vendo-a mulher feita, o corpo esguio, transpirando certa sensualidade e de biquíni ao anoitecer, percebeu que poderia haver qualquer coisa entre os dois. Ela riu a ele quando cruzaram-se, eram os únicos entre a paisagem semi-selvagem. Ela, a princípio, seguiu em frente; o rapaz não quis mostrar-se indelicado, retribuiu o sorriso e deu mais alguns passos; mais adiante, porém, estacou e fez de conta que olhava o mar; em seguida voltou-se para onde a moça caminhava, enfim, pôde apreciá-la por trás. Como que adivinhando alguma imanência entre os dois, ela deu meia volta e descobriu-se no campo de visão dele. Ambos sorriram mais uma vez, embora a distância e o cedo entardecer da estação borrasse a ela uma clara visão da  expressão facial de Marcelo. Ele titubeou; iria até ela ou esperaria a aproximação da mulher? Sua indecisão provocou uma expansão do sorriso na face feminina. Ou significava uma expressão de quase júbilo? Ele não poderia ficar a vida toda ali parado. Você não sente frio?, perguntou sem olhar às pernas dela. Estou acostumada, devolveu simpática. Ele encontrou o caminhou mais fácil, talvez o caminho óbvio, de todo homem que se depara com uma mulher e quer iniciar um diálogo. Já nos conhecemos, não é mesmo? Naquele caso era verdade, tinham crescido na mesma cidade, andaram, ela ainda andava, por aquelas praias e areais durante a infância e adolescência, mas também era verdade que jamais aproximaram-se, o círculo de amizade de cada um era distinto. Marcelo abriu um tímido sorriso com um dos cantos da boca, sentiu o ar nos pulmões, ar fresco que também lhe chegava ao estômago provocando-lhe intensa excitação. Ela estirou os braços e enlaçou vagarosa as mãos, um pouco acima do biquíni, chegou a espreguiçar-se, estalou alguns ossos, talvez uma indelicadeza com o rapaz que vinha de fora. Ele, porém, sentiu vontade de abraçá-la. Como ela reagiria? Gritaria ou diria que ele a interpretara mal? Melhor não arriscar, pensou Marcelo. Ela moveu as duas pernas, uma após outra, mais um sorriso. Você esteve fora muito tempo, disse e esperou pela reação dele. Ele talvez pensasse que sua oportunidade passara, ela agora era de outro. Mas onde estaria esse outro em meio à solidão do lugar, à vastidão da praia? Sentiu a respiração pesada, o ar ainda mais frio, olhou a ela ameaçador. Os homens que estudam fora não são os brutamontes que vivem por aqui, falou ela. Marcelo sentiu-se desarmado. Talvez ela quisesse conversar, saber dos assuntos de fora. Foi então que ela deu um passo à frente e lançou-lhe o mais sedutor de todos os sorrisos. Ele a abraçou, e ela aceitou de bom grado o abraço. Ela ainda lembra de uma frase sussurrada ao seu ouvido, não tem certeza se antes ou depois do amor. Você não teme que possa surgir um desconhecido? Apenas manteve o sorriso e suspirou um quem sabe.

Anoitece e ela está só. Marcelo já se foi, ao exterior, um lugar distante daquela praia, um lugar difícil de imaginar. Ele nada prometeu a ela. E nem ela viveria de promessas. O vento vem forte, um chicotinho de areia lacera-lhe as pernas. Mas ela gosta, aproxima-se mais da praia, quer tirar a blusa, lembra no entanto que está sem o top por baixo do pano. Talvez um homem vendo-a nua pensará duas vezes antes de acreditar nos próprios olhos. Caso um dos brutamontes da cidade apareça ela terá de se lançar ao mar, ou, quem sabe, entregar-se a ele e pedir tenha cuidado, sou frágil e gosto de homens que sabem amar.

terça-feira, setembro 08, 2015

O mesmo vestidinho

Não suportei, acabei ligando pra ele. Fazia tanto tempo, e a saudade era mais forte. Oi, que bom você ter ligado, falou. Sorri do meu lado, mas sem ele notar, é claro. Vamos marcar um passeio, completou. Um passeio?, demonstrei todo meu desejo na entonação. Isso, um chope, uma taça de vinho, ou uma bebida qualquer. Voltei no tempo, eu agarrada a ele, um beijo, um forte abraço, eu a acariciá-lo. Por que tudo acabou, qual o motivo da distância agora?, pensei. Perdemos as coisas como a água que escorre entre os dedos de nossas mãos. Vamos marcar então, afirmei. Ele disse a data, a hora, a noite. Após desligar, refleti se o telefonema fora boa ação.

Trabalhara para ele durante dois anos. Sempre com um jeitinho ingênuo, sedutor, acabou me conquistando. Nossa relação foi crescendo, ele invadindo o meu corpo e o meu espírito. Até que aconteceu algo inesperado. O sexo entre nós começou a me preocupar. Ele me fez gostar de coisas impensáveis, impublicáveis. E o pior, ou o melhor, não sei, comecei a me apaixonar cada vez mais por ele. Amarra-me, por favor, e bem forte, quero sentir a corda e o gozo, suspirava alucinada. O homem quase ia à loucura. Depois de me deixar em casa, eu sempre pensava, por que não trepamos como duas pessoas normais? O tempo foi passando, e cada noite com ele era caminhar à beira do abismo. E gostávamos do abismo, e eu nua à beira do abismo. O fio da navalha. O ponto culminante do nosso relacionamento aconteceu numa noite em que pedi, isso mesmo, pedi, é preciso ressaltar, leva-me amarrada e nua no banco do carona. Depois reconsiderei, no banco do carona, não, na mala do carro; na estrada escura você para e vou ao teu lado. Na primeira vez, foi um atropelo. Estávamos os dois excitadíssimos. Saí sem me preparar, não me preocupei com a fisionomia, com o cabelo nem com qualquer adorno. Na segunda, já mais experimentada, sugeri ir calçada, uma sandália de meio salto e uma bolsa pequena numa das mãos. O que ia dentro? O maço cigarros, um dinheiro, um pequeno rímel. Saímos da garagem de casa, eu nua na mala. Ele a guiar pelas ruas durante vinte minutos, até que atingiu a rodovia escura, noturna, o mundo era todo nosso. Ele parou, abriu o tampo da mala e me ajudou a sair. Caminhei à porta do carona. Passeávamos, eu saltava, ele fingia partir, acenava um adeusinho pra mim, mas logo voltava, não queria me perder para alguém que viesse a perscrutar a estrada deserta. Que sonho, encontrar uma mulher bonita e nua, roubá-la do namorado. Duas, três, quatro, cinco vezes, e eu nua ao lado dele. Até que falei não preciso gastar mais dinheiro com roupas, basta perfume e tratamento para o cabelo. Na sexta vez ele voltou à cidade e eu nua ao seu lado. Não teme a polícia?, perguntou. Então, tremi; nunca havia pensado em algum obstáculo. Mas não demonstrei, apenas sorri, acendi um cigarro, após dar um longo trago disse não, não temo. Certa vez em sua casa, experimentei outra sensação forte. Ele fez um exercício de relaxamento, e eu o segui; quando estava totalmente inerte, sem sentir o corpo, ele disse espere, volto logo. Voltou, veio com uma pinça e uma pedra de gelo. Vou deslizar a pedra sobre seu corpo e você não vai sentir nenhuma ponta de frio. No começo, a brincadeira deu certo. Ele passou a pedra sobre o meu ventre, sobre os meus seios, desceu até os poucos pelos púbicos de minha vagina. Nada sentia, estava em total estado de alheamento. Mas ao tocar meu clitóris, forte repuxo me veio lá de dentro. Ele desceu mais um pouquinho e beirou-me os grande lábios com o gelo frio, depois empurrou um pouquinho. Senti tremor e gozo inomináveis. Você engoliu a pedra inteira, ele disse. Venha me aquecer, pedi. Subiu sobre mim e me enfiou o longo pênis. Acho que procurava com o sexo o gelo perdido. O calor da penetração esfriou a pedra, e dela sobrou apenas o líquido insosso. Gozamos juntos. Noites depois, fui à sua casa vestindo um vestido de malha, colante e curto, muito curto mesmo. Ao chegar, ele exclamou como você veio assim pela rua? É noite, lembra?, devolvi, e vim de carro. Ele logo me roubou a roupa, e eu nada vestia sob. Outra noite ardorosa. Mas tudo acabou. Por quê? Não sei. Desaparecemos. Cada um foi cuidar da sua vida. E passou o tempo. Agora ligo, ele diz que vem, ou sou eu que vou, não sei.

Há mais uma coisa, e muito engraçada. Certa vez na sua casa, ao acordar, não encontrei meu vestidinho curto, o mesmo que vesti para surpreendê-lo na primeira vez. Você escondeu minha roupa?, perguntei. Ele jurou que não. Então, como pode ter desaparecido?, eu, surpresa. Tenho uma faxineira, sabe, ela deve ter vindo antes de acordarmos, e manda toda a roupa à lavanderia. E como fazemos agora?, assustei-me. Espera, vou dar um jeito. Tomamos café, e ele foi dar o seu jeito. Enquanto o esperava, fui à estante e tirei um livro. Dentro dele encontrei uma folha dobrada, escrita com letra de mulher, uma caligrafia um tanto tremida.

Fiquei morta de vergonha, ele telefonou bem no momento em que o Rui tinha acabado de me deixar nua. Vi o telefone piscando, pensei em não atender, mas não me contive. Quando escutei a voz dele, devo ter enrubescido. Lembrei o que sempre me diz: você dá pra todo mundo, hein? Assim que atendi, me convidou pra tomar um café, naquela mesma tarde. Hoje não posso, depois telefono. Desliguei e continuei nas mãos do Rui. Esse não perguntou nada, já me conhece; o negócio dele é trepar comigo. Às vezes bebemos umas taças de vinho, o que me acende. Quando o efeito começa a passar, morro de vergonha. Tento disfarçar, mas não consigo. E se gozo, nem se fala... Outro dia pedi que me despisse com violência, que arrancasse minha calcinha de modo que não servisse mais. Ele assim o fez. Mas depois que gozei, morri de vergonha. Mesmo sem ter falado nada ele notou. Disse baixinho, junto ao meu ouvido: não fica assim não, a gente dá um jeito. Que jeito?, retorqui, você por acaso tem em casa roupa de mulher? Imaginei abrir o armário e encontrar uma gaveta cheia de roupas íntimas, peças minúsculas. Assim, não me sentiria pelada. Como você tem tudo isso aqui? Rui: elas esquecem, e não ficam nem um pingo avermelhadas. Mas logo caí na real, a tal gaveta não existia. Teria mesmo de voltar nua, ou quase. Foi um desconforto: a saia curtinha, um top à-toa, uma jaquetinha que descia até o umbigo, a sandália de saltos e nada mais. O Rui sugeriu: da próxima vez, você traz outra na bolsa. Respondi: na hora do fogo nem penso nisso, o problema é depois... Eu estava de pé, pronta para ir embora, as mãos escapando de controle, a saia curta insuficiente para cobrir minha nudez.

A mulher morria de vergonha por lhe faltar a calcinha, e eu que estava ali a esperar por um duvidoso vestido?

O namorado voltou duas horas depois, o dia já perdido pra mim. Trouxe um vestido mais curto do que o meu. Pronto, vista, vai ficar uma beleza, falou. Vesti. Ficou uma beleza. Como volto?, é um vestido de noite. Não faz mal, levo você, afirmou. Entrei no carro nua, nua e de vestido. À porta da minha casa, ele quis entrar pela garagem, mas um carro impedia. Tive de saltar ali mesmo e entrar pelada em casa. Mas até que foi divertido. Agora ele vem, ou sou eu que vou, não importa, e visto o mesmo vestidinho, quem sabe.

quarta-feira, setembro 02, 2015

Por falar nisso, onde você escondeu o meu biquíni?

Durante uma semana, fiquei naquele Resort em Ilhéus. Quando faltava um dia para ir embora, me aconteceu o fato que passo a narrar.

Tinha acabado de sair da piscina, subi os degraus que levavam ao bar, mas antes de parar ali para pedir uma bebida, achei melhor ir ao banheiro. Contornei a construção. Ao passar em frente ao corredor dos banheiros, um homem jovem cruzou à minha frente e deu uma piscadela. Assustei-me, pois não percebi de onde ele saíra. Quando voltei ao bar, já aliviada, dei uma olhada em volta. Queria saber se ele ficara na piscina. Como eu usava óculos escuros, me senti protegida enquanto o procurava. Mas nada do homem. Desaparecera.

Sentada junto a uma das mesas, com uma caipirinha às mãos, o vi de novo. Mais uma vez me assustei. De onde saíra ele? Ao perceber que eu olhava em sua direção, caminhou até onde eu estava e parou. Morri de vergonha. Achei que a paquera tinha de acontecer de modo mais discreto. Ele, porém, não abdicou da impetuosidade:

Você é linda. E com esse biquininho mata qualquer um de tesão.

Eu não sabia onde enfiar a cara.

Mas ele mesmo me salvou.

Não precisa ficar tão envergonhada. Aqui, quando dois concordam, reina a paz. Caso a sua pele não esteja arrepiada apenas por causa do calor, me acompanhe. E não tema. Se ficar parada aí, você vai se arrepender.

Acreditei no homem. Levantei. Sempre segurando o copo de caipirinha, fui atrás dele.

Acabamos no seu chalé.

Mas o céu ainda está tão azul, o sol brilha, falei com minha voz cheia de manha.

E vai ficar assim por muito tempo. Daqui a pouco a gente volta, acrescentou.

Nem tive tempo de sentar. O homem me abraçou, e quando soltou meu corpo eu já estava nua.

Trepamos durante uma hora e meia. E que trepada!

No final, falei:

Você tirou minha virgindade...

Muitas mulheres falam isso quando acabam de transar com um desconhecido.

Neste hotel. Me deixa finalizar, ironizei.

Ah, desculpe.

Foi o suficiente para ele me pegar firme e me deixar arrepiada de novo.

Vamos agora para a piscina, convidou. O céu está azul; o sol, intenso.

Vamos, concordei. Mas primeiro, tenho de me vestir. Por falar nisso, onde escondeu o meu biquíni?

Você é tão gostosa. Acho que engoli!