segunda-feira, outubro 22, 2018

Em dobro

A história que vai a seguir é um pouco delicada, talvez mesmo difícil de se contar.

Fui a uma festa onde conheci várias pessoas, dentre elas uma mulher linda. Dançamos juntas, eu, ela e mais quatro ou cinco mulheres. Como a música era de ritmo rápido, convidava-nos ao meio da pista. Havia poucos homens, sempre mais preocupados em beber do que dançar. A mulher linda ficou junto a mim, depois veio conversar, já um pouquinho distante da música alta.

Quero que você entenda, falou, pareço mulher, mas há um pequeno detalhe.

Arregalei os olhos.

É sério, continuou, tenho corpo de mulher, ajo como uma, todos me admiram como mulher, mas não sou mulher, entendeu?

Ah, sim, respondi meio sem jeito.

Como há tantos transexuais por aí, fiz de conta que sua história era muito natural. Depois de determinado momento, cheguei a perguntar:

Como você faz pra usar uma roupa assim tão curta?

Ela não demorou a responder.

Sempre me perguntam a mesma coisa, sorriu.

Então?, insisti.

Tem um jeitinho, sabe, respondeu delicada, dá pra gente se arranjar.

Por que você não opera?, perguntei afoita.

Deus me livre, disse assustada, prefiro como sou, uma mulher com pênis.

Depois de sua resposta, pensei que seria interessante, pelo menos por algumas horas ou por alguns dias, ser uma mulher com pênis.

“E tem mais, acrescentou, se corto (ui, nem gosto de falar assim), perco meu eleitorado.

Depois desta última frase, acentuou-me o gosto de ter um pênis durante pelo menos um curto espaço de tempo. Eu seria um cometa a jorrar minha calda através do espaço, todos a me admirar. Lógico, avisaria a eles no momento do encontro, sou uma mulher com pênis. Você é travesti?, eles mostrar-se-iam surpresos. Não, não sou travesti, sou uma mulher com pênis. Sério?, insistiriam. Por que preciso mentir? Acho que haveria uma fila imensa de homens atrás de mim, afinal, tudo que é exótico atrai. Preste atenção, eu diria ao recente admirador, sou uma mulher que fez uma cirurgia, implantou um pênis, mas quero continuar como mulher, não fiz o implante para usar o membro como homem. Ele arregalaria os olhos. Isso mesmo, eu asseguraria, acredite se quiser. Mas eu teria de recorrer à minha nova amiga para saber os truques.

Ensine-me, por favor, como faço para usar um vestido tão curto, com calcinha tão pequena?

Ela me daria uma aula, aconselhar-me-ia.

E à praia, como se faz?, eu gostaria de saber.

Não há mistério algum, arranja-se da mesma forma de quando se usa o vestidinho. Tem mais uma coisa adorável, ela a me ensinar, com o pênis temos mais ardor sexual, o gozo é intenso. Você não sabe o que é uma ejaculação? Sempre recebeu a ejaculação dentro de você, mas agora é você quem vai ejacular!

Eu, doidinha para arranjar alguém, querendo que me faça ejacular. Será que depois do gozo eu correria, morta de vergonha? Há homens que quando gozam perdem todo o prazer, ficam de cara fechada, demoram dias para se recuperar. Não, não quero mais o pênis, prefiro viver no meu constante estado de gozo sendo mesmo uma mulher.

Calma, disse a amiga travesti, tudo depende de treino, quando se tem o sexo para fora, o fogo é maior; e basta um pouco de controle, você vai viver a mil, muito mais do que uma mulher. Travesti é homem e mulher ao mesmo tempo, logo tem o desejo sexual em dobro.

Adorei. Mas tenho outro problema, pensei sem dizer a ela, adoro andar nua, com o pênis não vou poder, um travesti nu por inteiro é impossível.

Ela pareceu adivinhar meu pensamento:

Calma, você é muito precipitada, tudo a seu tempo, dá pra ficar nua por inteiro sim, e é uma gracinha!

segunda-feira, outubro 08, 2018

Leu num livro

Vamos, acelere, bom que a estrada é tranquila e escura, apenas os faróis do teu carro, vou contando pelo caminho toda essa situação. Já faz tempo que você me observa, não é mesmo? Também descobri você, não pense que não o espiono. A historia é a seguinte:

homem é mais velho do que eu vinte anos, também pudera, você não acha? É muita coisa. A gente namora e namora, no começo só beijinho e abraço, às vezes alguma coisa mais saliente. Imagina, não? Eu nua nos braços dele, na cama com ele, fazendo de tudo para ele ficar com o peru duro. Esforço infrutífero, como se diz de modo polido. Eu o conheci num desses bares da orla, veio falar comigo, eu estava com uma amiga, pediu para que o acompanhássemos na sua mesa. Educadamente aceitamos. No final da noite, deixei meu número. Não demorou a telefonar. Ele é pessoa interessante, trata-se de um homem erudito, educado, sabe se expressar maravilhosamente; qualquer um que se puser a escutá-lo gostará dele, principalmente as mulheres. Logo me interessou, senti mesmo uma ponta de paixão. Começou a me convidar a vários passeios, cada lugar mais bonito do que os outros, e não foi apenas aqui na cidade e no entorno. Mas na cama ele é um problema. Para ter uma ereção leva horas, e mesmo assim seu pênis não fica duro por mais do que trinta segundos. Sério, não acredita?, já calculei. Mesmo vendo filmes pornôs, revistas masculinas e coisa e tal, não adianta. Ele tem muito fogo, me abraça, me beija demorado, me chupa toda, gosta de me ensaboar e passar as mãos por todo o meu corpo. Mas seu pênis dificilmente fica ereto. Então, descobriu algo que o excita muito; conseguiu, enfim, a bendita ereção. Sério, não se trata de medicamento. Aliás, quanto ao Viagra, ele se recusa a tomar, diz que ataca o coração e encurta a vida; há também o viagra natural, receitado por um amigo, tentamos uma ou duas vezes, deu certo, mas é enjoativo, tanto para ele quanto para mim, passamos a usá-lo vez ou outra. Mas o que fez você me espionar e me conhecer, até chegarmos ao ponto em que estamos agora, aliás ao ponto não, ao trajeto da estrada, foi uma descoberta dele. Leu num livro sobre uma mulher que chegava nua à casa do namorado. Ficou louco com a história. Emprestou-me o livro. Confesso que também gostei. Como sou fogosa, meu coração logo bateu mais forte. Começamos a praticar o que lemos juntos. Na primeira vez, morri de medo. Eu, nua do lado de fora da casa, batendo para que ele abrisse a porta. Demorou um tempo imenso, pensei que jamais abriria a bendita porta, e eu não tinha o que vestir, pois saíra nua momentos antes da mesma casa e fazia de conta que vinha de outo lugar. Quanto mais demora a abrir, seu pinto fica mais duro. Quando entro, é uma festa. Atira-se sobre mim e enfia o peru duro como jamais visto. Ficamos na brincadeira uma vez na semana. Ele chegou a pedir que eu saísse nua, ao lado dele, no automóvel. Você quer saber se aceitei? O que você acha? Vivemos assim durante dois meses. Ele teve todas as ereções. Depois disso, apareceu você, lembra?. Reparei que havia alguém a me espionar enquanto eu batia à porta. No começo, fiquei morrendo de medo, mas depois passei a gostar. Mostrava o meu lindo corpo para dois homens. Acho que você pensou que eu nada percebia, verdade? Memorizei a placa e a marca do teu carro e passei a investigar sobre você. Descobri tudo: onde mora, se tem ou não mulher, idade, profissão etc. Então, achei que seria interessante ter uma aventura com outra pessoa que não fosse o meu atual namorado. Isso mesmo, uma aventura apenas, por isso estou aqui. Em vez de bater à porta de casa, bati à porta do teu carro, entrei nua. Agora, depende de você, estou nas tuas mãos. Mas no final da noite, você deve me deixar, escondidinha, no mesmo luar onde me pegou. Se ele não tiver morrido de tesão com o peru duro aguardando a minha chegada, vai ser mais uma trepada e tanto!