quarta-feira, novembro 22, 2023

Fonte

Eu achava bom não ter namorado, ficar sozinha, ter prazer comigo mesma. Mas apareceu mais um homem na minha vida. Foi no aniversário de uma amiga. Ele estava conversando com ela e mais algumas pessoas, quando a aniversariante me chamou para ficar entre eles.  Não passou muito tempo o tal estava me olhando e querendo conversar comigo. Lá pelo meio da festa, andei de um lado a outro, conversei aleatoriamente com outras pessoas, mas sempre acabava dando com ele. Pelas tantas da madrugada, trocamos nossos números para enviarmos mensagens um ao outro. No final da festa, meu recente-admirador se ofereceu para me levar em casa. Recusei e recusei. No entanto, minha amiga aniversariante acabou dizendo vai com ele, Leila, já é tarde, pegar um Uber agora, acho que não é bom. Aceitei a carona, mas me mantive muito séria.

Passaram-se algumas horas, recebi mensagem dele. Gosta de se fazer de engraçado. Trata-se de alguém com bom humor e umas tiradas intelectuais. No subúrbio, um tipo assim faz sucesso. Pouco a pouco fui correspondendo às suas investidas, marcamos encontro e saímos. Fomos ao cinema, no shopping, e depois a um restaurante. Ele se mostrou divertido, perguntou pelo que eu mais me interessava. Que coisa difícil de se conversar, logo eu que não sou intelectual, que não penso muito nessas coisas. Não me apavorei. Ele conhece alguma coisa, mas não é tanto assim, seu comportamento tem mais pose do que verdade.

O que me fez namorá-lo, porém, não foi isso. Adivinhem! Não queria falar assim, abertamente, mas não tenho outro modo. O que me prende a ele é o sexo. Isso mesmo. De todos os homens com quem tive relações, ele é o mais intenso. Essa é a palavra, vou repetir: intenso. A gente trepa durante um tempo enorme, ele faz algumas encenações, gosta de me penetrar e demora a gozar. Me ensinou mesmo algumas coisas sobre as quais eu jamais pensara. Nenhum homem demora tanto assim no ato sexual, como ele faz comigo. Por isso, minha intenção de ficar sozinha, de gostar de mim mesma e aproveitar a vida sem ter de me preocupar com homem algum, foi por água abaixo.

Por falar em água abaixo, é engraçado. O namorado me excita tanto, que eu me transformo em água. Verdade. Nunca senti nada igual. Consultei mesmo uma médica pensando que eu estava com algum problema. Ela me perguntou quanto tempo você não tem relação sexual com um homem? Respondi. É por isso, você ficou muito tempo sozinha, procurando prazer com a imaginação, o que não é tão eficaz, respondeu.

Continuo com ele, o namoro vai bem, a gente faz mil coisas juntos. Não conto pra ninguém, pode dar azar. E a qualquer momento, quando resolvemos transar, me transformo numa fonte. Isso mesmo, fonte, a palavra certa.