Eu achava bom não ter namorado, ficar sozinha, ter prazer
comigo mesma. Mas apareceu mais um homem na minha vida. Foi no aniversário de
uma amiga. Ele estava conversando com ela e mais algumas pessoas, quando a
aniversariante me chamou para ficar entre eles.
Não passou muito tempo o tal estava me olhando e querendo conversar
comigo. Lá pelo meio da festa, andei de um lado a outro, conversei aleatoriamente
com outras pessoas, mas sempre acabava dando com ele. Pelas tantas da madrugada, trocamos
nossos números para enviarmos mensagens um ao outro. No final da festa, meu
recente-admirador se ofereceu para me levar em casa. Recusei e recusei. No
entanto, minha amiga aniversariante acabou dizendo vai com ele, Leila, já é
tarde, pegar um Uber agora, acho que não é bom. Aceitei a carona, mas me
mantive muito séria.
Passaram-se algumas horas, recebi mensagem dele. Gosta de se
fazer de engraçado. Trata-se de alguém com bom humor e umas tiradas
intelectuais. No subúrbio, um tipo assim faz sucesso. Pouco a pouco fui correspondendo
às suas investidas, marcamos encontro e saímos. Fomos ao cinema, no shopping, e
depois a um restaurante. Ele se mostrou divertido, perguntou pelo que eu mais
me interessava. Que coisa difícil de se conversar, logo eu que não sou intelectual,
que não penso muito nessas coisas. Não me apavorei. Ele conhece alguma coisa,
mas não é tanto assim, seu comportamento tem mais pose do que verdade.
O que me fez namorá-lo, porém, não foi isso. Adivinhem! Não
queria falar assim, abertamente, mas não tenho outro modo. O que me prende a
ele é o sexo. Isso mesmo. De todos os homens com quem tive relações, ele é o
mais intenso. Essa é a palavra, vou repetir: intenso. A gente trepa durante um
tempo enorme, ele faz algumas encenações, gosta de me penetrar e demora a
gozar. Me ensinou mesmo algumas coisas sobre as quais eu jamais pensara. Nenhum
homem demora tanto assim no ato sexual, como ele faz comigo. Por isso, minha
intenção de ficar sozinha, de gostar de mim mesma e aproveitar a vida sem ter
de me preocupar com homem algum, foi por água abaixo.
Por falar em água abaixo, é engraçado. O namorado me excita
tanto, que eu me transformo em água. Verdade. Nunca senti nada igual. Consultei
mesmo uma médica pensando que eu estava com algum problema. Ela me perguntou
quanto tempo você não tem relação sexual com um homem? Respondi. É por isso,
você ficou muito tempo sozinha, procurando prazer com a imaginação, o que não é
tão eficaz, respondeu.
Continuo com ele, o namoro vai bem, a gente faz mil coisas juntos. Não conto pra ninguém, pode dar azar. E a qualquer momento, quando resolvemos transar, me transformo numa fonte. Isso mesmo, fonte, a palavra certa.
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