terça-feira, julho 27, 2021

Jogo de palavras

Você já deve ter pensado nisso, as mulheres são iguais aos homens. Eles dizem que querem trepar com a gente. Eu digo que quero comer todos eles. É sério. São as mulheres que comem os homens. Estou sempre atenta a isso, mas é preciso refletir. Existem vários tipos de homem, não se pode sair por aí com o primeiro que aparece. Analiso assim, veja se você concorda comigo, já que estamos conversando sobre, sem nenhum outro interesse. Em primeiro lugar, quando se tem a minha idade, quase todos os homens são casados. Quando aparece um, me quer como amante. Caso aceite, não devo me submeter a ele. Trepo e não lhe devo satisfações. Outro tipo é aquele que aparece não se sabe de onde, trepa e passa a achar que sou propriedade sua. Desse tipo, é preciso se afastar. Às vezes, por um milagre da natureza, aparece um que não é comprometido. Transo e ele já acha que sou sua namorada, não me larga um minuto, quer estar todo o tempo ao meu lado, quase um casamento. Casamentos não duram muito. Seria bom conversar, você não tem compromisso com outra mulher, podemos ficar juntos, sim, mas não como marido e mulher, você vai fazer suas coisas e eu as minhas, depois a gente se encontra, não precisa ser todos os dias. O ideal é aquele homem que, quando trepa com a gente, não cria compromisso, acha que foi bom e que, quando acontecer de novo, vai ser ainda melhor, e vai à sua vida sem fazer perguntas. É por esse tipo que me apaixono, fico sonhando com ele, dormindo nua e pensando que está ao meu lado. Quando saio, ou vou à praia, às vezes aparece uma porção de caras a me cobiçar. Mas faço de conta que não os vejo, apesar de, muitas vezes, estar louca de vontade de trepar. Fico arrepiada. Se saio com todos que aparecem, seria preciso saber representar, como uma atriz profissional. Não é o meu caso. Seguro um pouco a barra, não sou a primeira a me atirar n’água. Quando era mais jovem, não pensava assim, era muito precipitada. Mas, agora, depois de tantos relacionamentos, tantas transas, e de achar que sou eu que como os homens, preciso maneirar um pouco. É bom quando surge alguém de poucas palavras, como um estrangeiro que não sabe a nossa língua mas a gente adivinha as intenções. Nossas mãos, nossos tatos, nosso calor fala por nós. Depois de me deixar nua, e de me satisfazer, ele parte, ainda em silêncio. Seu corpo foi o meu interlocutor, eu correspondi à sua conversa tátil. Não sei dizer mais do que isso. Moro sozinha, e não posso facilitar, porque a linguagem corrente é a de que a mulher precisa se submeter aos homens. Eu jamais fui assim. Outro problema que pode acontecer é aparece um doido. Certa  vez arranjei um namorado que adorava me amarrar. Pernas e braços atados à cama. No começo, quis experimentar a sensação de namorar com alguém assim. Mas, com o passar do tempo, fiquei preocupada. Um dia ele, além de me amarrar, me amordaçou. Me deixou imobilizada durante duas ou três horas, que suplício. Consegui me livrar dele. Quando suspeito que o homem gosta dessas coisas, me afasto. E olha que, no começo, até cheguei a sentir prazer.

Certa vez falei a um namorado de ocasião, você me namora, eu te como, depois a gente vê como é que fica. Ele não entendeu. O que você quer dizer com isso? Perguntou. Exatamente o que falei, depois a gente vê como fica, depois que a gente gozar. Se isso, na verdade, acontecer. Ele, porém, continuou não entendendo. Tive um amigo que me contou sobre uma mulher. Trepou com ela apenas uma vez. E ela o marcou. Por quê?, eu quis saber. Porque ela desapareceu depois e eu não mais consegui encontrá-la. Foi melhor assim, afirmei. Ela ficou por cima. Sim, ficou, ele disse, e nenhuma outra foi como ela. Como ela, eu repeti, salientando o jogo de palavras.

terça-feira, julho 20, 2021

Na vontade

Já que você gosta de me deixar de sobreaviso, quero te contar o final da história, fica paga a hora, já é madrugada, daqui a pouco amanhece. Fique nua mais um pouco, sei que você gosta. É sobre o que aconteceu comigo na quinta-feira passada, não acabei de te contar. Não, não falei com ele de imediato. Eu estava dentro d’água, e você sabe que a praia de manhãzinha é vazia. A água estava fria, eu teimando em entrar e me agachar. Sempre quando entro num mar frio assim, lembro-me daquela vez, eu já te contei, faz séculos, mas lembro, eu pulei da pedra, mergulhei, uma água fria que doía, e aconteceu a tal sensação gostosa, na época nem sabia como se chamava. Depois, mesmo tentando outras vezes, não mais consegui. Quando vou a uma praia, lembro, acabo rindo comigo mesma. Outro dia, pensei e se eu tentasse de novo, já não há a pedra, a praia é outra, mas eu sou a mesma, a temperatura da água está baixa, entro e fico lá um pouco. Então, tentei, mas não deu, acho que pra conseguir agora é preciso algum treino. Resolvi depois de um tempinho, fazer o velho truque, transformei o biquíni numa pulseira, fiquei só te top dentro d’água, dá maior arrepio, uma amiga me ensinou. Agora, gozar mesmo, nada feito. Apesar de vestir um biquíni mínimo, achei que estava muito vestida, então o jogo, a pulseira de pano no braço direito. De repente, um homem pertinho de mim, e eu nem o tinha visto se aproximar. Que susto. Experimente você, está sozinha, ninguém na praia e, quando menos se espera, um homem imenso ao teu lado. Depois do susto, tive de rir. Ele notou meu sorriso e disse bom dia, desculpe se eu te assustei, não era a intenção, e foi nadando pra mais longe, cada vez mais. E eu no mesmo lugar. Envolvida pelo susto, até esqueci que estava nua. Ele não notou!, refleti. Como minha amiga me tinha contado, eles não notam não, são afoitos, estão sempre preocupados com eles mesmos. Quando dei conta da situação disse a mim mesma é preciso manter o sangue frio, Soraya. E se ele voltar não vai me encontrar vestida, acrescentei corajosa. Não vou morrer por causa disso. Tenho amigas que adorariam ser surpreendidas nuas, mas eu... Quem sabe, até role alguma coisa boa?, me perguntei. Não, é melhor marcar para outra hora, o homem vai pensar que sou piranha, e pra trepar é preciso clima. Mas é só não querer o tal duas vezes, me disse certa vez Ana. Como, nesta cidade? E se ele ficar me assediando? Mas foi nadando, nadando. Não mais vi o homem. À noite, no Ilhote, eram onze da noite, me lembrei dele. E se aparece agora, pensei, se me convida pra sair? Senti um arrepio, tive vontade de ir ao toalete, tirar a calcinha, guardá-la enroladinha num papel, dentro da bolsa. Eu estava com uma amiga, não comentei nada. E, como é muito comum acontecer comigo, fiquei apenas na vontade. A amiga ficou toda assanhada, cheia de sorrisinhos, quando um desconhecido veio falar com a gente, perguntou se queríamos alguma coisa, porque só estávamos bebendo. Ela, interesseira, soltou um quem sabe... Mas achei que o tal demonstrou interesse mesmo por mim. Fomos para a mesa dele. Em algum momento, a amiga sussurrou depois do bar vamos com ele, não vejo mal nenhum nisso. Mas o homem, no final, nos deixou em casa, pegou nossos números de telefone e ficou de ligar. Investimento, não?, dirá você. Como é bom investir, não é mesmo? Minha amiga sorria, depois de duas taças de vinho. E você, telefonando pra pedir um vestidinho, e tão tarde, ou melhor, quase manhã, pelo menos não ficou na vontade, não é mesmo? Onde você está? Ih, esse lugar fica longe, acho que vou ter de te deixar pelada.

terça-feira, julho 13, 2021

Meu biquíni nas mãos dele!

Naquela manhã de praia e sol, eu sentia um intenso frisson, alguma coisa quase inexplicável me penetrava os poros, estendia-se pelo interior do meu corpo, me agitava o coração e me despertava arrepios. Vestia um biquíni mínimo que instigava aos homens e a mim mesma, me provocava quase um gozo. Os rapazes se aproximavam, queriam estar perto das mulheres bonitas, nos tocavam, falavam alto, alegres, observavam as gotículas de água salgada a brilhar sobre nossa pele. Quando eu mergulhava na água fria, sentia a sensação ainda maior. Uma das vezes cheguei a gozar, a mesma sensação que se tem no clímax de uma relação sexual bem gostosa com o homem dos sonhos.

Inspirei, o ar ainda fresco, mais frisson. Como me controlar diante de tamanha felicidade?

Avistei Jorge, sabia que não demoraria a vir para perto de mim. Apesar de vez ou outra dar uma saidinha com ele, deixei bem claro, não quero namorar. Ele me adorava, e acho que ainda me adora. Quando ligava, vinha rápido. Ao me encontrar na praia, podia estar com quem fosse, corria a me abraçar e me beijar. Seu abraço misterioso me deixava a mil. Certa vez, na mesma praia, ao entardecer, ninguém dentro d’água, apenas nós dois, ele me deixou peladinha. O abraço foi o mesmo, envolvente. mas quando me soltou levou o biquíni junto. Volte aqui, gritei taradinha. Notou ele o meu ardor. Ao me abraçar de novo, imaginem o resultado. Que amor gostoso aquele dia!

O corpo cura todas as angústias. Basta um pouco de nudez e frisson que tudo passa, tanto mais quando vamos nas mãos de um homem volumoso.

Havia  mulheres que desejavam muito Jorge. Acho que ele trepava com todas, não sei. Mas nada de comentários, cada uma com o seu gozo. Acho que ele ficaria comigo, quem sabe casaria. Eu mesma, porém, descartei tal hipótese. Mais valia minha liberdade.

Naquela manhã, no entanto, todas nós estavam a mil por hora, e nem precisávamos de bebida alcoólica. Uma embriaguez causada pela pulsação do dia.

Anita me veio dizer que estava ardida. Aconselhei a passar o protetor solar. Não é nesse sentido que estou falando, contrapôs. Abraçou-se, acariciou-se, deu uma queda de quadris, fechou os olhos e deu uns passinhos à frente. Mas aqui?, perguntei, espere pela noite, todos eles vão disputar você. À noite, será outra história, desejo agora, reafirmou. E não é que conseguiu. Depois de apenas vinte minutos, já ia agarradinha a um rapaz. E não praticaram somente abraços e beijos. Conhecia minha amiga, era capaz de tudo por um homem. Fiquei a imaginar onde treparam.

Vez ou outra, uma de nós não resistia; partíamos, então, ao principal, entendem? Onde? Este era o problema. Mas a praia era, e ainda é, bem extensa. Havia também a possiblidade de amar dentro d’água, embora não gostássemos. Certa vez, um dos rapazes armou um tenda à beira da lagoa, logo no final da praia. Caramba, acho que teve até fila. Claro, éramos discretas, mas é o modo de falar. Sempre estava ocupada. Vamos colocar uma toalha separando os compartimentos. Ficou melhor, e não se precisava esperar muito tempo. Derramávamos, carinhosas, todo o nosso tesão, corpo contra corpo, fricções, cheirinho de perfume, secreções a nos escorrer.

Ah, que vida boa, que arrepio. Vinha lá o Jorge. Você está maravilhosa, me falava antes do beijo. Eu sempre me lembrava do meu biquíni nas mãos dele, do seu pênis grosso e comprido. 

quinta-feira, julho 08, 2021

Ainda escurinho

Gosto de sair madrugada ainda, escuro o anteceder do dia, e ir à praia para um banho de mar, principalmente se se avizinha a estação mais quente. O que me provoca é entrar nua na água. A praia, perto de onde moro, é muito iluminada, por isso caminho até onde a luz é menos intensa. Não quero ser descoberta, ou mesmo espionada. Abaixo-me um pouquinho na areia, espero, depois forro-a com a própria blusa e deixo sobre ela o restante da roupa. Então corro e entro n’água. Nada de medir a temperatura antes. Desde adolescente gosto de mergulhar e sentir na pele o súbito frio da água do mar. Fico quietinha dentro d’água, às vezes desapareço, submarina. Sei que caso conte isso a alguém, a pessoa dirá que sou louca, mergulhar só, num momento em que não há ninguém à praia é perigoso, caso você sinta um mal estar não há quem te possa socorrer. Não penso, porém, nessas coisas. Quero o meu prazer. Mergulho e deixo que o mar tome a mim por inteira, nada a obstruí-lo, nem mesmo o biquíni. Mergulhada no mar e na noite, o prazer, o gozo. As pessoas não sabem o arrepio que me envolve em tais circunstâncias, sério, chego ao orgasmo, por isso volto sempre. Mas tenho de tomar minhas precauções, não posso deixar que alguém me descubra. Nem que me observem a sair àquela hora do prédio onde moro, nem à beira d’água. Meus movimentos precisam ser lentos, nada de precipitações. Às vezes penso que alguém está a me observar de alguma janela, através de um binóculo. Caso seja verdadeira minha suposição, esse alguém poderá descer e sair ao meu encalço. Não sei o que pode, então, acontecer. Esperar-me-á silencioso ou se precipitará atrás de mim? O que você quer comigo?, deixe-me em paz, por favor, terei de dizer. Mas a pessoa poderá não me atender. Outro evento, para muitos homens, é ir até onde deixei minhas roupas e furtá-las. Como poderei voltar nua para casa?, ponho-me a pensar. Mas, até hoje, tudo deu certo. De concreto, apenas minhas idas à praia, o mergulho e o gozo intenso. Quanto ao perigo, fico a achar que em pensamentos ele me provoca ainda mais arrepio. Lembro que certa vez, faz muito tempo, ainda não era dada à prática que acabei de contar, percebi ao amanhecer uma mulher entrar na água do mar vestindo apenas a calcinha e uma camisa, descobri depois que ela acabara de transar com seu homem e entrara na água para se lavar; ele a esperava junto ao muro da orla. Ambos não repararam que alguém os observava, acharam-se protegidos pela horário ainda cedo e pela praia vazia. Há outras histórias, como as de carícias e namoros dentro d’água, com alguém que conhecemos momentos antes, há mulheres que deixam o biquíni durante alguns minutos nas mãos do recente namorado, dizem que também vale o orgasmo, mas aí já é outra história. Agora vou descansar, porque daqui a algumas horas, ainda escurinho, vou a mais um mergulho. E quero estar preparadinha.