Gosto de sair madrugada ainda, escuro o anteceder do dia, e
ir à praia para um banho de mar, principalmente se se avizinha a estação mais
quente. O que me provoca é entrar nua na água. A praia, perto de onde moro, é
muito iluminada, por isso caminho até onde a luz é menos intensa. Não quero ser
descoberta, ou mesmo espionada. Abaixo-me um pouquinho na areia, espero, depois
forro-a com a própria blusa e deixo sobre ela o restante da
roupa. Então corro e entro n’água. Nada de medir a temperatura antes. Desde
adolescente gosto de mergulhar e sentir na pele o súbito frio da água do mar.
Fico quietinha dentro d’água, às vezes desapareço, submarina. Sei que caso
conte isso a alguém, a pessoa dirá que sou louca, mergulhar só, num momento em
que não há ninguém à praia é perigoso, caso você sinta um mal estar não há quem
te possa socorrer. Não penso, porém, nessas coisas. Quero o meu prazer. Mergulho
e deixo que o mar tome a mim por inteira, nada a obstruí-lo, nem mesmo o
biquíni. Mergulhada no mar e na noite, o prazer, o gozo. As pessoas não sabem o arrepio que me envolve em tais circunstâncias, sério, chego ao orgasmo, por isso
volto sempre. Mas tenho de tomar minhas precauções, não posso deixar que alguém me descubra. Nem que me observem a sair àquela hora do prédio onde moro, nem à beira d’água.
Meus movimentos precisam ser lentos, nada de precipitações. Às vezes penso que
alguém está a me observar de alguma janela, através de um binóculo. Caso seja
verdadeira minha suposição, esse alguém poderá descer e sair ao meu encalço.
Não sei o que pode, então, acontecer. Esperar-me-á silencioso ou se precipitará atrás de mim? O que você quer comigo?, deixe-me em
paz, por favor, terei de dizer. Mas a pessoa poderá não me atender. Outro evento, para muitos homens, é ir até onde deixei minhas roupas e furtá-las.
Como poderei voltar nua para casa?, ponho-me a pensar. Mas, até hoje, tudo deu
certo. De concreto, apenas minhas idas à praia, o mergulho e o gozo intenso.
Quanto ao perigo, fico a achar que em pensamentos ele me provoca ainda mais
arrepio. Lembro que certa vez, faz muito tempo, ainda não era dada à prática
que acabei de contar, percebi ao amanhecer uma mulher entrar na água do mar
vestindo apenas a calcinha e uma camisa, descobri depois que ela acabara de
transar com seu homem e entrara na água para se lavar; ele a esperava junto ao
muro da orla. Ambos não repararam que alguém os observava, acharam-se protegidos
pela horário ainda cedo e pela praia vazia. Há outras histórias, como as de carícias
e namoros dentro d’água, com alguém que conhecemos momentos antes, há mulheres
que deixam o biquíni durante alguns minutos nas mãos do recente namorado, dizem
que também vale o orgasmo, mas aí já é outra história. Agora vou descansar,
porque daqui a algumas horas, ainda escurinho, vou a mais um mergulho. E quero
estar preparadinha.
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