segunda-feira, setembro 10, 2018

Lembra quando você me encontrou nua?

Sei que me espera todas as terças-feiras, mas não telefono, às vezes mesmo estou nos braços de outro. É um conforto imenso saber-se, senão amada, ao menos desejada por vários homens. Ao sair do trabalho às duas da tarde, posso escolher entre voltar a casa, passear pelas ruas do centro, ou encontrar-me com algum enamorado, pronto a carícias exageradas. Eles me adoram de saia curtinha, ou um macaquinho que me deixa nuas as pernas. Houve, certa vez, um deles que disse você volta apenas de macaquinho. Suspirei, a fazenda fina sobre a pele, o vento brando a me acariciar, fiquei a pensar o que ele faria com minha calcinha e meu sutiã. Mas são agruras de mulher cortejada. O homem das terças-feiras, no entanto, age de modo elegante, embora eu o deixe esperando durante vários meses. Sóbrio, não insiste. É claro que deve sentir prazer nos braços de outras, mas às vezes telefona, pergunta como estou, parece sorrir do outro lado da linha. Sopro algumas palavras carinhosas, mantenho suas esperanças. Não retruca, sábio de que cairei, madura, nos seus braços, basta ter paciência. Sabe que, caso espere um pouco mais, terá várias surpresas; a primeira, encontrar meu corpo quente, no ponto certo, os músculos retesados, como o arco pronto ao arremesso; a segunda, encontrar-me-á nua por inteiro a lhe perguntar, minha voz paredes aveludadas, se quer ouvir história de sexo, de supremo desejo e gozo. Na última vez, perguntei-lhe se desejava história picante. Picante, como assim?, curioso. Sugeri, então, se queria botar no meu cu. Desculpem, mas não tive outras palavras. Apesar de tantas as metáforas, figuras de linguagens cheirosas, úmidas e reluzentes, a tesão era mais forte, não queria eu deixar escapar o roçar violento, a pele contra pele, imaginei-me envolvida em teias perigosas, como a equilibrista nua, que goza com o perigo, corda estreita, sempre a possibilidade de se romper. Coma-me, a floresta é excitante. Qual floresta?, replica, estamos num quarto de hotel, no centro do Rio. Não, gemo em seus braços, numa floresta, encostada num tronco de árvore, você enfiando bem fundo, eu irmanada à natureza inteira, sou parte dela. Ah, lembra quando você me encontrou nua? Ele não consegue segurar, três jatos quentes dentro da minha vagina. Não me solte, por favor, um orgasmo a mais, por favor, sempre, sempre um orgasmo a mais; eu, a perder a cabeça.

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