segunda-feira, setembro 24, 2018

Lâmina de porra

O homem tinha suas artimanhas. Pouco a pouco, começou a me deixar louca. Imaginem, com o indicador e o médio percorreu meu ventre, desceu-os até minha púbis e me tocou o clitóris, que escapou das bordas e ficou durinho. Jamais senti algo semelhante com outros namorados, normalmente afoitos e prontos ao gozo rápido. Involuntária, movimentei-me sobre a cama não conseguindo esconder o ligeiro frisson. Um pequeno orgasmo, inesperado, como certa vez na praia quando um namorado desfez os laços do meu biquíni. Queria investir nos meus melhores dotes de atriz, maneiras de fazer o homem se apaixonar, mas tudo o que consegui foi dobrar várias vezes os olhos, dominada pelo prazer excessivo. Cheguei a pensar se poderia ejacular. Mulher ejacula?, a maioria goza pra dentro. Mas, quem sabe, eu, uma exceção. Vou fazer você saltar de tesão, ele disse. Mal sabia que eu flutuava em nuvem úmida, preste a se desfazer em gotículas mornas de verão tardio. Tive sede. Venha à minha boca, quero engolir tua porra inteirinha.

O homem surgira de repente, um dia, na loja onde trabalho. As outras vendedoras não podiam saber do caso, ele comprava roupas comigo, sorria e dava o cartão. Sou eu que devo lhe dar o cartão, afinal, quem vende aqui?, falei em vão.

O vestido curto de malha, colado ao corpo, quase camiseta, desses que a gente fica esticando a barra o tempo todo, deixa os homens loucos. É perigoso vestir assim rua a fora e trepar com um desconhecido. Alguns pedem que a gente trepe de vestido, sem a calcinha; outros, bem, outros querem o vestido! Ah, uma advertência, não é recomendável ir a um encontro sem a calcinha, sobretudo se não conhecemos o homem. Certa vez houve um que me levou a uma loja de lingerie; impaciente, queria-me vestida!

Na hora do sexo não se pensa. Trepa-se em carne viva. Mas, depois, ao voltar a si, quem está toda esporrada? Mesmo assim gosto, e muito. Nua a caminho de casa.

Este agora, dois dedos e meu grelo pra fora, durinho. Sou mulher, cheguei a dizer, o que você procura aí? Te dar prazer, ele operava. Que lambança, assoviei, vou gozar, vou gozar. Não aguentei. Mas não perdi a pose. Gozo muitas vezes.

Sabe que já fui equilibrista?, sério. Namorados me queriam nua sobre a corda, uma delícia. Você tem a corda?, ele quis saber. Quem sabe, respondi. Empresta. Já sei, a corda tem muitas utilidades.

A corda serve para tirar a vida. A corda serve como abismo. Mas serve também pra provocar o gozo. Ele me amarrou. Todinha. Braços, pernas, mordaça. Ui, quanto mais apertava, mais eu tremia. Imobilizada. Confesso que não é a posição mais confortável. Veio sobre mim, não foi difícil escorregar o enorme pau dentro da minha boceta. Naquela hora, eu engolia qualquer coisa, por maior que fosse. Tapou meu nariz. Sério. Pensei que fosse me matar. Tantos tarados por aí. Contudo, percebi o jogo. Deixou que eu inspirasse o ar um pouquinho, para isso afrouxou a mão. Depois, tapou-me os orifícios, prendeu-me o ar nos pulmões. Aprendi a nadar naquela correnteza. Inspirava o tanto que podia e guardava. Então, aumentou o tempo, mais segundos e eu sem ar. Vou ter de contar a história depois de morta, cheguei a pensar. Hum, hum, hum, meu coração aos saltos. Comprimida. Tanto e tanto. Ainda há a história da faca. Acho que teve vontade de prolongar o gozo. Foi aí que substituiu o peru por uma faca de manteiga. Com cuidado, introduziu-ma. Não está afiada, chegou a dizer. Eu, amarada, amordaçada, dedos me prendendo o nariz, a faca... Não consegui me conter. Esporrei. A tal ejaculação feminina. Esporrei e respirei pela boceta. Verdade. Meu grelo ainda durinho. Um número de circo erótico. O tal do equilibrismo. Antes que ele me tapasse de novo todos os buracos, reparei a lâmina de porra.

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