Mês passado fui a uma praia mais ao sul, acabei nua num
camping car! Verdade. Desfilei na areia de um lado a outro até que encontrei um
senhor gordo, de um bronzeado lindíssimo, parecia capitão de um iate. Conversa
vai, conversa vem à beira d’água, no bar de um pequeno restaurante, a caminho
do tal camping onde queria me apresentar ao seu carro-casa. Você gosta de
cerveja?, acho que não, deve apreciar uma bebida mais elegante, sugeriu.
Champanha, soprei-lhe no ouvido. Um arrepio. Bebemos duas garrafas, eu doidinha
para descer o biquíni.
O biquíni da vez, o de lacinhos,
procurava um par de mãos para tocá-lo. Sério. Imaginem. Quem seria o felizardo
a encontrar uma mulher nua, plena de desejo numa manhã de sol, sozinha numa
praia quase deserta? Deitei e esperei. Mulheres bonitas sempre atraem
alguém, nada de preocupação. Telégrafo sem fio, ou ondas de telefone, nem sei.
Disfarcei a ligeira barriguinha, alguns quando a descobrem dizem que é o meu
charme. Isso mesmo, tenho de escondê-la. Há homens que dizem que é sexy minha
barriguinha. Já não sou jovem, daí a dificuldade de manter um corpo de modelo.
Mas não decepciono. Estava tranquila, olhos cerrados, nas nuvens, quando
observo uma sombra passar em direção à beira d’água. Um homem bonito, corpo de
guarda-vidas. Ao vê-lo, tento reparar se o conheço. Outro dia apareceu
um lá da cidade, não sei o que fazia na praia distante, escolhida por mim, tive de fugir, quem sabe digo sou irmã gêmea da Nete. Mas não ia colar. O tal,
naquele momento, molhou os pés e ameaçou um mergulho. Eu o apreciava pelas
costas. Como deve ser sua conversa, será alguém com algo mais? O algo mais
me deu certo arrepio. Deixe-me a menos, menos uma tirinha de pano!, quero o pênis mais grosso. Melhor
unir o útil ao agradável: a conversa de quem aparenta desejar não mais que a
natureza, uma boa companhia e um pênis ereto. Oi, a senhora não mora na rua C, no
Visconde, em M?, lógico que tal pergunta na boca de um homem que por acaso
recém conheço acontecerá apenas no final, quando eu estiver preste a partir. Ou
mesmo, nada de perguntas. O silêncio, na maioria das vezes, abre todas as
portas, chave à próxima vez. Mas aquele ali, bem a minha frente, voltado ao
horizonte, não conheço. Fico à espreita. Respiro o ar fresco com cobiça e
gozo; sento e espalho o protetor solar sobre a pele. Minha irmã é igualzinha a
mim, excito-me com tais pensamentos, é liberada, não tem vergonha de nada. E
você?, ele pergunta. Ah, quanto a mim, adivinha, tento me fazer vexada, mas meu
biquíni desmente, não fale pra ela que me conhece, viu, tem mania de roubar
todos os meus namorados, mesmo que não agradem. Gargalhada. Mas ela não
sabe fazer uma coisa que faço; não, não pense besteira, sabe o que é?, sei
fazer bombom, falo sério, uma delícia. Bombom?, repete um tanto
incrédulo, veste sunga preta, é moreno, cabelos pretos penteados para trás.
Isso mesmo, senta aí e espera um pouquinho, eu trouxe alguns, sempre carrego
dois ou três comigo, as pessoas gostam. Depois de alguns minutos, ambos em
silêncio, levanto-me e convido-o, vamos entrar, a água está quente. O homem vem
atrás, percebo sua respiração às minhas costas. Dez a quinze minutos depois,
abraçados dentro d’água, seu peru, bem duro, roça meu biquininho. O bombom,
espera pelo bombom, sopro-lhe ao ouvido. Os lacinhos tão frágeis, cordõezinhos de tesão. Quando a gente desembrulha, o bombom, é sobre o bombom que falo, faz um som difícil de imitar, ah, é mesmo?, você sabe?, é o som de um beijo, isso, acertou, um beijo que se estende, que estica. Como suas mãos, prata d'água sobre o meu corpo azul, molhado, inteiriço. Homem namorador. No fim do dia havia comido todos os bombons. Também o de lacinhos!
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