Comigo aconteceu, um dia desses, algo parecido. Minha amiga
tem o corpo perfeito. Não sei como consegue ter o corpo nas medidas certas numa
cidade do interior. Dizem que nesses lugares come-se muito. Ela, porém, mantém
a elegância. Quanto a mim, tenho também o corpo perfeito, as mesmas medidas;
mas quanto a ser mulher como minha amiga, não posso assegurar. Os homens adoram
do jeito que sou. Caso fique nua ao lado dela, tenho certeza de que
vão me escolher. Adivinhem o motivo! Mas vamos ao que aconteceu. Conheci também
um homem genial, educado, bem vestido, pleno de classe, sabe usar bem as
palavras. No entanto, como o tal admirador de minha amiga, tem uns desejos
obscuros. Não se pode exigir a perfeição, aprendi desde cedo, acabamos nos
contentando com o possível. Ele fez o mesmo pedido que recebeu minha amiga. Onde
moro não é uma cidadezinha. Acho que duzentos e tantos mil habitantes. Como posso
sair nua?, vou encontrar alguém, veja, tenho algo a mais, caso alguém me veja
nua vai ser um escândalo. Calma, disse ele. O que me convenceu mesmo, porém, foi
o valor oferecido. Você tem coragem de desperdiçar um dinheiro desses?,
cheguei a perguntar. Não é desperdício, é prazer, afirmou. Bem, vamos ver então como
podemos fazer, tentei tranquilizá-lo. Não há o que não se ajeite quando o valor
é alto, e eu não podia largar a tal proposta.
Na noite marcada, ele veio com o recibo de depósito. O
dinheiro grande na minha conta. Entrei no carro, dirigiu através das ruas
escuras da cidade, mostrava-me os lugares de sua predileção, como um guia
turístico. Noite agradável, céu pleno de estrelas, algumas luzes no centro, a ponte
que cruza o rio, a margem dos namorados, as vielas do centro velho. Houve o momento em que ele pediu. Já?, fiz-me assustada. Está na hora, ele. Ao lembrar
o valor do depósito, não pude titubear. Abri o vestidinho, desci-o até a
cintura, meus seios apareceram nus; afastei o bumbum do banco e acabei de tirar
a roupa. Olhou na direção da minha calcinha. Mais do que rápida, tirei-a e
entreguei nas mãos deles. Ele a segurou demonstrando prazer. Destravou as
portas. Inspirei fundo e saltei. Do lado de fora, sobre o passeio, a realidade
é outra. Mesmo passada uma hora da manhã. Ele acelerou e partiu. Meu coração
acelerou com ele. Não estou acostumada a tais aventuras, mas o dinheiro falou
mais alto. Pus-me a caminho, conforme o combinado. Deveria andar duzentos
metros até um carro estacionado na Maria Amélia. Duzentos metros é um longo
percurso para quem está nua. Eu vestia apenas a sandália, pedira para não sair descalça, temia ferir os pés. Uma mulher andando nua tem o seu charme, no meu
caso é um pouco diferente, mas muita gente acha o mesmo. Demorei alguns minutos
para chegar ao ponto combinado, acho que mais do que pensei. Ao ver o veículo,
suspirei aliviada. Apertei a maçaneta, estava dura. Apertei de novo. Não abriu.
Engoli em seco. Olhei para um lado, para outro. Será que estou no local errado? Mil pensamentos me vieram à cabeça. Tentei de novo. A porta não abriu de jeito algum.
Foi então que escutei um barulho de motor e uma freada. Pneus a cantar. O carro
parou à frente do que eu tentava abrir a porta. Corri para ele, apertei a
maçaneta e entrei. Uma mulher ao volante. Imaginem o resto.
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