Certa vez foi muito engraçado. Adoro praia, vocês sabem.
Houve uma época em que as mulheres faziam topless, isto é, tiravam
a parte de cima do biquíni, é lógico que queriam mostrar os seios. Era um sucesso.
Num sábado de sol, eu estava em Copacabana, ali perto do final da praia, quase
posto seis. Tirei o bustiê e me cobri como chapéu. Um tremendo charme, eu
recostada na cadeira de armar com as abas do chapéu cobrindo meus dois seios.
Isso atraía olhares, tanto de homens como de mulheres. Lógico que os machos
sentiam desejo por mim, queriam me comer inteirinha; as mulheres, bem, sobre as
mulheres eu percebia que algumas sentiam inveja, queriam também mostrar os
peitos mas não tinham coragem, enquanto outras, acho, tinham uma crise de boa
moral, ou certa indignação porque me achavam uma fulaninha sem vergonha. Na
verdade, eu não tinha vergonha alguma, elas tinham razão!, podiam me chamar de
sem-vergonha! Mas naquele dia, um homem musculoso aproximou-se. Assustei-me num
primeiro momento, tentei, porém, disfarçar. A senhorita, por favor, podia
vestir o sutiã, quase uma ordem. Quis perguntar por quê, mas preferi não
discutir. Não adiantaria expor minhas razões, talvez tivesse crianças na barraca ao lado, seria um moralista ou, quem sabe, policial. Depois, no entanto,
descobri o motivo. Visto, sim, concordei, mas não aqui, você segue em frente, vou atrás. Peguei a bolsa com a mão esquerda e o acompanhei, sempre o chapéu a me cobrir os seios. Dali a uns trinta
metros, virou-se para mim. Ofereci-lhe, então, o chapéu. Compreendeu meu
desejo. Segurou-o junto aos meus seios enquanto eu vestia o top. Continuei
sorridente como nunca e jamais perguntaria o motivo de sua abordagem. Mais
tarde, confessou-me a manobra: queria ver os meus seios nus e o
chapéu estava atrapalhando. Conseguiu olhando por sobre uma das abas, no
momento em que eu me vestia. Acabei rindo da situação. Não posso dizer o que
houve depois, mas vocês podem imaginar, ninguém é inocentes.
A plateia aplaude. Não sei se a mulher nua que não sabe onde
colocar as mãos ou a sua história.
O homem continuava sobre a poltrona, olhando-me. Depois
que acabei a historieta, quis vir na minha direção. Não, nada disso, espere,
tenho outra, por sinal muito engraçada, aconteceu com uma amiga. Sabe, as
histórias meio acidentadas não acontecem com a gente, mas sempre com alguma
amiga. Ela saiu com uns garotos. Tinha trinta e cinco anos, os garotos dezesseis ou dezessete. Eram três ou quatro. Quem manda sair com criança, digo, mas ela não me escuta. Foram todos à praia, e sabiam que era desinibida,
atirada. Ficaram agarrados a ela um bom tempo, às vezes dois a dois, outras
um de cada vez. Ela achou aquilo tudo muito interessante. Até que um pediu que
ela tirasse o top. Como a praia não tinham muita frequência àquela época do ano, concordou (acho mesmo que fosse verão a pino, tiraria, conheço-a
muito bem). Eles se alegraram ainda mais. Continuaram o jogo. Pediram que fechasse os olhos e
contasse até vinte. Brincadeira de criança, ela. Sim, brincadeira de
criança, acertou. Quando levantou as pálpebras, onde os garotos? Minha amiga nua na praia,
nenhum deles à sua volta. Moço, por favor, me ajude, pediu a alguém.
Adivinha o que aconteceu depois, ela e o moço que a ajudou?
Agora, sem plateia, a história só pra você, com o corpo.
Abrace-me. Nua e sem chapéu! Hoje, les histoires sont terminées. Por que gosto de dizer, às vezes, o
pronome depois do verbo? Sabe, isto se chama ênclise. Porque já fiquei nua
também numa praia em Portugal!
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