segunda-feira, março 11, 2019

Numa praia em Portugal

Tenho um desses chapéus de sol, grande, bonito, o maior charme quando vou com ele à praia. Outro dia o namorado, ou melhor, o homem com quem estou saindo, me propôs uma fantasia. Pediu que eu vestisse o biquíni e o chapéu, dentro de casa. Aceitei a brincadeira. Fui ao meu quarto e o vesti, depois voltei, escorregadia, à sala de estar. Comecei a fazer, então, algumas poses. Dei uma requebrada com a cintura, segurei o chapéu na altura dos seios, como se eles estivessem nus e eu os escondesse. Depois, desci um pouquinho, ultrapassei o umbigo e cobri a parte onde estava o biquíni. O homem adorou. Após alguns minutos, virei de costas, desfiz o laço do sutiã e, quando dei a meia volta, apareci com o chapéu agora cobrindo os seios verdadeiramente nus. Mais uma vez me coloquei de costas, mexi as cadeiras como se acompanhasse uma música africana,  a seguir, fingindo fazer de conta, desfiz os lacinhos do biquíni, eu de bunda de fora para o namorado. Atrás dele, a janela, lá longe um prédio alto e o céu. Viro de frente? Sim. Cubro os seios o a boceta? Demorei muito para decidir, senti tremendo frisson, ele beijava o meu bumbum! Nada disso, ainda estamos na fase da fantasia, protestei, volte à poltrona. Obedeceu. Nua, de costas, o chapéu à frente, virei e cobri os seios. Não sei por que temos vexo dos seios nus, não da xereca, sabe-se lá o motivo. Mais algumas poses e acabei arremessando o chapéu na direção dele. Acaricie, estava juntinho a mim, ao meu corpo, sussurrei com volúpia. Ele tomou-o nas mãos com delicadeza, fez carinho, deu mesmo alguns beijos. Agora espere que vou contar uma história. Continuava em pé, mais uma requebrada de cintura, as mãos vagando no espaço, o auditório cheio. Eu nua!

Certa vez foi muito engraçado. Adoro praia, vocês sabem. Houve uma época em que as mulheres faziam topless, isto é, tiravam a parte de cima do biquíni, é lógico que queriam mostrar os seios. Era um sucesso. Num sábado de sol, eu estava em Copacabana, ali perto do final da praia, quase posto seis. Tirei o bustiê e me cobri como chapéu. Um tremendo charme, eu recostada na cadeira de armar com as abas do chapéu cobrindo meus dois seios. Isso atraía olhares, tanto de homens como de mulheres. Lógico que os machos sentiam desejo por mim, queriam me comer inteirinha; as mulheres, bem, sobre as mulheres eu percebia que algumas sentiam inveja, queriam também mostrar os peitos mas não tinham coragem, enquanto outras, acho, tinham uma crise de boa moral, ou certa indignação porque me achavam uma fulaninha sem vergonha. Na verdade, eu não tinha vergonha alguma, elas tinham razão!, podiam me chamar de sem-vergonha! Mas naquele dia, um homem musculoso aproximou-se. Assustei-me num primeiro momento, tentei, porém, disfarçar. A senhorita, por favor, podia vestir o sutiã, quase uma ordem. Quis perguntar por quê, mas preferi não discutir. Não adiantaria expor minhas razões, talvez tivesse crianças na barraca ao lado, seria um moralista ou, quem sabe, policial. Depois, no entanto, descobri o motivo. Visto, sim, concordei, mas não aqui, você segue em frente, vou atrás. Peguei a bolsa com a mão esquerda e o acompanhei, sempre o chapéu a me cobrir os seios. Dali a uns trinta metros, virou-se para mim. Ofereci-lhe, então, o chapéu. Compreendeu meu desejo. Segurou-o junto aos meus seios enquanto eu vestia o top. Continuei sorridente como nunca e jamais perguntaria o motivo de sua abordagem. Mais tarde, confessou-me a manobra: queria ver os meus seios nus e o chapéu estava atrapalhando. Conseguiu olhando por sobre uma das abas, no momento em que eu me vestia. Acabei rindo da situação. Não posso dizer o que houve depois, mas vocês podem imaginar, ninguém é inocentes.

A plateia aplaude. Não sei se a mulher nua que não sabe onde colocar as mãos ou a sua história.

O homem continuava sobre a poltrona, olhando-me. Depois que acabei a historieta, quis vir na minha direção. Não, nada disso, espere, tenho outra, por sinal muito engraçada, aconteceu com uma amiga. Sabe, as histórias meio acidentadas não acontecem com a gente, mas sempre com alguma amiga. Ela saiu com uns garotos. Tinha trinta e cinco anos, os garotos dezesseis ou dezessete. Eram três ou quatro. Quem manda sair com criança, digo, mas ela não me escuta. Foram todos à praia, e sabiam que era desinibida, atirada. Ficaram agarrados a ela um bom tempo, às vezes dois a dois, outras um de cada vez. Ela achou aquilo tudo muito interessante. Até que um pediu que ela tirasse o top. Como a praia não tinham muita frequência àquela época do ano, concordou (acho mesmo que fosse verão a pino, tiraria, conheço-a muito bem). Eles se alegraram ainda mais. Continuaram o jogo. Pediram que fechasse os olhos e contasse até vinte. Brincadeira de criança, ela. Sim, brincadeira de criança, acertou. Quando levantou as pálpebras, onde os garotos? Minha amiga nua na praia, nenhum deles à sua volta. Moço, por favor, me ajude, pediu a alguém. Adivinha o que aconteceu depois, ela e o moço que a ajudou?

Agora, sem plateia, a história só pra você, com o corpo.

Abrace-me. Nua e sem chapéu! Hoje, les histoires sont terminées. Por que gosto de dizer, às vezes, o pronome depois do verbo? Sabe, isto se chama ênclise. Porque já fiquei nua também numa praia em Portugal!

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