quinta-feira, novembro 11, 2010

Qual é o teatro?

Chamava-se Joana e eu a tinha conhecido havia pouco. Viera de Belo Horizonte para ficar durante uns dias na minha casa. Chegou na quinta. Fizemos alguns programas no mesmo dia, como ir à praia e passear à noite e jantar em algum restaurante, em Copacabana. Na sexta fomos a Teresópolis. Sempre achei a cidade aconchegante, quis apresentar a ela. Passamos o dia lá. Mas o que desejo mesmo contar é o que aconteceu no sábado, véspera do dia em que ela voltaria para sua cidade.

Durante o dia chovia muito. Joana aproveitou para ler o jornal.

“Há uma peça que parece ser boa, vamos?”, perguntou.

“Podemos ir. Qual é o teatro?”, sempre me esforcei para tratá-la com delicadeza.

“Maison de France. Fica longe?”

“Não. Fica no Centro, dez minutos de carro.”

Durante a tarde saímos em meio à chuva para comprar os ingressos. Voltamos e ficamos em casa esperando a hora do espetáculo.

Às oito horas, vestimo-nos. Ela, como nunca viera ao Rio, arrumou-se com a melhor roupa que trouxera na bagagem. Lembro que vestiu uma saia de comprimento mediano, ia até os joelhos, e uma blusa branca, trabalhada sutilmente com algum brilho prateado. Ficou adorável.

Assistimos ao espetáculo. Tratava-se da vida de uma personagem importante na história da psicanálise. Joana adorou.

Depois fomos jantar. Foi minha a ideia de ir a um restaurante japonês. Ela gostou da ideia. Pedimos os pratos que costumeiramente se pede num sábado à noite, quando se frequenta esse tipo de restaurante. O principal torna-se a bebida que acompanha a refeição. Devido à característica do lugar, pedi saquê. Ela me acompanhou. Mas não com uma dose inteira. Bebemos duas doses caprichadas; ela tomou metade de uma. Saboreou com a bebida camarão empanado.

O principal aconteceu quando chegamos em minha casa. Já devia ser mais de uma da madrugada. Ela despiu-se e deitou. Deitei ao seu lado. O final de semana findava e não tardaria Joana teria de ir embora. Mal sabia quando a veria novamente, ou se mesmo chegaria a vê-la. A vida extenuante daqueles tempos nos obrigava a trabalhar muito. Sobrava pouco tempo para viagens e para esse tipo de amor.

Quando estávamos já quase adormecidos, tive uma ideia genial. Acho que o saquê me excitara. Depois de alguma bebida forte, sempre sou tomado por idéias geniais.

“Joana?”

“Hum...”

Posso pedir a você uma coisa?”

“Pode”, esticou os braços, procurava o meu pescoço.

“Você vai até lá fora pelada, bate na porta para eu abrir e faz de conta que está chegando nua aqui em casa?”

Surpreendeu-se com a proposta. Olhou para mim e perguntou:

“Nua, nua?”

“Isso, peladinha.”

Não sei se pelo fato de não conhecer ninguém na minha cidade, ou mesmo tomada por necessidade de aventuras, respondeu rápido:

“Vou.”

Tirou a calcinha, a única peça que vestia. Mas quando chegou perto da porta pediu:

“Posso ao menos cobrir os seios?”

“Os seios? Pode. Mas com uma blusa bem curta.”

Vestiu a blusa. Não era mais do que um top. Saiu. Fechei a porta atrás dela.

Nunca tinha feito tal brincadeira. Confesso que senti grande excitação ao deixar uma mulher nua batendo à porta da minha casa, à espera de que eu atendesse, correndo o risco de ser surpreendida por alguém ou mesmo de que eu não abrisse a porta.

Ela bateu suavemente. Corri para outro lado da casa, procurei outro cômodo, queria ganhar tempo. Fui de novo até à porta, mas voltei para o outro extremo da casa. Tudo com o objetivo de fazê-la esperar mais.

Ao voltar mais uma vez, meu coração disparara. Imaginei a coragem de uma mulher ao enfrentar uma situação dessas. As mulheres confiam muito nos homens, pensei. Aguardei mais um pouco, mas acabei abrindo para que entrasse. Ela me abraçou. Beijamo-nos.

“Agora tire a blusa e vai mais uma vez.”

“Sem a blusa?”, choramingou.

“Isso, sem a blusa.”

Acabou concordando. A situação anterior se repetiu. Acho que a deixei nua até mesmo por mais tempo. Quando abri de novo, perguntei.

“O que faz uma mulher nua batendo a essa hora da madrugada na minha porta?”

“Moço, me dá abrigo, por favor...”

“O que aconteceu?”

“Moço, me dá abrigo, aconteceu um problema, mas tenho vergonha de contar”, ela, com voz chorosa.

“Moço, eu perdi... perdi...”

“Perdeu o quê?”

“Ah, moço, tenho tanta vergonha... por favor...”

Agarrei Joana ali mesmo. Nem quis ouvir sua história. Ela não tinha como se defender. Sei que afastou um pouquinho as pernas. Meu sexo escorregou ligeiro para dentro dela...

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