Você ainda dá pra todo mundo?, ele me perguntou, não sei se achou que eu ia ficar aborrecida; sorri, dou, você sabe que adoro trepar. Lembro daqueles tempos, quando você conhecia alguém ia logo se aproximando, deixava os homens maluquinhos, trepava no mesmo dia que os conhecia. Ainda trepo, caso isso aconteça, o problema é o homem adivinhar que é possível, porque não vou sair convidando, ele vai pensar que sou piranha. Veio à minha cabeça uma história que você contou, na época pensei que fosse uma invenção sua. Que história? Aquela em que você estava esperando o ônibus, o homem parou o carro e te chamou, ofereceu carona, te levou, parou na pracinha do Alto e você trepou com ele, dentro do carro, que tinha vidros escuros. Hum, deixa ver se lembro, acho que já fiz isso mais de uma vez, ah, sim, eu estava de bermudinha, a minha única exigência foi que transássemos de camisinha, ele tinha camisinha, sim, mas você não imagina quantas vezes já saí com homens depois de uma carona, já trepei também voltando de festas, de chopes, de cinema, prefiro que me levem pra um hotel, não gosto de namorar dentro de carro, mas, em último caso, é a solução. Nunca aconteceu nada, com você?, não é perigoso? É perigoso, sim, mas eu não ligo, acabo convivendo com o perigo, teve uma vez que trepei nua, fora do carro, achei que o homem fosse embora me deixando pelada, foi na época em que a orla do recreio era mais deserta, não tinha tantos prédios, agora não dá mais, uma vez conheci um homem na praia e deixei que ele tirasse meu biquíni, fizemos amor dentro d'água, mas confesso que não é muito agradável, bom mesmo é conhecer um homem na praia mas que tenha apartamento próximo, a gente acaba indo pra lá no fim do dia e faz um amor muito gostoso. E como você faz pra voltar pra casa de biquíni, já tendo ficado de noite? Isso não é problema, levo uma minissaia na bolsa, uma vez voltei de biquíni mesmo, nem liguei; já que você falou de perigos, houve um que pediu pra me amarrar, eu deixei, e foi gostoso, ele não só me amarrou, mas colocou um esparadrapo cobrindo minha boca, jamais gozei tanto, no auge da trepada ele disse que ia me deixar amarrada enquanto desceria pra comprar cigarros, eu só conseguia falar hum, hum, e o homem se vestindo, eu hum, hum, mas ele acabou não indo, ainda bem que eu fumava e tinha cigarros pra dar a ele, gozei muito, a loucura incentivou. Você, então, já passou por tudo. Tudo, não, ninguém nunca me bateu, nem me machucou, nem me largou nua por aí, e mais uma coisa, a camisinha; tenho uma amiga que diz pode faltar a calcinha, mas não a camisinha. Ah, sei, mas como o homem precisa fazer pra trepar com você, como ele precisa falar? Ah, cada um tem seu jeito, uns falam, outros vem abraçando, outros querem logo tirar minha roupa. eu digo calma, deixa que eu me dispo; tenho muito cuidado com o que visto, porque não tenho tanto dinheiro pra ficar comprando roupas novas. Hum, entendi, e se o homem te perguntar, direto você trepa comigo?, o que você reponde? Não sei, na hora eu vejo, mas na maioria das vezes eu rio, e abraço o homem, já sei o que eles querem, não acontece como agora, entre mim e você, porque sei que você é meu amigo, não está aqui com a intenção de trepar. Não tenha tanta certeza, quem sabe. Você quer transar?, sério?, não acredito, e olha que já não trepo faz mais de um mês; mas somos amigos, não vamos estragar nossa amizade, uma trepada não vale mais do que uma amizade verdadeira. Isso, você tem razão. É verdade, a amizade é mais difícil de se manter, nunca consegui ficar amiga de homem nenhum com quem trepei, e veja, já trepei com mais de duzentos, trezentos, sei lá; quanto a você, somos amigos faz duas décadas, não é mesmo?, jamais trepamos, e sempre nos procuramos pra outras necessidades.
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