Quando ele me abraçou e depois deslizou um dos braços sobre minhas costas até atingir um ponto abaixo do cóccix, ainda segurei-lhe a mão, mas não consegui evitar que descobrisse que eu nada vestia sob o leve tecido. Levei um dos dedos a seus lábios pedindo-lhe silêncio e deixei que continuasse enroscado em mim. Caminhávamos rente à vegetação que margeava a estrada. Lá embaixo, o mar explodia. Como ainda não amanhecera, percebíamos apenas as espumas irregulares da preamar. Os outros rapazes iam à nossa frente; cantavam e dançavam, sinal de muita alegria. Joana caminhava no meio deles; vez ou outra um se aproximava, tentava abraçá-la. Ela de início permitia, mas logo o afastava com delicadeza; talvez ainda sentisse uma ponta de temor.
Eram dez da noite quando os dois desconhecidos nos ofereceram carona. O céu estava escuro mas estrelado, a noite era quente, convidativa. Não tínhamos o que fazer, acabamos aceitando. Entramos no carro e eles nos levaram para os confins da Barra. Naquele tempo o local era ermo, quase não havia casas nem edifícios. Acabamos a noite num camping, onde eles disseram que tinham uma barraca. A princípio, relutamos. Queríamos o passeio, mas sem que nos tocassem. Vimos que nosso desejo seria impossível ao descobrirmos que um deles tinha uma arma. Ainda sussurrei a Joana: “vamos fugir!”, ela não teve tempo de rebater. Mesmo se tivesse, a fuga era temerária. Coletivos não havia, automóveis rareavam e duas mulheres sozinhas a pedir ajuda ali seria apenas deslocar ou adiar o perigo. Mas eles queriam apenas se divertir, não nos fariam mal.
O rapaz deixou que os outros se afastassem. Quando olhei para Joana, ela estava abraçada a dois deles, um a cada lado. De repente, fui surpreendida por um precipitado beijo na boca. Sua língua tentava encontrar a minha; quando conseguiu, senti uma de suas mãos subir-me as pernas, tocar meus pelos. Encontrou-me úmida, talvez até melada, mas ele nada disse. Afastei um pouco as pernas e permiti que me tocasse com mais leveza. Depois, de modo brusco, desvencilhei-me do beijo, cerrei as pernas e tomei-lhe as mãos, beijando-o sobre uma das faces. Vi um automóvel antigo parado adiante e percebi que os jovens e Joana conversavam com um senhor de idade já avançada.
Já no carro, os dois nos deixaram nuas. Ao deslizarmos pela alameda que dava para o camping, reparamos que o local estava quase deserto. Saltamos no estacionamento e corremos até a barraca; éramos duas Evas surpreendidas pelo pudor. Não vimos viva alma. Transamos com ambos alternadamente. Eles abriram uma garrafa de uísque; beberam até a embriaguez. Quando demonstramos desejo de partir, um deles nos disparou: “só ao amanhecer”. Às quatro e trinta, fugimos. Com dificuldade, recuperamos parte de nossas roupas. Saltamos a cerca para escapar de um vigia. Alguns latidos de cão fizeram nossos corações dispararem. Na praia, encontramos o grupo de rapazes.
Joana gritou para mim: “este senhor diz que nos leva, ele vai para Copacabana”. Entramos no automóvel. Antes, os rapazes nos beijaram; e enquanto partíamos, puseram-se a pular e a gritar dando-nos adeus, fazendo enorme algazarra. Num ponto do horizonte, sobre o mar, o céu avermelhava-se.
Eram dez da noite quando os dois desconhecidos nos ofereceram carona. O céu estava escuro mas estrelado, a noite era quente, convidativa. Não tínhamos o que fazer, acabamos aceitando. Entramos no carro e eles nos levaram para os confins da Barra. Naquele tempo o local era ermo, quase não havia casas nem edifícios. Acabamos a noite num camping, onde eles disseram que tinham uma barraca. A princípio, relutamos. Queríamos o passeio, mas sem que nos tocassem. Vimos que nosso desejo seria impossível ao descobrirmos que um deles tinha uma arma. Ainda sussurrei a Joana: “vamos fugir!”, ela não teve tempo de rebater. Mesmo se tivesse, a fuga era temerária. Coletivos não havia, automóveis rareavam e duas mulheres sozinhas a pedir ajuda ali seria apenas deslocar ou adiar o perigo. Mas eles queriam apenas se divertir, não nos fariam mal.
O rapaz deixou que os outros se afastassem. Quando olhei para Joana, ela estava abraçada a dois deles, um a cada lado. De repente, fui surpreendida por um precipitado beijo na boca. Sua língua tentava encontrar a minha; quando conseguiu, senti uma de suas mãos subir-me as pernas, tocar meus pelos. Encontrou-me úmida, talvez até melada, mas ele nada disse. Afastei um pouco as pernas e permiti que me tocasse com mais leveza. Depois, de modo brusco, desvencilhei-me do beijo, cerrei as pernas e tomei-lhe as mãos, beijando-o sobre uma das faces. Vi um automóvel antigo parado adiante e percebi que os jovens e Joana conversavam com um senhor de idade já avançada.
Já no carro, os dois nos deixaram nuas. Ao deslizarmos pela alameda que dava para o camping, reparamos que o local estava quase deserto. Saltamos no estacionamento e corremos até a barraca; éramos duas Evas surpreendidas pelo pudor. Não vimos viva alma. Transamos com ambos alternadamente. Eles abriram uma garrafa de uísque; beberam até a embriaguez. Quando demonstramos desejo de partir, um deles nos disparou: “só ao amanhecer”. Às quatro e trinta, fugimos. Com dificuldade, recuperamos parte de nossas roupas. Saltamos a cerca para escapar de um vigia. Alguns latidos de cão fizeram nossos corações dispararem. Na praia, encontramos o grupo de rapazes.
Joana gritou para mim: “este senhor diz que nos leva, ele vai para Copacabana”. Entramos no automóvel. Antes, os rapazes nos beijaram; e enquanto partíamos, puseram-se a pular e a gritar dando-nos adeus, fazendo enorme algazarra. Num ponto do horizonte, sobre o mar, o céu avermelhava-se.