Ele me pediu para escrever um
texto excitante e lhe enviar como mensagem. Você acha essas histórias mais
instigantes na narrativa de uma mulher, afirmei. Isso mesmo, retrucou, as
mulheres tem mais força narrativa. Os homens são assim, adoram uma mulher
falando sacanagem. Você quer então transar pelo telefone, isso é coisa antiga,
sabia?, provoquei. Ele disse que sim e, como estávamos ali um ao lado do outro,
cheguei a dizer será que não basta a gente transar num quarto de hotel, ou
mesmo em seu apartamento, como temos feito? Deu de ombros e fez uma fisionomia
alegre, mas sem um sorriso propriamente. Lembrei então de um rapaz que eu
conhecera, fora meu estagiário numa das empresas em que trabalhei, sabia fazer
a mesma cara, transmitia alegria sem sorrir. Sua fisionomia impressionava
outras mulheres, queriam ficar o tempo todo junto dele. Logo uma delas começou
a provocá-lo.
“Acho que ele não vai querer”, eu lhe dissera, “quem sabe
queira se manter apenas profissional, sem se envolver com alguém aqui na
empresa?”
“Vai ver o homem é gay, e você tentou sair com ele mas não
conseguiu.”
“Nada disso, não podemos fazer uma afirmação dessas, caso
ele saiba poderá até nos processar.”
Minhas palavras pareceram assustar a candidata.
“Vou tentar mesmo assim, quem sabe consigo”, insistiu.
Na semana seguinte a mulher voltou a conversar sobre aquele
meu estagiário.
“Saí com ele, quero dizer, saímos.”
“Saímos?”, indaguei curiosa.
“Isso mesmo, eu, Dora e Silvana.”
“Então foram apenas a um bar, uma happy hour.”
“Nada disso”, ela retomou, “fomos a um hotel.”
“Um hotel?”, surpresa na minha voz e acho que no meu rosto.
“Isso mesmo, ele aceitou, você precisava ver, nós três nuas
agarradas ao homem.”
“Mas, isso é uma vergonha, o que ele vai pensar de vocês, da
nossa empresa?”
“Nada disso, o homem é cabeça feita, um ótimo amante, e uma
coisa é trabalho, outra sexo.”
“Mas três mulheres com um homem, não é normal”, afirmei.
“Mara, o que é normal hoje em dia, sobretudo aqui na nossa
empresa?”, ela terminou e se foi.
Fiquei pensando no sobretudo que ela pronunciou.
Por que você está tão calada?, perguntou meu amigo, acho que
eu ficara hipnotizada com a lembrança. Nada, com essa sugestão sua, lembrei uma
história de alguns anos atrás. De tanto insistir, contei a história. Sabe que
já aconteceu comigo?, veio ele com o contraponto, sério, foi numa escola, eu
tentava ser professor, também era estagiário, e no ensino médio; o professor me
apresentou à turma, com toda a seriedade, este é o nosso estagiário, vai ajudar
a tirar as dúvidas de vocês e vez ou outra vai dar algumas aulas; fomos assim
por um semestre; perto do final do estágio, duas delas me convidaram para uma
festa; aceitei, mas não era bem uma festa, havia cinco ou seis delas que
queriam trepar comigo, sério, cinco ou seis, fizeram até fila, apenas pedi que
eu trepasse sozinho com cada uma enquanto as outras esperariam do lado de fora
do quarto, mas fiz uma exigência inusitada, que me deixava excitado e capaz de
me dar fôlego para transar com todas; que ficassem nuas, em fila, na porta do
quarto; quando saísse uma, a seguinte deveria entrar, e eu precisava ver todas
nuas e em fila, repeti; elas se mostraram obedientes, assim como eram na escola,
e tudo terminou muito bem; uma boa lembrança que não esqueço. Como você quer
então transar comigo por mensagens de celular, algo tão comportado diante de
uma história dessas?, eu estava curiosa. Ora, essa experiência, a de trepar por
mensagens de celular, eu nunca tive; ah, outra coisa, você tem de dizer que
está inteiramente nua, seu único artefato será o telefone, ok?