domingo, fevereiro 09, 2020

Noite de verão

O verão é uma estação instigante, no litoral, então, nem se fala, a gente chega à praia com aquele afã de aproveitar o sol, o mar, e tudo mais que seja possível. A pele sente o ardor, há o arrepio e a vontade louca de amar. Neste réveillon, viajei do sul do país a uma praia no Rio de Janeiro. Logo no primeiro dia vesti um biquíni branco, pequenino, debaixo de uma saída de praia de renda transparente. A roupinha, na verdade, uma tela sobre o quase nada, atraía diversos e animados olhares. Continuei com a roupa ao entardecer, entrei num bar, pedi uma bebida. Os homens se surpreenderam. Minha pouca roupa os fazia vibrar a mil. Uma mulher nua na mesa ao lado!, é o que diziam, mesmo sem palavras. Alguns, ainda que acompanhados, não esconderam o desconforto, tiveram de olhar com o rabo do olho. Se não me deixam nua pelas mãos, pelos olhos foi mais fácil. Por falar em olhos, lembro-me de umas férias na praia, mas no litoral de Santa Catarina.

Sempre adorei biquínis mínimos, e também gosto de andar nua. Naquela ocasião aluguei uma casa em frente à praia, um local deserto, ninguém a me incomodar. Não tinha ainda a saidinha de praia de tela branca, descia às areias apenas com a roupa de banho. Como sempre gostei de apreciar a manhã, alguns dias eu acordava muito cedo. Num deles, pensei ir nua, mas achei exagero, podia aparecer alguém, sei lá, um nativo, ou alguém da colônia de pescadores. Vesti, então, apenas uma camiseta sobre o corpo, descia-me até as coxas. Caminhei até a beira d’água sob a vermelhidão do amanhecer. Como não é costume no local, a água estava quente, mais quente do que eu. Senti vontade louca de mergulhar. Tirei a única peça, enrolei deixando-a escondida na areia. Corri e entrei n’água. Um orgasmo o contato de minha pele com as águas. Sem me preocupar com as horas, permaneci ali indefinidamente. Quando reparei, um homem passeava pela areia. Ai, meu Deus, tomara não encontre minha camiseta. Depois me acalmei e achei normal estar nua, a natureza convidava. Mas ele não demorou, nem sei se me viu. Quando resolvi sair de dentro d’água, onde a camiseta? Subi nua à casa alugada. Ainda bem, todos dormiam. Tomei uma ducha e me deitei de novo. Ah, quem sabe, sonho de uma noite de verão. À noite fomos à cidade, eu vestindo apenas uma peça, camisa de mangas três quartos, não chegava aos joelhos. Que férias!

No Rio de Janeiro a coisa é outra, os sonhos são fortes, vigorosos, pura realidade. Logo vem alguém conversar, um assédio e tanto. Para quem é livre ao namoro, tudo bem, o paraíso. Mas é preciso cuidadinho; ao contrário, perde-se a graça. Os homens oferecem bebidas, comidas, passeios, mas não sai de graça. Vou com a saidinha de renda, a tal tela transparente. Depois, digo preciso ir ao hotel, tenho de me trocar, espere um instantinho. Quero fugir. Mas você está tão linda com essa roupa, não se troca não, o Rio é praia noite e dia. Vou na conversa do recente namorado. Ele, doidinho, pra me ver apenas com a telinha sobre o corpo. Ainda que fosse só isso. Mais, não conto; vale a discrição.

Segredinho: não posso subir nua ao apartamento, tanta gente, as pessoas não param de ir de um lado a outro. O namorado adora a brincadeira. É apenas o começo, uma noite de verão.

Nenhum comentário: