sexta-feira, maio 11, 2007

Sobre a poltrona

Certa vez arranjei um namorado empolgante. Saímos para jantar várias vezes. Ele era culto, tinha uma conversa fascinante, mas tive de esperar um tempo enorme para que me levasse para cama. Cheguei a pensar que ele não gostasse de mulher. Quando me convidou à sua casa, adorei. Ele era aquele tipo de homem que adora fantasiar; como também amo uma fantasia... Logo que entramos, atirei-me sobre o grande sofá da sala de estar e lhe disse "deita comigo". Ele retrucou "você vai ficar toda amarrotada". Sentei-me, tirei o vestido e lhe entreguei para que o colocasse sobre a poltrona próxima. Foi a vez de ele investir "sabe o que senti vontade de fazer?" e sem esperar resposta continuou "vou amarrar você!" Então repliquei "pode amarrar, eu adoro". Atou-me com um cordão forte, acho mesmo que já o tinha usado outras vezes, quem sabe com outras mulheres. Arrepiei-me de corpo pleno. Ao sentir os laços fortes, apareceu em suas mãos uma fita adesiva grossa, e sem que eu pudesse reagir, grudou-ma à boca. Consegui manter o controle, queria saber aonde ele pretendia chegar. Desapareceu então por alguns momentos, retornando com uma enorme faca. Gelei. "Não se preocupe, não vou partir você ao meio" falou sarcástico, em voz baixa. Desejei correr dali, mas estava amarrada também ao estofado. Daí em diante, ele passou a lâmina sobre meu corpo, em alguns pontos chegou a me beliscar com a ponta, tocou-me o clitóris e viu que me excitava. A seguir deixou a faca de lado e pulou sobre meu corpo; primeiro livrou-me os lábios "quero te beijar" foi o que ouvi, pensei em mordê-lo com força, mas arrefeci; o corpo dele estava tão quente... Não só aceitei o beijo, como sussurrei em um de seus ouvidos "liberte minhas pernas, também quero gozar". Foi uma trepada e tanto, gozei com o perigo. Passei a freqüentar a casa dele uma vez na semana. E sempre havia novidades. Uma outra vez, prendeu-me os braços, laçou-me o pescoço, colocou-me sobre um pequeno banco e ameaçou durante todo o tempo derrubá-lo, caso eu não me mostrasse úmida por inteiro. Tremi, mas mantive a pose. Então ele subiu no mesmo banco e trepamos ali mesmo. Eu de pernas abertas e ainda com a corda no pescoço, temendo que o banco virasse ou se partisse. Mas ele gozou antes que isso acontecesse. Uma semana depois, ardeu-me as pernas com pequeno candeeiro. Eu imóvel, ele fazendo que me queimava, aquecendo-me as entranhas. Apesar do calor, eu tinha de me manter molhada; se não o conseguisse, queimaria-me todos os pêlos. Gozamos também a tempo. Da última vez que o encontrei, não preparou ardil algum. Desconfiei. Antes de recebê-lo nos braços, porém, vi que meu vestido ia em suas mãos. Recuou dois passos e escutei o rasgar da roupa fora do alcance dos meus olhos, em seguida vi que ele segurava uma tesoura e uma nesga da fazenda. Enquanto gozávamos, ele sussurrava "hoje, vou deixar você peladinha, vou guardar de lembrança algumas tiras da sua seda". Eu suspirei, ele ainda continuou "não adianta choramingar, agora já está feito". Deve haver uma saída, pensei. Mas não demorou e reagi: tomara que desta vez não haja saída alguma; senti que a fantasia me excitara. Voei por sobre o corpo dele e tentamos mais uma escalada sobre camadas de lava incandescente. Transamos maravilhosamente. Eu nada dizia, ele soprava episódios delirantes em meus ouvidos. Confesso que jamais conheci outro homem de tamanha imaginação. A iminência de estar nas mãos de alguém desconcertante sempre me excitara. Gozei descontrolada. Ao acabarmos, corri ao banheiro. O ardor mais brando, imaginei o que seria de mim dali em diante, nua na madrugada. Enquanto me ensaboava e me lavava com água quente, calculava minhas chances.

"Karina, minha filha (ai, ela só tem dezessete anos, que vergonha!), venha urgente e com algum vestido dobrado dentro da bolsa, depois explico o que aconteceu; anote o endereço; isso, pode ser, serve a canga; e corra que já amanhece, ou você e outros tantos verão a mãe louca chegando nua em casa. Não fale pra ninguém, viu; e, por favor, não demore!"

Seria a última vez que o veria, tinha de partir, aquelas brincadeiras já estavam ficando perigosas demais e eu sabia aonde tudo aquilo iria chegar...

Mas como a tentação sempre é maior, o desfecho teria sido outro se não acontecesse o que vai a seguir.

Ao sair do banheiro, voltando ao quarto, que decepção! Minha aventura noturna acabara. E cedo. Meu vestido jazia fácil sobre a mesma poltrona do começo da noite! Intacto. O que ele rasgara? Até hoje não sei.

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