A noite entrava pelas horas. Eu estava um pouco assustada, era a primeira vez que visitava a casa dele. E pelo jeito ia passar a noite ali. Os objetos que eu levara denunciavam-me, viera com uma bolsa grande e plena. Não sabia, porém, como fazer para trocar de roupa e me recostar na cabeceira da cama. Tínhamos bebido uma garrafa de vinho, cujo ato fora quase um ritual; demoramos a esvaziá-la, esquecíamos dela enquanto conversávamos. Depois nos sentamos lado a lado; ele se aproximava, eu reparava que queria me beijar, mas acho que devido à minha timidez eu o assustava; então ele se afastava e enveredávamos por outra conversa. Falamos muito sobre lugares que conhecemos, viagens que fizemos, museus, galerias de arte. Quando voltávamos a nossos corpos, eu não sabia o que dizer, e ele sempre me olhando com encanto.
Foi aí que perguntou: “Você quer descansar?”
Respondi que sim. Fomos para o quarto.
“Você quer trocar de roupa aqui ou quer ir ao banheiro?”, ainda acrescentou: “quer que eu saia?”
Acho que quase enrubescida, disse a ele que iria me trocar no banheiro. Ele acompanhou-me, mas deteve-se na sala; sentou-se no pequeno estofado e voltou-se para os livros que estavam sobre a mesa.
Após alguns minutos, voltei; vestia uma camisola curta, mas recatada. Ele olhou e sorriu, procurava me deixar à vontade. “Como vamos fazer?”, perguntou.
Emudeci e esperei pela decisão dele.
“Você quer que eu durma aqui na sala e deixe o quarto para você?”, perguntou.
“Não quero incomodar, posso dormir aqui no estofado”, falei baixinho.
“Não, não, é desconfortável.”
“Podemos dormir os dois na cama”, falei demonstrando não estar constrangida.
“Então está bem”, finalizou.
Deitei-me, acendi o abajur que havia bem ao lado que eu escolhera.
Ele voltou e deitou-se ao meu lado. Ficou de barriga para cima; parecia refletir sobre alguma coisa.
Desliguei a pequena lâmpada e o quarto mergulhou na escuridão; através da janela era possível ver que a noite estava clara.
Em alguns segundos visualizei todo o percurso, desde o momento em que o conheci até àquela hora. Não pensei que estaríamos juntos após apenas uma semana do primeiro encontro. Estava tomada de uma intensa timidez. Caso ele se virasse em minha direção e me tomasse nos braços, eu não saberia o que fazer. Diria que não, que ainda era cedo, que eu nem deveria estar ali. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei seu convite para passarmos juntos o fim de semana? Achei que seria melhor eu levantar, vestir-me e chamar um táxi. Mas se tomasse essa decisão, acho que seria o fim do relacionamento; e ele era tão agradável. Ele parecia ressonar. Acho que entendera toda a minha aflição e me proporcionava algum tempo para que eu pensasse melhor a questão. Não virei para o outro lado, ele poderia receber tal atitude como uma ofensa. Fiquei meio inclinada, não de todo virada para ele, mas também não demonstrando uma retirada brusca. Então ele tocou num de meus braços; tocou suave, lúcido, com tamanho carinho que fingi não perceber. Mantive-me na mesma posição. Então se aproximou e enfiou os braços por baixo de minha coberta, tocou as partes nuas de meu corpo. Arrepie-me, misturava timidez e excitação. Eu o enfrentaria? Não era um enfrentamento. Na verdade, relações amorosas não são enfrentamentos, são entregas, entregas suaves, límpidas; mas eu tinha tanto medo... O que faria? A solução foi manter-me estática, mas esforcei-me para ter os músculos relaxados. Não queria que ele me percebesse enrijecida e o coração a palpitar. Então se aproximou ainda mais, de mansinho. Não consegui manter-me quieta.
“Estou morrendo de medo”, revelei.
“Medo?” Medo de quê?”
“Não sei...”
“É a primeira vez?”
“Não!”, apressei-me em responder.
“Então não há o que temer.”
“Você se importaria se apenas namorássemos e deixássemos o principal para outro dia? Se você me respeitar, vai conseguir tudo de mim.”
“Tudo?”
“Dou a roupa do corpo.”
“Tudo bem, podemos esperar.”
Ele me deu um longo beijo. Eu pegava fogo.
A madrugada, moça nua úmida de orvalho, transcorreu suave.
Ainda antes do amanhecer não resisti, escalei seu corpo: borboleta a bater asas, tentando equilibrar-se sobre o galho mais alto de árvore robusta.
Foi aí que perguntou: “Você quer descansar?”
Respondi que sim. Fomos para o quarto.
“Você quer trocar de roupa aqui ou quer ir ao banheiro?”, ainda acrescentou: “quer que eu saia?”
Acho que quase enrubescida, disse a ele que iria me trocar no banheiro. Ele acompanhou-me, mas deteve-se na sala; sentou-se no pequeno estofado e voltou-se para os livros que estavam sobre a mesa.
Após alguns minutos, voltei; vestia uma camisola curta, mas recatada. Ele olhou e sorriu, procurava me deixar à vontade. “Como vamos fazer?”, perguntou.
Emudeci e esperei pela decisão dele.
“Você quer que eu durma aqui na sala e deixe o quarto para você?”, perguntou.
“Não quero incomodar, posso dormir aqui no estofado”, falei baixinho.
“Não, não, é desconfortável.”
“Podemos dormir os dois na cama”, falei demonstrando não estar constrangida.
“Então está bem”, finalizou.
Deitei-me, acendi o abajur que havia bem ao lado que eu escolhera.
Ele voltou e deitou-se ao meu lado. Ficou de barriga para cima; parecia refletir sobre alguma coisa.
Desliguei a pequena lâmpada e o quarto mergulhou na escuridão; através da janela era possível ver que a noite estava clara.
Em alguns segundos visualizei todo o percurso, desde o momento em que o conheci até àquela hora. Não pensei que estaríamos juntos após apenas uma semana do primeiro encontro. Estava tomada de uma intensa timidez. Caso ele se virasse em minha direção e me tomasse nos braços, eu não saberia o que fazer. Diria que não, que ainda era cedo, que eu nem deveria estar ali. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei seu convite para passarmos juntos o fim de semana? Achei que seria melhor eu levantar, vestir-me e chamar um táxi. Mas se tomasse essa decisão, acho que seria o fim do relacionamento; e ele era tão agradável. Ele parecia ressonar. Acho que entendera toda a minha aflição e me proporcionava algum tempo para que eu pensasse melhor a questão. Não virei para o outro lado, ele poderia receber tal atitude como uma ofensa. Fiquei meio inclinada, não de todo virada para ele, mas também não demonstrando uma retirada brusca. Então ele tocou num de meus braços; tocou suave, lúcido, com tamanho carinho que fingi não perceber. Mantive-me na mesma posição. Então se aproximou e enfiou os braços por baixo de minha coberta, tocou as partes nuas de meu corpo. Arrepie-me, misturava timidez e excitação. Eu o enfrentaria? Não era um enfrentamento. Na verdade, relações amorosas não são enfrentamentos, são entregas, entregas suaves, límpidas; mas eu tinha tanto medo... O que faria? A solução foi manter-me estática, mas esforcei-me para ter os músculos relaxados. Não queria que ele me percebesse enrijecida e o coração a palpitar. Então se aproximou ainda mais, de mansinho. Não consegui manter-me quieta.
“Estou morrendo de medo”, revelei.
“Medo?” Medo de quê?”
“Não sei...”
“É a primeira vez?”
“Não!”, apressei-me em responder.
“Então não há o que temer.”
“Você se importaria se apenas namorássemos e deixássemos o principal para outro dia? Se você me respeitar, vai conseguir tudo de mim.”
“Tudo?”
“Dou a roupa do corpo.”
“Tudo bem, podemos esperar.”
Ele me deu um longo beijo. Eu pegava fogo.
A madrugada, moça nua úmida de orvalho, transcorreu suave.
Ainda antes do amanhecer não resisti, escalei seu corpo: borboleta a bater asas, tentando equilibrar-se sobre o galho mais alto de árvore robusta.
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