sexta-feira, outubro 03, 2008

Ilha Joaquina

As primeiras luzes do amanhecer já despontavam numa parte do céu. Miriam disse para mim:

“Ai, meu deus, se não formos nesse barco, vamos ter muitos problemas, é melhor não esperarmos mais.”

“Quer ir assim mesmo?", perguntei.

“Vamos”, ela afirmou.

Quando o homem encostou a pequena lancha no ancoradouro, mostrou-se a princípio sério, pois provavelmente era pessoa experiente e já se deparara com diversas situações semelhantes, mas depois estampou um meio sorriso malicioso, como se dissesse: “ah, essas mulheres...”

Miriam subiu na embarcação abraçada a mim. Num primeiro momento, alguém que a olhasse não notaria nada de estranho. Ela trajava saia preta que ia até um pouco acima dos joelhos e botas compridas, muito bonitas, que lhe cobriam os tornozelos.

“Você acha que alguém vai notar?”

“Claro que não, ainda está escuro, e ao chegarmos do outro lado entramos logo num táxi.”

“E como vou subir assim no meu prédio?”

“Vamos para minha casa, lá não há problema algum.”

Miriam fora convida para uma festa numa famosa ilha. O figurão que fizera o convite acrescentara: “traga uma amiga, será também muito bem recebida.”

No lugar, rodeado por praias lindíssimas, havia apenas duas residências; eram verdadeiras mansões. A vegetação cobria uma delas, enquanto a outra tinha um dos flancos que podia ser apreciado desde o momento em que pisávamos em terra. Além de usufruirmos uma noite belíssima, cheirosa, com o paladar de vinhos e champanhe franceses, teríamos à nossa disposição homens dos mais variados. O convite não falava explicitamente sobre uma exigência de praxe naquele tipo de festa: as mulheres, logo que desembarcavam, tinham de entregar a blusa numa barraquinha próxima; recebíamos uma pulseira com um pequeno número. Dali para frente, caso despíssemos outras peças, tínhamos de tomar conta. Não se podia vestir sutiã nem top, ou qualquer outro tipo de cobertura. Quaisquer roupas eram permitidas, desde que se estivesse com os seios à mostra. Como eu e minha amiga já éramos experientes em festas mais ousadas, fomos com muita animação.

A exibição foi intensa. Todas tinham muito orgulho em mostrar os seios. É lógico que a essas festas só comparecem mulheres que estão com tudo em cima, ou quase tudo. As mais jovens, no começo, demonstraram uma ponta de vexo, às vezes mesmo inconscientemente faziam algum gesto como se quisessem esconder os seios atrás das mãos, mas, depois de uma ou duas taças de vinho, soltavam-se e não tinham mais vergonha alguma. As mais velhas faziam questão de mostrar que possuíam os seios bastante rijos, mesmo que em conseqüência de algum tipo de cirurgia plástica; assim eles haviam voltado à posição de alguns anos atrás. Também vi algumas mulheres com os seios avantajados; ofereciam-nos aos rapazes mais jovens, que os tocavam sem embaraço.

Dançamos muito; namoramos principalmente; comemos e bebemos sem ter nada a reclamar. Houve várias entradas, canapés, pães, pastas, e um jantarzinho depois da meia-noite. Um entendimento era implícito: as pessoas não deviam circular totalmente nuas nem deviam fazer sexo dentro dos salões; nas varandas e na parte externa, porém, tudo era permitido.

À uma e trinta houve a eleição da mulher que tinha os seios mais bonitos. Todas as pessoas podiam votar e a todas as mulheres era permitido concorrer. Ganhou uma amiga nossa, a adorável Júlia, que estava na casa dos trinta anos. As mais jovens morreram de inveja.

Lá pelas duas da madrugada escolhi um bonitão, que me deixou nuazinha. Trepamos no jardim; eu sobre a grama e ele sobre mim, foi uma delícia. Depois fez que eu passeasse nua ao lado dele por toda a ilha. Encontramos, num trecho da praia, três jovens também despidas por inteiro, mas elas trepavam com apenas dois homens. Chamaram-nos; ficaram então quatro mulheres para três deles. Um dos rapazes, ao me ver, correu e me agarrou. Sussurrou no meu ouvido: ”adoro mulheres sem pêlos”.

Miriam também se perdeu pela ilha com vários bonitões. Disse ter cometido algum exagero. Sempre falou que normalmente não gosta de sexo anal, mas naquela noite, depois de três taças de champanha, acabou deixando um rapaz fazer amor com ela do jeito que ele queria; contou que gritava a ele: “por favor, não goza, fica mais tempo, não goza!”.

Lá pelas quatro e meia, após muita música, bebida, comida e namoro, resolvemos sair à cata de nossas roupas. Houve apenas um problema, Miriam perdeu a pulseira e, para recuperar a blusa na tal barraquinha, ela era necessária. A funcionária de plantão no local nos informou que, sem a senha, seria preciso esperar até que todas as mulheres tirassem as suas blusas.

Só que Miriam começou a ficar nervosa; viu que não demorava a amanhecer.

Então resolvemos ir embora assim mesmo.

Mas, no balanço final, valeu a pena. Adoramos a festa!

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