quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Ah, o Carnaval!

Ah, o Carnaval foi ótimo! Cometi algumas loucuras, alternei entre sensações de arrepio e friozinho na barriga, mas nada tenho a reclamar. Na segunda-feira logo depois do desfile do bloco, subi ao apartamento do Rui. Meu telefone tocou no momento em que ele tinha acabado de me deixar nua. Vi a luz piscando, pensei em não atender, mas não me contive. Quando escutei a voz do Leonardo, pensei no que ele sempre me diz: “Você dá pra todo mundo, hem?” Assim que percebeu que eu dissera alô, me convidou pra tomar um chope e brincar na General Osório, defronte do Belmonte. Respondi: “agora não posso, daqui a duas horas talvez, telefono.” Desliguei e continuei nas mãos do Rui. Esse não perguntou nada. Já me conhece, o negócio dele é fazer amor comigo. Me acha muito gostosa. Às vezes, quando tomo algumas taças de vinho, fica mais apaixonado, porque ardo em brasas. Ainda se alguém telefona, algum namorado, ou mesmo amigo que sabe que estou nua e nas mãos dele, não tenho palavras para definir sua excitação. Cheguei com uma fantasia mínima, um biquíni raso, cintura baixíssima, quase nua. Pedi através de beijos e sarros que me deixasse pelada, que podia arrancá-lo com violência. Depois, trepamos com uma avidez... Não demorei a deixar que escorregasse para dentro de mim, úmida úmida; alternei todas as posições, nossa respiração ofegava, gozamos três vezes. Então perguntei: “Rui, você tem em casa roupa de mulher?” Respondeu: “de mulher, não”. Ainda complementou: “você não me disse uma vez que já terminou nua todas as noites de Carnaval? Quando perguntei como você fez para voltar pra casa, você falou: não estou aqui com você hoje? É sinal que dei um jeito.” O fato de eu ter ficado sem, excitava o homem. “Vejamos, podemos dar um jeitinho”, completou, “tenho uma camisa da banda, você quer?” Assenti, dengosa, movendo a cabeça. Vesti a camisa. “Você está ótima, a camisa está curta mas cobre seu corpo deixando você muito tesuda!” Descemos ainda nos agarrando no elevador. Na rua, entrei na multidão e me perdi dele. Uma hora depois, encontrei o Leonardo. Agarrou-me e me beijou. Estava tão bêbado que não notou que eu estava sem calcinha. Aliás, ninguém notou!

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Simpatia é quase amor

Ela:

O Rio de Janeiro é maravilhoso. E neste verão surgiu uma nova moda: a de tomar banho de mar à noite, já o sol posto. Mesmo após as oito horas, a praia continua cheia de gente. Muitos mergulham; outros namoram; há quem cante e batuque; e há também os que ficam simplesmente conversando. Como durante a noite não há calor excessivo, a estada à beira mar torna-se muito confortável.

A proximidade do carnaval com seus blocos que desfilam nos finais de semana (agora no Rio, o carnaval dura mais ou menos um mês) faz que muitos se divirtam e, depois, aproveitem para dar um mergulho. A brisa noturna e a água fresca acabam transformando-se numa rápida injeção de energia. Relaxa-se e já se está pronto para novos embalos, arrepios e aventuras.

Hoje, domingo, fui ao desfile do Simpatia, aqui na Vieira Souto. Assim que os tambores silenciaram, em torno das nove da noite, aproveitei e desci para a areia da praia. Surpreendi-me com a grande quantidade de pessoas que pensaram a mesma coisa. Mas não reclamei, gosto de companhia. Jovens, mulheres e até alguns idosos aproveitam para refrescar-se sob a luz do luar.

Estou no posto nove. Entrei na água com uma roupa de banho de apenas uma peça: um maiô estampado, vermelho e branco, o qual vesti para o desfile do bloco. Logo ao sentir a água fria, tive vontade de tomar banho nua. No escurinho não seria nada difícil. Acabei não resistindo. Tirei o maiô e o enrosquei bem pequenino em uma das mãos. Durante o desfile bebi duas ou três caipiríssimas, ainda estou queimando por dentro. Várias pessoas passam por mim, sorriem, mas nada reparam. A um rapaz simpático, talvez lá pela casa dos vinte e poucos anos, peço: “você pode me fazer um favor? Guarde isso junto àquela pequena sacola.” Aponto para o local, e ele prontamente me atende. Entrego-lhe o maiô bem enroladinho e mergulho virando-me na direção do oceano. O escurinho da noite, a água um tantinho gelada, a brisa marítima e o corpo nu me dão um prazer todo especial, difícil de descrever. É um fim de noite maravilhoso. Estou de molho. E nua. Aconteça o que acontecer, a sensação de prazer é inigualável.


Ele:

Que domingo maravilhoso! Encontro com os amigos, vôlei de praia, chope à beira mar, desfile de bloco, enfim, carnaval, e ainda, à noitinha, quando o final de semana parecia se despedir, a surpresa: uma mulher maravilhosa.

Pela primeira vez resolvi tomar banho de mar à noite. Durante o verão tenho passeado pela praia após o pôr do sol; observo aquele monte de gente que continua ali, sem arredar o pé. Permanecem por duas ou mesmo três horas, já a noite escura; mergulham com mais frescor e alegria.

A mulher maravilhosa que conheci não me disse seu nome. Chamou-me quando vim à tona após eu dar um mergulho quase ao seu lado. Pediu para que eu guardasse junto a seus pertences algo que segurava minimamente em uma das mãos. Após lhe atender e deixar o objeto onde apontara, perguntei a mim mesmo: “o que deve ser isso?” Pensei um pouco e não demorei a descobrir. Voltei para onde ela estava. Ela não se incomodou com a minha presença, até mesmo gostou. Não se vexou ao perceber que descobri o essencial: ela estava nua! Falou baixinho, um dos dedos junto aos lábios: “psiu, não fale pra ninguém.” Nada comentei, apenas sorri. Pediu para eu me aproximar dela. Aceitei. E foi ela quem me abraçou. Devo contar o resto? Vocês podem imaginar o que acontece quando um homem encontra uma mulher nua, tanto mais nessas condições. Namoramos, namoramos e namoramos. E quando duas pessoas adultas namoram, todos já podem imaginar o que acontece. No final, beijei-a longamente. Achei melhor não lhe perguntar o nome nem o número. Ela agiu da mesma forma. Despediu-se de mim como seu eu fosse seu velho amigo, ou mesmo o namorado efetivo. Ainda permanece dentro d’água após eu me retirar. Caminho para a areia, olho para trás e aceno. Ela sorri, sorri intensamente, agita um dos braços dando-me adeus, manda-me muitos beijos. Ao passar pelos seus pertences, vejo o objeto confiado a mim. Apaixonei-me tanto pela mulher... Abaixo-me, tomo seu maiô em uma das minhas mãos. Olho novamente em sua direção, mas ela está virada para o outro lado. Tenho um motivo para um dia desses procurá-la. Do jeito que ela é alegre, não vai se incomodar. Acho que nua, vai até ser mais feliz!

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

No desfile da Banda de Ipanema

Todos sabem que se eu pudesse andaria a maior parte do tempo nua. Como o carnaval se aproxima, é o momento de sair bem à vontade. No sábado passado, cumpri a sina. Aproveitei um dos desfiles pré-carnavalescos da Banda de Ipanema e fui para a praça General Osório. Vesti apenas um levíssimo maiô. Isso mesmo, maiô. Alguém poderia perguntar: por que não fostes de biquíni, ou mesmo vestida com uma das suas saias curtíssimas? Mas aí é que está o segredo. Mais ou menos no início de janeiro, fui apresentada a um tecido que jamais vira. Tecido italiano. Uma amiga em viagem pela Europa o trouxe de presente, especialmente para mim. Disse-me: “Marg, você não vai acreditar, este tecido ainda se encontra em experiência, é criação recente, mas consegui uma peça para você. Quando soube de sua existência, pensei: é ideal para a Margarida. Veja como é fino; quando estamos envoltas por ele, não o sentimos no corpo, ou melhor, sentimo-nos nuas. Asseguro, porém, uma coisa: ainda não é possível comprá-lo em loja alguma.”

Com o tal fruto da mais moderna tecnologia nas mãos, não pensei duas vezes, pus-me a confeccionar um belo maiô. O pano é estampado, flores e listras, verde e vermelho, e alguns outros matizes. Não preciso dizer que ficou lindo. Minha habilidade de artesã – que ainda vigora plena – e a sutileza do tecido puseram-me entre as maravilhas da cidade.

E lá fui eu para a banda. Apenas o maiô, sandálias de salto e um chapéu bege largo cheio de charme. Ao descer do prédio em que moro, após dar os primeiros passos na rua, quase enrubesci (ao menos imagino), pois senti que não levava roupa alguma sobre a pele. Pouco a pouco, no entanto, acostumei-me. Ao chegar em meio à banda, caí no samba.

“Que maiô lindo, Marg”, diziam as pessoas, “que beleza, onde você o comprou?” Respondia que mais tarde revelaria.

Caso alguém tocasse meu corpo, percebia tanto quanto eu que aparentemente minha pele estava nua; não era possível sentir o pano. Se arranjo um paquera e ele me toca sobre o maiô, vou ter problemas, pensei sorrindo. Mas esse seria um problema que toda mulher bonita gostaria de ter.

Surgiu, então, o primeiro candidato. Em meio à multidão e à alegria geral, aproximou-se; exibia-se semelhante a experiente passista.

Dançamos, demos belo show durante muito tempo. As pessoas nos observavam, admiravam-nos, aplaudiam. Aconteceu depois de três quarto de hora, na mais completa exaltação e alegria: o homem tocou-me a pele junto ao ombro direito. Continuou nos seus passos afrodescendentes, mas senti que franziu a testa. Apenas sorri. Continuamos a nos esparramar pela larga rua interditada para o desfile, em meio a outros carnavalescos e sempre sob o som arrebatador da banda. Em algum momento, meu recente par aproximou-se de meu rosto, sem perder o ritmo, e tentou falar junto ao meu ouvido: “a madame está nua?” Apenas sorri e dei de ombros, como se nada pudesse fazer.

Diverti-me muito. Com ele e com outros. Encontrei vários amigos e amigas. Transitei por entre as pessoas. Fui focalizada e filmada pela TV; vejam só, apareci no jornal local. Nada me intimidou. Continuei em plena exaltação, sempre desejando que aquela festa não terminasse. Caso alguém me tocasse sobre o tecido, logo perguntava: “Marg, você está nua, o seu corpo está somente pintado, não? Sabia que ia aprontar uma surpresa para nós.”

Numa das calçadas da praça, vi uma menina vestida de fada que disse para mãe: “Olha, mãe, que moça feliz; não fala pra ninguém, mas acho que ela está pelada!” Mandei um beijinho para a garotinha. Ela me acenou com a varinha e também sorriu. Ouvi ainda a voz entusiasmada da mãe: é carnaval, é carnaval!

Surgiram, de presente, duas taças de champanha. Um dos presenteadores disse que abriu a garrafa especialmente para mim.

Tentei não me exibir demais, não chamar a atenção. A festa é do Rio, a festa é de todos. Quando o alvoroço se concentrava à minha volta, dava um jeito de sair dançando com alguém e desaparecer da curiosidade geral.

No final da festa, encontrei meu primeiro par. Ele, sim, portou-se como verdadeiro carnavalesco. Acompanhado ou só, não saía do tom, não perdia o ritmo; sua alegria não diminuía nem ele se cansava, apesar dos inúmeros copos de cerveja. Dançamos de novo. E dessa vez até o final. Não mais se preocupou com minha possível nudez; sua tarefa era levar avante toda essa tradição de samba que uma cidade inteira herdou. Pessoas como ele, caso encontrem uma mulher nua ou de maiô finíssimo, o que não deixa de ser quase a mesma coisa, têm como preocupação maior a música, a dança, enfim, a alegria geral.

Após extraviar-me, já de noitinha, entre pessoas fantasiadas, extasiadas, e carrocinhas que vendiam cerveja, reparei que o dançarino não me seguiu nem me pediu o endereço. Misturou-se entre os seus. Não abandonou sua arte.

Ele entende o que é o Carnaval!