quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Simpatia é quase amor

Ela:

O Rio de Janeiro é maravilhoso. E neste verão surgiu uma nova moda: a de tomar banho de mar à noite, já o sol posto. Mesmo após as oito horas, a praia continua cheia de gente. Muitos mergulham; outros namoram; há quem cante e batuque; e há também os que ficam simplesmente conversando. Como durante a noite não há calor excessivo, a estada à beira mar torna-se muito confortável.

A proximidade do carnaval com seus blocos que desfilam nos finais de semana (agora no Rio, o carnaval dura mais ou menos um mês) faz que muitos se divirtam e, depois, aproveitem para dar um mergulho. A brisa noturna e a água fresca acabam transformando-se numa rápida injeção de energia. Relaxa-se e já se está pronto para novos embalos, arrepios e aventuras.

Hoje, domingo, fui ao desfile do Simpatia, aqui na Vieira Souto. Assim que os tambores silenciaram, em torno das nove da noite, aproveitei e desci para a areia da praia. Surpreendi-me com a grande quantidade de pessoas que pensaram a mesma coisa. Mas não reclamei, gosto de companhia. Jovens, mulheres e até alguns idosos aproveitam para refrescar-se sob a luz do luar.

Estou no posto nove. Entrei na água com uma roupa de banho de apenas uma peça: um maiô estampado, vermelho e branco, o qual vesti para o desfile do bloco. Logo ao sentir a água fria, tive vontade de tomar banho nua. No escurinho não seria nada difícil. Acabei não resistindo. Tirei o maiô e o enrosquei bem pequenino em uma das mãos. Durante o desfile bebi duas ou três caipiríssimas, ainda estou queimando por dentro. Várias pessoas passam por mim, sorriem, mas nada reparam. A um rapaz simpático, talvez lá pela casa dos vinte e poucos anos, peço: “você pode me fazer um favor? Guarde isso junto àquela pequena sacola.” Aponto para o local, e ele prontamente me atende. Entrego-lhe o maiô bem enroladinho e mergulho virando-me na direção do oceano. O escurinho da noite, a água um tantinho gelada, a brisa marítima e o corpo nu me dão um prazer todo especial, difícil de descrever. É um fim de noite maravilhoso. Estou de molho. E nua. Aconteça o que acontecer, a sensação de prazer é inigualável.


Ele:

Que domingo maravilhoso! Encontro com os amigos, vôlei de praia, chope à beira mar, desfile de bloco, enfim, carnaval, e ainda, à noitinha, quando o final de semana parecia se despedir, a surpresa: uma mulher maravilhosa.

Pela primeira vez resolvi tomar banho de mar à noite. Durante o verão tenho passeado pela praia após o pôr do sol; observo aquele monte de gente que continua ali, sem arredar o pé. Permanecem por duas ou mesmo três horas, já a noite escura; mergulham com mais frescor e alegria.

A mulher maravilhosa que conheci não me disse seu nome. Chamou-me quando vim à tona após eu dar um mergulho quase ao seu lado. Pediu para que eu guardasse junto a seus pertences algo que segurava minimamente em uma das mãos. Após lhe atender e deixar o objeto onde apontara, perguntei a mim mesmo: “o que deve ser isso?” Pensei um pouco e não demorei a descobrir. Voltei para onde ela estava. Ela não se incomodou com a minha presença, até mesmo gostou. Não se vexou ao perceber que descobri o essencial: ela estava nua! Falou baixinho, um dos dedos junto aos lábios: “psiu, não fale pra ninguém.” Nada comentei, apenas sorri. Pediu para eu me aproximar dela. Aceitei. E foi ela quem me abraçou. Devo contar o resto? Vocês podem imaginar o que acontece quando um homem encontra uma mulher nua, tanto mais nessas condições. Namoramos, namoramos e namoramos. E quando duas pessoas adultas namoram, todos já podem imaginar o que acontece. No final, beijei-a longamente. Achei melhor não lhe perguntar o nome nem o número. Ela agiu da mesma forma. Despediu-se de mim como seu eu fosse seu velho amigo, ou mesmo o namorado efetivo. Ainda permanece dentro d’água após eu me retirar. Caminho para a areia, olho para trás e aceno. Ela sorri, sorri intensamente, agita um dos braços dando-me adeus, manda-me muitos beijos. Ao passar pelos seus pertences, vejo o objeto confiado a mim. Apaixonei-me tanto pela mulher... Abaixo-me, tomo seu maiô em uma das minhas mãos. Olho novamente em sua direção, mas ela está virada para o outro lado. Tenho um motivo para um dia desses procurá-la. Do jeito que ela é alegre, não vai se incomodar. Acho que nua, vai até ser mais feliz!

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