Em dias normais já gosto de andar nua, no Carnaval então nem se fala! Vou pelo Posto Seis, em Copacabana, atravesso a Joaquim Nabuco. Reparo um homem a me olhar, mira com insistência na direção das minhas pernas. São quase oito da noite, o sol ainda permanece, a claridade do dia insiste em nos iluminar. Em meio a um ambiente intensamente urbano, visto apenas um biquíni mínimo, cintura baixíssima, e o top. O restante vai numa minúscula carteira plástica transparente que trago amarrada num dos ombros. Sigo ao meu apartamento. Não para encerrar-me e terminar o dia. Apenas para descansar um pouquinho e depois me aprontar para sair de novo, pois a folia e um amor novo me esperam.
Na verdade, a surpresa instalou-se a partir das duas da tarde de hoje, sábado de Carnaval. Um estrangeiro aproximou-se e falou comigo, em inglês. Pensei que ele fosse americano, desses que desejam mulheres brasileiras fáceis. Mas tratava-se de um australiano. Reparei quando percorreu com um golpe de vista meu corpo magro, quase nu, e o desejou. Não me importei caso quisesse apenas o corpo, porque eu poderia fazer o mesmo em relação a ele. Duas estátuas louras em pé de igualdade sob um sol que não nos perdoava. Conversamos. Entendeu-me perfeitamente, apesar do longo silêncio a que meu inglês estivera confinado. Falou alguma coisa sobre seu país. Lá também há belas praias, bonitas mulheres, as pessoas são interessantes e bebe-se muito. Admirou-se do colorido do Rio; de Copa e de Ipanema; da alegria das pessoas; das faces juvenis sorridentes; e da quantidade de latas de cerveja que todos aqui consomem. Perguntou-me se não entraria na água. Respondi que preferia ficar sob o sol. Mergulhou mas não demorou a voltar. Comprou duas latas de cerveja e me ofereceu uma. Não aceitei; desculpei-me, mas não queria começar a beber àquela hora. Gostei da companhia dele. É bonito, chama a atenção, é possível perceber que é estrangeiro. As pessoas olhavam para ele e depois para mim. Às cinco horas me convidou a acompanhá-lo. Disse estar hospedado no Sofitel. Acenou com a perspectiva de comermos alguma coisa, bebermos, enfim. Ele disse que tinha tudo que precisava e que podíamos usufruir juntos. Acabei por acompanhá-lo. Na rua, ao me ver caminhar apenas com os mesmos trajes da praia, admirou-se de que em nossa cidade uma mulher pode andar nua sobre o passeio. “Não estou nua, estou de biquíni, assim você me deixa constrangida”, é lógico que falei em inglês. Ele riu e ajudou-me a lembrar a palavra “constrangida” em sua língua. Depois sorriu e se desculpou. Apontei outras pessoas que caminhavam vestindo somente trajes de banho. Também sorriu, mas descobri o que ele pensava: “você é mais nua do que todos as outras mulheres”.
Não tive dificuldade em subir com ele ao último andar do Sofitel. A gerência do hotel se ocupa com coisas mais importantes. A suíte em que está hospedado é de frente para a praia de Copacabana. Permanecemos um pouco na varanda. Foi até a geladeira e voltou com uma garrafa de uísque. Trouxe dois copos, apenas um com gelo. “Vocês não bebem uísque puro, não é mesmo?” Acenei que não movimentando a cabeça. Sorri. Bebemos contemplando a praia, o céu, todo o colorido da orla, as pessoas felizes lá embaixo.
Após encerrarmos a primeira dose, senti um de seus braços por trás do meu corpo. Abraçou-me, virou-me de frente e me beijou na boca. Com toda aquela paisagem paradisíaca às minhas costas, pegou-me no colo e me levou para cama. Acariciou-me demoradamente, percorreu grande parte do meu corpo com os lábios e a língua. De repente estava nua e subjugada à sua total vontade. Mordeu meus seios com tal impetuosidade que cheguei a tomar um ligeiro susto. Mais algumas carícias e procurou meu sexo, primeiro com a boca, num movimento vigoroso de sucção. Senti tudo que havia em meu ventre querer saltar e se transferir para dentro dele. Depois subiu vagaroso, até que defrontamo-nos rosto a rosto. Beijamo-nos mais uma vez; seu sexo procurou o meu, natural e confortável. Absorvi-o como uma das maravilhas da natureza. Meu australiano também era fã de mágicas e fetiches. Quando sacolejávamos à deriva, sem o anúncio de qualquer tipo de vela ou leme que nos levassem a porto seguro, reparei o meu raso biquíni em uma de suas mãos: num movimento rápido, levou-o por inteiro dentro da boca, mastigou-o com esmero. Fechei os olhos, o coração a bater mais acelerado; nada falei nem protestei, apesar de não ter nada mais do que aquele minguado paninho para voltar para casa. Namoramos durante mais uma boa meia hora, Ao acabarmos nossa dança sensual, pediu pelo telefone uma refeição para dois. O alimento requintado repôs todas as energias que deixáramos para trás tanto na praia como no exercício duplo do amor.
Agora atravesso a Joaquim Nabuco, caminho rápido, quero chegar logo em casa. Vou pegar algumas roupas, todas bem curtinhas e sensuais, entre elas mais alguns biquínis – exigências dele num inglês de sotaque asiático meridional. Vou ficar todo o Carnaval no Sofitel. Convidou-me. Vamos à praia, a diversos blocos e em tudo mais que aparecer. Sei que se trata de um amor de Carnaval. Mas, quem sabe, no mundo de hoje o longe é um lugar que não existe. Mesmo quando se trata da Austrália.
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