Não queria ficar nua, mas estava morrendo de vontade de trepar com ele. Se pelo menos me abraçasse, e me apertasse junto ao seu corpo, eu teria coragem de tirar a roupa. Mas é dever do homem despir uma mulher. Tive um namorado que me abraçou num canto da sala e me soltou a saia. No momento, senti-me plena de excitação, mas depois, já nua, fui tomada por uma ponta de vergonha. Mas agora, na estação de férias, nós dois dentro do quarto, sem contar o que já se passou na praia, acho que o vexo ficará para trás. Tomamos sol juntos, mergulhamos, eu vestindo meu menor biquíni, ele fazendo de conta que não reparava, ou que aquele mínimo traje de banho era a coisa mais normal do mundo. Depois do dia de calor, da bebida e do almoço, depois do descanso, estamos lado a lado, beijamo-nos; eu, de shortinho. Nada de precipitação, os homens são afoitos; as mulheres, delicadas. Gosto de deixar a iniciativa para eles. Levanta e acende um cigarro, pergunta se aceito. Não, agora não, quero namorar, digo com uma ponta de atrevimento. Ele me abraça, o cigarro numa das mãos, seu corpo me provoca frisson. Por que não faço como Suzy, minha irmã; quando sai com um homem e fica a sós com ele num quarto de hotel, é a primeira a se despir, deixa apenas a calcinha para ele tirar. Certa vez, numa praia do nordeste, ela e o namorado alugaram um barco e acabaram perdendo-se no mar. Encontraram uma ilha e aportaram. O homem estava preocupado, como faria para voltar?, o mar cada vez mais agitado. Ao olhar a mulher, viu-a nua; mas você não se preocupa, logo fica noite; nada de preocupação, ela rebateu, virão nos buscar, enquanto isso façamos amor, agarrou o namorado. Mas Suzy é Suzy, sempre a contar vantagens. É certo que enfrentou alguns tropeços, mas deles jamais lembra, apenas enumera as vantagens, os homens lindos, artistas de cinema, ela nua atrás de uma pedra, brincando de esconde-esconde com o namorado, ou procurando o biquíni comprado em Paris. Meu namorado solta a fumaça do cigarro, solta-me do abraço, mas segura-me pelo short. Não leva tempo para abaixá-lo, leva junto a calcinha! Eu, apenas de camiseta, que não passa muito do umbigo. Venha, me penetre, me faça sonhar, é lógico que não falo, são meus desejos. Vem-me a lembrança da água gelada do mar, de algumas horas atrás. Por que nesta região a água é tão gelada? Não disse a ele, mas a água me excita. Tive um namorado que trepava comigo dentro d’água; sabendo da minha excitação pelo mar frio, procurava as praias mais geladas. Mas onde o tal namorado? Não mais o vi, não sei por que desapareceu. As pessoas são assim, vez ou outra desaparecem. O quarto é pequeno para o amor quando ampliado pela riqueza das sensações, procuro o sexo do meu homem. Não aguento, mete, por favor, estou muito excitada, quero revelar. As palavras, sempre as palavras, são difíceis. Qual o verdadeiro idioma do amor? Deixa o cigarro e leva-me para a cama. Tateia-me e acho que chega a conclusão de que é melhor me colocar por cima. Trocamos sensações, linguagem dos corpos. Caso me sussurre uma história no ouvido, vou preferir a do dia quando me deixou nua por doze horas! E não foi dentro de um quarto. Foi numa praia de nudismo?, quis saber uma amiga atrevida. Nada. Eu que era a nua e sou tão envergonhada, não sei o que me deu no tal dia. Foi uma curtição. Isso mesmo, a todos os lugares onde íamos, eu nua, ora dentro do carro, ora nas areias da praia, ora ao banho de mar! Você está com o corpo quente, meu amor, bem quente, é disso que mais gosto, ele diz. O que eu poderia desejar mais? A ida à boate à noite? Os passeios pela orla das praias depois do escuro da noite? O sexo do homem que me acompanha? Sei que a vida não é apenas sexo, mas quando este nos satisfaz, mais da metade dos nossos problemas estão resolvidos. Será que tenho algum problema? Quem sabe.
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