! Sou a garota das exclamações! Tanto mais hoje, porque estou em Búzios. Uma garota de 18 anos, livre, e numa cidade onde todos dizem ser o paraíso, pode não querer nada mais na vida. Mas eu quero! E não é mentira. Ao chegar, logo após o meio-dia, as pessoas hospedadas na pousada me olham com o rabo de olho. Admiram meu corpinho de modelo! Entre elas, há um rapaz. Dizem que ele veio com uns amigos, já me informei.
Cinco da tarde, praia da Ferradurinha, perto do centro, uma
fila de homens de todas as idades vira a cabeça quando passei de biquíni.
Laura, você não deveria vir com um biquíni como esse, diria minha amiga Dina. Por
quê? Porque vão achar que você é bem piranha. Mas em Búzios! Eu exclamaria. Em
Búzios e em todos os lugares, eles sempre pensam que somos piranhas, concluiria. É isso que eu desejo, deixe-os pensar que sou uma mulher que dá pra todo
mundo! Mas, engraçado, na Ferradurinha, ninguém se aproximou. Em M, logo aparece
alguém, quer fogo para acender o cigarro, uma informação, histórias de que
estão há pouco tempo na cidade, dicas de restaurantes e bares badalados. Não
sou guia turística, afirmo sorridente. Uma vez dei informações a um dinamarquês;
quando ele foi ao bar, quem estava lá? Euzinha, aqui! Búzios é uma cidade onde
as pessoas são discretas. Quem é interiorano, não vem para cá. Os rapazes nos
olham de longe, ficam sonhando com uma boa trepada. Muitos ficam apenas no sonho!
Eu não quero sonhar. Há um jovem lindo, de bermuda florida. Levanto,
caminho até a beira d’água, perto dele. Está fria!, exclamo. Ele ri. Gosto do Nordeste,
porque lá a água do mar é sempre quente, falo, quase em segredo. Ele me olha,
sorri, quer dizer alguma coisa, apenas repete: sempre? Isso. Outra coisa, para
arranjar namorada é bom, porque há muitas mulheres!, falo. Sério?, arregala os
olhos. Sério, afirmo, mas há um lugar melhor do que lá para isso, continuo.
Onde?, ele parece interessado. Em Búzios. Em Búzios?, repete em forma de
pergunta, dando bastante entonação. Em Búzios, repito. Aqui, então, ele confirma.
É lógico que é aqui, idiota, penso mas não chego a dizer. Perco a vontade de abraçá-lo.
Afasto-me. Tenho certeza de que pensou que sou eu quem deseja arranjar namorada.
Quando estou dentro d’água, outro rapaz se aproxima dele. Os dois trocam
algumas palavras sobre mim, tenho certeza.
À noite, em Búzios. Não fale, a noite em Búzios é uma loucura.
Não vá com ninguém antes das duas da madrugada, me aconselhou Dina. Por quê?,
quis eu saber. Porque você vai perder o melhor da noite. Não posso perder e
ganhar?, eu sempre querendo compensar. Como assim?, ela é esperta, mas prefere
me escutar. Conheço um às onze, outro à meia-noite, outro a uma da madrugada, fico
com um, com outro etc.; depois, às 2h30, o principal. E se o
primeiro não te largar?, ela quis saber. Sou eu que vou largá-lo... Às vezes
não é assim que as coisas acontecem!, exclamou.
As moças andam de shorts, ou mesmo de biquínis, não há muita
diferença. Como sempre, o número de mulheres é maior, muitos homens juntos
também. Oi, você está na minha pousada, escuto de um rapaz. Ele é bonito. Mas ainda
são 22h00. Tenho vontade de dizer me procure depois das duas, mas mantenho a linha.
Estou, sim, na sua pousada. Ele me toca as mãos. Vamos beber uma cerveja, diz.
Prefiro Absolut! Ele arregala os olhos. Absolut? Movo a cabeça, faço um
movimento de face que diz é óbvio. Ela bebe e a levo para cama, adivinho seu
pensamento. Mas é ele quem bebe uma Heineken, fica altinho e vai com os amigos.
Moça, você é muito bonita, precisamos de mulheres jovens e bonitas,
para uma festa numa mansão; você vem com a gente? Três garotas no banheiro me
convidam. Uma festa particular, com piscina, open bar... Isso mesmo, diz a mais
espevitada. Mas como vou saber que vocês não vão me dar um golpe, que não se
trata de armadilha? Tais pensamentos me afastam da magia do local. A do meio diz:
ela não conhece a gente, é um pouco difícil decidir, eu ficaria também na
dúvida. O que pode acontecer?, pergunto-me. As moças são tão bonitas. Logo, a
seguir, respondo: vou! Não há perigo em Búzios, é o paraíso, reflito. Quero
fazer duas perguntinhas, tudo bem?, peço. Pergunte, diz a mais alta. Vocês
conhecem os donos da festa? Conhecemos, é um velho amigo. E bota velho nisso,
diz a menor, sempre sorrindo. Agora, a segunda pergunta: O máximo que pode acontecer
é a gente ter de ficar nua, não é mesmo! No lugar da pergunta, exclamo. As três
riem, a mais alta diz: você parece ser uma mulher experiente!
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