quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Noite de verão

Levantei da cama.

– Aonde você vai? – perguntou meu namorado.

– Colocar uma música romântica.

Ele beijou meu bumbum quando voltei.

– Vou aplacar seu desejo.

– Aplacar? – repeti.

– Isso; vou fazer você gozar.

– Vai?

– Vou, e desta vez tenho um artifício.

– Qual? – perguntei curiosa.

– Procure suas roupas.

– Minhas roupas?

– Isso mesmo, suas roupas.

Percebi que elas não estavam no lugar de sempre.

– Não sei onde elas estão; você as escondeu?

– Mais do que isso.

– O que você fez com minhas roupas? – estava ficando nervosa.

– Joguei-as fora.

– Não brinca; como? Jogou fora?

– Enquanto você saía do banheiro, não reparou que eu abri a porta e fui até o duto da lixeira?

– Não, não acredito que você tenha feito isso.

– Fiz, já falei, mas é para fazer você gozar?

– Você acha que vai me fazer gozar assim, sabendo que estou pelada na casa de meu namorado e sem ter o que vestir?

– Você já voltou nua pra casa alguma vez?

– Claro que não – respondi irritada.

– Quem sabe hoje você volte? Venha cá vou fazer você gozar...

– Não, vou embora.

– Embora? Mas você está nua...

– Vou embora, não posso chegar em casa depois de minhas filhas; elas vão rir de mim, vou passar a maior vergonha.

– Você vai nua? Vamos trepar mais uma vez?

– Não, seu artifício acabou provocando efeito contrário; agora é que não gozo de jeito nenhum; quero ir embora.

– Nua?

– Não; vou procurar uma roupa sua.

– Minhas roupas são pequenas para você...

Abri o armário e encontrei uma camisa comprida. Vesti-a. Transformou-se num mini-vestido.

– Vamos – falei –, e escute, depois dessa brincadeira não volto mais.

– Venha cá, amor, já que você resolveu o problema da roupa, não precisa se apressar.

– Estou com medo que minhas filhas cheguem antes de mim e me vejam com essa camisa. Vamos, me leve agora.

Descemos e entramos no carro. Ele deu a partida; enquanto dirigia, eu me encolhia a seu lado morta de vergonha.

No momento em que chegávamos à porta de meu prédio, vi minhas filhas entrando. Agachei-me.

– Não pare, por favor, não posso descer agora!

Ele me levou de volta para casa dele.

Ao chegarmos, disse:

– Tenho outra surpresa pra você.

– Não agüento suas surpresas, basta. Vou tentar telefonar para alguma amiga. Talvez alguém me tire dessa situação.

– Não vai ser preciso, escute.

– Está bem, fale rápido, daqui a pouco vai amanhecer.

– Abra aquela parte do armário – apontou para uma das portas.

Abri.

– Pegue o primeiro cabide.

– Minhas roupas! Como você pôde ter feito isso comigo?

– Venha, amor – tirou a camisa que eu vestia e me deitou na cama –, venha, vou fazer você gozar.

Deitei. Devo confessar que gozei.

Só tive um problema. Pela manhã, já em casa, minhas filhas não perguntaram onde eu passara a noite. A pergunta foi outra.

– Mãe, com quem a senhora esteve ontem? – Helena, a mais velha, era a mais curiosa.

– Com o Roberto, é claro, o que você acha?

– Mas nós o vimos passar de carro sozinho, às três da manhã, aqui na porta...

A caçula ainda arremessou:

– Fala a verdade, mãe, com quem a senhora saiu ontem?

– Não é da conta de vocês...

– Ah, viu, Helena, como ela também é esperta!

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