sexta-feira, agosto 13, 2010

Já que você faz questão...

Já que você faz questão, conto, embora ache um tanto doentio esse meio de se excitar. Quando sinto atração por alguém, não me importa que me leve para cama logo no dia que o conheço. Mesmo que o tenha conhecido numa festa, boate, ou mesmo no cinema. Não posso dizer que não sinto medo. Às vezes, o temor provoca arrepio. Talvez seja semelhante à maneira de você se excitar. Nunca passei por perigo algum. De todos os homens com quem saí logo de primeira, nenhum deles me causou dano. Muito pelo contrário, a maioria me proporcionou enorme prazer. Acho que já até tive a intenção de escolher alguém que pela aparência pudesse me colocar em perigo. Na hora do amor, porém, eram os mais carinhosos. Costumo ver filmes na televisão. Quando a história é sobre alguma mulher que foi assassinada por um maníaco, me contorço com medo de que o mesmo possa acontecer comigo. Mas depois, penso: ah, é cinema, não vai acontecer nada disso. Saio. Vou a algum lugar e paquero alguém. Caso na mesma noite me veja na cama com ele, sinto grande confiança. Nem me vem à cabeça o que ele poderia me fazer de mal. Certa vez eu atravessava as pistas ali em Botafogo. Não quis ir pela passagem subterrânea, preferi me arriscar entre os carros. Um perigo, não? Mas atravessei. Estava com uma saia muito curta, era um traje noturno, desses que a gente veste mas tem de chegar em casa antes que amanheça, caso contrário se passa vergonha. Um homem parou o carro. Era um negro de óculos escuros. Imagine. Um homem de dois metros, negro e de óculos escuros à uma hora da madrugada. Fez sinal para mim. Eu não queria dar bola para ele. Mas quando tirou os óculos achei o homem tão bonito, que sorri. Ele encostou o carro. Ficamos conversando. Depois, entrei e fui com ele. Confesso que senti um friozinho na barriga. Mas foi só naquele momento. Passamos uma noite maravilhosa. E ele me levou para um hotel tão lindo. Uma história engraçada aconteceu quando uns garotos me convidaram para ir a uma festa. Aliás, não eram tão garotos, tinham dezenove ou vinte anos. Na verdade, queriam transar comigo. Fingi que não entendi e fui com eles. Havia a festa mesmo. Bebemos muito. Depois, um deles me levou para um dos quartos, tirou a minha roupa e começamos a namorar. Ao acabar, pediu que esperasse um pouco. Tentei me vestir. Mas não encontrei o vestido. Achei que o escondera para tornar a brincadeira mais excitante. Vieram os outros dois amigos dele, um depois do outro. Pra contentar a todos, aceitei fazer amor com cada um. Ao sair o último, esqueci de perguntar pelo meu vestido. Passou muito tempo e nada de eles voltarem. Não queria sair nua pela casa, achei que seria desagradável. Reparei então que a janela era baixa e o meu carro estava estacionado logo depois, a uns três metros de distância de onde eu estava. Aguardei ainda durante algum tempo. Mas como continuava sozinha e já eram três e pouco da manhã, pulei a janela e corri até o carro. Ao volante, antes de dar a partida, olhei para ver se não encontrava algum deles. A casa estava escura e não tinha mais movimento. Provavelmente não havia mais ninguém. Naquele final de noite, voltei pra casa dirigindo nua. No caminho, não tive problema algum, mas perguntava a mim mesma: como vou fazer para entrar nua no prédio? Tomara que não haja ninguém. Ao chegar, pressionei o controle remoto e consegui passar despercebida pela garagem. Estava tudo deserto e silencioso. Pensei em subir pelas escadas. Mas como moro no oitavo andar, tomei o elevador. Carregava apenas a bolsa e estava calçada com uma sandália de meio salto. Quando o elevador parou no meu andar, pensei: ah, acho que consegui. Ao abrir a porta, no entanto, me deparei com a filha da síndica, uma adolescente. A moça deu um grito: “ah! O que aconteceu com a senhora?” Coloquei um dos dedos na boca em sinal de silêncio e disse: “depois te conto”. A seguir abri a minha porta e entrei. Foi a única vez em que me vi numa situação mais complicada. Mas nos meus flertes com diversos tipos de homens, nunca aconteceu nada de errado. Sempre dei e recebi muito amor. Gostou? E agora, vamos?

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