quinta-feira, agosto 26, 2010

Antes e depois

Naquela noite ele me acariciava de cima a baixo, beijava todo o meu corpo, aquecia-me com seu tórax, mordia-me, mas o que me deixou de cabelo em pé foi quando falou: você já voltou peladinha pra casa? Nem respondi, deixei que continuasse a me acarinhar. Pedi que me apertasse os seios. Continuou: hoje, vou colocar você nua num táxi. Fechei os olhos, beijei-o, cheia de volúpia. Pedi, venha, suba sobre mim, já não aguento. Calma, falou, temos tempo. Abracei-o, apertei seu corpo com toda força. Você é muito gostoso. E você, nua, é mais deliciosa. Procurei seu pênis, segurei-o com uma das mãos. Você vai ficar ainda mais linda caminhando de madrugada pelo passeio, nua, à espera de um automóvel. Você é tarado? Às vezes, respondeu-me procurando minha língua; quando a soltou, continuou: as mulheres adoram um homem com alguma tara. Beijei seu pescoço, deslizei as mãos por entre seu cabelo. Você não está acreditando, não é mesmo?, mas vou deixar você peladinha, é verdade, algumas mulheres pensam que os homens dizem essas coisas apenas como fantasia, na hora em que estão morrendo de tesão, mas eu, mesmo depois que gozo, continuo o mesmo, dou minha palavra. Fui novamente em busca de sua boca. Suas palavras deixaram-me sobressaltada, embora procurasse disfarçar. Seria aquele homem excepcional? Não me largaria após o gozo, como se eu não mais fosse necessária? Ao mesmo tempo em que um ligeiro tremor percorreu meu corpo, meu coração disparou. Mas não mais de preocupação; ansiava por saber como tudo terminaria. Não apresse as coisas, não tema, não há gozo melhor que esse, falou como se tivesse adivinhado meus pensamentos. Sentiu que meu corpo esfriou um pouco, não porque perdera a vontade de estar sob as carícias de seus braços e mãos fortes, mas porque aquele friozinho que dá na barriga na hora da incerteza expandiu-se além do que eu desejava. Venha, falou, deixe que eu a satisfaça. Não, retruquei, vamos demorar mais, assim morro de excitação, prefiro. Está bem, foram suas palavras. Pegou-me novamente, procurou meu clitóris com a boca, fez-me vibrar mais uma vez. Você já fez isso com outras? Sempre faço, falou ao subir novamente e deitar a cabeça sobre meus seios, ou você acha que é a primeira vez? Não nesse sentido, falei, mas sobre o que você disse que vai fazer comigo... Ah, entendi, já duas ou três saíram nuas, uma outra aceitou o táxi, algumas fizeram uma troca. Troca? Que troca?, minha curiosidade ainda me mata. Na verdade, todas elas aceitaram o jogo; no fundo gostam de um homem que as deixem em perigo, parece que se excitam com isso. Mas, fale da troca, ou do jogo, insisti. Ah, sim; duas ou três quiseram fazer de conta que chegavam nuas na casa do namorado. Chegavam nuas, como assim?, imaginei o que fosse, mas não consegui me conter. Sabe a letra da música? Aquela, de uma cantora que diz: vou bater na sua porta completamente nua, acho que é mais ou menos isso. Ah, sei, suspirei, e elas bateram? Ora se bateram, bateram e gozaram, o tanto mais que eu demorei para abrir. É mesmo? que loucura! Na verdade, não há nenhuma loucura nisso, continuou, há prazer. Mas como se deu o jogo?, estava picada pela fantasia. O jogo era: caso chegassem nuas, recebiam de volta o que vestiam, era uma troca, uma espécie de jogo substituto para não terem de tomar um táxi sem nada sobre o corpo. Entendi, suspirei ainda uma vez. Não fique preocupada, falou, vou dar a você todas as chances. Jura? Juro. E seu eu não quiser participar?, dei-lhe um beijo nos lábios após a última palavra. Querer? Não sei se dou a você esse direito; e, além disso, acho que depois não vai desejar outra vida, concluiu. Tem certeza? Oh, se tenho, confirmou. Então venha, sussurrei, quero gozar, quero experimentar a outra vida. Você quer jogar antes ou depois?, deu-me a chance da escolha. Hum, deixe-me ver; antes e depois!

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