quinta-feira, junho 09, 2011

"Nada mais excitante do que seus pés"

Ele trouxe a câmera. Olhei reticente, acabei perguntando:

“O que você vai fazer com isso?”

“É uma câmera, para que serve?”

“Sei para que serve, mas você vai fotografar quem?”

“Adivinha?”, sorriu depois da interrogação.

“Não tenho a mínima ideia”, dissimulei.

“Jura?”

“Bem, jurar já é misturar as coisa.”

“Então, já que você entendeu, vista-se como quiser, vou fotografá-la.”

“Você me pediu?”

“Senhorita, queira me perdoar, acaso gostaria que eu fotografasse vossa beleza?”

“Verdade?”, sorri, “ou cantada?”

Fez uma mesura, posicionou a câmera, permaneci na mesma postura, clicou.

“A senhorita é bela mesmo sem fazer pose, venha ver.”

“Aceitável”, afirmei.

“Então?”

Depois de cinquenta minutos já tinha vestido e despido todas as minhas roupas. Aliás, faltavam os biquínis.

“Que tal?”, apareci, muito mais corpo do que pano.

No final, disse a ele:

“Espere, agora uma surpresa.”

Saí de trás do biombo envolvida apenas numa canga abóbora, tão bonita. Fez três cliques, eu enrolada nela. A seguir, a surpresa: deixei escorregar o tecido semitransparente.

“As mulheres adoram ficar nuas”, falou enquanto me fotografava de todas as maneiras.

Quando acabou, suspirei:

“Olhe onde você vai colocar essas fotos...”

“Você nunca fotografou nua?”

“Já, e nem sei onde andam as tais fotos. Acho que com um ex-namorado.”

“Confie em mim, envio todas a você.

Perguntou se as queria por e-mail.

“Talvez, mas imprima algumas. Depois das câmeras digitais ninguém mais tem fotos de papel.”

Vieram as fotos. Por e-mail e papel.

“Ah, eu mato esse homem, olhe o que ele fez...”

Depois de examinar todas as fotos, não encontrei os nus, mas algumas em que figuravam apenas os meus pés. Pés ora calçados, ora despidos. No final, um bilhete:

“Nada mais excitantes do que seus pés.”

Oh, veja, eu lá quero saber de fotos de meus pés? Além do mais, não tenho como provar que são os meus!

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