quinta-feira, maio 03, 2012

Assuntos profissionais

Essa história que você conta não é do meu agrado. Não gostaria que viesse um homem conversar comigo no final da madrugada para depois despedi-lo e levar apenas o número do telefone. O melhor seria conhecê-lo cedo, no início da festa, ficar com ele a maior parte do tempo e depois namorá-lo em algum lugar privado, até o amanhecer. Ou, quem sabe, dormir com ele na sua própria casa, acordar e beijá-lo muitas vezes. Sair de uma festa sozinha significa um fracasso. Você me disse que dias depois o encontrou para um negócio, algo profissional, e que ganhou um bom dinheiro, as tais fotos que você fez como modelo para uma grife famosa. Ótimo. Mas quando se sai para diversão, não se deve pensar em trabalho, e sim em prazer. Às vezes é possível unir as duas pontas, não é mesmo? Mas é difícil. Um evento musical num lugar como Cabo Frio é o momento certo para se divertir. A cidade sempre está em clima de festa. A Carlinha foi criticada por muita gente, e até hoje falam nisso. Só porque no fim da noite foi à beira da praia para namorar um dos rapazes. E ficou nua. Mas ela estava certa, deve ter aproveitado bastante. Eu fui àquela comemoração. Carla esteve nos braços de três ou quatro homens, e não foi apenas para dançar, a roupa que usava, um vestidinho curtíssimo e transparente, também foi motivo de críticas por parte das garotas fofoqueiras. Ainda bem que ela nem ligou para o que falaram. E o mais importante: continua a mesma. Não só os rapazes gostaram, mas, aposto, as garotas queriam estar no lugar dela. Quando falam muito é porque sentem inveja. Eu, porém, não gosto de transar em lugar público, mas aí já é problema particular de quem gosta. Certa vez, acho que já faz dois anos e pouco, foi no mês de janeiro, viajei a Angra dos Reis. Ali, sim, tive muita sorte. Fiquei com um homem lindo. Não era um rapaz, não, mas um homem mesmo, devia ter seus quarenta anos. Disse que era engenheiro numa grande empresa de petróleo. Precisava ver como me tratou. Meu amor pra cá, meu amor pra lá... Além da festa, me levou a um restaurante lindíssimo. Depois, fomos ao barco dele. Tinha na verdade um iate, passamos a noite juntos. Nunca havia namorado num iate. Foi ótimo. Ele tirou toda a minha roupa e fizemos amor num dos camarotes. Não tive preocupação alguma. Pena que depois não continuei com ele. Propôs que morássemos juntos. Mas achei cedo. Tenho o meu emprego, e é um bom emprego, você sabe. Ele queria, porém, que eu me demitisse para casar com ele. Não achei aquilo bom, temi que mais tarde não desse certo. Mas não sei, às vezes me arrependo das minhas decisões. Sou muito pele, todos percebem isso, quero (deixa falar baixinho) gozar muito, não penso em muitas responsabilidades. Também não me apetece ficar na dependência de um homem. E se eu sentir desejo por outro? Você me entende; quando a gente tem por fim o prazer, não conta muito a pessoa a quem se está ligada. Já tive quase todas as experiências, muitas delas já contei a você. Só não tive a que viveu a Carlinha. Amanhecer nua numa praia, nunca aconteceu comigo. Também conheci vários tipos de homem. Mas acho que ultimamente estou sem sorte. Acabar uma festa e ter de voltar sozinha pra casa é muito azar, não acha? Sou muito bonita, me cuido, vou ficar bonita sempre, tenho certeza, penso que mereço o melhor, mas não se deve exigir demais. Por isso é que digo: se me aparecesse um homem como esse de quem você acabou de falar, eu não ia, pelo menos a princípio, tratar de assuntos profissionais.

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