Certa feita, uma linda mulher comentara com suas amigas sobre as taras do seu amante, Rigolleto: “Ele é o
máximo. Todas as vezes que me pega, me leva ao delírio. Já trepei com muitos
homens, mas todos muito sem sal. Rigolleto sempre está com o pau duro quando
chega perto de mim. O volume de suas virilhas é notado através de sua
calça. O zíper quase se abre quando me abraça.” A linda mulher ao relatar seus
prazeres diante de várias mulheres sexys mantinha um semblante de tesuda. Acrescentou
que uma vez conheceu uma teúda e manteúda que esbanjava elogios sobre certo
macho dela com o nome de Rigollerto. A linda mulher no momento ficou com a
pulga atrás da orelha. "Será o meu Rigolleto?” A teúda e manteúda
relatava momentos de amor parecidos com os que a linda mulher gozava com seu
parceiro, que nunca falhava em suas investidas de amor. Tudo o que Rigolleto fazia
tinha sentido para a linda mulher. Ele a banhava em caldas de cerejas e
lambia até as entranhas de sua buceta. Todas as vezes que inventava algo, era ousado e estimulante. No mês de janeiro fazia um calor intenso, Rigolleto então pegava um saco
de gelo e banhava o corpo da linda mulher. Mesmo com o calor do seu sexo
misturado ao calor do ambiente tudo continuava perfeito. As amigas desejavam
saborear Rigolleto. Todas murmuravam ao ouvir as aventuras que a linda mulher
narrava. Num passeio de férias, quando viajaram para o exterior e se encontravam num
restaurante, a linda mulher avistou sua conhecida, a teúda e manteúda, antes de Rigolleto. A mesa reservada a eles era num cantinho bem discreto e a linda
mulher observava o comportamento da teúda e manteúda sem que ela percebesse. Momentos antes de pedir a conta, Rigolleto se ausentou para ir ao banheiro,
tinha esbanjado no champanhe. A linda mulher não percebeu que Rigolleto também
havia visto a teúda e manteúda. E como já se conheciam, conseguiram dar um chá
de cadeira na linda mulher. Saíram de fininho e foram se esbaldar num motel de
luxo. Com o nome diferente por aumentar um “r”, Rigollerto fez das boas
trocando sua linda mulher pela teúda e manteúda. Rigolleto ou Rigollerto,
sendo a mesma pessoa, não permitia coincidências nos comentários da linda
mulher e da teúda e manteúda. Será que a linda mulher ao elogiar seu parceiro
às amigas perdera Rigolleto somente para a teúda e manteúda?
quarta-feira, janeiro 28, 2015
sexta-feira, janeiro 23, 2015
Atriz de telenovela
Lucélia abriu distraída a revista, e na penumbra mal se
reconheciam as figuras.
“Quero uma foto como esta”, mostrou ao namorado, “é de uma
atriz de telenovela”, falou e sorriu com o ar de futilidade, que sempre trazia
no rosto. Marcos olhou a mulher, entortou um pouco a cabeça numa posição que
revelava certo esforço para enxergar a foto.
“Mas ela está vestida, e parece com um Versace”,
terminou a frase e lhe beijou uma das bochechas.
“Estou nua por sua causa. Quem por acaso deslizou as mãos
por baixo do meu vestido no escurinho da boate?, quem depois me convidou para
esse apartamento? ”
“Você tem razão”, ele continuou, “gosto de você, acho
atraente sua silhueta. Faço a foto sim, basta que fique na mesma posição, e
acho até mais instigante que lhe falte a roupa.”
Lucélia cruzou as pernas, levantou o tronco e sorriu. Fez de
conta que olhava para algo distante, abstrato, assim como a mulher da foto. Marcos clicou duas vezes. Ela esperou que o homem viesse com um novo beijo, ou mesmo que a carregasse no colo
e a levasse para a cama. Quanto ao vestido curto desaparecido, que usara na
discoteca, não se importava, ainda era noite, faltavam duas ou três horas para
o amanhecer, aproveitaria o amor proporcionado pelo recente namorado, depois
arranjaria uma maneira de se safar. Já que gostava tanto do próprio corpo, das
sensações táteis, e do sexo masculino a lhe roçar as pernas, o prazer que transpirava era maior do que o temor. Além de tudo, os homens adoram jogos e
fantasias. A revista com as fotos das artistas jazia agora ao seu lado, sobre a
poltrona.
“Já aconteceu isso alguma vez com você?”, Marcos quis saber.
Ele aproximou-se e a abraçou.
“Isso?”, fez de conta que não entendeu.
“O caso do vestidinho. Você está tão tranquila, dona de si”,
acrescentou ele.
“Claro que não. Quanto ao estado de espírito, sempre fui muito tranquila.”
Ela havia roçado uma das mãos sobre a capa da revista,
voltou o rosto para o namorado, que aproveitou para lhe beijar os lábios.
Deitaram e mergulharam num longo amor. Depois adormeceram.
Ao acordar, por volta das nove da manhã, Lucélia se deu conta de que era domingo. Amaram-se mais uma
vez.
Foram embora duas horas depois. Ela sempre fora uma mulher fútil, tanto suas amigas quanto os vários homens que já haviam
estado com ela não duvidavam disso, mas sabia se arranjar. Do apartamento, entraram direto no automóvel de Marcos. A moça, bonita como sempre: o sorriso discreto; o cabelo castanho claro úmido, espetado para cima; e o vestido preto, curto, coladinho ao corpo, em contraste com a pele branquinha. Guardaria boas lembranças
da noite que ficava para trás.
quinta-feira, janeiro 15, 2015
Cabia na palma da mão
O tempo que durou sua ida ao toalete e a volta à mesa, onde
Oswaldo a esperava, Janete pôs em ordem os acontecimentos passados e recentes.
Embora o tempo fosse curto, o jorro de pensamentos que lhe afluía à mente era
suficiente para recuperar histórias extensas, que preencheriam pelo menos um
volume de romance. Chegara ao restaurante no final da tarde; Oswaldo já a
esperava. Os dois haviam vivido juntos fazia alguns anos. Talvez por falta de
reflexão tivessem terminado o relacionamento. Ele, de outra cidade, vinha ao
seu encontro assim que o trabalho permitia. O problema talvez fosse esse. Como
ter alguém de tão longe, que podia acompanhá-la apenas nos momentos que lhe
sobravam? Durara três anos o namoro, ou o casamento. Cada um que o defina à sua
maneira. Sabia que o homem ainda a amava, ou ao menos a desejava. Sempre
recebia convites para um café, um jantar, ou uma cerveja, que ela não tomava porque
preferia suco. Oswaldo mantinha na mente a imagem de Janete. A mulher nua que
descera ao primeiro andar apenas por molecagem. Batera à porta para que ele a recebesse
e sentisse seu corpo quente. Dera certo. O ardil o capturara; ele sempre
lembrava o fato. Houvera outras ações, sempre protagonizadas por ela, estrela
rubra que incendiava a relação. A ação de sair nua se repetira. Acontecera de
outra vez no automóvel, madrugada fria. Pediu que ele parasse no acostamento,
quis sair, apenas a pulseira e a sandália meio salto. Caminhou à beira da
estrada durante um bom quarto de hora, perdeu-se num bosque. O homem enfeitiçou-se
com tal atitude. E que homem escaparia? Além de enfeitiçado ele já se mostrava
apaixonado. Numa das vezes em que terminaram a noite na praia, após intenso
jogo erótico, Janete pôs-se a correr nua pela areia; na volta a casa – uma casa de
vila – ela ainda quis manter-se em pele. Oswaldo, então, surpreendeu-a. Correu
para casa com toda a roupa de Janete sob o braço. Ela, ainda no banco do carona,
calculou a distância que precisaria caminhar, vinte ou trinta metros sob céu
aberto, até a porta de casa. E havia o vizinho que acordava cedo. Mas Janete
não se atemorizou. Descobriu uma camiseta esquecida no banco de trás. Vestiu-a.
Jamais um vestido tão curto. Caminhou altiva, cumprimentou o vizinho e bateu à
porta de casa. O namorado, que morria de tesão, demorou a abrir. E que trepada
naquele fim de madrugada. Houve uma vez em que contara tais sucessos a uma amiga.
Talvez o único erro que cometera. Não se deve falar sobre essas coisas nem à
melhor amiga. A tal mulher foi atrás de Oswaldo, quis para si também os
sucessos. E, como acontece a todo homem, ele não deixou passar em branco. A
mulher imitou-a até no episódio da praia, em Rio das Ostras. Aceitou tomar
banho nua. Entrou na água com Oswaldo, tirou o biquíni e o entregou nas mãos
dele. Mas, ao contrário de Janete, pediu que ele fosse embora, que encontrasse
com ela somente no dia seguinte, em M. Ele atendeu-lhe o pedido. No dia
seguinte ela contou a Janete, e ainda pediu que procurasse o biquíni levado por
Oswaldo. Isso azedou o relacionamento entre Oswaldo e Janete. Ele ainda
procurou pela mulher que deixara nua na praia, quis saber o que aconteceu
depois que foi embora. Ela jamais contou. Essa atitude atraiu ainda mais o
homem. Os homens são bobos, deixam-se levar por fantasias passageiras, pensou
Janete. O que fazer depois disso? Afastaram-se. E sua amiga, ao mesmo tempo,
afastou-se de Oswaldo, foi perder a roupa para outro homem, como soube depois.
Janete ainda não voltara do toalete. As imagens em sua mente eram vivas, todo
um passado em cinco ou dez minutos. Do que são capazes as imagens, pensava. O
reencontro com ele já durava três meses. Mas ela já estava casada com outro. Conhecera-o num desses sítios de relacionamento, e ele logo viera dividir
com ela a mesma casa. Contou a Oswaldo sobre o homem. Sobre o novo
relacionamento. Mas havia um ponto sobre o qual deveria ter calado. Oh, ela
sempre falara demais. Tratava-se de sua intimidade. Contara que não mantinha
relações sexuais com o novo marido. E era verdade. Apenas amizade. A iniciativa
fora do homem, pois ele disse sofrer de certa doença. Como conseguia viver com
uma pessoa sem usufruir o principal do amor?, Oswaldo quis saber. E logo ela,
tão fogosa, a desfilar nua pela cidade, tão quente no amor, tanto o ardor, a
ponto de contagiar as amigas. Os tempos mudam, contra-argumentou Janete. Hoje,
estou satisfeita assim, acrescentou. Disse que o marido era boa pessoa. Todos
gostam dele, mas é apenas uma companhia para mim, repetiu ainda uma vez. Usou o "apenas" com significado de tudo, seu dicionário particular. Oswaldo lembrou-lhe
de alguns eventos que vivenciaram juntos no passado, como o abraço apertado que
ela gostava de sentir; o sexo no automóvel, na praia, o dia que foi surpreendida
dentro d’água, mas por uma mulher. Janete ardeu durante o jantar. Não queria,
no entanto, dar o braço a torcer. Não queria falar mal do atual marido. Oswaldo
teve a delicadeza de não dizer que ela enganava-se, apenas sorriu, olhou um
pouco para cima, depois voltou os olhos até que um lampejo refletiu-se dos
olhos de Janete. Então a ida ao toalete, a demora para voltar. Todo um filme na
cabeça. Não o encontraria mais, decidiu ainda trancada no toalete. Reparou que
estava com a calcinha na mão, como nos tempos de namoro com Oswaldo. Ele
adorava Janete nua. Aliás, os homens adoram que as mulheres andem nuas. Os
homens adoram mulheres com a calcinha nas mãos. Mas ela decidira, seria a
última vez que os dois se encontravam. Melhor o marido, melhor a companhia. Não
a fazia arder, não lhe provocava nenhum tipo de desequilíbrio. Ela não podia dizer
o mesmo quando se via ao lado de Oswaldo, mesmo em imaginação. Não queria sair
dali correndo, nem desejava se esconder num hotel com Oswaldo, retomar todo um
passado posto por terra fazia tempo. Melhor a segurança do homem atual, seu
sorriso, os favores que lhe prestava. Ah, quanto ao sexo... Oh, não pensaria
sobre isso. Mas queria, ao mesmo tempo, que Oswaldo não a esquecesse. Afinal,
as mulheres gostam de se sentirem lembradas. Voltou a Oswaldo, agradeceu-lhe o
jantar, o encontro, mas precisava partir. Tinha um compromisso. Um presente,
estendeu-lhe a mão. Pequenino o presente. Cabia na palma da mão. Sabia que
ele aceitaria com gosto. Guardaria como relíquia, ou como um troféu, quem
sabe. Afinal, uma lembrança. Nenhuma mulher gosta de ser esquecida.
quinta-feira, janeiro 08, 2015
Você tem camisinha?
Ele me beijou logo após abrir a porta. Entrei, olhei ao redor
e sorri.
“Vim ficar um pouquinho com você.”
A noite estava quente e faltava uma hora e meia para o meu
ônibus. Naquele tempo eu trabalhava em M. mas morava em outra cidade.
“Que surpresa”, ele exclamou.
Continuamos abraçados. Beijamo-nos sofregamente durante vários minutos. Estalos, suspiros, respirações altercadas e mãos e dedos que procuram as sensações macias do amor carnal.
“Você tem camisinha?”, enfim perguntei, mas com a voz miúda.
Ambos éramos recentes não
só na cidade, mas também no cargo ao qual prestáramos concurso. Saímos uma vez
para almoçar e permanecemos várias horas juntos. Acabamos tornando-nos namorados.
Mas o namoro não durou. Sou ciumenta, sempre cismei que ele tinha outra. Algum
tempo depois, pensando melhor, achei que não foi justo exigir dele fidelidade,
pois estávamos numa cidade quase estrangeira para nós dois, e ali,
depois do trabalho, andávamos o tempo inteiro juntos. Apesar dessas conclusões, não reatei a relação, ficamos sem nos ver por mais de cinco meses. Mas naquela terça-feira, resolvi bater à sua porta.
“Deixa eu ver”, falou e foi procurar a camisinha.
Voltou de mãos vazias.
“Puxa, que pena, queria tanto transar com você”, não escondi a frustração.
“Podemos transar”, rebateu.
“Mas sem camisinha...”
“A gente dá um jeito”, finalizou.
Já se passaram dez anos desde a tal noite. Acho que trepamos
mesmo sem a camisinha, e tenho certeza de que voltei à sua casa mais duas ou três vezes. No ano
seguinte, no entanto, conheci o homem que viria ser meu marido. Por isso, desapareci.
Faz duas semanas o encontrei num restaurante, no centro de M., totalmente ao acaso. Ele estava sentado e almoçava.
Eu caminhava na direção do buffet. Então o avistei. Ele acenou, retribuí e me
aproximei de sua mesa. Trocamos dois beijos ligeiros. Meu marido já tinha
entrado e se servia no mesmo buffet.
“É o seu marido?”, apontou.
“Sim”, sorri. Percebi que a pergunta não veio à toa. Meu
marido nesses dez anos envelheceu muito,
enquanto ele permanecia quase o mesmo, os cabelos grandes, pretos,
usava rabo de cavalo.
“O que você tem feito?”, perguntou.
“Trabalho na região serrana”, respondi. Fazia os mesmos dez anos
que eu me transferira para uma escola em G, onde passei a residir. “E você?”, acrescentei.
“Por aí”, falou e mordiscou um pedaço de carne.
“Ainda faz o mesmo trabalho?”
“Sim”, respondeu e, levantando o garfo, esperou que eu falasse mais alguma coisa.
“Foi um prazer, preciso ir, Marcelo me espera”, apontei para
a mesa em que meu marido sentara. O ex-namorado virou-se para o local e
acenou para ele. Marcelo retribuiu sorrindo.
“Até a vista”, emendei.
“Até”, finalizou, mas conseguiu enfiar em uma das minhas
mãos o cartão com o seu número.
Dois dias se passaram para eu o encontrar de novo. Ele me esperava encostado
na porta do carro. Cumprimos o mesmo ritual de beijos e de perguntas sobre como
estávamos passando. Decidimos entrar num café, assim poderíamos conversar à vontade. Demoramos ali umas duas horas. No final, ele me ofereceu carona.
“Você vai para onde?”, quis ele saber.
“Para casa, em G.”
“Acho que passo em parte do caminho, caso você aceite a
carona...”
Olhei as horas, meneei a cabeça e acabei fazendo um
movimento que dizia sim.
Guiou durante quinze minutos sem dizer palavra alguma. Pareceu-me um tempo enorme. No meio do caminho soltei, de repente, um “pois é”. Ele virou
o rosto na minha direção e sorriu. Parou no acostamento da rodovia.
“Não é aqui que vou ficar”, alertei.
“Eu sei”, frisou, “não foi por isso que parei.”
Nada mais perguntei. Saltei no seu pescoço e recuperamos a noite perdida havia dez anos. Foram muitos beijos, abraços e carícias. No final, sem me soltar de seu tórax, fiz a mesma pergunta:
Desta vez, ele respondeu que sim.
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