Abri os olhos pesados de sono sentindo o copo nas mãos, mas
fechei-os de novo com um sorriso confortável de cansaço. Ele, então,
aproximou-se. Primeiro tocou meu ombro direito, a seguir foi descendo uma das
mãos trazendo junto com ela a alcinha da blusa que eu usava. Com a esquerda, soltou a outra alça. Fiz de conta que nada percebia. Agora eu usava um
tomara-que-caia levemente sustentado pela fragilidade dos meus pequenos seios.
Você traz mais um pouco de suco para mim?, pedi. Ele foi até a cozinha e
voltou com a jarra. Completou o copo. Bebi dois ou três goles e voltei à
mesma posição. Após um ou dois minutos, pousei o copo sobre o descanso que
estava sobre a mesa. Ele aproximou-se e me abraçou. Permanecemos sentados na
poltrona. Eu cruzara as pernas, as pontas de meus joelhos insinuavam a nudez
que ele desejava. Por fim, um longo abraço nos manteve unidos, uma espécie de
enredamento. Parecíamos entorpecidos e presos por um cordão que não se acabava.
Quando nos soltamos, meus seios apontaram. Eu estava sem a blusa. Você tem o
corpo de lutadora, falou. Eu?, fiz que me surpreendia, deve ser porque malho
muito. Então é isso, completou. Você não gosta?, interpelei. Ah, claro, gosto
muito. Ele saiu para ajeitar alguma coisa, não sei se foi levar minha blusa
para o quarto ou se foi à cozinha apagar a luz. Logo voltou e deitou-se sobre
mim. Eu ainda estava de saia. Sua roupa não vai amarrotar?, perguntou. Se você não
soltá-la com cuidado, insinuei. Despiu-me. Não lançou minha saia ao chão
nem deixou-a sobre a poltrona, teve o cuidado de levá-la ao quarto e pendurá-la num cabide. Ao voltar eu disse
você pode agora amarrotar a mim. Ele riu da expressão e rebateu que eu tinha de
ser tratada com cuidado. Novamente se colocou sobre o meu corpo. Fizemos amor.
Quando acabamos, ainda ficamos durante muito tempo
abraçados. Tomei a inciativa de levantar e ir até a cozinha. Estava com sede.
Ele perguntou o que eu queria. Falei que não
se preocupasse, buscaria um copo d'Água. Percebi então como ele era detalhista na arrumação. Que nada soubesse sobre mim, a mulher mais bagunceira do mundo. Vi então que não
combinaríamos. Depois de algum tempo o homem provavelmente não me suportaria,
com tanta falta de cuidado que carrego comigo. Voltei com o copo ainda cheio.
Sentei no sofá e cruzei as pernas. Ele cobrira-se com a manta do estofado. Eu permanecia
nua.
Às cinco da manhã, pedi pegue minhas roupas, preciso ir. Ele falou roupas?, você chegou aqui nua! Caímos ambos na gargalhada.
Lembrei-me de um namoradinho que fazia a mesma brincadeira. Adorava me deixar
nua e demorava pra devolver minhas roupas. Certa vez insistiu tanto pra me enrolar
numa manta, que não me fiz de rogada, não só deixei que me envolvesse com o pano
transparente como também voltei pra casa vestida daquele jeito. O rapaz se apaixonou por mim. Mas o de agora foi mais suave, o
negócio dele era trepar comigo. E lógico que nada falei sobre outros homens. Depois
de rirmos muito, namoramos de novo. Naquele dia, não voltei pra casa.
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