terça-feira, março 29, 2016

Vou te mostrar pra que serve uma mulher

“Cris, chega aqui que quero lhe pedir um favor.”

“Fala, Lena, o que foi?”

“Você tem uma calcinha pra me emprestar?”

“Uma calcinha, por quê?”

“Ah, Cris, depois te conto, você arranja uma calcinha pra mim?”

“Hum, deixa eu ver, já até imagino o que aconteceu, você com esse vestido coladinho ao corpo e com a fama de namoradeira que só, esses garotos, essa festa concorrida.”

“Vai, Cris, você arranja; se não, tenho de ir embora.”

“Vou procurar no armário de mamãe, no meu quarto vai dar na pinta, tá cheio de gente.”

“Tanto faz, Cris, o importante é você me ajudar.”

Ela se foi e eu fiquei esperando, no corredor que dava acesso à escada do segundo piso. Não via a hora de o Eduardo mostrar minha calcinha para os outros garotos.

Ainda bem, Cris voltou logo.

“Pegue, Lena, foi o que eu consegui.”

“Cris, tua mãe usa calcinhas menores do que a minha.”

“Pois é, o que vou fazer? Minha mãe também gosta de vestidinhos tubinhos, bastante curtos, e deve viver perdendo a calcinha por aí.”

Voltei para junto de alguns convidados. Mas, dessa vez, para a varanda.

Chegaram novas pessoas, dois rapazes e três moças. Elas também usavam roupas extravagantes, saias curtas, tops que mais pareciam uma faixa a cobrir os seios. Como eu já os conhecia, fiquei entre eles. Mas não demorou a surgir o Eduardo.

“Oi”, falou, “você por aqui?”

“Não gostei, Eduardo, não vou mais ficar com você, isso não é brincadeira que se faça.”

“Que brincadeira?”, ele fez de conta que não entendeu.

“Você e seus amigos não gostam de mulher, não sabem aproveitar as garotas, querem apenas disputar entre vocês quem rouba mais calcinhas. Outro dia a mãe do Marcos veio me perguntar se eu também deixava que os rapazes roubassem as minhas. ‘Por quê?’, perguntei a ela. ‘Porque o Gustavo sempre tem uma calcinha guardada na gaveta de roupas dele. Diz que é da namorada’, disse ela com um sorrisinho de escárnio.”

“Vou te dizer uma coisa, bem baixinho”, retomou Eduardo, “não é só você que ficou sem, há três outras meninas na mesma situação.”

“Três outras?”, fiz cara de surpresa.

“Isso mesmo, três, e não duvido que daqui a pouco vai ter quatro ou cinco. Todas como você, todas sem.”

“Quem disse que estou sem?”

“Você agora traz calcinha reserva?”, perguntou com os olhos bem abertos.

“Quem sabe”, dissimulei.

Eduardo pediu licença, chegou a Sheila, também de vestido curtinho.

Fiquei na festa, até aceitei dançar. Os garotos olhavam para mim, para Sheila, para Jéssica, para Carla, não afastavam os olhos nem por um minuto. Num determinado momento, passaram também a assediar a Cris, a dona da festa. Notei nela um sorrisinho irônico.

Algum tempo depois, Eduardo me pegou pelo braço e disse:

“Vem cá rápido, por favor, quero falar com você.”

“O que é dessa vez?”

“Quero devolver tua calcinha?”

“Não precisa, pode ficar, guarde de lembrança.”

“Não, não, quero devolver.”

Sem que eu pudesse reagir ele tirou minha calcinha de um dos bolsos e a colocou na minha mão. Durante alguns segundos fiquei segurando aquele pedacinho de pano vermelho. De repente, virei de costas, e enfiei a calcinha dentro do top, fazendo-a desaparecer como num toque de mágica.

Lá pelas tantas, vi a mãe de Cris. Os garotos também olhavam pra ela com uma intensidade que me causou desconfiança.

“Lena, a Cris está te procurando”, disse Marta.

“Ah, ainda bem que eu te encontrei Lena”, disse Cris, “você precisa me devolver a calcinha, por favor, caso contrário vou ter problemas.”

“O que aconteceu, Cris?”, fiz de conta que não entendi o motivo daquele desespero.

“Sabe como é a minha mãe”, ela ficou com o Gustavo, nos fundos da casa, perto da piscina. Imagina o que aconteceu?”

“Ela também?, Cris.”

“Ela é humana, como qualquer uma de nós. Já teve até um namorado da nossa idade. E foi um namoro sério. Vamos ao banheiro e me devolva, por favor, na gaveta em que eu a peguei tinha apenas essa, que eu te emprestei. Acho que ela não vai querer ficar sem durante toda a festa, vai acabar procurando pela única calcinha que estava na gaveta.”

“Tudo bem, devolvo, mas você pode me dizer algum lugar dessa casa onde eu possa ficar sozinha?”, minha perguntou revelou toa minha ansiedade

“O sótão, ninguém vai lá?”

“Obrigada, mas não fale a ninguém, por favor.”

Fomos ao banheiro. Tirei a calcinha e lhe entreguei. Quando saía do banheiro, encontrei o Eduardo.

“Eduardo, me siga, quero falar uma coisa com você.”

Ele não pensou duas vezes. Entramos os dois no sótão. Tranquei a porta.

“Tire minha roupa, vai, quero trepar. Esse negócio de roubar calcinha não me satisfaz.”

Ele arregalou os olhos como se dissesse é pra já!

“Vou te ensinar pra que serve uma mulher”, soprei no ouvido dele.

quarta-feira, março 23, 2016

Levada

“Olá, tudo bem? Que saudades. Quero encontrar você, dar uma mordidinha. Está assustada com a proposta? Ou com a palavra? Talvez esteja surpresa. Ninguém nunca falou assim? Você sabe o que significa dar (ou levar) uma mordidinha. Deve estar arrepiada, você sempre se desmancha quando envio uma mensagem ou quando ligo, pensa que não sei? Lembra quando nos encontramos ao acaso, naquela tarde de outubro? Estava magra, corpo mignon. Estou fazendo dieta, escutei sua voz, disse que se tratava de um probleminha de saúde. Agora sei que já está bem, não sofre de mal algum, e seu desejo, seu tesão, sempre foi grande, então lembrei a mordidinha. Você vai gostar, tenho certeza, e não será a primeira vez. Uma mulher muito levada, é assim que sempre imagino você. Mas também, pudera. Você lembra, ficou nua na praia, dentro d’água, deixou que eu levasse seu biquíni. Depois voltei para namorarmos, banhados pelas águas do mar. Não se preocupe, eu disse, caso apareça alguém estamos abraçados, você está vestida na frente pelo meu corpo e atrás pelas minhas mãos. Você riu, adorou a brincadeira, nem pensou que poderia ter de sair pelada de dentro d’água. No final, uma pizza. Assanhada, comendo a pizza e o biquíni dentro da bolsa. Agora convido de novo, que tal?, quero dar uma mordidinha, vai ser tão gostoso, garanto que vai gozar muito, muito mesmo, impossível representar com palavra. Num primeiro momento, as mulheres recusam, mas não demoram a deixar que lhes roubem a saia. Vamos fazer assim, você vem à minha cidade, não precisa se preocupar, não haverá custos, tudo por minha conta, e ainda vai ganhar um presente e tanto. No nosso último encontro, você falou sobre seu casamento. Eis as palavras: não temos nada, apenas amizade; além disso, ele fica na casa da serra e eu na da cidade, ele não consegue viver em M., de modo algum, eu é que vou à serra de quinze em quinze dias encontrar com ele, mas apenas para nos vermos e conversarmos um pouquinho; sexo, nem pensar. Portanto, disse eu, nada de consciência pesada, isso não é casamento, e se não é casamento, não há traição. Você riu, me deu razão. Espero você. Sei que está doidinha. Vou te sacudir e vais te renovar, por dentro e por fora. Não há o que o gozo não cure. Às vezes, desconfio, do jeito que você é levada, e como faz muito calor, quem sabe vai a Cavaleiros e lá, dentro do mar, uma mãozinha que sempre paquera você rouba o teu biquíni. E você a sorrir, a gostar, a namorar... Será?”

Que e-mail comprido. Ele a me convidar, a querer me deixar nua!, a desconfiar de mim. Que arrepio. Ainda bem que ele não está vendo, morro de tesão, verdade. Quanto a outro, não sei. Bem que, um dia desses, vi um homem tão bonito, não pude controlar meus pensamentos (só os pensamentos?). Voltando ao autor do e-mail, o homem que me faz o convite. Assim que eu estiver na cidade dele e ele me tocar, vou virar os olhos, vai poder fazer comigo o que quiser. Estarei pro que der e vier. Lá ninguém me conhece, posso até sair nua do apartamento. Vou levar minha caixa de surpresas: um vestido curtinho, desses que ficam coladinhos ao corpo; duas calcinhas pequeninas, uns fiapinhos à toa, uma saia de baianinha, uma camiseta curta, e também um vestido de odalisca; um biquíni de praia (fio dental), mas nada de top, apenas a calcinha, pra fechar uma lingerie de corpo inteiro, como uma meia que desce do pescoço às pontas dos pés, pra passear depois da meia noite. Todas essas surpresas pra desfilar pra ele e com ele. Ai, tomara que esse dia chegue logo. Até que enfim vou poder gozar, e gozar muito! Nada de ficar só no conto, quero também o corpo... Às vezes penso, em vez de ir à cidade dele, posso chamá-lo para vir à minha, vamos então pra uma praia deserta e, depois, pra um hotel. Ele vai adorar. Que show!

terça-feira, março 15, 2016

Não mais voltaria nua pra casa

Você devia ter corrido de volta. A frase ressoava em minha mente. Uma amiga, tempos depois, me falaria a mesma coisa. Mas o problema era que eu sentia uma ponta de atração pelo homem, por isso não corri, por isso até mesmo fiquei. E, quem sabe, estaria naquela praia até hoje. Os dias eram tão longos no verão, eram entediantes, a única saída era a praia. Corria para lá e ouvia o murmúrio do mar, sentia na pele o vento, gostava do sol à tarde, depois das quatro e meia. Escolhia um pedaço de areia onde sabia que não seria incomodada. Pra lá do Pecado. Deitada então sobre a toalha, ou sobre as próprias roupas quando ia apenas com as do corpo. Me punha a voar. Isso mesmo, e como era bom o voo. Conseguia alçar sobre as areias, planar junto ao mar, respingos da maré às vezes me chegavam à pele. Como me arrepiava. Mas era um arrepio de prazer. Surgiu, porém, numa dessas tarde o homem. A princípio, ficou a distância. Logo percebi de quem se tratava. Já o vira outras vezes em algum ponto da cidade, ou na noite de sábado, não sei. Ele sentou junto a uma pedra, uma reentrância do mar. De onde estava não dava para saber se me olhava ou não. Talvez imerso nos próprios pensamentos, talvez esperando alguém. Eu preferia a solidão, não queria um ser que atrapalhasse meu prazer, que interrompesse minha comunhão com a natureza. O ser humano, no entanto, não existe sozinho. Precisa de alguém que o observe, que se admire dele. Foi o que começou a acontece comigo. A presença do homem despertou em mim algo que eu não sabia existir nem até então explicar. Ao caminhar para a beira d’água, pensei se me olhava ou não, se suspirava com a minha presença. Os dias foram passando e o homem no mesmo lugar. Eu imaginava se vinha nos dias em que eu não comparecia. Imaginava-o espreitando ao redor, tentando encontrar minha silhueta distante. Quando sentava sobre as areias brancas e já o reparava sobre a mesma pedra, respirava aliviada. Meu admirador não faltara. Mas nada permanece imutável. Sempre há o dia em que algo se move e o mundo fica fora do lugar. Deitei. Já não conseguia alçar voo nem planar sobre a maré, o pensamento do homem a me olhar tirava minha concentração. Na verdade eu planava, mas era outro tipo de voo. Talvez eu deva procurar outra praia, um lugar mais retirado, cheguei a cogitar. Mas o corpo começava a me pesar. Ao passar as mãos sobre o ventre, sobre uma coxa, ou mesmo a abraçar-me contra o possível vento, percebia o desejo. Acho que ele conseguia, mesmo a certa distância, descobrir minhas ânsias. Um dia, não contava com isso, ele conseguiu me assustar. Estava deitada, numa dessas tentativas de me desligar do mundo. Notei uma sombra. Mas não contava que fosse ele, achava que eram minhas pálpebras ofuscadas pela luz do fim da tarde, uma luz que às vezes encontra uma nuvem e muda de cor antes de chegar aos nossos olhos. Estava quase ao meu lado, o homem. Não me movi. Fiz que não o via, fiz como não existisse o invasor. Ele ficaria horas aguardando a minha reação. Eu tentava ignorá-lo, assim como tentei muitas vezes planar sobre as águas. Umas com sucesso, outras sem conseguir sair do chão. Mas ele espreitava. Ao abrir os olhos, ainda estava lá. Sua presença contrastava com o vazio das areias, o silêncio murmuroso da maré, e o grito longínquo de uma ave. Talvez fosse embora, talvez esperasse uma eternidade, não sei. Eu tinha paciência para saber o que aconteceria. Mas anoiteceu. Uma noite súbita, escura, como um eclipse. Eu não quis dar a entender que me assustava. A noite pesava sobre o meu corpo, o vento trazia rajadas de grãos de areia, chicotes finos sobre a pele. Você devia ter corrido de volta, meu pensamento de novo. Mas seria vergonhoso. Depois de tanta coragem, de aguardar o porvir, correr de volta? Qualquer ser humano tem seus momentos de fraqueza, ele entenderia, mas como você não correu, como deixou que a noite pesasse sobre seu corpo, ele percebeu o que deveria fazer, diria uma amiga muito tempo depois. Se conseguiste suportar o peso de uma noite súbita, conseguirias suportar o peso do seu corpo, entendeu como um convite, tanto mais ao perceber que tu estavas nua, ainda a voz da amiga. Mas uma incógnita persiste, eu deveria rebater, apresentar meu argumento, um enigma, eu replicava, ele não apenas subiu sobre o meu corpo, mas quis saber como eu fazia, entende?, o que me atraía tanto no lugar. É porque posso voar, falei simples e rápida, porque posso planar sobre a maré. Planas nua também de volta pra casa?, mostrou-se curioso. Ah, caso queiras o meu corpo, és teu, mas não me faças perguntas que não sei responder. Ele veio, então, mais uma vez. Você devia ter corrido de volta, minha amiga de novo, não é isso o amor, não é isso o sexo. No dia seguinte voltei ao mesmo lugar. Ele não apareceu. E também não voltou nos outros dias. Meus voos, dali em diante, teriam de ser com o corpo pleno, com todo o peso que eu trazia e deslocava, teria de comprimir meu ventre e carregar minhas ânsias. A noite sobre os ombros. Ainda uma aflição. Não mais voltaria nua pra casa.

terça-feira, março 08, 2016

Um, dois, três, quatro, cinco

Não fique tão surpreso nem desconfiado. Você quer saber o que aconteceu? Então ouça. Coisas de namoro.

Nós estávamos esquentando um o outro, aquele esfrega esfrega inicial. Beijos, carícias, palpitações etc. Fui eu que dei a ideia, sabe. Sempre dizem que não é bom dar ideias. Mas me aventurei.

Você gosta de ouvir sacanagem?

Gosto, respondeu.

Falo no teu ouvido.

E derramei a imaginação. O homem foi ficando cada vez mais excitado, mais eufórico, chegou a me penetrar. Pelo vulto que a coisa tomou, a trepada acabava logo, e quem ia ficar no prejuízo era eu. Aliás, as mulheres sempre ficam no prejuízo.

Por favor, pedi, espere um pouquinho, relaxe, vou massagear você.

Ele aquietou, deitou de bruços na cama. Comecei a deslizar minhas mãos sobre sua pele. Às vezes, apertava um pouquinho; em outras, percorria suas costas com um toque sútil, quase uma levitação.

Você é muito gostosa, ele disse voltando à euforia.

Aí dei a ideia.

Espera, falei, vou lá fora nua.

Lá fora?, ele retrucou, o que vai fazer nua lá fora?

Vou fazer de conta que chego pelada pra você; vai dizer que não quer?

Deve ser interessante, replicou, nunca pensei nisso, mas será que não tem perigo você nua lá fora?, não quero te perder pra outro.

Não, é rapidinho; saio, conto até cinco e volto, bato de leve, nada de estardalhaço; você abre, entro e faço de conta que não te conheço; no começo fico em silêncio, mas você quer saber quem sou e o que estou fazendo nua na tua porta; pronto, é o suficiente, conto a minha história; e olha que sei cada uma...

O homem estava transformado, explodindo de tesão.

Calma, por favor, não vá gozar enquanto vou lá fora, viu?, acrescentei.

Levantei, andei até a porta, abri suavemente e me lancei no corredor do prédio, sétimo andar. Eu mesma fechei a porta. Dessas que não abrem por fora.

Contei: um, dois, três, quatro, cinco, como combinado. Bati. Um silêncio de três da madrugada. Contei mais uma vez, um, dois, três, quatro, cinco. Três toques suaves com o nó do dedo médio. Silêncio. O apartamento parecia vazio, ninguém morava ali. O que vou fazer agora?, pensei. Respirei fundo. Esperei e contei novamente. Desta vez para me acalmar: um, dois, três, quatro, cinco. Bati novamente, jurei que era a última vez. O homem não abriu. Estufei o peito e disse:

Ah, não vai abrir, não tem problema.

Desci um andar. Portanto, bati no 602,  teu apartamento. Esta é a história! Me deixa entrar, vai, não é nenhuma armadilha não.

quarta-feira, março 02, 2016

Deixe as coisas acontecerem

Os óculos escuros? Foi você mesmo quem pediu, e as lentes combinam com a minha pele, são da mesma cor, reparou? Além disso, protegem os olhos e me mantêm anônima. Sei que em alguns momentos, sobretudo durante a noite, chamam a atenção. Por que uma mulher de óculos escuros a esta hora? Talvez pensem que sou cega ou, quem sabe, cantora de blues. As pessoas a me pedirem autógrafos. Caso você me queira sem os óculos, estarei nua. Você ri? Verdade. Vou chamar ainda mais atenção. Você diz que não estou nua, que uso o vestidinho. Mas é tão curto, colado ao corpo, uma coisinha à toa, é como andar nua. Lembro a primeira vez que me pediu para usar os tais óculos. Eu estava na praia, “este óculos vão ficar o máximo em você”, ofereceu; “não, obrigada, não estou interessada”, devolvi pensando que fosse um vendedor de óculos; “é de graça, experimente”, você, as mãos estendidas, os óculos abertos, pronto para o meu rosto. A amiga, ao meu lado, namoradeira que só, quase saltou sobre o teu pescoço. Mas era apenas pra mim que você os oferecia. Ela, a ver navios. Olhei pro mar e pensei, quem sabe toda essa água sirva pra apagar o fogo que ferve dentro dela. Você conversou comigo, depois me deu o número do telefone, permaneceu um bom tempo ao meu lado. Começou assim nosso chamego. Saímos duas ou três vezes, você a me pedir o vestido curtinho, coladinho ao corpo, e os óculos, sempre os óculos. Agora, quanto à foto, morro de vergonha, nunca posei pra ninguém do jeito que você deseja. Se eu não aceitar, você chama minha amiga? Olha que ela vem em um minuto, e vem quase pelada, nem precisa pedir, já até dirigiu nua por aí, à cata do namorado, acredita?, é louca, mas como se diverte. Ficou excitado? Não se pode contar nada das mulheres para os homens, eles não resistem. Não duvide, chamo sim, já sei o que vai acontecer. Ela vai tirar toda a roupa, a saia bem curtinha, vai fazer todas as poses que você quiser e mais as que ela inventar, depois, bem, depois você sabe a continuação da historinha. Posso fazer ainda o seguinte, fico escondida enquanto você a fotografa, surrupio então a roupinha dela. Mesmo tendo que voltar nua, ela nem vai se importar, o melhor será conquistar você. Sabe que isso já aconteceu? Não, claro que não foi com você, mas com outro, e não fui eu quem lhe furtou a roupinha. Ela mesma contou. Agora, quanto a mim, sou um pouco travada, pra ficar nua pruma foto, vai demorar. Posso cruzar as pernas, o vestido subindo, você faz a foto. Depois, daqui a umas semanas, quem sabe, poso pra tal foto que você deseja. Nuinha, apenas os óculos escuros. Vamos passear agora, você prometeu me ensinar a dirigir o seu lindo automóvel. E aceitei vir com o tal vestidinho. Depois a gente vai a um bar, e bebo uma caipirinha, que me deixa doidinha, você já percebeu aquele dia na praia. Não me peça nada agora, por favor, deixe as coisas acontecerem...