“Olá, tudo bem? Que saudades. Quero encontrar você, dar uma
mordidinha. Está assustada com a proposta? Ou com a palavra? Talvez esteja
surpresa. Ninguém nunca falou assim? Você sabe o que significa dar (ou levar)
uma mordidinha. Deve estar arrepiada, você sempre se desmancha quando envio uma
mensagem ou quando ligo, pensa que não sei? Lembra quando nos encontramos ao
acaso, naquela tarde de outubro? Estava magra, corpo mignon. Estou
fazendo dieta, escutei sua voz, disse que se tratava de um probleminha de
saúde. Agora sei que já está bem, não sofre de mal algum, e seu desejo, seu
tesão, sempre foi grande, então lembrei a mordidinha. Você vai gostar, tenho
certeza, e não será a primeira vez. Uma mulher muito levada, é assim que sempre
imagino você. Mas também, pudera. Você lembra, ficou nua na praia, dentro d’água,
deixou que eu levasse seu biquíni. Depois voltei para namorarmos, banhados
pelas águas do mar. Não se preocupe, eu disse, caso apareça alguém estamos
abraçados, você está vestida na frente pelo meu corpo e atrás pelas minhas mãos.
Você riu, adorou a brincadeira, nem pensou que poderia ter de sair pelada de
dentro d’água. No final, uma pizza. Assanhada, comendo a pizza e o
biquíni dentro da bolsa. Agora convido de novo, que tal?, quero dar uma
mordidinha, vai ser tão gostoso, garanto que vai gozar muito, muito mesmo,
impossível representar com palavra. Num primeiro momento, as mulheres recusam, mas não
demoram a deixar que lhes roubem a saia. Vamos fazer assim, você vem à minha
cidade, não precisa se preocupar, não haverá custos, tudo por minha conta, e
ainda vai ganhar um presente e tanto. No nosso último encontro, você falou
sobre seu casamento. Eis as palavras: não temos nada, apenas amizade; além
disso, ele fica na casa da serra e eu na da cidade, ele não consegue viver em
M., de modo algum, eu é que vou à serra de quinze em quinze dias encontrar com
ele, mas apenas para nos vermos e conversarmos um pouquinho; sexo, nem pensar.
Portanto, disse eu, nada de consciência pesada, isso não é casamento, e se não
é casamento, não há traição. Você riu, me deu razão. Espero você. Sei que está
doidinha. Vou te sacudir e vais te renovar, por dentro e por fora. Não há o que
o gozo não cure. Às vezes, desconfio, do jeito que você é levada, e como faz
muito calor, quem sabe vai a Cavaleiros e lá, dentro do mar, uma mãozinha que
sempre paquera você rouba o teu biquíni. E você a sorrir, a gostar, a
namorar... Será?”
Que e-mail comprido. Ele a me convidar, a querer me deixar
nua!, a desconfiar de mim. Que arrepio. Ainda bem que ele não está vendo, morro de
tesão, verdade. Quanto a outro, não sei. Bem que, um dia desses, vi um homem
tão bonito, não pude controlar meus pensamentos (só os pensamentos?). Voltando ao autor do e-mail, o
homem que me faz o convite. Assim que eu estiver na cidade dele e ele me tocar,
vou virar os olhos, vai poder fazer comigo o que quiser. Estarei pro que der e
vier. Lá ninguém me conhece, posso até sair nua do apartamento. Vou levar minha
caixa de surpresas: um vestido curtinho, desses que ficam coladinhos ao corpo;
duas calcinhas pequeninas, uns fiapinhos à toa, uma saia de baianinha, uma camiseta curta, e também
um vestido de odalisca; um biquíni de praia (fio dental), mas nada de top,
apenas a calcinha, pra fechar uma lingerie de corpo inteiro, como uma meia que
desce do pescoço às pontas dos pés, pra passear depois da meia
noite. Todas essas surpresas pra desfilar pra ele e com ele. Ai, tomara que
esse dia chegue logo. Até que enfim vou poder gozar, e gozar muito! Nada de
ficar só no conto, quero também o corpo... Às vezes penso, em vez de ir à
cidade dele, posso chamá-lo para vir à minha, vamos então pra uma praia deserta
e, depois, pra um hotel. Ele vai adorar. Que show!
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