Não fique tão surpreso nem desconfiado. Você quer saber o
que aconteceu? Então ouça. Coisas de namoro.
Nós estávamos esquentando um o outro, aquele esfrega esfrega inicial. Beijos, carícias, palpitações etc. Fui eu que dei a ideia, sabe. Sempre dizem que não é bom dar ideias. Mas me aventurei.
Nós estávamos esquentando um o outro, aquele esfrega esfrega inicial. Beijos, carícias, palpitações etc. Fui eu que dei a ideia, sabe. Sempre dizem que não é bom dar ideias. Mas me aventurei.
Você gosta de ouvir sacanagem?
Gosto, respondeu.
Falo no teu ouvido.
E derramei a imaginação. O homem foi ficando cada vez mais
excitado, mais eufórico, chegou a me penetrar. Pelo vulto que a coisa tomou, a
trepada acabava logo, e quem ia ficar no prejuízo era eu. Aliás, as mulheres
sempre ficam no prejuízo.
Por favor, pedi, espere um pouquinho, relaxe, vou massagear
você.
Ele aquietou, deitou de bruços na cama. Comecei a deslizar
minhas mãos sobre sua pele. Às vezes, apertava um pouquinho; em outras,
percorria suas costas com um toque sútil, quase uma levitação.
Você é muito gostosa, ele disse voltando à euforia.
Aí dei a ideia.
Espera, falei, vou lá fora nua.
Lá fora?, ele retrucou, o que vai fazer nua lá fora?
Vou fazer de conta que chego pelada pra você; vai dizer que
não quer?
Deve ser interessante, replicou, nunca pensei nisso, mas
será que não tem perigo você nua lá fora?, não quero te perder pra outro.
Não, é rapidinho; saio, conto até cinco e volto, bato de
leve, nada de estardalhaço; você abre, entro e faço de conta que não te conheço;
no começo fico em silêncio, mas você quer saber quem sou e o que estou fazendo
nua na tua porta; pronto, é o suficiente, conto a minha história; e olha que
sei cada uma...
O homem estava transformado, explodindo de tesão.
Calma, por
favor, não vá gozar enquanto vou lá fora, viu?, acrescentei.
Levantei, andei até a porta, abri suavemente e me lancei no
corredor do prédio, sétimo andar. Eu mesma fechei a porta. Dessas que não abrem por fora.
Contei: um, dois, três, quatro, cinco, como combinado. Bati.
Um silêncio de três da madrugada. Contei mais uma vez, um, dois, três, quatro,
cinco. Três toques suaves com o nó do dedo médio. Silêncio. O apartamento
parecia vazio, ninguém morava ali. O que vou fazer agora?, pensei. Respirei fundo.
Esperei e contei novamente. Desta vez para me acalmar: um, dois, três, quatro,
cinco. Bati novamente, jurei que era a última vez. O homem não abriu. Estufei o
peito e disse:
Ah, não vai abrir, não tem problema.
Desci um andar. Portanto,
bati no 602, teu apartamento. Esta é a
história! Me deixa entrar, vai, não é nenhuma armadilha não.
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