Fazia alguns dias que ele me pedira para posar apenas de brincos. Isso
mesmo, os brincos dados de presente por ele, e mais nada. Eu vinha relutando, mas o motivo era outro. Para disfarçar perguntei nem um sapatinho?, não gosto de
ficar descalça, pedi carinhosa. Ele concordou. Eu podia escolher o calçado.
Alguns minutos depois a esta lembrança, estou eu nua diante do espelho. Oh, assusto-me, tenho
de encolher a barriguinha. Não estou gorda, mas há um começo de barriga, e ela
me preocupa, preciso disfarçá-la. Faço esforço, melhoro a postura e a barriguinha
quase desaparece. Não vou, porém, conseguir manter a postura por muito
tempo. Preciso comer menos chocolate, menos doces etc. Quem sabe peço pra posar
à meia-luz? Caminho até a poltrona e sento, cruzo as pernas, relaxo. A
barriguinha reaparece. O que fazer?, não dá pra enganar. Se ficar sem comer
três dias, pode ser que diminua. Mas vou aguentar? Descruzo as pernas, após
alguns segundos cruzo-as no sentido inverso, puxo bastante a perna que está por
cima. Acho que, assim, dá pra disfarçar, mantenho a elegância. A barriguinha de
novo. Não posso perder o namorado, melhor perder a barriga, concluo. Trata-se de
um homem e tanto, além dos presentes que traz, inventa coisas de me fazer
morrer de tesão. Certa vez trouxe uma bolinha, pouquinho maior do que essas com
que as crianças brincam. Disse que a colocasse dentro da vagina. Dentro da
vagina?, assustei-me, como assim? Não vai me causar problema? Ele explicou-me,
com a maior paciência do mundo. Ele mesmo colocou-a. Eu não conhecia o truque. A
gente enfia a bolinha, deixa-a lá por um tempo, depois começa a namorar. Ela
esquenta, provoca um tesão incrível, no final explode. Adorei. Explodiu bem no
momento que ele explodia dentro de mim. Doutra vez, trouxe um creme, passou-o
todo sobre o meu corpo. Eu, escorregadia, prestes a deslizar em suas mãos, sobre sua pele. Gosto de me fazer de gostosa, de criar alguma resistência no momento
da trepada. Mas com tanto creme sobre e dentro do corpo, o que fazer? Engoli o
peru do namorado de primeira, sem cerimônia alguma. Que vergonha. Mas, no
final, acabei morrendo de rir. Tenho de emagrecer, penso, ele chega daqui a
três dias. Resolvo não sair de casa. Fico nua durante todo o tempo, assim me
lembro da barriguinha e de que preciso perdê-la. No primeiro dia, consigo beber
apenas água, nada de comida, jejum completo. Um sacrifício. Mas passaram-se as
primeiras vinte e quatro horas. Às vezes, sinto fraqueza, alguma palpitação.
Então, descubro algumas laranjas. Faço suco. Quem sabe com a vitamina C... Bebo.
Fico a ver televisão. Há um momento em que desejo fazer exercícios físicos.
Mas, ai, que tonteira. Quando não se come, melhor ficar quieta, poucos os
movimentos. Volto a andar pela casa, bebo mais água, de novo à televisão. No final do segundo dia, olho-me no espelho. Experimento uma
calça que andava apertada. Que bom, entrou, fofinha. Viva! Tiro-a de novo e
continuo nua. Acho que já estou bem, a barriguinha prestes a desaparecer. Quem
sabe mais um dia e tudo resolvido. O tal dia se passa, eu a beber água e, às
vezes, o suco. Sento, começo a escrever esta história. No final tomo um café,
mas nada de açúcar. Sento à mesinha da cozinha, o banco geladinho, minhas coxas
nuas em cima do banco, sinto tesão, fico úmida. Verifico. Engraçado!, úmida a
tomar café, sentada de pernas cruzadas sobre banquinho da cozinha. Tocaram a
campainha. Quem será?, não é o dia de vir o namorado. Vou à porta, não posso
deixar que me vejam nua. Assusto-me. Olho pelo olho mágico. O zelador do prédio
com uma caixa às mãos. Ah, obrigada, seu João, digo, apenas a cabeça na fresta
da porta. Ele se vai, os olhos grandes, prestes a me comerem. Abro o presente. É
do namorado, ele chega amanhã. Mas não!, ele nada sabe da minha barriguinha: um
caixa de bombons da Kopenhagen... Meu Deus, não aguento, o que vou fazer?
Escondo a caixa, penso. Mas onde a força de vontade? Lembro-me do banquinho da
cozinha. Corro e sento. Há uma coisa que me atrai mais do que a boca: o sexo. Cruzo as pernas, o banquinho gelado, o café quente. Descubro os bombons.
Tomo um deles nas mãos. Tenho uma ideia genial. Experimento-o. Mas não pela
boca... Descruzo as pernas, o bombom redondinho, engulo-o com toda a vontade do mundo.
Úmida, completamente úmida. Que gozo! Não vou engordar.
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